sábado, setembro 28, 2013

Dois grandes vultos da Historiografia do Caia



                  
Ao longo da História da Cidade de Elvas e da Vila de Campo Maior, grandes nomes destacaram-se na reconstrução da memória dos seus antepassados, mas dois nomes são fundamentais e determinantes quando se fala de uma História, cujo objecto de reconstrução se centra no documento. Referimo-nos a Vitorino de Almada e João Francisco Dubraz, o primeiro natural de Elvas, onde nasceu em 21-10-1845 sem dúvida o mais importante historiador desta cidade, o segundo nascido em Campo Maior destacou-se não só na vida cultural da sua vila como foi um dos colaboradores mais importantes da imprensa periódica de Elvas onde se salientou como cronista político e historiador, de facto foi no nº1828 da Voz do Alentejo, que Dubraz escreveu o primeiro artigo sobre história que se intitulava “História de Campo Maior. Em comum, estes dois vultos para além da História, possuíam uma verdadeira paixão pelo jornalismo chegando Vitorino de Almada, a correspondente do Diário Ilustrado na década de 70, enquanto que João Dubraz iniciou mesmo a sua “carreira jornalística” no periódico lisboeta Revolução de Setembro. Todavia, a forma de participação na imprensa nacional e depois local, foi fortemente marcada pela sua formação profissional, que os distingue notavelmente na forma como utilizaram as folhas periódicas onde colaboraram, Vitorino de Almada, capitão do exército e oriundo de uma família ligada a carreira de armadas, jamais utilizou o seu talento para a reflexão da temática política numa época em que o exército português caminhava no sentido da unidade nacional, depois das várias divisões que as guerras liberais determinaram e que ainda se faziam sentir perto de meados do século XIX. João Dubraz, pelo contrário era um verdadeiro activista político, participou na revolta da Maria da Fonte, defensor de um liberalismo radical e da república como regime político, de tal forma que os escritos deste professor foram sempre motivo de polémica na cidade de Elvas, quando essas ideias eram motivo de reflexão. No plano da construção memória, a recolha de fontes e uma forma muito particular de registar os agentes da história, são sem dúvida os elementos de maior destaque nas suas obras. No caso de J.Dubraz destaca-se «Recordações dos Últimos Quarenta Anos (1868)», que é

sem dúvida, a memória descritiva mais importante da Vila de Campo Maior, referente aos séculos XVIII e XIX e em particular da conjuntura de guerra, desde as Invasões francesas até às guerras peninsulares. De realçar também que uma parte significativa desta memória foi publicada nos jornais de Elvas, Voz do Alentejo e Diário de Elvas. O mesmo caminho seguiu Vitorino de Almada, uma vez que uma parte considerável da sua obra foi também antes publicada em alguns artigos do Elvense, Gil Fernandes e Correio Elvense. Porém de referência é sem dúvida o Dicionário de História e Geografia do Concelho de Elvas e Extintos de Barbacena, vila Fernando Vila Boim, uma obra ímpar que reúne uma vasta informação: Política, Institucional, Económica, Social e Cultural, uma parte dela recolhida por António Tomás Pires ou facilitada pelo Dr. Francisco de Paula Santa Clara, entre outras personalidades que nos finais do século XIX permitiram o acesso a uma documentação institucional que estava à sua guarda. Eis, algumas notas, sobre dois vultos e duas obras de referência que permanecem ignoradas pela historiografia portuguesas, uma referente a vida de uma cidade e que se estende pelo Alentejo, outra sobre uma memória de uma vila que se desenvolve num cenário específico da História de Portugal.