segunda-feira, setembro 05, 2011

9.1 - O debate política numa época de causas....

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A Plebe alimentou a causa da regionalização da elite política de Portalegre e Elvas 

 Pimenta de Castro reforçou o seu poder e dividiu os republicanos.


António Sardinha na sua casa na Quinta do Bispo em Elvas destacou-se como o ideólogo do Integralismo Lusitano.
(in Ana Isabel Sardinha Desvignes, António Sardinha um intelectual no século, p.XV.)

Coronel Miguel Santos, conspirou contra Pimenta de Castro no Golpe de 15 de Maio de 1915
(in António Ventura, A Maçonaria - distrito de Portalegre, p.118)  

O debate político durante a I República, ultrapassava a dimensão local fruto do protagonismo de algumas figuras locais, que se dividiam numa primeira fase em torno do regime e numa segunda fase, no sistema, ou seja em pouco tempo a questão deixou de ser monarquia ou república, mas entre liberdade e autoridade. Rapidamente, o Partido Democrático/PRP tornava-se na maior força política local e regional, em Elvas o número de “adesivos” que aderiam à república aumentava e a vida municipal corria com a normalidade que o Poder central determinava. Mas o carácter reivindicativo que a nova etapa política, alimentava favorecia a difusão de ideias do ideário regionalista, o Dr. José de Andrade Sequeira, Governador Civil sem reservas desafiava a elite regional para a importância da regionalização como se lê num dos seus escritos publicados na imprensa distrital: “O Partido Republicano Regional não deve ter, segundo julgamos e já dissemos, filiação em qualquer outro partido. Não reconhecerá a chefia de nenhum marechal republicano e não reconhecerá, também no distrito, supremacia de um general ou chefe (…)”. Em pouco tempo, a tese da regionalização tornou-se uma causa e animou a elite regional que conhecedora das realidades locais, no Distrito de Portalegre, o Dr. José da Andrade Sequeira, tornava-se o líder da ideia que tinha proclamado, com o apoio de figuras de referência do Distrito de Portalegre, como eram os casos do Dr.João Caroço, deputado independente do distrito,  Dr. Téofilo Júnior, professor licenciado em Filologia Germânica natural de Arronches e de Elvas, o Dr. João Henriques Tierno, notável médico e uma figura de referência do Partido Progressista durante a Monarquia Constitucional e o Dr. João Camoesas, um republicano da primeira hora, mas em comum um sentimento de que era necessário, uma nova força republicana regional, capaz de reivindicar e de  gerir melhor os recursos estatais, regionais e locais. Apesar de tudo, a questão da regionalização não era nova, o próprio Partido Democrático - PRP não só tinha defendido tal tese em 1911 como confirmava tal propósito em 1912. A verdade é que a conjuntura política não se revelava favorável aos regionalistas, a revitalização das forças monárquicas e a divisão entre os republicanos, era uma evidência um pouco por todo o distrito no Outono de 1911 e era o “pai” da ideia da regionalização que lembrava que aquele movimento político que surgiu pela sua iniciativa era “ inadaptável aos tempos que vão correndo”. A ideia da regionalização desaparecia de forma efémera tal como tinha surgido, os seus precursores, seguiam a sua vida política associados ao partido Democrático –PRP, o Dr. Téofilo Júnior, mantinha-se fiel às teses regionalistas mas com  o avanço do ideário nacionalista germinando tornava-se mais dócil nas suas críticas ao Poder Central enquanto que o Dr. António Sardinha, afastava-se definitivamente dos ideias republicanos e regionalistas e tornava-se em pouco tempo numa eminente figura nacional  das pretensões monárquicas e nacionalistas. O mundo preparava-se para a Grande Guerra e António Sardinha, com a colaboração de Alberto Monsaraz, Hipólito Raposo e Pequito Raposo, entre outros, editava uma revista com a finalidade de analisar questões de filosofia política, titulada “A Nação Portuguesa”, que funcionaria como um autêntico órgão de comunicação na difusão das teses correspondentes ao “Integralismo Lusitano” que desde o seu primeiro número defendia que a sua “(…)  actividade e propaganda em prol de uma Monarquia tradicional, servirá para reunir à volta de uma aspiração honesta e consciente à dedicação daqueles que, já decrescentes da mentira democrática – parlamentar(…)”.  A defesa da “tradição portuguesa” era uma das ideias recorrentes da doutrina do “Integralismo Lusitano”. Uma doutrina que não aceitava a ideologia republicana e resultava contrária ao liberalismo (económico e político), do mesmo modo que se oponha frontalmente a todo ideário da Revolução Francesa e outras derivadas daquela: “ (…) os integralistas erguiam-se com violência contra o individualismo e a soberania popular, com as suas expressões políticas práticas de monarquia constitucional ou da república”. Apesar de tudo o empenho do ideólogo de Monforte, as ideias integralistas não vingaram no Alto Alentejo, tendo em sete edições  da Fronteira, periódico republicano elvense, explicado o teor ideológico e alcance das teses do Integralismo Lusitano . Entretanto a Quinta do Bispo era visitada regularmente por algumas figuras que conspiravam contra a República, num período em que Pimenta de Castro não era apreciado nos meios políticos elvenses, o próprio António Sardinha afirmava que aquele oficial português era muito semelhante a um Rei Absoluto e nem sequer servia os próprios republicanos:”Dissolveu o parlamento, perseguiu os republicanos, escorraçou-os das corporações administrativas dos governos civis e da administração pública”. Os republicanos estavam divididos ou pelo menos incrédulos, o Coronel Miguel Santos, republicano, natural da freguesia de Assunção em Elvas, incorparava o movimento de 15 de Maio de 1915 contra a experiência totalitária que estava a ser imposta por Pimenta de Castro e o arrochense  Téofilo  Júnior apoiante desde a primeira hora da causda republicana  afirmava ” Num país destes a situação normal e a desordem organizada em governo é a anarquia espiritual a real triunfadora cavalgando pesadamente a Ordem como um grande e glorioso capitão no fim de uma vitória (…) O remédio nestas circunstâncias é exerce-se a ditadura para garantir à grande maioria do país ordenada e laboradora o exercício dos direitos que uma pequena maioria de agitadores, confundindo a licença com a liberdade”. Os republicanos elvenses do Partido Democrático- PRP, respondiam às ameaças ao sistema político apesar da desconfiança relativamente ao caminho que seguia o governo da República : “O País, com a opinião republicana, está vigilante no seu posto de honra, que será mesmo de combate se a isso forçarem os protectores do bandidismo monárquico”. Todavia a República continuava o seu caminho, vigorando de forma plena pois o regime republicano de Pimenta de Castro não deixou de ser republicano pelo menos na formalidade, apesar da sucessão de governos que marcaram um breve período entre 1519-1519, entre eles a coligação republicana da União Sagrada, que não evitava o surto das greves gerais, as consequência directas da guerra e o descontentamento de uma burguesia urbana e rural, que pedia sobretudo ordem e progresso económico.