quinta-feira, julho 29, 2010

Picasso lidera o Mercado Mundial da Arte

“Nu, folhas verdes e busto” de Pablo Picasso pintado em 1932 se converteu na obra mais cara no mercado da arte mundial nos nossos dias, quando recentemente atingiu o valor de 106.5 milhões de dólares na sede de Christies´s em Nova York. Destronando assim, o record que possuía uma escultura de Giacometi que em Fevereiro tinha atingido os 104,3 milhões. Esta obra representa uma figura feminina desnudada, tratando-se de Marie-Thérèse Walter, uma jovem com quem Picasso então casado com a bailarina Olga Khokhova, mantinha uma relação. A mesma é representada, numa posição sexualmente disponível, deitada horizontalmente de olhos cerrados, O perfil do artista-yoyeur se pode discernir poor detrás da cortina. Sobre esta obra de arte , Paul Richardson, amigo e biógrafo do pintor, escreveu: Ironicamente, esta pintura, que celebra a submissão feminina, foi pintada no Dia Internacional da mulher (8 de Março). E admite que o artista teria ficado encantado se soubesse que tal data se tornaria num dia de referência para o mundo contemporâneo. De realçar ainda que as obras top de Picasso, variam entre 106.5 milhões de dólares e 72.8 milhões de dólares só para citar o Raking das suas dez mais importantes obras”

terça-feira, julho 27, 2010

5.3. As obras da Modernidade: as obras da Fé: - A antiga Sé Catedral



                                          Portal principal clássico inserido na galilé de entrada




Portal lateral de matriz quinhentista


Fecho da nave lateral com o brasão heráldico da Ordem de Avis


Nave central destacando-se as mísulas de suporte das naves

Corria o terceiro quartel do séc. XVI quando o arquitecto régio Francisco de Arruda provavelmente (?) traçou o primeiro esboço arquitectónico da nova Igreja de Nossa Senhora da Praça num período em que o mestre régio dirigia as obras do Aqueduto das Amoreiras. Porém quando se considera a documentação, quem dirige as obras durante mais de uma década é o mestre pedreiro Diogo Mendes. A nova igreja integrava-se no novo cenário urbano da nova Praça como sede da freguesia da Assunção, daí a sua denominação posterior de Nossa Senhora da Conceição e só mais tarde em 1570 se torna sede do Bispado de Elvas, enquadrando-se no mesmo as estruturas de apoio ao seu funcionamento, o Paço Episcopal e o Aljube. Do ponto vista, de estilo artístico ao contrário do que se lê em alguns textos historiográficos, não se trata de uma Igreja Manuelina, mas de uma edificação de transição entre gótico final e o manuelino. Da construção inicial destaca-se na estrutura externa do gótico final, a forma da organização da sua fachada principal compacta e projectada em frente, reforçando o carácter fortificado na qual o próprio frontispício se eleva como de uma verdadeira torre se tratasse. A mesma é rematada pela torre sineira, quase inexistente mas visível pelos vãos de seis olhais de arco redondo que a caracteriza. Os dois janelões clássicos, o varandim e a rosácea, completam o actual portal também classicista que substituiu o portal gótico de arquivoltas . Da estrutura interna, destaca-se a beleza e perfeição, da organização das três naves, de matriz manuelina, na qual se destacam as abóbadas nervadas e com dois andares na nave central. O carácter fortificado percorre os alçados laterais onde se destacam os contrafortes e o coroamento das mesmas por merlões chanfrados. Os botaréus e as gárgulas, destacam-se nos panos laterais no contexto da gramática decorativa do século XVI. As abóbadas por sua vez estão assentes em mísulas solução arquitectónica também evidente nas Igrejas de Madalena de Olivença ou na matriz de Viana do Alentejo. Manuelinos são também os portais laterais com motivos florais e alcachofras. A partir do momento em que o mais importante templo da cidade de Elvas se tornou sede de bispado, cada Bispo a seu tempo procurou deixar a marca da sua presença, através intervenções que configuravam  alterações estruturais e decorativas, nas quais destacamos: - o portal desenhado pelo mestre régio. Miguel de Arruda em 1550, definido por duas colunas de capiteis jónicos, que suportam a arquitrave e o frontão triangular; o varadim na fachada principal que denuncia o gosto pela festa de toiros, que levou o Bispado a mandar rasgar o mesmo na fachada principal como forma de observação sobre o anfiteatro onde se realizava a dita festa; o corredor de azulejaria das épocas setecentista e oitocentista; a Capela-mor de finais do séc. XVIII (1799) em estilo já muito próximo do “rocaille” . O templo elvense é hoje enriquecido pelas marcas do tempo histórico, dos seus tempos áureos visíveis pela heráldica clerical e aristocrática ou pela obra de talha inigualável no sul de Portugal, o seu Orgão concluído por ecomenda em 1777 pelo organeiro itálico Pasquale Caetano Ordoni. Em suma, podemos afirmar sem qualquer reservas históricas e documentais, que antiga Sé de Elvas foi a edificação que mais sofreu alterações estruturais ao longo da modernidade.

sábado, julho 24, 2010

5.3. As obras da Modernidade: As obras da Fé - O Convento de S.Francisco.

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Fachada principal da Igreja do Convento de S.Francisco


Perspectiva do Claustro do Convento de S.Francisco



Um dos quatro altares do Claustro


Se as obras públicas de referência da época da moderna, foram sem dúvida a Praça Militar e o Aqueduto, a verdade é que as obras de matriz religiosa foram aquelas que melhor contribuíram para a sua monumentalidade do ponto de vista quantitativo. De facto durante mais de três séculos, fruto da condição de ser sede episcopal e da fé dos suas “gentes”, um pouco por toda a cidade surgiram novos espaços, nomeadamente mosteiros e igrejas paroquiais tais como: - Convento de S. Francisco (1514) ; Igreja de Nossa Senhora da Assunção, antiga Sé de Elvas, Paço Episcopal e Aljube (1517); o Convento de São João de Deus (1645); Igreja de S.Paulo (intervencionada em 1593,1603 e 1660) Convento das Freiras de São Domingos/Igreja das dominíacas (séc. XVII-1659? Colégio de Santiago/Igreja do Salvador (1692); Igreja dos Terceiros da Ordem de São Francisco - 1701) e a Igreja do Senhor Jesus da Piedade (1737) a meio século do início da Época Contemporânea. E ainda há que referir as intervenções na Igreja de São Pedro ou na Igreja de São Domingos, que contribuíram para a descaracterização daqueles espaços religiosos enquanto testemunhos da arquitectura medieval. A presença das ordens religiosas dos Hospitalários e dos Franciscanos, estão directamente relacionadas com as primeiras edificações da modernidade. O Convento de S. Francisco, desenvolveu-se numa época em que a Ordem dos Franciscanos se expandia um pouco por todo o País implantando-se nas cidades e vilas e de um modo particular no Sul do País. A oração, a penitência e os votos de pobreza, animaram esta ordem que ocupou uma pequena colina junto ao Aqueduto das Amoreiras ainda em construção e que manteve a sua actividade missionário até cerca de 1834, aquando das leis de Mouzinho da Silveira que determinaram a expropriação dos bens das ordens religiosos. Todavia, o Convento dos Franciscanos definitivo é datado de 1591 e foi erigido para substituir uma pequena edificação, segundo revela a documentação parte dos materiais do antigo convento foram utilizados na composição da nova sede dos franciscanos em Elvas. A igreja é uma referência do conjunto mesteiral no qual se destaca um simples claustro onde se encontra hoje o Arquivo Municipal Histórico de Elvas, cujas linhas nomeadamente da sua fachada principal são caracterizadas pela sua simplicidade, na qual se destaca o acesso através de uma nartex ao templo e é marcada por um amplo arco abatido. O Janelão que se abre no andar superior da fachada e as duas torres laterais completam a austeridade exterior da igreja. O interior mantêm a simplicidade exterior, o retábulo maneirista do altar mor do entalhador Ascenso Fernandes.Continua.

quinta-feira, julho 15, 2010

5.2. As obras de Modernidade: O Forte de Santa Luzia determinante na eficácia defensiva da Praça Militar de Elvas


Forte de Santa Luzia - Vista em direcção a Badajoz



Cortinas, baluarte e guaritas. 


Entrada no Reduto Central e Casa do Governador.

Mas a década de 1640 foi marcada por outra edificação militar que complementava o sistema defensivo, como construção permanente uma vez que outras foram também edificadas com o objectivo de garantir a defesa da região, mas de raiz temporária como era o caso dos fortins que foram edificados nas zonas mais sensíveis a aproximação do inimigo. De facto, há medida que avançava a construção dos troços das cortinas da praça marcadas pela urgência que a soberania nacional exigia. Um pouco mais a sul, cobrindo a zona de mais fácil acesso à Portal Real ou de Olivença, edificava-se ao mesmo tempo o Forte de Santa Luzia. Se é verdade que a entrada da cidade teoricamente estava coberta e protegida pela baluarte de Olivença e pela obra da Quebra Face, não deixa de ser verdade que a capacidade de mobilização da cavalaria e da artilharia inimiga era evidente em termos operacionais na guerra de cerco. Logo a nova fortaleza justificava-se neste cenário bélico que a conjuntura política e militar determinava, a sua planificação foi gizada numa época em que os engenheiros militares ganhavam notoriedade face aos arquitectos, uma vez que eram observados como técnicos especializados que de um modo geral seguiam determinadas escolas de fortificação que por vezes eram geradoras de polémica. Foi de resto, o que se verificou com a questão da planta do Forte inicialmente seguindo a tradição portuguesa, definia-se por um traçado em forma estrelada segundo o risco de Matias de Albuquerque (1641). Logo, corrigida no ano seguinte por Hieronimo Rozetti que impõe a tradição da escola italiana, sob contestação do engenheiro francês Lassart que foi desde logo ultrapassado, por Cosmander que acaba por impor o traçado final da fortificação. Todavia, há que ter presente que independentemente das influências das escolas de fortificação, a tradição portuguesa mantêm-se no forte elvense na forma das baluartes e na sua configuração angular sobre o terreno como se observa a partir da 2ºmetade do séc. XVI em toda a sua extensão incluindo o Império Colonial Português. Quanto ao plano o Forte desenvolve-se a partir de um quadrado com uma extensão de 150 metros de onde partem as quatro baluartes que conferem a dimensão estrelada à edificação. No centro, eleva-se o reduto central, onde se identifica entre outras dependências a casa do governador, a capela e duas cisternas que permitia a sobrevivência da guarnição por um período máximo de três meses face a um assédio seguido de um cerco ao espaço fortificado. Dois revelins protegem as cortinas de este e sul, que se encontravam nas alas de cerco provável na linha de avanço provável do inimigo .O Forte de Santa Luzia completava a linha de eficácia defensiva da Praça Militar de Elvas devidamente apoiada por um conjunto de fortins como o de S.Francisco, de S.Pedro e de Santa Luzia.



Fortim de São Pedro



Fortim de São Francisco (vísivel a linha de Fosso)

quarta-feira, julho 14, 2010

Os caminho de Peregrinação a Santiago de Compostela

As grandes catedrais românticas na rota dos caminhos de Santiago


Catedral de Santiago de Compostela

Catedral de Astorga


Catedral de Laon

Catedral de Burgos

Catedral de Santo Domingo de la Calzada 

Catedral de Pampolana


Catedral de Jaca

Quando da celebração do Ano Santo de 1993, as instituições galegas realizaram um esforço com o fim de recuperar os Caminhos de peregrinação a Santiago de Compostela. Nessa perspectiva, a prioridade dessa acção embora centrada no caminho galego, favoreceu a reabilitação dos albergues para alojamento dos peregrinos e ao mesmo tempo promoveu a sua importância histórica enquanto região fundamental em direcção a Santiago. Porém, quando se comemora em 2010 mais uma celebração do Ano Santo, convêm relembrar que o Caminho de Santiago não se esgota na travessia da Galiza. O Caminho Primtivo, que era seguido pelos monarcas das Astúrias que em tempos do descobrimento de LOCUS SANCTI,  entra na Galiza pelo Porto del Acebo e  passa pela cidade de Lugo cruzando com o caminho francês. O Caminho do Norte, que entra por Ribabeo (Astúrias), cruza em Mondoñedo para chegar até Arzúa, a partir da qual se alinha com o Caminho Francês. Esta rota foi muito utilizada durante os anos em que o Caminho Francês não garantia a segurança aos peregrinos, hoje os que seguem esta rota se dirigem por norma à Catedral de Oviedo e partir daí seguem para Compostela. O Caminho da Via da Prata, entra na Galiza pelo sueste da província de Orense e acabava por ser um ponto de encontro dos peregrinos que chegavam a esta localidade a partir da cidade portuguesa de Chaves. Esta rota passa por Verín, Ourense, fazendo escala no Mosteiro de Oseira, Lalín e entra em Santiago depois de cruzar o vale do rio Ulla. O Caminho Português, podia eventualmente encontrar no Algarve o seu ponto de partida, mas Coimbra, Porto, Barcelos, Ponte Lima e Valença era os pontos mais importantes no apoio aos peregrinos portugueses que entrava pela Galiza por Tuy, esta rota ainda hoje é seguido pelos portugueses que caminham em direcção a Santiago. O Caminho Inglês era uma rota marítima que deixava os peregrinos na Coruña e em Ferrol e partir daí dirigiam-se a pé a Compostela. De realçar ainda que a chegada a Santiago de Compostela, não encerrava e ainda hoje não encerra o acto de peregrinação, isto é segue-se a chamada “Etapa adicional” em que consiste caminhar em direcção ao Cabo Finisterre com a finalidade de assistir ao pôr-do-sol sobre o Atlântico, onde começava o fim do mundo segundo os romanos. Mas a maior peregrinação cristã no Ocidente, começou no século IX, quando o bispo Teodomiro, da diocese da Iria Flavia, que identificou um sepulcro descoberto por Paio como sendo pertencente ao apóstolo Santiago. O impacto da notícia de tal achado, mereceu o maior empenho do Rei da Galiza e Astúrias, Afonso II, que converteu tal descobrimento, num culto de Estado ao Apóstolo Santiago. Durante o ano 1000 o culto ultrapassou definitivamente a Península Ibérica e atravessou os Pirinéus e transformou a cidade de Compostela num espaço apostólico e universal e definitivamente um ponto de referência da Cristandade, quando no séc. XIII se construiu a grande catedral romântica símbolo das grandes peregrinações cristãs no Ocidente.

Cabo Finisterra - vista parcial

sábado, julho 10, 2010

5.2. As obras da modernidade: A prioridade de defesa e a natureza estrutural da Praça Militar de Elvas.



Perspectiva do sistema abaluartado Lado Sul

Perspectiva do sistema abaluartado Lado Norte.


Baluarte de S.João e Hospital Militar (hoje uma unidade hoteleira)


Baluarte do Casarão

Baluarte de Olivença e obra anexa ( Cobra face).

A edificação da Praça Militar de Elvas, tornava-se assim uma prioridade nacional e a sua edificação nada tinha a ver com o progresso e afirmação de Elvas como núcleo populacional, como fora uma prioridade desde o período islâmico. É certo, que as fontes históricas, apontam sem reservas para a existência de vários edifícios fora do perímetro fortificado, como por exemplo, o complexo formado pela Igreja, Hospedaria e Convento de S. Domingos ou o monumental edifício, denominado o Casarão que acabaria por ser derrubado, dando nome a nova Baluarte. Esta edificação e outras anexas à cerca fernandina foram simplesmente arrasadas segundo ordens de Cosmander, numa época em que a população elvense ainda estava longe de ocupar todo o espaço limitado pela muralha fernandina. A nova fortaleza que então se edificava era mais compacta, rasa, sóbria e sobretudo fechada. Ou seja em nítida, oposição ao modelo da estrutura medieval, marcada pela verticalidade das suas doze torres e pelas onze portas. Definia-se em termos sumários, por um polígono irregular de doze lados, limitada por três portas estrategicamente abertas em espaços bem definidos por razões estratégicas e económicas. Do ponto de vista puramente estrutural, tratava-se de uma praça abaluartada que seguia os requisitos da tipologia de fortificação vigente no Ocidente, caracterizada por sete baluartes, quatro meias baluartes e um redente. Em 1644 ou seja em menos de quatro anos, Elvas passava a possuir a maior praça, entrincheirada e abaluartada, que tanta admiração causou aos engenheiros militares, estrategas de guerra, simples mercadores ou até missionários, que nos seus diários de viagem quando descrevem a cidade a sul, mais perto de Espanha não deixam de se referir as suas inexpugnáveis muralhas que baixas, grossas e rasas, se destacam entre os olivais que cercavam todo o conjunto fortificado. Na verdade, na implantação do “teor construtivo”, estava sempre presente o espírito defensivo, que se expressa de forma eloquente na composição bélica e avançada, das estruturas que se elevavam sobre o outeiro do baluarte do casarão, que se expressa de forma deitada sobre o cume de um outeiro, vigilante e em função do ângulo visual sobre Badajoz e toda a área onde era possível a movimentação das forças inimigas que de algum modo poderiam irromper do Caia. Mas se as baluartes, que percorrem toda linha amuralhada, são em cada esquina e cada recanto, um sinal da modernidade que a guerra então determinava, as obras anexas e exteriores, reforçavam todo o conteúdo construtivo, tais como os revelins, contrguardas, tenalhas, tenalhões, meias luas ou a linha de fossos que percorre certos sectores da muralha. Ou seja, a marca de Cosmander e da escola holandesa atinge nestas estruturas ou age, em que todas as distâncias e medidas estão relacionadas entre si, e em especial os seus ângulos, tal como determinava os tratados das escolas de fortificação holandesa. A capacidade de resistência à prova de cerco foi também uma prioridade e levado a cabo sobre o risco do engenheiro francês Nicolau Langres que foi o responsável pela edificação da cisterna, que seria uma reserva de abastecimento de água face a qualquer ofensiva e danificação do aqueduto. De facto, a existência de abastecimento de água potável, chegava à cidade desde 1622 e servia então os dois primeiros quarteirões que se edificavam junto ao Largo da Misericórdia. De resto a auto-suficiência, marcou todo o programa construtivo com construções de natureza funcionalista à função militarizada, tais como o Trem, a Casa da Barca, Paiol de Santa Bárbara, Conselho de Guerra e Hospital Militar .Do ponto vista, de expansão económica e social, a nova linha fortificada a quarta desde a fundação de Elvas foi desenhada com uma visão de futuro, permitindo o crescimento populacional da urbe até às primeiras décadas do séc. XX e se a muralha fernandina não tinha esgotado o seu espaço de expansão a seiscentista tinha um planto de longo alcance, de tal forma que durante o séc. XIX , a pequena propriedade agrícola, hortas e pomares, preenchiam os mais variados recantos da cidade e o seu desaparecimento foi sempre gradual e de acordo com a capacidade construtiva dos seus habitantes.

domingo, julho 04, 2010

5.2. As obras da Modernidade: A sobreposição das obras militares sobre a expansão da malha urbana

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A recuperação da soberania portuguesa no 1º de Dezembro de 1640, acabou por dar à cidade de Elvas uma função política e militar de tal importância que a soberania nacional defendia-se nas cercanias de Elvas. Por outro lado, as cartas militares espanholas marcavam um vasto território de ofensiva militar, limitado a norte pela Serra de São Mamede e a Sul pela Serra de Ossa, todavia o eixo de penetração em território do actual distrito de Portalegre definia-se em linha recta, Elvas, Estremoz e Vila Viçosa. Assim, a retenção das primeiras ofensivas em linha, teriam que ocorrer obrigatoriamente em Elvas, uma vez que um desaire militar na cidade raiana implicava o avanço inimigo sobre o capital, claro, que nos referimo-nos a um período posterior a essa obra de referência militar a Praça militar de Elvas. A definição da planta da futura praça militar de Elvas, ainda antes da chegado dos especialistas de arte fortificar, o Tenente Correia Lucas e o flamengo, Juan Ciermans, mais conhecido por Cosmander, já antes o Conde da Torre tinha gizado as primeiras linhas para a possível fortificação. Mas, O Tenente Correia Lucas, numa análise substancial das reflexões gizadas pelo Conde da Torre propôs desde logo, uma ampliação do espaço a fortificar, cuja validade e racionalidade se justificou nos tempos vindouros, já que a expansão da cidade no interior da linha pentagonal fortificada se manteve com um ritmo moderado e racionalizada até ao devir do séc. XX. Mas, o seu julgamento implicava uma reflexão sobre a utilidade da mais importante a obra então o maior edifício público, existente em solo nacional, o aqueduto das Amoreira. Duas opiniões definiam-se os que achavam que era inconcebível com a estrutura da nova tipologia de fortificação, baixa, rasa e adaptada à nova era do fogo. Outros, achavam que era uma mais-valia, uma vez que a guerra de cerco de matriz medieval mantinha-se na modernidade, o castelo ou praça, na prática continuavam a ser a principal máquina de guerra, ainda que a tecnologia de guerra tenha mudado, mas o cenário de guerra terrestre mantinha-se e manteve-se durante mais de dois séculos. Entretanto o lançamento das primeiras obras corriam a bom ritmo e a uma cadência marcada pelo risco de um cerco a qualquer momento, os largos fossos abriam-se antes da edificação dos alçados amuralhados era a primeira e incipiente defesa para qualquer assédio. Do ponto vista, teórico a base construtiva assentou em princípios que tinham mudado a arte de fortificar desde ao fim do século XVI em função da utilização de novos engenhos de guerra que obrigou a modificação profunda dos sistemas de fortificação. Na verdade a guerra na modernidade exigiu a criação de um sistema de defesa contra as armas portáteis que actuavam a grande distância e contra canhões dotados de uma força de arremesso muito maior que as antigas trabuquetas como havia de dar à artilharia o principal papel defensivo. Esta última necessidade foi de todas a mais importante e foi ela que levou os engenheiros militares a elaborar o tipo de moderno de fortificação. Ou seja, o castelo que havia dominado actividade bélica medieval, quando os únicos recursos disponíveis ao sitiante eram os da antiguidade clássica – catapultas, aríetes, escadas, e a mais eficaz de todas as armas, a fome. O canhão terminou com isto tudo: a demolição dos muros de Constantinopla pela artilharia turca, simbolizou, neste e em muitos outros aspectos, o fim de uma longa era na história do homem ocidental. As altas muralhas construídas para resistirem às escaladas, os terrenos circunvizinhos tornaram-se pateticamente vulneráveis às balas de canhão que lhes desfaziam as bases. Mas a resposta foi facilmente encontrada. O fogo só podia ser contrariado pelo fogo. A nossa preocupação, escreveu Maquievel “ é construir muralhas retorcidas e com vários abrigos e locais de defesa para que se o inimigo tentar aproximar-se, possa ser enfrentado e repelido tanto nos flancos como na frente”. (cof. Maquievel, A Arte da Guerra, Livro II, capítulo 1.). Era tempo do triunfo da “linha de bastiões”, o arranjo dos bastiões que mutuamente se protegiam, salientes em relação às muralhas e dispostos de modo a disparar dos flancos e da retaguarda contra qualquer assalto contra as muralhas ou qualquer dos torreões. As próprias muralhas foram rebaixadas para se constituírem no menor alvo possível ao fogo inimigo e interiormente reforçadas com fortificações. Um fosso rodeava a fortaleza, era coberto pelo fogo e talvez até protegido por mais guaridas; à sua frente, estendiam-se taludes nos quais qualquer assalto ficava exposto ao fogo concentrado de todos os defensores. Fortificações deste tipo, a princípio improvisadas ad hoc pelas cidades italianas na última década do século XV, espalharam-se por toda a Europa ao longo da segunda metade do séc. XVI, uma questão de prestígio ou de necessidade militar como foi o caso de Elvas quase um século depois, herdeira dos princípios da arte fortificar europeia, o sistema defensivo da Praça militar de Elvas foi adaptada aos sistemas de fortificação portuguesa mas fortemente influenciada pela arte flamenga.(Continua).

sábado, julho 03, 2010

Os Dias da História...

A 3 de Julho de 1769, Richard Arkwright, um barbeiro, apresentava a sua patente para um protótipo de uma máquina para a  produção intensiva  de fios de algodão. Tratava-se de um bastidor hidráulico, que em combinação com a Spinning Jenny, solucionou o problema que até então restringia a produção de panos de algodão. Estes mecanismos aumentaram enormemente a vantagem mecânica sobre a roda de fiar. Para além de uma melhoria qualitativa do fio de algodão, em termos de resistência e de finura, estavam lançadas as condições para o triunfo do maquinismo e da Revolução Industrial.   

quinta-feira, julho 01, 2010

Pompeia ....A cidade desaparecida em tempo de conhecer....

Via Sebastiana- Escavada em 1985

Corria o ano de 79 dc., quando a cidade de Pompeia foi simplesmente sepultada pelo Vesúvio. Em a meados do século XVIII, registaram-se os primeiros achados tornando-se na centúria seguinte uma estação arqueológica das mais famosas do mundo. Entre muitas dúvidas e certezas , há aspectos que as diferentes equipas da arqueologia internacional não questionam relativamente à vida quotidiana doe Pompeia, como por exemplo:


O Termopólio - Bar em Pompeia

A cultura de Bar : - Segundo estudos recentes existiam pelo menos cerca de duas centenas de cafés e bares por cada povoação ou seja um por cada sessenta habitantes. As ruas disponham de tais estabelecimentos e junto aos mesmos, era visível uma espécie de montra onde eram expostas a comida disponível. O vinho era um produto fundamental na dieta alimentar. Uma sala única, estava reservada, a ricos e pobres sem preocupações de ordem democrática, uma vez que as cozinhas eram inexistentes nas casas dos grupos populares.

O vinho: - era um dos produtos de qualidade produzidos em Pompeia, nas cercanias da cidade. Uma ânfora de vinho de Pompeia, terá chegado à Inglaterra, como oferta ou recordação, numa época em que não há indícios de um comércio florescente. Um testemunho romano da época, afirma que o consumo de precioso líquido deixava em ressaca o bebedor durante meio dia.

Via Mércúrio -Pompeia - Com as famosas passadeiras....

Sentido Único: - Em Pompeia, só algumas ruas eram de dois sentidos, a maior parte era de  um só sentido  devido as manobras que os carros puxados por parelhas de cavalos  tinham que fazer para contornar as passadeiras que cruzavam as ruas, impedindo qualquer manobra de inversão

Anfiteatro de Pompeia - 136x104 metros - Lotação para 12.000 espectadores. 
Teatro: - Pompeia contavan dois teatros e um anfiteatro . No mesmo se realizava de vez em quando espectáculos de gladiadores e caçadas de selvagens , ainda que as cabras e os javalis, fossem os protagonistas em vez dos leões como na Roma Imperial.

Higiene:- Pompeia disponha de pelo menos seis termas, algumas municipais e outras a empresas privadas. As privadas eram pertencentes às famílias dominantes, enquanto que as demais eram verdadeiros focos de infecção na medida em que o fluxo de àgua era limitada e o cloro não era utilizado no tratamento das águas.

Casa del Tremezzo di Legano ( conecida por casa dos painéis de madeira). 


A Casa de Pompeia: - De paredes exteriores lisas ,a sua organização centrípeta interior baseava-se em dois elementos: um átrio central com complúvio, debaixo do qual o implúvio, recolhia a àgua da chuva, Os quartos principais da casa dispunham-se à volta desta zona, com a luz vinda de cima. O segundo elemento consistia num jardim interior, muitas vezes rodeado por um pórtico colunado, que correspondia à zona privada de recolhimento onde os ocupantes se descontraíam numa atmosfera verdejante natural.Por vezes, um peristilo com um grupo de quartos particulares que irradiavam dele rodeava este jardim.Esta arquitectura doméstica tinha uma dupla origem cultural: o átrio é tipicamente itálico, enquanto o peristilo é grego, inspirado em larga escala nas casas de Delos. Muitas das casas prósperas da região de Pompeia seguiram esse modelo, que se desenvolveu para dar resposta a necessidades específicas. Ele resultou das exigências de uma cidade muralhada na qual o espaço é relativamente restrito. Contrariando uma crença antiga, esta fórmula não representa a casa romana típica, trata-se antes, de uma solução intermédia entre a villa dos patrícios isolados no centro do país e as casas mais humildes das insulae urbanas, como as de Roma e Óstia.

Estado das campanhas arqueológicas: Actualmente, cerca de três Km já foram escavados. O perímetro da cidade no interior das muralhas tem cerca de um quilómetro no sentido este-oeste e 750 metros na direcção norte-sul. Desde há muito tempo se identifica parte deste traçado da cidade, que reflecte a sua dupla origem. A grega, partir do século VI aC., quando os colonos gregos instalaram-se na região. Do lado leste e a norte da Via Fortuna, distingue-se a influência romana e nomeadamente de Hippodamos, visível na grelha regular das ruas que se intersectam em ângulo recto. As vias comunicações foram meticulosamente pavimentadas com grandes lajes de traquito e preparadas para escoar a àgua da chuva. À beira da rua, estabelecimentos e vendas de bebidas, alternavam com simples extensões de paredes e, aqui e ali, com loggias colunadas .São os testemunhos hoje visíveis em Pompeia.