António Sardinha com os exilados monárquicos atentos às contradições republicanas
(foto de Ana Isabel Sardinha, arquivo FAS)
D.Laura Santana Marques figura da facção católica liderada pelo seu esposo
(foto de Felícia Cabrita, arquivo de família)
Da casa do Governador conspirou-se contra a I República
As figuras do novo governo saído do 28 de Maio de 1926
(Portugal séc.XX -1920-1930, A Tropa,p.201)
As guerras regionais e locais, fora e dentro do Partido Democrático alimentavam as aspirações das figuras mais ambiciosas e as cisões atingiam o auge quando os adeptos do reforço dos poder executivo, ganhava peso em todo o distrito. O duelo entre republicanos, conservadores, integralistas e nacionalistas, era evidente no círculo nº33 (Elvas) e as eleições de 1921 eram as primeiras após a queda do sidonismo. As forças monárquicas desde 1919, tinham ganho alguma notoriedade no distrito e no concelho e pela primeira vez, a defesa dos valores tradicionais era representado por algumas personalidades locais, com algum prestígio nomeadamente o Doutor Ruy de Andrade e o Dr. Santana Marques. O primeiro, um aristocrata de sangue, doutorado pela Universidade de Pisa e um reputado especialista em questões de agronomia com obra publicado. Mais, modesto o licenciado Santana Marques, representava o movimento católico, mas a sua esposa era uma personagem, oriunda de aristocracia da Beira e curiosamente descendente da família Mata Coronel de Elvas, de origem judaica e com ligações próximas a futuras figuras de Estado, como era o caso do Doutor Oliveira Salazar. A recuperação eleitoral das forças monárquicas foi evidente, no acto eleitoral, mas as denúncias de fraude pela opinião pública era evidentes e os republicanos, junto da imprensa local denunciavam: “Foram descarregados nos quatro cadernos eleitorais, dois para os vereadores e dois para procuradores à Junta Geral, os seguintes cidadãos: -José Joaquim Pinto Cordeiro em parte incerta; - António Joaquim da Silva Rente, estava no Monte da Marinela do Meio; António Rodrigues, estava nas proximidades; Francisco Sabino, cocheiro da Colónia de Vila Fernando, que estava em Estremoz e José Barriga Negra, antigo empregado da Colónia de Vila Fernando, donde saiu há um ano, e habitualmente reside em Borba”. Mas, a verdade era só uma, quer monárquicos, quer republicanos, todos conspiravam de igual forma na procura do voto popular e era de resto, uma situação vigente em todo o Distrito. Os republicanos tinham a vantagem de controlar as comissões municipais e os recenseamentos das freguesias e a fraude típica na região era a exclusão dos cidadãos legalmente inscritos, uma prática herdade da monarquia constitucional. Na vida partidária, o Partido Democrático - PRP, estava já em desagregação um pouco por todo o distrito ao contrário do que se observava a nível nacional e o médico monárquico, João Henriques Tierno da Silva, apresentava-se nas eleições ao Senado em 1926, há esquerda do P.R.P., impensável, quinze anos antes, mas era uma esquerda muito particular (?...) pois reunia em seu torno os grandes lavradores de Elvas que não tinha na sua origem recente, o trajecto da ascensão dos “rendeiros” , O Rebelde noticiava este apoios da seguinte forma: “O sr. Dr. João Henriques Tierno nas próximas eleições vai propor-se a senador pela esquerda democrática. Consta-nos que o acompanham na nova política os senhores Estevão Falé, M.Vasconcellos, José Joaquim Vasconcellos, Tello Rasquilha, Alfredo Carvalho e D.Gonçalves Telles da Silva”. Em Elvas a debandada do Partido Republicano era geral e algumas figuras que tinham militado nas lojas maçónicas também estavam em retirada, abraçando as causas do nacionalismo que sopravam gradualmente em todo o Ocidente. Júlio Alcântara Botelho, tornara-se sidonista e era o rosto do Partido Republicano Liberal, na companhia de José Augusto Cayola que também tinha pertencido à primeira comissão republicana da cidade. José Dias Barroso, era outro reforço nas hostes liberais mas antes já era o principal apoiante do Sidonismo. Entre os militares, o Coronel António Augusto Namorado Aguiar, era o rosto do descontentamento que levava os caminhos da República, mas só voltava a política activa já durante o Estado Novo onde chegaria a Ministro da Guerra (1930-1931). O tempo corria contra a I República, o candidato do Partido do Partido Democrático-P.R.P., por Elvas, era recrutado fora do círculo elvense, tratava-se do grande proprietário agrícola de Avis, António Pais da Silva Marques que conseguiria o pior resultado de sempre do P.R.P. na cidade raiana, a folha da oposição republicana elvense o Rebelde sobre os actos eleitorais de 1923 e 1925, fazia o seguinte juízo de valor: “As eleições essa comédia grotesca que o povo está junto já lá vai tempo e a nossa prometida ainda não chegou. Quando é que estes políticos nos deixam em paz”. Vivia-se numa época em que nos periódicos nacionais mas em especial nos do distrito se pedia, “autoridade e ordem”, quinze anos e quarenta e cinco governos, dera cabo da I República e o movimento militar de 28 de Maio de 1926, chefiado pelo Marechal da Costa era o golpe final na aventura republicana, no entanto como defende o Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, o 28 Maio na sua essência não era contra a República …”Torna-se errado defender que o 28 de Maio se fez contra a República, quando o espírito do movimento tomou como alvo principal a supremacia eleitoral democrática”, mas o insuspeito Doutor Agostinho da Silva o maior filósofo português do séc. XX diria pouco nas suas memórias (Dispersos): “A 1ª República, para mim, era uma coisa esquisita que não ia levar a sítio nenhum. Mais: estou convencido de uma coisa , segundo o qual, se não tivesse havido ditadura, provavelmente Portugal tinha acabado naquele momento, aí por 1925-1926. Era uma confusão, ninguém se entendia, não parecia existir uma saída de espécie alguma”. Chegava ao fim uma época da História da República, onde Elvas também desempenhou um papel activo, na conspiração militar de 28 de Maio de 1926, ….mais tarde o elvense, General Passos e Sousa daria o seguinte testemunho a um dos mais prestigiados historiadores de história contemporânea de Espanha, o Doutor Jesus Pabón, que recolheu o segundo testemunho: “En el fuerte da Graça y durante el tiempo en que fui governador, se lanzaram las bases de um movimiento militar de gran envergadura ( o 28 de Maio), en el cual tomariam parte todas las guarniciones del País, que en un momento dado, se sublevarían y marcharían com la mayor rapidez sobre Lisboa.