sábado, maio 11, 2013

O contributo português para a ciência náutico nos séc.XV -XVI


Astrolábio Planisfério do Rei Afonso, o Sábio -Séc.XIII. 


Expedição de João Nova (1501) in Livro das Armadas da Índia.


Fragmento abrangendo a América - Panisfério de Cantino - 1502.


Quando iniciaram a expansão marítima os portugueses já possuíam um conjunto de conhecimentos e técnicas de navegação, legadas pelos árabes e judeu, e testadas no Mediterrâneo durante séculos por venezianos, genoveses, catalães e maiorquinos. Eram elas o leme fixo à popa (imerso e preso ao cadaste com dobradiças; mais fácil de manobrar e permitindo mudanças de direcção); a bússola (invenção chinesa que séculos antes permitiria o traçado das linhas de rumo nas cartas-portulano) e o astrolábio (instrumento de orientação astronómica de origem grega). Mas, à medida que a navegação ia avançando no Atlântico, as técnicas náuticas ia avançando no Atlântico, as técnicas náuticas foram evoluindo, tal como se foi aperfeiçoando a arte de marear. Os ventos e as correntes, dificultavam a navegação costeira, ao longo da costa ocidental africana e para ultrapassar esta dificuldade foi necessário construir uma embarcação que fosse capaz de navegar à bolina, isto é aproveitando os ventos e navegando ao largo da costa, surgia a caravela (barco veloz, manobrável e cujas velas triangulares permitiam o aproveitamento dos ventos em todas as direcções). Com as longas viagens em direcção à África Oriental e América impunham a construção de navios mais resistentes e maior porte. Surgia a nau ou galeão, com velas quadrangulares (redondas) e com boa capacidade de artilharia). A navegação com ventos contrários implicou outra mudança: o abandono da navegação costeira – que os portugueses praticavam aquando do regresso da Guiné e da Mina, e adoção da “volta ao largo”, que os levava ao mar dos Açores. A navegação de cabotagem cede assim lugar à navegação do mar alto ( que podia durar meses sem qualquer referência terrestre). A navegação de rumos e estima (apoiada na bússola, e em que os rumos e as distâncias percorridas se calculavam por estimativa). Revela-se igualmente insuficiente, sendo progressivamente substituída por um conjunto de práticas de medição, a chamada navegação astronómica – em que a observação e a medição da altura dos astros (sol, estrela polar, cruzeiro e ursa maior), através do astrolábio, quadrante e balestilha e a consulta posterior das tábuas de declinação solar e de regimentos dos astros (elaborados por matemáticos e astrónomos) permitiram  (após introdução de correcções aditivas ou subtractivas) a determinação da latitude e, por conseguinte, da posição do navio.Nos séculos XV e XVI como resultado da expansão marítima, a cartografia europeia entrou numa fase de evolução e aperfeiçoamento, projectando-se então os primeiros mapas elaborados cientificamente e que reviam as concepções medievais. De facto, com as viagens dos povos ibéricos, nomeadamente as portuguesas demonstraram-se que a cartografia medieval era incipiente e simplista, como por exemplo, o planisfério T-O que representava a terra como um disco plano, com três continentes rodeados por um oceano ou o planisfério de Platomeu do séc.II que não admitia, a comunicabilidade entre o oceano Atlântico e Índico e que vigorou até 1490 . Assim e graças ao contributo dos cartógrafos portugueses, os contornos das terras e dos mares são representados com uma corecção quase científica; as distâncias em escala aproximam-se da realidade, como é o caso, do planisfério de Cantino, a mais famosa das cartas portuguesas. (A África aparece representada com grande exactidão e é esboçado um trecho do litoral brasileiro). Os mapas passam a ter escalas e latitudes, planos hidrográficos ( e registos de profundidade), informações variadas sobre etnias, fauna e flora, tudo isto apresentado sob forma de ricas iluminuras. O traçado correto do Equador, paralelos e meridianos, tornam-se visíveis nas representações cartográficas nomeadamente no séc. XVI destacando-se entre os cartógrafos nacionais, Jorge reinel, Diogo Homem e Bartolomeu Velho.