Sidónio Pais o Presidente-Rei (in Portugal século XX-1910-1920, p.189)
António Sardinha, acreditava na República Nova como meio de transição para a Monarquia.
(in Arquivo FAS)
José Dias Barroso, um republicano radical que se converteu ao Sidonismo.
O desapontamento da experiência republicana, crescia no pós - Guerra (1914-1918), em meados de 1917 e com sete anos de vigência da I República, o País tinha conhecido cerca de quinze governos, incluindo a curta de ditadura de Pimento de Castro. O descontentamento era geral, mas a chegada do Doutor Major Sidónio Pais ao poder após o golpe militar de 5 de Dezembro de 1917 era uma nova oportunidade nomeadamente para os sectores mais conservadores, mas também para um vasto sector das populações que apenas pretendiam ordem, estabilidade e segurança. Como era o caso particular, da opinião pública formalizada na imprensa periódica do Distrito de Portalegre e a única excepção era sem dúvida o “povo do concelho de Arronches” que continuava fiel aos princípios republicanos. Mas na cidade de Elvas crescia o número de seguidores da chamada “República Nova” que o Major Sidónio Pais pretendia empreender e na sua visita à cidade seria aclamado por uma multidão na Praça da República, a sua popularidade estava directamente relacionada com a criação da “sopa dos pobres”. Na Câmara Municipal, o Dr. António Sardinha fazia o discurso de boas vindas referindo que o seu pensamento político tem sido uma demonstração interessante no Integralismo Lusitano, que na prática para o poeta de Monforte era um primeiro passo para a restauração da monarquia. Na verdade, era cada vez mais os monárquicos, republicanos, católicos e adeus que acreditavam no projecto sidonista, essa tentação era visível em figuras locais de referência como, Júlio Alcântara Botelho, que foi simultaneamente o primeiro presidente da Comissão municipal republicana de 1911 e da Câmara de Elvas ou José Dias Barroso, republicano da primeira hora e que na visita a Elvas foi indigitado para receber o Major Sidónio Pais, que o nomeou Administrador do Concelho em 1920 ou ainda a maioria das figuras do Partido Progressista na época da Monarquia Constitucional, como era o caso do Dr. António Cidraes, motivo de crítica de um periódico local que caracterizava a sua vida política da seguinte forma: “ Foi franquista e a monarquia e o franquismo, desapareceram. O seu republicanismo de há um mês levou-o para o partido Sidonista. É caso para assustar os seus correligionários e os próprios republicanos, dado a superstições”. Apesar de tudo, a oposição republicana estava vigilante e João Camoesas que então vivia em Lisboa, mas mantendo-se como director do jornal a Fronteira, nos seus escritos na folha elvense, lembrava que Sidónio Pais era republicano mas o seu governo era de um tirano, lembrando que a presença dos portugueses na Flandres tinha a ver com as suas posições germanófilas. E na edição de 2 de Março de 1918 na “Fronteira” escrevia: “Que governo republicano é este que priva a liberdade a qualquer cidadão que não comunga as suas ideias e lhe restituí sempre que lhe diga o motivo do seu longo cativeiro”. Nas zonas urbanas, a oposição tornava-se cada vez mais latente, nos sectores esquerdistas da política e sindicalismo. Uma realidade que culminou com um atentado mortal contra a sua vida na Estação do Rossio em 14 de Dezembro de 1918, lançando a consternação no país e em terras portalegrenses, mas a breve trecho a conspiração monárquica renasce, destacando-se o Dr. António Sardinha que intensifica as suas viagens entre a Quinta do Bispo e a capital e a breve trecho com o Norte do País, quando a República seria questionada pelas armas.