domingo, outubro 28, 2012

Edvard Munch um pintor das ansiedades ....



Edvard Munch, O Grito, 91x73.5cm, 1898, sobre papel, Galeria nacional de Oslo 



Edvard Munch, Puberdade, óleo sobre tela, 1895, 151,4 x 109.9cm. Galeria Nacional de Oslo


Edvard Munch, Raparigas numa ponte, óleo sobre tela, 135.9 x 125.4 cm, Galeria Nacional de Oslo

Edward Munch (1963-1944) – sem dúvida uma das referências das vanguardas artísticas, cuja obra se destaca pelas suas intensas e torturadas imagens, de grande carga psicológica, que reflectem ou encarnam a mentalidade depressiva e angustiada da cultura nórdica do fim do século.  Estes sentimentos estão subjacentes no quadro mais famoso de Edvard Munch, "O Grito" que mostra a ansiedade e o medo, que reinava em finais do séc. XIX. A personagem representada, simboliza o desespero humano que marcava essa época de transição num contexto cromático em que o ritmo das linhas longas e sinuosas parece fazer com que o eco provocado pelo grito transborda por todos os cantos do quadro, transformando o céu e a terra em uma grande cena d horror. A sua obra de uma geral foi influenciada pela paleta cromática dos pintores do impressionismo francês. Nas suas obras em relação à representação feminina, a mesma surge vitimizada e ameaçadora e na linha dos seus quadros de um simbolismo subjectivo está patente a sua própria luta interna com as relações sociais e com a sexualidade. Na obra "Puberdade"  Edvard Munch, evoca simultâneamente  a atracção e repulsa do inconsciente explorado por Sigmund Freud. Mas é evidente, que o pintor nórdico, não estava interessado em revelar a vulnerabilidade da rapariga, mas sim em mostrar compreensaõ e empatia. Apesar da perturbação interior, o retrato possui uma austeridade formal e solenidade reminiscente de retratos de Cristo em sofrimento. Tanto no seu estilo como na sua temática, as suas representações foram importantes para a afirmação e consolidação do expressionismo alemão.    

quarta-feira, outubro 24, 2012

O gótico na planície ....



A Catedral de ÉVORA um espaço arquitectónico de transição.

A simplicidade do Portal da Igreja de S.Pedro em Elvas

Vista parcial do transepto da Igreja de São Domingos (Elvas)

A Igreja - Fortaleza de Terena


O Castelo Gótico (Mértola) e a sua posição estratégica 

Na longa planície alentejana em plena da Idade Média edifica-se as primeiras manifestações e influências artísticas oriundas da Ilha de France e da região de Champagne, o sul de Portugal torna-se um feudo da arquitectura gótica. Sem a majestade das grandes igrejas góticas de Chartres, Reims ou Amiens, a igreja monacal domina a paisagem alentejana, são baixas e atarracadas e os vitrais ainda não predominam nos seus alçados, evidenciando uma técnica construtiva mediana num espaço em que o teatro de guerra marca os tempos da vida quotidiana. Com um programa construtivo, modelar destacam-se as três naves cortadas por um transepto saliente, amplo e iluminado, por largas janelas maineladas, que se abrem nos dois topos. As cabeceiras de cinco capelas abobadas que comunicam entre si por estreitas passagens têm um só andar e a capela mor que centraliza os actos de fé nos templos góticos, são normalmente caracterizadas pelos seus amplos vãos, de cinco panos iluminados por estreitas frestas e cobertas por abóbadas de ogivas. Mas na arquitectura gótica, na planície alentejana destacam-se a uma série de intervenções pelos mestres pedreiros medievais que rompem com a vulgaridade construtiva. Na Catedral de Évora, romântica-gótica, a solidez da sua fachada e a elegância dos seus volumes, é perfeita e harmónica, apesar do acabamento das três torres serem de épocas diferente. Exteriormente os volumes das torres harmonizam-se com as fachadas laterais, a que se situa a Norte é amparada por contrafortes e iluminada por frestas, a técnica de construção ainda não permitia a elevação das naves, de resto o arcobotante à maneira gaulesa, só seria introduzido mais tarde na igreja e mosteiro de santa vitória na Batalha. Em São Domingo de Elvas, destaca-se a capela-mor contemporânea da catedral de Évora e com semelhanças na sua tipologia, mas tecnicamente mais evoluída, não é por acaso que é considerada uma das obras-primas da arte gótica em Portugal, tratando-se de uma capela ampla e elevada de magníficas proporções em que os feixes dos arcos terminam à mesma altura. Notável a colocação das ogivas que assentam em colunas de secção poligonal sem capitéis decorados, as frestas rasgam-se desde os panos das abóbadas até perto do solo. Em São Francisco de Estremoz a organização da cabeceira caracteriza-se pela sua originalidade do número de capelas: três e pela suas naves esguias uma características das igrejas mendicantes na região que se observa em São Domingos de Elvas e mais tarde na igreja manuelina de Olivença. Mas a organização das naves aproximam as duas igrejas mendicantes alentejanas, com cinco tramos nas naves e com uma fachada de três corpos alteradas nos séculos XVI e XVII. Num região habituada aos confrontos bélicos, destacavam as igrejas fortificadas como em Flor da Rosa ou Terena, de uma só nave e com  várias torres, em Terena destacava-se a distribuição das massas, que dava ao templo um carácter pesado e baixo.  Na arquitectura militar, os castelos de Serpa, Mourão, Elvas, Niza e Arronches, a planta era regular, mas tinha maior complexidade no caso dos castelos do Distrito de Portalegre. As muralhas eram mais espessas e elevadas, e as torres tinham também maior altura e robustez. As torres de ângulo eram quadradas, e as muralhas eram protegidas por uma ligeira camisa e reforçadas por cubelos. Na maior parte dos castelos do sul de Portugal as diferenças situavam-se sobretudo nas proporções, na planta e nas coberturas da torre de menagem uma vez que a distância entre as torres e a posição da cintura muralhada eram praticamente iguais. Entre a fé e a assistência social a Igreja medieval fomentava indirectamente a arte e a cultura num tempo em que os ritmos diários eram marcados pelas torres sineiras num tempo rígido pela Cristandade.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Registos históricos da Ilha Verde - S.Miguel..




Um património histórico que persiste no tempo da arte micaelense 

Lavadeiras nas Sete Cidades na aurora do século XX


O carro de bois micaelense um instrumento de trabalho antes da mecanização dos transportes


Um momento de unidade e de fé que marcou e marca todas as gerações da Ilha Verde... 


O parque Terra Nostra (Furnas) em meados do século XX entre o lazer e o turismo.

quarta-feira, outubro 03, 2012

Ernest Kirchner ... entre a emoção e a simplificação....



A Rua, 1913, 120,6x91.1cm, in Museum Moder n Art
( esta pintura foi considerada "degenerada" pelos oficiais nazis)

Duas Mulheres com Lavatório, 1913, óleo sobre tela, Galerie Stâdtische-Frankfurt 


Rapariga em Sofá Verde, óleo sobre tela, 96.5cm x 96.5 cm, Museum Ludwig. 

Desfileiro Zügen, Porto de Monstein, 1919/1920, Óleo sobre tela, 119x119 cm,
(Davos, Kirchner Museum) 


Ernest Ludwing Kirchner (1880-Aschaffenburg / 1938-Frauenkirch) um dos pintores e artistas gráficos de referência do grupo Die Brucke, famoso pelas suas cenas berlinenses de grande tamanho, que tanto contribui para que fosse considerado uma dos mais importantes representantes do expressionismo alemão. Iniciou o seu percurso artístico associado ao grupo artístico Die Brücke ( da ponte) em Dresden, cujas obra se caracteriza por uma imaginação intensa complementada com um carácter emocional violento. Na sua temática neo impressionista, Kirchner começou por assimilar a influência de Munch e Van Gogh e do Fauvismo, visível na simplificação das formas e nas cores, assim como no acto de separação entre o cor e o objecto. Em 1911, na sua passagem por Berlin e deveras inspirado no Cubismo, desenvolveu uma linguagem formal expressiva e fragmentada.  Durante a sua participação na guerra, sofreu uma crise nervosa. Radicado na Suíça em 1917, centrou a sua temática na pintura de paisagens montanhosas simplificadas e dinâmicas com cores luminosas e abstracções ornamentais.