quinta-feira, abril 30, 2009

Carta Geológica de Portugal - 1879 de Nery Delgado


Joaquim Filipe Nery, um notável geólogo e paleontólogo elvense e de Portugal.

Biografia /História Local : -Joaquim Filipe Nery da Encarnação Delgado nasceu em Elvas no dia 26 de Maio de 1835, quando seu pai o Tenente-Coronel José Miguel Delgado desempenhava a função de Governador militar do Forte de Nossa Senhora da Graça . Em 1844 entrou para o Colégio Militar, continuando os seus estudos na Escola Politécnica. Em 1856, já graduado com o posto de sub-tenente de engenharia, trabalhou no Ministério das Obras Públicas onde pertenceu à comissão encarregue de estudar as medidas a tomar, contra as inundações do Mondego . Entrou para a "Comissão Geológica" em 1857 como adjunto do engenheiro militar Carlos Ribeiro tendo assumido a direcção deste organismo de 1882 a 1908. Deixou uma obra científica notável, tendo a sua actividade incidido sobretudo no estudo dos terrenos paleozóicos e ante-paleozóicos de Portugal, sobre os quais publicou importantes trabalhos que ainda hoje, volvidos mais de 100 anos sobre a sua edição, continuam a ser de leitura obrigatória. Ocupou-se, além disso, de problemas de geologia aplicada e de estudos de pré-história .Em 1867 foi publicado o seu primeiro estudo "Da existência do homem no nosso solo em tempos mui remotos provada pelo estudo das cavernas". Um dos aspectos mais importantes dos trabalhos de campo de Nery Delgado foi a descoberta da fauna câmbrica de Vila Boim, constituída por trilobites e outros fósseis que foram por ele descritos e classificados, sendo a cronologia então estabelecida (Georgiano) ainda hoje se mantêm. A sua obra fundamental , talvez a mais conhecida, é a monografia entre o Sistema Silúrico de Portugal. Trata-se de um estudo exaustivo, contendo listagens de fósseis, mapas e cortes geológicos. Nery Delgado começa por apresentar uma introdução histórica sobre o sistema silúrico do país, seguida de estudo de estratigrafia paleontológica do mesmo sistema, partindo da bacia hidrográfica do Mondego, passando às bacias do Tejo, do Douro e, finalmente do Guadiana. As amostras litológicas e paleontológicas recolhidas por Nery Delgado encontram-se depositadas no Museu do Instituto Geológico e Mineiro. No domínio da geologia os seus trabalhos de campo foram efectuados em pareceria com o engenheiro militar Carlos Ribeiro nas prospecções hidrogeológicas com vista ao abastecimento de água a Lisboa em 1857, e, em 1868, por solicitação do Instituto Geográfico, publicou com Carlos Ribeiro um estudo sobre a arborização geral do país, cuja utilidade continuou a ser reconhecida no século XX. Na área da arqueologia, os seus trabalhos mais significativos são o estudo das grutas da Cesareda que descreveu em 18867, e da gruta da Furninha, Peniche, 1880. A descrição e morfologia desta última foram apresentadas no Congresso Internacional de Arqueologia e Antropologia Pré-Históricas, realizado em 1880. Na vida púvblica exerceu os mais altos cargos públicos, tendo-lhe sido confiados numerosos cargos honoríficos, como a sua nomeação ao Conselho dos Monumentos Nacionais. Representou Portugal no Congresso Internacional de Paris (pré-história) e nos Congressos Geológicos de Bolonha, Londres e Zurique. No de Paris foi distinguido pelos seus trabalhos científicos, facto este que viria a repetir-se em Filadélfia em 1876, no âmbito da publicação de trabalhos científicos foram editados cerca de uma centena e meia das suas investigações e trabalhos de campo, dos quais destacamos a seguinte bibliografia:

• Nery Delgado, Noticia Acerca das Grutas da Cesareda, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1867; Carlos Ribeiro; Nery Delgado, Relatorio acerca da Arborisação Geral do Paiz, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1868.• Nery Delgado, Terrenos Paleozoicos de Portugal. Sobre a Existencia do Terreno Siluriano no Baixo Alemtejo (Memoria Apresentada à Academia Real das Sciencias de Lisboa), Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1876.• Carlos Ribeiro; Nery Delgado, Carta Geológica de Portugal (escala 1:500 000), 1876 • Nery Delgado, “Apontamentos para servirem de base ao estudo do projecto de abastecimento de aguas da villa de Figueira”, Revista de Obras Publicas e Minas, 10 (1879), 269-277.• Nery Delgado, Estudo sobre os Bilobites e outros Fosseis das Quartzites da Base do Systema Silurico de Portugal, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1886.• Nery Delgado, Estudo sobre os Bilobites e outros Fosseis das Quartzites da Base do Systema Silurico de Portugal, Supplemento, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1887.• Nery Delgado, “Chronica: Jazigos de Marmore e Alabastro e grutas respectivas dos concelhos de Vimioso e Miranda do Douro,” Revista de Obras Publicas e Minas, 19 (1888), 81-89.• Nery Delgado, Fauna Silurica de Portugal. Descrição de uma nova forma de Trilobite, Lichas (Uralichas) Riberoi, Lisboa, Comissão dos Trabalhos Geologicos de Portugal/Typographia da Academia Real das Sciencias, 1892.• Nery Delgado, “As Aguas de Bellas. Reflexões acerca do artigo ‘As Aguas de Lisboa’, publicado no vol. 24 d’esta ‘Revista’”, Revista de Obras Publicas e Minas, 25 (1894), 72-81.• Nery Delgado; Paul Choffat, Carta Geológica de Portugal (escala 1:500 000), 1899• Nery Delgado, Système Silurique du Portugal. Étude de Stratigraphie Paléontologique, Lisbonne, Imprimerie de l'Académie Royale des Sciences, 1908 e Nery Delgado, Terrains Paléozoïques du Portugal. Étude sur les Fossiles des Schistes à Néréites de San Domingos et des Schistes à Néréites et à Graptolites de Barrancos (Ouvrage Posthume), Lisbonne, Commission du Services Géologique du Portugal/Imprimerie Nationale, 1910
Terminou a carreira militar no posto de General de divisão que atingiu em 1899. Foi homenageado com a grande cruz da Ordem Militar de S. Bento d'Aviz, comendador da Ordem de D. Isabel a Católica, oficial da Ordem da Legião de Honra, oficial da Ordem da Coroa de Itália e com medalhas em todas as exposições internacionais nas quais o Serviço Geológico estivesse presente. Foi membro correspondente na Academia das Ciências de Lisboa em 1875 e passou a membro efectivo em 1884. Foi vice-presidente da aula das ciências matemáticas, físicas e naturais e presidente da comissão da redacção do jornal dessa aula. Viria a falecer na capital do reino em 3 de Agosto de 1908 quando há cerca de uma década se encontrava já afastado da vida pública e científica. Postado por Arlindo Sena.

quarta-feira, abril 29, 2009

Land Art



segunda-feira, abril 27, 2009

O trajecto histórico da Herdade na História de Elvas



História Local :- Do ponto vista histórico o conceito de herdade perde-se no tempo, há quem encontre na "Villa Romana" e na sua "pars rústica", a sua origem e por extensão a base da denominação do "monte alentejano". Todavia, quando se considera os fundos documentais da vila e mais tarde cidade de Elvas, encontramos as primeiras referências para o período de povoamento e aproveitamento económico da vila de Elvas. De facto, a primeira carta régia, que utiliza a designação de herdade é uma confirmação dada à Ordem de Alcobaça em 7 de Maio de 1259 ou seja, a primeira doação de uma herdade é provavelmente do início de meados do séc. XIII. Considerando ainda que uma das primeiras herdades da referida ordem a de Fonte Enossa estão referenciadas no testamento de João Paes Salzedas como doadas por carta régia em 3 de Abril de 1258. Ao longo do período medieval as doações sucedem-se a alguns membros da aristocracia de Portugal e Local, como são os casos dos Aboim. Na época Moderna, D. Álvaro, da Casa de Bragança é o primeiro aristocrata do reino a receber uma herdade e no final do Antigo Regime uma elite domina a propriedade concelhia como são os casos da Casa de Bragança e de Cadaval ou do Conde de São Martinho. A partir de meados do século XIX a herdade é fonte de riqueza e elemento determinante para a formação de novas elites económicas, de facto na lista de maiores contribuintes de Elvas entre 1880-1890, apenas o comerciante José Nunes da Silva, não constitui a sua riqueza com base na herdade. José Miguel Barreto era o maior proprietário com morado na cidade e António Bagulho, o maior proprietário oriundo de uma vila rural. Porém o esboço das primeiras Casas Agrícolas com base na herdade estavam já criadas antes do fim do século XIX como era as casas dos primeiros grandes lavradores após a Reforma de Mouzinho da Silveira: António Bagulho (1864); Adelino Gonçalves (1867) ou Francisco Lobão Rasquilha (1879). A transição para o século XX foi determinante para o alargamento das áreas de exploração agrária, correspondente a um aumento da propriedade e ao aparecimento de novos proprietários alguns dos quais antigos arrendatários, numa época em que a paisagem agrícola era ainda marcada por « ... extensos matagais de carrasco, piorno e outros arbustos silvstres». A partir de então e até final da década de 1960, a posse herdade tornou-se um sinal de elitização social e de desenvolvimento local, considerando como:


- Um sinal de prestígio social e nesse contexto os comerciantes e os "doutores", os médicos, procuravam adquirir esse tipo de propriedade como forma de se inserir nas elites económicas.


- Factor de criação de emprego, de uniformização e nivelamento social, uma vez que a maioria da população encontrava a sua subsistência no trabalho rural.As expectativas das classes populares, variavam entre a guarda fiscal e a vida militar.


-Elemento determinante na produção cerealífera e na economia nacional após as reformas agrícolas de 1883 e a Campanha do Trigo de 1929.


Sem dúvida que a herdade e os seus protagonistas não se esgotam, mas o papel da herdade como motor da economia elvense e nacional não deve ser ignorado na sua História. Postado por Arlindo Sena.

sábado, abril 25, 2009

A irrequietude artística de Rosso Fiorentino


História e Cultura das Artes/10º ano de escolaridade - A obra maneirista de Rosso Fiorentino: - Giovanni Batista di Lacopo, conhecido por Rosso Fiorentino, foi aluno de Andrea Del Sarto e manifestou desde cedo uma vontade de independência relativamente aos módulos formais clássicos. Na Virgem com o Menino e Santos para Santa Maria Nuova, retoma o esquema do século XV do retábulo do altar, mas anula o sentido de profundidade espacial pondo no mesmo plano as figuras, caracterizadas por rostos que parecem possuídos, corpos com volumes facetados e mãos aduncas. Uma explicação ruptura dos cânones clássicos surge na Deposição de Volterra ( figura acima representada), onde Fiorentino exacerba a expressividade das figuras, sublinhando a tensão dramática do evento e organizado, em linhas quebradas e dissonantes, uma composição em que tudo vive numa dimensão não naturalista: a luz irreal, a compacta faixa de céu no fundo, as cores violentas sem efeitos de claro-escuro e as expressões caricatas dos rostos. Do mesmo período é o Anjo Músico, fragmento de um retábulo representado provavelmente uma Virgem com o Menino. Na pintura Moisés Defende as Filhas de Jetro, é óbvia a intenção de imitar os modelos de Miguel Ângelo para levar ao extremo as pesquisas formais do mestre. Antes de partir para Roma, Rosso realizou o Casamento da Virgem, obra que revela o desejo de reinterpretar a tradição clássica de Rafael e dos artistas florentinos. Postado por Arlindo Sena

sexta-feira, abril 24, 2009

O 25 de Abril de 1974


História de Portugal - O dia 24 de Abril caminhava para o fim, faltavam cinco minutos para as vinte e trinta minutos, quando o som da rádio nacional mais ouvida, emitia a canção Grândola Vila Morena. De prevenção há algumas horas, as forças militares compostas em quatro zonas de comando (Lisboa e sectores: norte, centro e sul), iniciavam o primeiro Golpe de Estado militar após o 25 de Maio de 1926 que tinha como objectivo a capital, no plano geral das operações o Major Otelo Saraiva de Carvalho deixava bem claro que considerava " a cidade de Lisboa como o fulcro de toda acção, visto que é nela que se concentram os poderes legais e os objectivos remuneradores para o cumprimento da missão e para as missões consequentes". Pela manhã, as notícias eram conhecidas em Elvas, com entusiasmo e ao mesmo tempo com apreensão, a rádio nacional era o meio privilegiado com notícias como estas: " As forças armadas desencadearam, na madrugada de hoje uma série de acções com vista a liberdade do País e do regime que há longo tempo o domina". Mas a noite seria mais histórica para dois elvenses que participaram no anúncio da aventura democrática, José Manuel Carapinha Brilha e Martinho José Coelho Jesus, que faziam parte da coluna militar do RPC liderados pelo capitão Salgueiro Maia, que de Santarém partiram para a capital, durante a madrugada, ocupando sucessivamente o Terreiro do Paço, subindo ao Carmo onde aceitaram a demissão do Prof. Dr. Marcelo Caetano, Presidente do Concelho. Aos poucos o movimento emprendido pelas forças armadas, chegava a Elvas, a cidade tornava-se movimentada e patrulhada por inúmeras viaturas militarizadas, entre elas os Jipes da era dos aliados do pós 2ª guerra mundial, o tempo corria depressa e as vozes da liberdade faziam-se sentir um pouco por todo o lado, onde a esperança e apreensão eram sentimentos próprios de quem não entendia o que se passava. O fim da estruturas do regime de censura e repressão, situados respectivamente na Praça (PIDE-DGS) e no Largo de S. Domingos (Legião) denunciavam a mudança que alcançou o ponto mais alto com a comemoração do 1ºMaio quando o povo de Elvas saíu de forma expansiva à rua. Postado por Arlindo Sena

A Guerra civil de Espanha na raia de 1939


História Local - 24 de Abril de 1939, a violência na cidade de Badajoz tinha cessado à pouco mais de vinte dias quando um grupo de autoridades locais, civis e militares visitaram a actual capital da Extremadura. Em Elvas, as forças militares estacionadas na cidade voltavam a capital, como também os vários jornalistas que de Elvas faziam as suas reportagens sobre os acontecimentos de Badajoz nomeadamente o Rádio Clube Português, a partir da informação que era recolhida na raia. De resto seria uma coluna automóvel organizada pelo Rádio Clube a primeira a entrar com fins humanitárias em Badajoz via Elvas em 1939 , " ... que na sua longa viagem de Lisboa - Badajoz, transportava donativos em géneros, agasalhos e mendicamentos. As camionetas alinhadas por distritos e levando à frente o de Lisboa, estendiam-se pela estrada fora numa fila interminável que atingia alguns quilómetros. Esperava-se anciosamente a entrada em Badajoz (...) Havia talvez uma hora que ali estavamos quando de Elvas nos chegou o barulho de potentes aviões. (...) Eram aviões portugueses das nossas forças aéreas que para nós se dirigiam". Mas dos dias da guerra registam-se momentos de contrariedade e de solidariedade, se a denuncia junto das autoridades espanholas e a entrega de prisioneiros, alguns dos quais foram eliminados na Praça de Touros da cidade, há momentos de solidariedade e de humanidade que não podemos deixar de referir. Como por exemplo.


- O papel dos lavradores com propriedades na raia, que protegeram alguns dos que fugiam do clima de terror.


- A acção humanitária dos contrabandistas que traziam a salvo algumas crianças a pedido dos seus familiares.


- A convivência de alguns funcionários públicos com alguns exilados, como os médicos locais que não denunciaram os tratamentos feitos no hospital de Elvas, a um coronel republicano e ao governador Civil de Badajoz na época, que tinham mandatos de captura.


- O papel anónimo dos elvense, foram muitos que ofereceram a sua solidariedade, como por exemplo, a Senhora Isabel (assim referida num documento oficial), que evitou que um cabeleiro extremenho encontrado na cidade e vivendo clandestinamente em sua casa, fosse detido e enviado para Badajoz em função dos pedidos que fez junto de algumas figuras influentes na vida política local.
"São sem dúvida registos que a HISTÓRIA das relações fronteirizas não pode ignorar num acontecimento em que Portugal declarou a sua neutralidade mas na prática, tomou partido das forças da falange na medida em que a existência de um regime republicano, democrático ou socialista em Espanha era uma ameaça ao estado autoritário e nacionalista que definia a base júridica do Estado Novo, cujo princípio anti-comunista saiu notavelmente reforçado após a Guerra Civil de Espanha".


Dos dias da guerra na documentação oficial, regista-se ainda os movimentos das forças militarizadas na Rua da Cadeia e as constantes subidas dos elvenses aos pontos mais altos para testemunharem os bombardementos sobre a cidade de Badajoz. Postado por Arlindo Sena

sexta-feira, abril 17, 2009

A Igreja do Salvador, um monumento que não o é ?

História e Cultura das Artes - Leitura formativa 10º ano de escolaridade/História Local - " Uma das edificações mais significativas da arquitectura religiosa do período moderno na cidade de Elvas, é sem dúvida a Igreja do Salvador, mais conhecida pela igreja do Colégio e que apesar da sua notoriedade não se inscreve na lista de imóveis elvenses classificados com a designação de Monumento Nacional. Este espaço arquitectónico integrado no conjunto monumental do Colégio dos Jesuitas edificado durante a segunda metade do séc. XVII e aberto ao público a 17 de Agosto de 1692, iniciou a sua construção com o lançamento da primeira pedra a 4 de Julho de 1679, apresentando como características dominantes as formas e estruturas que predominaram na Igreja Jesuítica nacional se considerarmos as suas linhas construtivas : - A planta - cuja fórmula sai da igreja gótica alentejana de forma rectangular, apresenta uma só nave com cobertura de abóbada de berço, com transepto bem marcado, ladeada pela capela mor e por duas capelas laterais profundas, nas naves distinguem-se duas capelas laterais de cada um dos lados , dando ao espaço interior uma dimensão alargada e transformando a mesmo numa autêntica igreja salão, do qual se destacando-se dois púlpitos (em mármore branco e preto) que determinavam a descentralização do culto a partir do altar principal, seguindo o modelo da Igreja de São Roque (Lisboa), ainda que sem a capacidade inventiva do templo lisboeta. Todavia no traço da planta da Igreja do Salvador de Elvas, está subjacente uma maior proximidade com o modelo das igrejas jesuíticas algarvias, o que é absolutamente normal considerando que o traço da referida igreja atribuída ao jesuíta Bartomoleu Duarte, que desenhara no início da sua década de 1660 a Igreja do colégio de Portimão que por sua vez foi deveras influenciada pela igreja da Companhia de Jesus edificada em Faro. A Fachada principal - que se eleva no prolongamento do colégio onde se acolhiam os Padres da Companhia Jesus, é caracterizada pela verticalidade que caracteriza o modelo jesuíta e o maneirismo que de resto está inerente no modelo das frontarias das Igreja da Companhia de Jesus, contudo a simplicidade é o elemento dominante com três portais clássicos (sendo o maior o central onde se identifica um frontão interrompido, um medalhão com uma inscrição referente à fundação régia). O segundo e terceiro andar, marcados por duas ordens de janelas em cada secção superior, o último andar é rematado por um frontão pronunciado. Na fachada destaca-se duas torres tal como em S.Vicente Fora, S. Lourenço no Porto ou na Sé Nova em Coimbra, que são limitadas pelas pilastras que separam as mesmas do corpo central do frontespício". Postado por Arlindo Sena




terça-feira, abril 07, 2009

Manuel Rodrigues Coelho, Um músico da Modernidade

Biografia - Época Moderna:- Nascido em Elvas em 1555 e faleceu provavelmente em Lisboa em 1635. Destacou-se como compositor e tocador de harpa entre finais do séc. XVI e as primeiras décadas do séc. XVII. Completou os seus estudos na Sé de Elvas, tendo iniciado a sua actividade musical como organista na Sé de de Badajoz entre 1573-1577, numa época em que a nação portuguesa estava integrada no Império Espanhol. No início do séc. XVII, exerce de forma efémera essa actividade na Sé de Elvas durante o ano de 1602 que termina na mesma função na Sé de Lisboa e que exerce até 1604 quando finalmente é designado para organista /tangedor da Tecla da Capela Real no período de 1604-1633, exercendo ao mesmo tempo a função de capelão de Sua Majestade. A sua obra de referência é sem dúvida, "Flores de Música para o Instrumento de Tecla", constituindo o primeiro livro, com música para tecla e harpa, impresso em Portugal, em 1620 pela oficina lisboeta de Pedro Crasbeeck., e foi dedicada a sua Majestade Rei Filipe III de Espanha, como se observa no frontespício da mesma que apresenta ainda a curiosidade de apresentar ao centro as armas dos reis de Portugal e uma inscrição que confirma a licença do Santo Ofício da Inquisição para a sua circulação em todo o Império. De realçar que esta obra, conheceu novas edições algumas das quais no séc. XX e entre elas, a que marcou o início da Colecção Portugaliae Música, editada em 1954 por Macário de S.Kastner. A sua música reflecte um estilo novo nascido da transformação da estética musical própria da transição da Renascença para o Barroco e faz dele um dos grandes contrapontistas do seu tempo. A sua obra de resto continua a interessar os académicos, como são os casos do brasileiro, Prof. Doutor Marcelo Bruno de Rodrigues de São Paulo ou da investigadora Edite Rocha, que preprara o seu doutoramento na Faculdade de Letras de Salamanca sobre a obra notável de este ilustre músico elvense. Finalmente de salientar que o nome de Manuel Rodrigues Coelho, em Elvas está associado à designação da Academia de Música de Elvas, perpetuando a sua memória e a sua obra. Postado por Arlindo Sena

segunda-feira, abril 06, 2009

Uma acção de solidariedade e fraternidade da sociedade elvense

História Local- No Verão de 1883, a Espanha preparava-se para a mudança de regime, todavia essa tentativa golpista, só ocorreu nas regiões da Catalunha, Rioja e Extremadura, quando vários regimentos militares procuraram mudar o curso da História de Espanha mesmo sem os apoios o envolvimento inicial de todas as forças militares e regionais para a revolta republicana no Estado vizinho. De resto, o insucesso organizativo dos republicanos, era demais evidente e os próprios monárquicos sabiam considerando que até o próprio presidente do Governo Práxedes Mateo Sagasta, avisado pelas quatro da madrugada da acção dos militares, simplesmente afirmou: "Pero, ? nadie les ha dicho que no son horas de hacer la Revolución ?" . Ao mesmo tempo que em Badajoz os regimentos nº9 de cavalaria, nº 41 de Infantaria e uma Companhia de Artilharia, ocupavam no dia 5 de Agosto os Paços do Concelho atirando pela janela fora o retrato de D. Afonso II. Porém os revoltosos sob comando do Coronel de Infantaria Ascencio Vega, em menos de vinte e quatro horas eram obrigados a partir para o exílio uma vez que uma coluna militar dirigida pelo General Ramón Blanco, dirigia-se para Badajoz para sufocar a acção militar. E neste contexto, que a cidade de Elvas entrava na história do levantamento militar de 1883 em Badajoz. De facto, os revoltosos caminhavam em direcção ao Caia procurando exílio em terras portuguesas, em número de 600, em fila, a pé e desarmados, recebidos pelas autoridades militares, caminharam até Elvas, um periódico local dava a notícia: "Elvenses! já sabeis, em virtude de uma revolução malograda, entram nas vossas muralhas centenas de homens, que como vês, têm pais a quem respeitar, mães a quem dedicar os extremos afectos, filhos a quem desejar felicidades infinitas, amigos a quem deixar muitas saudades, recordações queridas, que nunca se apagam, acolheios, abraça-os, dá-lhes o que puderdes, sobretudo hospitalidade, que nunca faltou entre portugueses aos que por acaso ou infelicidade, não tiveram choça ou fortuna". Os dias que se seguiram são descritos pela documentação oficial como de tristeza e de tragédia, para muitas famílias de Badajoz que entravam pela porta de armas para se despedir dos seus filhos e maridos, uma vez que o futuro dos revoltosos seria a emigração para a América Latina. A 9 de Setembro de 1883, a cidade monárquica e patriótica de Elvas, preparava-se para ver partir os conspiradores espanhóis disfarçadas à civil, acompanhados à Estação do Caminho de Ferro, pelo Regimento de Infantaria nº4 em direcção à capital do reino com apoio dos emigrados espanhóis radicados em Lisboa. Cerca de três anos depois alguns dos exilados deixavam as suas ideias nos periódicos locais, entre eles destacamos, José Garcia, António Giménez e Adolfo Vasquez, os dois últimos radicados em Paris e conhecendo a realidade portuguesa e a difusão e afirmação do ideário republicano e não esquecendo a atitude solidária e fraterna, dos elvenses escreviam " O povo portugês é bom e generoso, e esse acolhe-o fraternalmente, mas se o povo é bom, o governo é mau, porque é covarde e indigno". Postado por Arlindo Sena

domingo, abril 05, 2009

Um Congresso : Europa, 1939 - o ano das catástofres

História em reflexão: - Setenta anos depois, o Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (www.cccb.org.), nos próximos dias 22/24, organiza um debate onde deverão estar presentes alguns nomes da referência da historografia mundial, que deverão reflectir sobre o que significou para a Europa o ano de 1939, já que marcou em simultâneo o fim da Guerra Civil de Espanha e o início da Segunda Guerra Mundial. Os temas em debate serão: Os direitos nos regimes fascistas e democráticos; As esquerdas face aos regimes fascistas e a guerra e os exílios europeus. Postado Por Arlindo Sena.

Os taxis na batalha de Marne

História Universal/ Época Contemporânea - Durante os primeiros dias de Setembro de 1914, em plena I Grande Guerra, as tropas alemãs chegavam a Marne situada a este de Paris. No dia 6 do começava a campanha militar contra as forças militares francesas, que necessitando de colocar na frente de batalha cerca de 4.000 reservistas, foi determinado pelo Governador da capital francesa (Paris) , que fossem reunidos o maior número de taxis para essa acção de transporte. Entrava dessa forma na guerra, o fabricante Renault cuja marca foi fundada em 21 de Dezembro de 1898, mas pouco tempo depois dos acontecimentos de Marne, especializava-se no fabrico de abundante material militar, nomeadamente camionetas, camiões, ambulâncias e o famoso tanque F17 que segundo alguns especialistas seria essencial na vitória aliada. Postado por Arlindo Sena