quarta-feira, março 31, 2010

Museu do Louvre lidera desde 2007 o Raking dos mais visitados do Mundo.

O Museu do Louvre foi o museu mais visitado em 2009, com 8,5 milhões de pessoas, de acordo com a lista de publicações de arte britânica The Art Newspaper . Em segundo lugar está o British Museum, com 5,5 milhões de visitantes, seguido por Metropolitan de Nova York com 4,8 milhões de euros. Fora do “top 10” entre os museus mais visitados, destaca-se o National Gallery (4,78 milhões) e o Tate Modern (4,74 milhões), ambos de Londres, o National Gallery of Art, em Washington (4,6 milhões), Centro Pompidou (3,5 milhões) e Musée d'Orsay , Paris (3 milhões) e Museu Nacional da Coréia em Seul (2,7 mmilhões) A publicação também compilou uma lista das exposições de maior sucesso durante a temporada 2008/09, que é de três amostras de arte japonesa em exposição em museus nipónicos.A exposição titulada o “Ashura e as obras-primas do templo Kohfukuji” foram as mais visitadas, no Museu Nacional de Tóquio, com cerca de 16.000 visitantes por dia. Os “Tesouros da Shosoin”, no Museu Nacional de Nara, com 14.965 visitantes por dia, e os Tesouros da Colecção Imperial Museu Nacional de Tóquio, com 9,473, ocupam o segundo e terceiro respectivamente. A lista continua com uma exposições de sucesso como: a dedicada a Picasso no Grand Palais, em Paris, outro a Kandinsky, no Centro Pompidou, em Paris e uma a Joan Miró no MoMA, em Nova York. A exposição dedicada ao artista suíço Pipilotti Rist no MOMA e Tesouros da Monarquia de Habsburgo, National Art Center de Tóquio, ocupam os lugares finais do "Top 10". É de salientar que a exposição do grafitt, britânico Banksy  no Museu de Bristol foi objecto de 4.000 visitas por dia e  situa-se entre as 30 obras mais populares da temporada artística de 2010. De realçar que é a primeira vez que o Museu de Bristol surge nesta lista com a referida exposição. O Museu do Parado na 9º posição foi o mais visitado na Península Ibérica e em Portugal o Museu Nacional dos Coches mantêm-se como o museu mais visitado em Portugal ...

terça-feira, março 30, 2010

Keneth Doover, o maior historiador da época clássica, já não está entre nós.



Sir Kenneth Dover,  faleceu aos 89 anos, foi uma figura académica que se destacou no estudo do pensamento, da literatura e do grego clássico. Poucos conseguiram igualar a qualidade dos seus estudos, em especial o rigor do seu pensamento filológico, histórico e cultural. A sua obra tornou-se conhecida pelo grande público, devido à publicação de um estudo inovador a “Homossexualidade na Grécia Antiga (1978)”, que então foi considerada pela crítica como inovadora e polémica. Para tal Kenneth Dover, utilizou como fontes documentais, as evidências registadas nos processos de acusação do tribunal de Atenas, as centenas de registos pictóricos incrustados nos vasos de cerâmica da antiga Grécia e outras referências históricas, mitológicas e filosóficas referentes a época clássica. A síntese desta vasta investigação permitiu a construção de uma teia convincente de práticas sociais e sexuais na Grécia Clássica e que foi determinante para uma nova abordagem sobre os estudos actuais centrados nas culturas sexuais ancestrais a partir da década de 1980, no qual um dos maiores historiadores – Michel Focault – se deixou influenciar. Todavia, Dover não suportava a ideia de que esta obra se tornasse na sua bibliografia de referência e nem sequer achava graça que a mesma se tivesse se tornado uma moda nos meios universitários com uma multiplicidade de teses que seguiam a sua metodologia. De facto, a sua obra “Popular Morality (1974)”, que se centra no estudo de reconstrução do sistema de valores dos Gregos no séc. IV com base nas estratégias argumentativas utilizadas pelos oradores da cidade e das assembleias de cidadãos, foi e é sem dúvida uma trabalho de investigação ímpar, insuspeito e que nos permite reconstruir os gregos com o realismo e não com o idealismo, que marcou alguma historiografia clássica. A sua carreira académica foi consagrada como historiador e especialista da língua grega, vários prémios e bolsas de estudo no âmbito da sua área de investigação, concedidos pela Oxford University onde se doutorou. O seu currículo académico é infindável mas a sua popularidade na sociedade inglesa está devidamente identificada com as suas oratórias em temas clássicos e não só na BBC.

domingo, março 21, 2010

X-Terras da Raia de Portalegre: "Os tempos da iniciativa republicana".

Durante a primeira república (1910-1926), o Partido Democrático ( P.R.P.) se afirmou, como o partido, mais representativo da região tal como de resto se verificou em todo o País. O P.R.P., não era mais que o Partido Republicano Português, que se foi reorganizando ao longo da década de 1910 de forma mais complexa e tinha como sustentáculo à sua existência, as chamadas comissões representativas de distrito, paróquia e município dependentes em todos os casos de um Directório que coordenava a acção política do partido. No norte Alentejano o Partido Democrático apresentou-se muito cedo aos actos eleitorais como um vencedor potencial devido, em certa medida, ao facto de uma parte representativa de antigos monárquicos, alguns deles filiados nos partidos clássicos (Regenerador e Progressista), se tornaram após a implantação do regime republicano em quadros do jovem partido Democrático. O exemplo mais significativo foi sem dúvida o de D. José Pais de Vasconcelos e Abrantes, que pertencente às elites da vila de Avis na última fase da monarquia constitucional, primeiro como uma referência do Partido Progressista e depois como uma das personalidades regionais com influência no Partido Regenerador e um dos defensores de João Franco que era visto com alguma desconfiança entre as várias facções monárquicas. A verdade é que nas primeiras eleições republicanas, o monárquico de Avis apresentava-se como Deputado do Partido Democrático pelo círculo de Elvas. Todavia, não podemos deixar de referir que entre os novos vultos do movimento republicano no Distrito de Portalegre se identificavam novos dirigentes alguns dos quais de tornariam figuras de primeira linha na política nacional. Por outro lado, a capacidade de oratória, foi durante a I República uma das condições marcantes da vida política e determinante para o êxito eleitoral dos republicanos nos vários actos eleitorais que se sucederam durante quase duas décadas de vigência da I República. Mas se alguns dirigentes monárquicos aderiram ao partido ganhador do antigo regime, outros nomeadamente dirigentes partidários, deputados e governadores, pura e simplesmente abandonaram a vida política. No foi contudo o caso da vila do Gavião, que trinta e seis hortas depois da queda da monarquia, o administrador do concelho, os vereadores e os empregados da câmara municipal e uma parte considerável das figuras com influência na vida local aderiam ao Partido Republicano. Na cidade de Elvas o processo de adesão ao Partido Republicano, se desenvolveu de forma moderada e as adesões quando ocorreram das figuras com maior protagonismo da cidade foram acontecendo ao longo dos três primeiros anos da vida Republicana. Assim só por volta de 1913 encontramos como membros do Partido Republicano, algumas famílias com poder económico e influência social, na Comissão Republicana da cidade. Esta situação que se manifestava um pouco por todo o País era comentada pelo “Correio da Manhã” de 12 de Dezembro de 1910, que deixava claro que a República precisava dos caciques para se consolidar:"(…) A república terá de bater à porta do cacique (…) oferecer a estrada, promover a ponte, negociar o despacho, e até virar uma boa canada na tasca ou na adega, para satisfazer a convenção social”. (Continua).

domingo, março 14, 2010

4.3. Elvas Portuguesa - "O Tempo dos Governadores"

A época dos governadores na História Política e Institucional da cidade de Elvas, foi uma consequência de uma Nação que pegou em armas para a recuperação da soberania nacional. E neste contexto conjuntural, a instituição do “governador” como protagonista da nova realidade justifica-se no âmbito da estruturação da defesa nacional e de espaços ou teatros de guerra, que necessitavam de ser ocupados, com vista às práticas de defesa, ocupação e ofensiva. De facto a cidade de Elvas, pela sua posição geográfica detinha um papel fundamental na defesa da entrada dos exércitos inimigos pela raia e por outro, do Alentejo como espaço aberto e de vastos planícies, permitia o avanço das forças de assédio as terras de fronteira, prática ocasional durante as guerras da Restauração. Assim a edificação de espaços militares como a Praça Militar e o Forte de Santa Luzia, se justifica nesta estratégia de defesa regional que estava depende de uma jurisdição militar que reconhecia no Governador o chefe militar, a capacidade de gerir o recrutamento, o aprovisionamento, o financiamento e a estratégia em tempo de guerra. Tratava-se de um personalidade militar, militar e titulada ou simplesmente titulada, no último caso, estava subjacente o princípio do privilégio e não propriamente o acto de mérito funcional. No caso da Praça Militar de Elvas, a nomeação dos governadores ao longo da época moderna, esteve sempre subjacente o interesse nacional, de tal forma que é possível observar, a presença de militares com experiência militar nos períodos de maior evidência de uma ofensiva inimiga e quase sempre caracterizada pela presença de militar de forma efectiva, com todos os problemas recorrentes de recrutamento e mobilização na modernidade. Diferente de outros momentos em que a presença militar era quase inexistente até que o conceito de modernidade não estava organizado na existência de um exército regular e permanente. Na época Moderna ao longo dos séculos XVII e XVIII, encontramos vinte cinco cartas de nomeação para Governador da Praça Militar, mas a documentação militar até 1789 refere mais três : trata-se do Conde de Jerónimo da Autoguia, um aristocrata/militar que desempenhou a função de governo interino em 1661 e de Francisco de Mello (1644) que deverá ter substituído num tempo muito curto D. Miguel de Azevedo. E, Gil Vaz (1664) que deve ter sido o governador militar e não o Conde Freire, que apenas esteve alguns dias em Elvas para comandar as tropas que seguiam para a capital, todavia faltam provas documentais para fundamentar o nome de Gil Vaz. A geração da Restauração marcou os primeiros vinte e oito anos da Praça Militar de Elvas e foram dezoito os governadores. O primeiro nomeado em 1640-1641, foi o capitão-mor, Álvaro de Ataíde, a própria patente de comando, remete-nos para o período medieval onde o capitão dirigia o serviço de hoste militar. Mas as condições da Guerra da Restauração marcaram definitiva a época dos governadores, porque a defesa da soberania nacional estava na capacidade de evitar o avanço das tropas castelhanas e numa fase imediata evitar a queda das praças da raia, Estremoz, Elvas, Arronches e o castelo abaluartado da Vila de Campo Maior. Entre 1641 e 1650, contam-se mais de dez nomeações, onde se identifica um autêntico desfile de heróis das Guerras da Restauração, como D. Sancho Manuel, Conde de Vila Flor com experiência de guerra aberta na Península itálica, na Flandres e no Brasil ou André de Albuquerque Ribeira Fria, herói nas campanhas do Brasil e do combate de Arronches em 1653. Mas outros nomes da aristocracia/militar portuguesa marcam a 1ª época dos governadores da Praça: D. João da Costa, Conde de Soure; Manuel Freire de Andrade, o prestigiado teórico militar, Joanne Mendes de Vasconcellos e D.João de Mscarenhas, Conde de Sabugal. Por último uma referência a D. Manuel Freire de Andrade, que foi nomeado por três mandatos :1646, 1657 e 1650, tendo sido o responsável pela primeira gestão dos recursos da Praça Militar de Elvas e anexos e que mais tempo ocupou no comando da Praça após a Restauração de Portugal (continua).



quinta-feira, março 11, 2010

Sabia que .... Caravaggio é o novo ídolo norte-americano

Um estudo levado a cabo, pelo historiador de Arte, norte-americano Philip Sohm chegou à conclusão contra todas expectativas, que Caravaggio é o pintor do momento na sociedade norte-americano. Segundo o referido académico, Caravaggio assume hoje a figura do anti-herói moderno na medida em que no estudo realizado acabou por destronar Miguel Angelo o grande mestre do Renascimento Italiano. As suas representações tornaram-se tão banais que estão em toda a parte e em espaços tão banais como aeroportos, segundo Philip Sohm o Bacchus ou a cabeça de Caravaggio, é provavelmente uma moda que ofusca temporariamente a obra impar dos frescos da Capela Sistina, Miguel Angelo.

quarta-feira, março 10, 2010

X - Terras da Raia do Distrito de Portalegre:- As figuras de influência política na época da Regeneração

A partir e meados da década de 1860 e nos primeiros anos da de setenta na cidade de Portalegre, uma das personalidades com influência na vida política era sem dúvida, Diogo Fonseca Acciaioli Coutinho de Sousa Tavares. Tratava-se de um portalegrense de origem nobre cuja actividade em defesa dos interesses da sua terra e dos grupos sociais populares contribui para que se tornasse num político com uma notável notoriedade entre os sectores menos privilegiados da cidade capital do distrito, segundo J.A.Gordo: “O povo acompanhava-o, incondicionalmente, para onde fosse ou quisesse ir em matéria eleitoral”.Como resultado da sua popularidade, tornou-se uma das figuras mais importantes do Partido Progressista, sendo inclusive um elemento decisivo na eleição do Doutor José Francisco Laranjo, para deputado pelo distrito, numa época em que o Partido Regenerador era a força política dominante. Todavia, a vitória do prestigiado académico nas eleições para a Câmara dos Deputados estava directamente relacionada com a existência de um grupo de personalidades dotadas de prestígio social e influência económica, nomeadamente nas cidades de Portalegre e Elvas, onde os respectivos círculos eleitorais eram quase sempre decisivos na eleição dos deputados do distrito. Nas vilas, por vezes essas figuras influentes eram também decisivas na contagem dos votos, não por ser o local de residência dos grandes proprietários do distrito, mas pelo simples facto de aí possuírem parte do seu vasto património agrário. Era o caso das vilas de Marvão e de Arronches, no caso particular desta última, era muito significativa a percentagem de trabalhadores rurais que estavam por razões de natureza social e económica, dependentes de  figuras como Diogo da Fonseca Acciaioli ou Luís Xavier de Barros Castelo Branco. O primeiro, Diogo da Fonseca Acciaioli, era morgado da Lameira, um núcleo próximo de Portalegre e uma personagem com vasta experiência política e que apoiou em diversos actos eleitorais os partidos, Histórico e Progressista. Sendo uma das figuras cujo apoio foi decisivo para a primeira eleição do Doutor José Frederico Laranjo em 1878. Esta estratégia política montada em volta das figuras de referência foi característica dos principais partidos com implantação regional e que de certo modo já demonstramos na nossa reflexão. No partido Regenerador pontificava, personagens como o Vigário Geral da Diocese, o Dr. José Andrade de Sequeira, natural da vila de Alpalhão, cujo prestígio e influência social se concretizou com base no desempenho de cargos como de Professor do Seminário de Portalegre, na década de 1860 ou de Vigário Geral, no período de 1875-1879. Outros regeneradores de referência na vida política e social do distrito ligados à administração estatal na sua condição de governadores civis, foram o Conselheiro Cândido Maria Cau Costa que seria nomeado Governador em duas ocasiões, a primeira em 19 de Setembro de 1878 e a segunda a 23 de Abril de 1881. O Conde José Avilez, figura de relevo da velha aristocracia portalegrense, mais conhecido pelo “Conselheiro”, cujo empenho e influência foi determinante para as várias vitórias eleitorais na vila do Gavião do seu partido. O Visconde de Reguengo e Cidrais, D. Adolfo Juzarte Rolo, descendente da família dos Costas Juzartes cujas origens com o título de Conde remonta ao séc. XVI. (Contínua)