sábado, outubro 19, 2013

Os movimentos de vanguarda nas primeiras décadas do séc. XX


Henri Matisse, Mesa Posta ou Harmonia em Vermelhos, 1908


Franz Marc, O Cavalo Azul, 1911 



George Braque, Casas d´Estaque, 1908


Piet Mondrain, Quadro I, 1921 


Umberto Boccioni, Estado de Espírito II, 1911 


Slvador Dali, A persistência da Memória, 1931

O desafio da inovação, definido pelos vanguardistas, conduz a um clima de experimentação constante, que resulta numa sucessão vertiginosa de movimentos artísticos e literários, o que explica que um mesmo artista possa produzir obras que se enquadram em diferentes movimentos. Em 1905, surge em Paris, o fauvismo, que se destaca por uma simplificação decorativa e pelo abandono tendencial da perspectiva e do modelado. O uso da cor pura e estridente, usada de forma arbitrária, imprime uma sensação de alegria às obras fauvistas, que contrasta com a expressão da angústia humana, sobretudo a citadina, transmitida pelas obras do expressionismo, que emergiu, nesse mesmo ano, na Alemanha.  Este último movimento que abrange também a literatura e o cinema, reparte-se na pintura em dois momentos: Die Brcke (ponte) caracteriza-se pelo uso contrates cromáticos violentos, de formas sintéticas e distorcidas e de temáticas dramáticas e obsessivas. Der Blaue Reiter (O cavaleio azul) surgido em 1911, aborda temas calmos e serenos, de cores suaves usadas arbitrariamente. Em 1907, desenvolve-se em França, o cubismo, caracterizando-se pela bidimensionalidade e pela representação figurativa, através da simplificação do volume dos objectos e da geometrização das formas (fase cezzaniana)  . Picasso e Braque, principais mentores, deste movimento, evoluem para uma segunda fase - a analítica -, realçando a composição de planos e a fusão de planos, através da decomposição das formas e do uso das cores cinzentas e castanhas. As sucessivas tentativas de representação dos objectos na sua essência fará emergir uma terceira fase – a sintética – marcada pela simplificação da composição e pelo uso de cores mais intensas e variadas, bem como pelo aparecimento das primeiras colagens. A escrita cubista caracteriza-se pela ausência de pontuação, sobressaindo na poesia os caligramas, cuja mensagem está directamente relacionada com a representação gráfica e os objectos. Na Itália, afirma-se a emergência do futurismo em 1909, que se assume como um movimento artístico e literário produtor de uma arte para o futuro. Este movimento recusa a harmonia convencional e defende a violência, a velocidade e a sociedade industrial, desenvolvendo temáticas preferencialmente relacionadas com a vida citadina, com a máquina e com a electricidade. As suas composições revelam um carácter abstracto, mas dinâmico, realçado pelo uso de cores vivas e linhas curvas. O abstraccionismo, movimento não figurativo, surgido em 1910 no qual se destaca a figura de Wassily Kandiski, que exalta o dinamismo da cor pura, imprimindo aos seus quadros um ritmo quase musical, sendo esta a fase de abstracção cromática. Outros irão ligar a cor ao uso da geometria, criando o abstraccionismo geométrico. Piet Mondrain, recorrendo apenas a cores primárias, cria o abstraccionismo racionalista ou neoplasticismo, ao introduzir linhas verticais e horizontais, formando ângulos rectos , numa tentativa de demonstrar que a linguagem racional e universal da matemática pode responder à irracionalidade da guerra. O abstraccionismo impõe-se, assim, como uma nova estética universal, defendendo-se que a obra de arte será tanto mais significativa quanto maior for a sua autonomia em relação ao criador, ou seja, quanto maior for a diversidade de leituras e sensações obtidas pelos espectadores. Durante a Primeira Guerra Mundial, irrompe na Suiça o dadaísmo, reflectindo um cepticismo total em relação aos valores tradicionais, valorizando o caos e a destruição da ordem vigente. Estes artistas vão recorrer a objectos banais e a colagens de desperdícios com o objectivo de chocar o público, assumindo uma atitude de renúncia relativamente à criação artística, através da incoerência, da ironia e do sarcasmo. O surrealismo, surge em França em 1904, sob influência de Freud, os artistas e escritores reclamam a autonomia da imaginação, através da exploração e livre expressão do que é consciente. Tentam reproduzir o mundo onírico, realçando os instintos, os desejos e o erotismo. Também o surrealismo se expressa em duas tendências diversas: a figurativa – que recupera a tridimensionalidade, usando perspectivas insólitas, e que representa seres objectos estranhos e deformados, por vezes em situações de tensão ou conflito – e a abstractizante – que tende ao abandono da tridimensionalidade.