terça-feira, junho 30, 2009

Elvas Portuguesa - 1. A reconquista cristã




História Local - A conquista de Elvas, na História Portuguesa deve ser entendida como resultado de um movimento mais vasto, a Reconquista Cristã que se caracterizou por um conjunto de campanhas militares dirigidas pelos reinos cristãos da Península Ibérica contra os Muçulmanos, que a invadiram em 711. Esse movimento iniciado em 718-722, a partir de um pequeno reino das Astúrias, conheceu várias fases, caracterizadas por avanços e recuos e que culminou com a conquista do reino mouro de Granada. De resto, o reconhecimento de Portugal pela Santa Sé como território soberano é uma das consequências directas do próprio movimento da reconquista, considerando a Bula Manifestis Probatum, de 23 de Maio de 1179, concedida pelo Papa Alexandre a D. Afonso Henriques “ … sob protecção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como todos os lugares que com auxílio da graça celeste arrancaste às mãos dos sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos vizinhos príncipes cristãos”. Todavia, ainda antes de Portugal ser reconhecido pela Santa Sé, já D. Afonso Henriques entrara na conquista da planície e o seu domínio não consolidado se estendia até a actual, cidade de Cáceres, incluindo o domínio de uma faixa de território que regista os territórios onde se insere as actuais cidades de Elvas e Badajoz pelo menos desde 1168. Porém não existe qualquer referência documental à conquista de tais castelos, no caso de Évora e de Elvas, após a consolidação da conquista da Linha do Tejo, que era uma prioridade das hostes cristãos, mas o cronista régio, António Brandão apenas refere a acção de Geraldo Sem Pavor que conquistara Évora em 1165 e os assédios a Badajoz no mesmo ano e em 1168, não havendo referência a Elvas. Por outro lado, as campanhas do Rei de Leão e do soldado aventureiro, Geraldo Sem Pavor em direcção a Badajoz eram feitos directamente de Évora ou então a partir da Juromenha pelo menos desde 1169, na verdade a consolidação da Linha do Tejo só se torna evidente com a tomada de Cáceres em 1226 e de Badajoz em 1227. Assim o avanço das forças leonesas a partir das terras a norte de Cáceres e portuguesas a partir de Évora em torno da conquista de Badajoz, acabaram por ser decisiva na ocupação e depois conquista de Elvas, de facto o reconhecimento e tentativa de conquista de Elvas na Primavera ou Verão de 1226 não foi coroada de êxito tal como o cerco de Badajoz gizado pelos dois soberanos ibéricos segundo a Crónica Latina dos Reis de Castela. Contudo a notícia do insucesso em Elvas segundo algumas fontes, contribuiu para um clima de conspiração para afastar do trono D. Sancho II em favor do seu irmão, um jovem de 14 anos. Mas as campanhas em terras de fronteira continuaram no ano seguinte com as entradas triunfais de D. Afonso IX de Leão em Cáceres e do infante português Pedro Sanches em Mérida. A expedição a Elvas em 1229, sob comando de D. Sancho II com o apoio das melhores famílias dos ricos homens do reino e de vários prelados, seria coroado de êxito por abandono da população da cidade que se torna portuguesa por carta foral de 1229 (Continua) – 

domingo, junho 28, 2009

Vista do Forte Real de São Filipe sobre a Cidade Velha


Cidade Velha - Cabo Verde - Património Mundial

Património em Notícia: O processo de candidatura da Cidade Velha, situada a 15 quilómetros a oeste da Cidade da Praia e primeira capital de Cabo Verde, foi motivo de análise e aprovação pelo comité da UNESCO para o Património Mundial, em reunião do passado dia 22, na cidade de Sevilha e que determinou a sua homologação no dia de ontem, 28 de Junho de 2009. A classificação do referido bem patrimonial incorpora a chamada Cidade Velha ( no qual se destaca um pelourinho com coluna torça e com acesso por escada, seguindo os modelos do século XVI, hoje visíveis em Elvas e no Funchal) e o Forte Real de São Filipe.E é o resultado de uma notável intervenção da equipa coordenada pelo nosso mais representativo arquitecto português, Siza Vieira, que coordenou a equipa que em 1999, iniciou a intervenção de conservação e restauro da Fortaleza Real de São Filipe, num processo integrado que atingiu a excelência no plano da recuperação da Cidade Velha. De realçar ainda que todo este processo de restauro e conservação foi financiada pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional. O que se deve compreende uma vez que esta antiga fortificação portuguesa, a Fortaleza Real de São Filipe foi edificada durante a Dinastia Filipina após os sucessivos ataques e assaltos do corsário inglês Francis Drake (entre 1578 e 1585), visando a defesa da Cidade Velha e do seu ancoradouro. As obras foram iniciadas em 1587 e concluídas em 1593, mas, em 1712, foi novamente tomada de assalto, desta vez por corsários franceses, que, em seguida, saquearam violentamente a cidade, incendiando-a. A fortaleza acabaria por ser reconstruída na segunda metade do século XVIII. De realçar ainda que a relativa rapidez de classificação da candidatura de Cabo Verde se deveu à cooperação desenvolvida pelo governo de Cabo Verde, junto da diplomacia internacional, incluindo a portuguesa e a espanhola, à qualidade do seu plano de gestão hoje fundamental no processo de classificação e da equipa técnica. E apenas, mais um pormenor, a sua geografia não europeia, que é desde logo uma grande vantagem sobre as candidaturas europeias que devido a sua “multiplicidade” ficam sujeitas a critérios de rigor marcados necessariamente pela exigência e restrição. Por último há que registar neste processo o empenho do Dr. Mário Soares, que dirigiu uma carta pessoal ao Doutor Koichiro Matsuura, director geral da UNESCO, para a Ciência, Educação e Cultura, segundo as nossas fontes. Postado por Arlindo Sena.

quinta-feira, junho 18, 2009

A Primeira Imprensa de Elvas- 1850-1899


História Local - O desejo da criação de uma folha periódica em Elvas, desde meados do século XIX era um desejo da “elite” esclarecida desta cidade, deveras influenciada pelo desenvolvimento da mesma na Estremadura Espanhola, por isso mesmo o “arranque” da primeira folha periódica de Elvas, inicia-se com o recurso à tecnologia do país vizinho. De facto, no primeiro número da Voz do Alentejo, primeiro periódico publicado em Elvas, lê-se : “…Era uma falta, e uma falta considerável não haver em Elvas uma imprensa. Toda a gente ilustrada lamentava esta inépcia, e aspirava ao regozijo de ver estabelecida aqui uma tipografia (…). Sendo impresso no reino vizinho! Por quanto não se alcançaram os meios indispensáveis para introduzir a imprensa; convinha porém, que a todo o custo se publicasse o periódico e que, embora se faltasse a algumas causas do programa, não se faltasse a criação desta pequena folha ”.A imprensa segundo os redactores e colaboradores da década de sessenta, tinha um papel fundamental para o progresso moral e material das populações que “ela” servia, em função do debate de ideias que as folhas periódicas pretendiam promover:“… aqueles que mais favoravelmente a têm acolhido e considerado, conhecendo e aproveitando o meio que ela faculta, de comunicar as suas ideias; acelerando desta maneira a disseminação de conhecimentos; são sem dúvida os povos, que na marcha para o progresso e civilização ocupam o primeiro lugar, devendo tal supremacia ao seu desenvolvimento intelectual, que proporciona às diferentes classes a necessária inteligência para melhorar , explorar e satisfazer a todas as exigências e comodidades sociais. A ideia de que a imprensa era determinante para o progresso dos homens, tornava-se um argumento utilizado com frequência ao longo da década de 1860, no primeiro periódico de Elvas, na edição de 12 de Novembro de 1860, onde se lê:“ A imprensa periódica está considerada o principal motor da civilização do paiz; ser-lhe adverso é não querer a felicidade pátria. Verdadeiros portugueses não deixarão pois de assim pensar, e de contribuir com sua parte, para que Portugal possa um dia marchar a par dos estados cultos da Europa”. Nesta perspectiva, a defesa da imprensa para além da sua sobrevivência, propunha-se também através dos seus artigos de sensibilizar os seus leitores para a novidade e inovação que então o “mundo conhecia”, não deixando de ser ao mesmo tempo um objecto de instrução e de cultura como se lê em vários artigos publicados ao longo da época oitocentista. De um modo geral e ao longo das décadas de 1860, 1870 e 1880, o surgimento de um periódico correspondeu ao interesse de um grupo de cidadãos da terra em nome do progresso ou por razões de natureza moral e cultural:“O Elvense que nasceu, quando o paiz acordava do grande lethargo de três séculos para saudar Camões, conservou-se sempre modesto, pequeno pacífico, mesmo desejando conservar-se estranho às lutas partidárias”. Todavia esse desejo de independência dos pioneiros da imprensa elvense, foi quase sempre provisória e quase todos os periódicos que defenderam essa situação, nos seus programas, alteraram a sua intenção inicial e de um modo particular quando a questão monarquia ou república tornou-se motivo de debate na política portuguesa. Como é exemplo no artigo redactorial do Elvense após o seu XIV aniversário:“Em política tem sido abertamente monárquico, por se converter que da manutenção das instituições que nos regem resultam grandíssimas vantagens para a nação, arvorando ao mesmo tempo, com entusiasmo mas sem facciosismo a bandeira do partido progressista, por ser programa d ´este partido o mais liberal”. Porém quando se analisa as folhas periódicas ao longo da segunda metade do séc. XIX, observamos que em cada folha periódica se definia com rigor os objectivos do seu programa editorial e nessa perspectiva podemos identificar as suas intenções de forma concreta e precisa:
a) A defesa dos interesses da terra, características dos periódicos da década de sessenta.
b) A defesa de alguns assuntos de máxima importância para a província do Alentejo.
c) A defesa da instrução e da moral como elementos determinantes para que os cidadãos tivessem consciência dos seus direitos e obrigações.
d) Aceitar sem compromissos a legalidade existente como ponto de partida para um progesso, ilimitado e contínuo.
e) Moderar os impulsos da “mocidade democrática”, uma vez que as grandes conquistas são o resultado das lentas e duradouras lutas, característica presente nas reflexões das folhas republicanas.
A partir do último quarto de século de oitocentos a matriz política percorre não só os editoriais como os artigos de reflexão no interior dos semanários elvenses, as questões nacionais e locais foram motivo de debate, por vezes entre os diferentes periódicos que eram publicados, nas suas reflexões trocavam entre si de forma por vezes violenta opiniões sobre um dado momento da vida nacional. Na prática tratava-se de uma luta política entre liberais monárquicos e os defensores de uma nova ordem a República. Como se pode comprovar na seguinte reflexão:“Pretendem os monarchicos que esse poder seja perpetuo e supremo: e una querem que o monarcha governe em quanto outros só lhes consentem reinar sob a responsabilidade dos seus ministros. Pelo contrário os republicanos querem o poder maior limitado e temporário; singular conforme as affeições de muitos, collectivo segundo o desejo de muitos (…).As questões políticas locais tinham um carácter reivindicativo em torno das necessidades locais, sobretudo quando se tratavam de faltas de serviços já anteriormente existentes e como tal era necessárias resolvê-las com alguma urgência, outras tinham um carácter acentuadamente regionalista, o fundamento do progresso e desenvolvimento, que só a descentralização poderia fazer, como se poder ler na seguinte reflexão:
O que é a descentralização?
É a simplificação em todos os rumos da administração pública.
É a igualdade de direitos entre a capital e as províncias
É a abolição total dos vínculos.
É melhorar por todos os modos a instrução pública, derramando-a até ao último casal.
É a formação de bancos crédito para favorecer a agricultura
É a divisão territorial, para que não aniquile a vida dos povos.
É a repressão da emigração.
Aliás, os colaboradores e redactores tinham a consciência de que a imprensa era decisiva para o progresso das populações: “O auxílio da imprensa não é tanto para desprezar como a muitos se afigura. Nele se discutem os assuntos mais vitais da localidade, os melhoramentos mais urgentes; e muitas vezes os povos abraçam, depois de discutidos e pausadamente avaliados, projectos importantes, que o mais ousado vereador se não atreveria a apresentar”. Mas a luta política pela influência na vida local com base nas reivindicações locais, praticamente não ocupava espaço nos periódicos locais antes da década de 1870 e quando tal se verificava, a razão era normalmente as eleições municipais. Todavia os conceitos políticos emergentes das sociedades liberais eram motivo de reflexões de natureza pedagógica com alguma normalidade na imprensa periódica oitocentista: “ A Democracia na actualidade, não é somente uma ardente aspiração. É a expressão do d´este século – é o credo da humanidade. Falamos (…) da democracia que menciona, envageliza, que instrui, que repreende com benevolência, que a mina com o exemplo, que fortalece com a doutrina, e que espera impassível e perseverante, com a religião, e com a liberdade. A democracia assim é liberdade, a igualdade e a fraternidade”.Mas seria na década de 1880 que os periódicos elvenses se afirmavam como meios de intervenção política, de forma prática e objectiva, nas questões de matriz nacional ou local, de facto O Elvense acabou por se tornar numa verdadeira baluarte dos interesses do Partido Progressista, enquanto que o Correio de Elvas afirmou-se como o órgão oficial do Centro Republicano Elvense, contribuindo para a intensificação da propaganda republicana. Todavia se algumas folhas de Elvas, questionavam ou defendiam o sistema republicano através da crítica violenta ao regime monárquico. Outras questões são igualmente objecto de reflexão nos jornais do fim do século, como sejam a validade do sistema parlamentar assente no rotativismo: “Ao fim de meio século de representação nacional, estamos cada vez peior em matéria de regime representativo. Temos a certeza que os progressistas não romperão todas as dificuldades para colocarem o systema político na altura que lhe pertence.” As críticas à acção ao governo e a validade da acção política dos partidos, eram outros dois temas predilectos das folhas liberais oitocentistas. Postado por Arlindo Sena





terça-feira, junho 16, 2009

A função das atalaias na defesa de Elvas

História Local - As obras e as edificações militares que chegaram até aos nossos dias são identificadas como as defesas de Elvas, todavia e ao longo da história militar de Elvas, destaca-se as chamadas atalaias. A sua origem remota ao período árabe e consta nos registo da História de Roma, como é o caso da Atalaia de Segóvia, utilizada por Sertório nas acções de guerrilha com as legiões romanas, aliás, esta é uma das mais antigas atalaias documentadas e que de resto foi escavada pela Doutora Teresa Gamito, na década de 80 do século passado. Durante a Idade Média, tal espaço foi motivo de um encontro entre os alcaides mores de Elvas e Campo Maior, respectivamente Gil Fernandes e Paio Marinho, como referencia a Crónica de D. João I. Durante a época Moderna as atalaias de Font ´alva e da Bolsa, já são referenciadas no reinado de D. João II, mas a operacionalidade das mesmas estão devidamente identificadas durante a Guerra da Restauração e a maior parte delas chegaram ao século XX em mau estado de conservação. Enumerando as principais atalaias entre a modernidade e Contemporaneidade, identificamos cerca de uma dezena e oito das quais na cartografia militar. Nesta perspectiva destacamos: - As Atalaias do Guadiana – Que nas primeiras décadas do século XX apresentavam pequenos troços de muralha e uma torre de alvenaria constituída por três atalaias: A de Stº Ildefonso, na linha das atalaias de Nossa senhora de Ajuda e de Torre de Bolsa. A Torre de Bolsa e da Alferófia eram as mais avançadas em direcção do território espanhol. Das referidas atalaias do Guadiana, a mais recente datada para 1758, denominada da Enxara, situava-se na estrada real para Badajoz, formava uma pequena fortificação, guarnecida por seis infantes e por uma guarda a cavalo no período diurno. A documentação refere o uso de um “facho grande” e de alguns tiros de aviso, quando havia notícia da presença castelhana em terras do Caia. A Atalaia da Torrinha a Norte do Forte de Graça protegia o avanço para o sopé do monte onde mais tarde se edificou o respectivo forte e que constituía um ponto fundamental para o bombardeamento da cidade, mas a Norte e a meio caminho para Arronches identificava-se a Atalaia do Brito. Melhor documentada a Atalaia dos Sapateiros, situada na antiga estrada de Estremoz/Elvas era fundamental na vigilância das posições das colunas militares durante as Guerras da Restauração. Nas suas proximidades situava-se a Atalaia de Vila Boim, datada de 27 de Abril de 1498, edificada a partir de alguns materiais de uma pequena fortificação medieval. Estas atalaias, situadas em pontos altos, na sua maioria situava-se em estradas militares secundárias, com funções de patrulhamento e vigilância, de protecção às gentes que nas suas proximidades labutavam nos campos e ainda como posto de sinalização, utilizando o fogo, à noite e o fumo de dia, para avisar a população urbana da entrada de qualquer povo invasor em território nacional. De resto a documentação assinala, que à sinalização das atalaias, o Governador da Praça, mandava disparar várias peças de artilharia como meio de recolha de homens e dos gados fora dos seus baluartes. Postado por Arlindo Sena.

sexta-feira, junho 12, 2009

Borba, a cidade mais recente da planície



Notícias com História Hoje, 12 de Junho de 2009, foi aprovada pelo Parlamento mais uma cidade na vasta região da planície, a cidade vizinha de Borba de acordo com a legislação em vigor, que reconhece como determinante para a existência de uma aglomerado urbano na categoria de cidade a várias razões entre elas "as de natureza histórica, cultural e arquitectónica". Por outro lado, é condição para que uma localidade possa ser elevada à categoria de cidade deve possuir mais de oito mil eleitores e pelo menos metade dos seguintes equipamentos: instalações hospitalares, farmácias, corporação de bombeiros, casa de espectáculos e centro cultural, museus e biblioteca, instalações de hotelaria, estabelecimento de ensino preparatório e secundário, estabelecimento de ensino pré-primário e infantários, transportes públicos e parques ou jardins públicos. A nova cidade encontra a sua origem na época Celta mas não há dúvidas da sua existência no período muçulmano, antes de ser terra portuguesa no reinado de D. Afonso II, contudo só obteve carta foral quase um século mais tarde por carta régia concedida em 15 de Junho de 1302 pelo monarca D.Dinis e confirmado por carta régia de D. Manuel I em 1512. A sua defesa acastelada foi planeada nos inícios do séc. XIII, definido por uma planta quadrilateral que não era muito diferenciada das fortificações medievais relativamente ao traçado e materiais. Da construção primitiva destaca-se ainda a torre de menagem e duas das suas portas, porém todo o espaço fortificado foi alterado significativamente à medida que o aumento demográfico justificou a alteração do espaço de ocupação, nomeadamente na época Contemporânea. A história de Borba como os demais centros populacionais na proximidade da linha de fronteira, regista a sua participação nos grandes momentos da defesa da soberania nacional, na época Medieval, durante a Crise de 1383-1385, há referência à presença de D. Fernão Pereira (irmão de Nuno Alves Pereira) que em conjunção com os aliados ingleses fizeram a defesa da referida vila, onde o referido D. Fernão Pereira perderia a vida. Mais tarde durante as Guerras da Independência, em 1665, a vila de Borba esteve ocupada por três regimentos de infantaria e um terço de cavalaria, e a população sofreu novamente o pânico da terrível invasão, que desmoronou no campo de Montes Claros, com a derrota dos exércitos de Filipe IV. Vários assédios estão igualmente documentados como a ocupação espanhola em Junho de 1711, imposta pelo general D. Domingos de Ceo, que impôs à população o domínio da sua autoridade e presença, através de um elevado imposto de guerra. Os tempos mais recentes a da história de Borba necessita de uma investigação séria e urgente, como de resto é comum na região alentejo, onde apenas a cidade de Évora tem uma história minimamente representativa por isso a maior parte dos mestrados e doutoramentos do Alentejo, encontra naquela cidade um modelo válido para todo o Alentejo, que é de resto outro erro da investigação académica que ainda infelizmente é seguido. Postado por Arlindo Sena

quarta-feira, junho 10, 2009

A cartografia militar no dia de Portugal



História regional e Local – Quando se analisa a cartografia militar desde a época Moderna à época Contemporânea encontramos um conjunto de plantas de praças e fortalezas que demonstram ao mesmo tempo um conhecimento cartográfico terrestre de Portugal ainda impreciso nos séculos XVII, XVIII e na primeira metade do século XIX. Aliás esta reflexão é também extensiva à localização no espaço territorial das praças e fortalezas que se edificaram em África, no Oriente e na América do Sul (Brasil). Relativamente ao quadro militar e geográfico do Alentejo, a faixa fronteiriça entre o Tejo e a Chança, foi repetidamente figurada em mapas no âmbito do planeamento militar. De resto, a existência e manutenção das fortificações situadas ao longo do estratégico eixo Lisboa-Elvas, nos permite confirmar esse corredor estratégico fundamental para a sobrevivência da capital. Entre as mais representativas configurações desse eixo defensivo destacamos: As representações desenhadas por Miguel Luís Jacob, no contexto da reforma militar determinada pelo Marquês de Pombal. Esta personalidade formada na Aula de Fortificação, capitão de infantaria e responsável por uma série de obras de fortificação na Praça Militar de Almeida, é o autor das seguintes praças na raia da província do Alentejo:

1 - Plantas das Praças de Marvão, de Arronches, de Ouguela, de Elvas, de Vila Viçosa, Praça da Juromenha, de Serpa e de Mértola. Características gerais: Representadas a cor, na dimensão de 41x50 cm e datadas de 1755. Fonte: Colecção das Plantas das Praças do Alentejo, de Miguel Luís Jacob, 1755.

No âmbito das representações singulares de fortificações das praças do Alentejo, e no contexto da ameaça dos exércitos imperiais de Napoleão Bonaparte, podemos destacar:

2 - Planta da Fortaleza de Juromenha, representação da autoria do Marquês de Ternay, Ajudante do Quartel Mestre General, Marquês de Ternay, “afrancesado”que presta serviço ao comando de armas do Alentejo, o Marquês do Alorna. Características gerais: Representação a cor, na dimensão de 58x82 cm, de 1813.

3 - Plantas das Fortalezas do Marvão e de Estremoz, levantadas pelos membros do Real Corpo de Engenheiros. Características gerais: Representação a cor, dimensão de 62x95 cm, de 1814

No contexto da representação da cartografia militar na Província do Alentejo, podemos identificar

4 – A Descrição da Província do Alentejo (Tradução para o português corrente) – limita-se a representar as vilas de Estremoz e Borba e foi desenhada em plena Guerra da Restauração pelo arquitecto Bartolomeu de Sousa, dedicada a D. Luís de Vasconcelos e Sousa, 3º Conde de Castelo Melhor. Características gerais: Gravura a cor com a dimensão de 66x46 cm, de 1818.

5 - Carta Militar de uma parte da fronteira do Alentejo entre o Tejo e a Vila de Assumar – Foi levantada pelo Inspector Geral de Fronteiras, José Maria das Neves Costa, em consequência do desastre e da destruição provocada pela chamada “Guerra das Laranjas”. Características gerais: Representação a cor, dimensão de 93X177cm, datada de 1808 .

6 – Carta Militar das principais estradas militares. Trata-se de uma representação nacional das principais vias nacionais que podiam ser utilizadas para a defesa da soberania portuguesa, mas pela sua importância foi provavelmente utilizdas também por viajantes e aventureiros, atendendo as três edições espanholas . Da autoria do Major Engenheiro, Lourenço Homem da Cunha d ‘ Eça, conheceu três edições espanholas, publicadas em Madrid 1804, 1810 e 1830 Características Gerais: Gravura a cor, 75x137 cm, datada de 1808

Esta síntese corresponde a dezanove representações cartográficas de um conjunto de mapas elaborados para organizar e controlar a defesa da região Alentejo e da capital do Reino e que corresponde a um espaço situado correspondente à larga faixa de fronteira, entre a Serra de São Mamede e toda a margem esquerda do Guadiana. Postado Por Arlindo Sena

terça-feira, junho 09, 2009

Uma comunidade da ciência judaica de fronteira

História Local e Regional : - No Alto Alentejo, pelo menos desde fins do séc. XIV, estavam em crescimento alguns núcleos populacionais de origem judaica, das quais as chamadas Ruas Novas contribuíam para um novo traçado, como são exemplos, a então Vila de Elvas ou as vilas próximas desta, como eram os casos particulares das vilas de Estremoz e Vila Viçosa. Na centúria seguinte, Castelo de Vide, Campo Maior, Sousel e Fronteira tornavam-se outros núcleos de população judaica em função das constantes fugas de inúmeras famílias que face à violência da inquisição Espanhol, mais cruel que a Portuguesa, determinava a procura dos espaços da raia de portuguesa como locais de refúgio por excelência. Nesse contexto, Campo Maior e Elvas tornaram-se importantes “centros de recepção” dessas populações em fuga: em Elvas o número de fugitivos aproximou-se dos 10.000, que apesar de tudo estava longe do número de fugitivos do número atingido em locais mais a Norte do País, como Miranda que atingiu o triplo do número de refugiados daquela ainda vila raiana da região do Caia. Na comuna de Elvas em tempo de exílio judaico em 1444, José Verdugo, ficava isento de prestar serviços ao concelho e os cirurgiões Rabi Sabi e Ordenha,tinha permissão para viver entre os cristãos, tal como Meir Cuélar; o mesmo sucedia com o boticário Abel Alfarim e com o mercador Samuel Monção , tal como a maioria dos médicos (cirurgiões) de Elvas. Mas a integração e reputação da comunidade judaica junto à cristã, era significativa junto daqueles que tinham como ofício a prática da ciência, nomeadamente a cirurgia que tinha os principais centros em Évora, Elvas, Fronteira e Crato. Se Évora era o principal centro científico pelo número de cirurgiões e físicos e pela sua qualidade, sendo conhecidas alguns apelidos de famílias conhecidas pelo seu êxito no ofício da medicina como os Abeacar, Navarra e Pinto, outros tinham no seu espaço físico outros homens de ciência em regime de dependência como Mestre João, Moisés e Eléazar: Outras localidades deviam o seu espaço de ciência à presença de um ou mais elementos da comunidade judaica, como, por exemplo, Portalegre, Montemor-o-Novo, Vila Viçosa, Campo Maior e Olivença. Todavia não podemos ignorar que a importância científica das populações do Alto Alentejo, está deveras ligadas aos movimentos de exílio da pressão da Inquisição Espanhola. De facto, o número de cirurgiões e de físicos foi de tal forma significativa que por carta régia de D. Afonso V se estabelecia ainda antes de meados do séc. XV que todos aqueles que exerciam os ofícios considerados deviam de ser novamente reexaminados sob pena de prisão ou outra a aplicar. Nesses contextos políticos – legislativos, foram muitos os cirurgiões e físicos, judeus muitos deles identificados um pouco mais tarde como cristãos-novos, que atravessaram a fronteira luso-espanhola, prestaram provas na Corte, como foram os casos de Moisés Vinho, morador em Badajoz e de Mestre Álvaro de Elvas, que tinha desde sempre exercido o seu ofício em terras castelhanas. Postado por Arlindo Sena.










sábado, junho 06, 2009

Comemorações do Dia D - 65 anos depois



Notícias com História - Em França há poucas horas os líderes das principais potências ocidentais comemoraram o 65º Aniversário do Dia ou da Invasão da Normadia, cujos acontecimentos inciaram-se na madrugada do dia 6 de Junho de 1944, na Normandia, três divisões aerotransportadas são lançadas nas proximidades nos de Caen e de Carentan, iniciava-se a libertação da Europa dos aspirações das potências do Eixo. O desembarque de 6 de Junho de 1944 constitui a maior operação anfíbia de todos os tempos. Um primeiro escalão de 50.000 homens são agrupados numa imensa armada e conduzidos, uns por mar em grandes lanchas, outros por ar (planadores e pára-quedas em três divisões aerotransportadas) e dotados de material considerável (1500 blindados, 3000 canhões, 13.000 veículos). O desembarque foi protegido na retaguarda por uma frota de 500 navios de guerra (entre os quais seis couraçados, 23 cruzadores, 148 contratorpedeiros) e por uma força aérea também de 500 unidades. Para iludir as forças militares nazis acerca do verdadeiro local do desembarque, fazendo-os acreditar que o ataque principal se realizaria na costa de Pas-de-Calais, os estrategas aliados montaram uma operação de propaganda: o Plano Fortitude. Por fim, a infra-estrutura de Overlod é acompanhada de dois portos artificiais, rebocados através da Mancha e carregados na costa em Arromanches e Saint-Laurent-Sur-Mer, e ainda de um oleoduto submarino destinado a encaminhar o combustível da ilha de Wight para Port-en –Bessin. A operação – Inicia-se com o desembarque das tropas dos Estados Unidos, Britânicas e Canadenses, apoiados por uns 14.000 bombardeiros, que formaram um “escudo protector” sobre a frota e as tropas em terra. Ao fim da tarde, as tropas aliadas colocaram no campo de batalha cerca de 150.000 homens num raio aproximadamente de 15 Km. Antes porém já os aliados tinham previamente destroçado as vias de comunicação que podiam reforçar as forças alemãs. Nestas condições as forças do eixo revelaram-se impotentes na defesa das suas posições, perante uma força aérea, cerca de cinquenta vezes superior ao potencial nazi, que tornaram a “Baluarte do Atlântico” , que os estrategas do Reich consideravam impenetrável daí a negação de apoio às suas tropas nos primeiros dias do assalto dos aliados. Postado por Arlindo Sena .

sexta-feira, junho 05, 2009

Dormindo na Cama de Saddam Hussein


Notícias com História - Foi notícia nos meios académicos há poucos dias da criação de um museu, que será constituído por um vasto espólio de objectos pertencentes a Saddan Hussein. Segundo, a mesma informação, trata-se de um conjunto de móveis, estátuas, pinturas, documentos e ofertas de estado, que formarão esta insólita colecção que deverá ocupar um dos seus antigos luxuosos palácios. Mas segundo a mesma fonte, a lembrança da figura de Saddan Hussein como umAdicionar imagem dos chefes mais carismáticos e violentos do século passado do Médio Oriente, não fica por esta iniciativa, uma vez que na cidade de Hillah, está sendo reabilitado um dos seus palácios mais sumptuosos que será convertido em hotel de luxo. O mesmo ainda em fase de acabamento, já publicitou que a oferta inaugural desta unidade hoteleira dirigida a jovens recém casados e que inclui a possibilidade de alojamento num dos aposentos do antigo ditador e de dormir na sua cama pelo valor de 170 Euros.


A suíte de Saddam Hussein inclui ainda enormes banheiros com mármore, peças recobertas com ouro e candelabros de cristal. O palácio, que se abre para o rio Eufrates, tem colunas romanas e representa o excesso dos tempos em que o ditador controlava o país com mão de ferro. Ocupado por tropas americanas durante a invasão americana, o palácio já está aberto a visitantes, que pagam uma pequena entrada para conhecer o edifício e até fazer piquenique nos jardins imperiais – na esperança, talvez, de ter acesso à tamareira que ali cresce e à qual somente o ditador tinha acesso passando pelo muro. Antes, qualquer um que entrasse sem permissão seria imediatamente fuzilado. Mesmo em obras, o palácio atrai mais de mil turistas ao dia. A reforma faz parte de uma intensiva campanha do governo iraquiano para atrair mais turistas. Postado por Arlindo Sena.

terça-feira, junho 02, 2009

A oitava feira medieval criada em Portugal


 

 

História local:  -  As feiras medievais  portuguesas não só contribuíram para o desenvolvimento da economia nacional como foram determinantes para a melhoria das relações económicas e jurídicas. Vivia-se num período muito particular em que a “terra”” era o fundamento da riqueza da população de todo o Ocidente. A feira para além de ser um lugar de transacção económica era igualmente um lugar de encontro e nessa perspectiva, tornavam-se um lugar especial nas relações de sociabilidade. As notícias chegavam às vilas e cidades de Portugal, através dos mercadores e dos agricultores que se encontravam nestes espaços periódicos. As primeiras feiras, ocorreram quase ao mesmo tempo que se criava uma povoação, a primeira feira criada em Portugal coincidiu com a criação da aldeia de Vila Nova (mais tarde de Famalicão ?) , a documentação refere que D. Sancho I, ordenou ao dar foral aos povoadores da dita vila, que se fizesse feira ao domingo. Mas a 2º feira criada no Alentejo e 8º no Portugal Medieval ocorreu a 21 de Dezembro de 1262 quando por carta régia, concedeu aos moradores de Elvas a sua carta de feira[1] A mesma em meados do séc. XV já teria desaparecido, considerando o pedido dos procuradores do concelho às Cortes de Lisboa de 1455, que pedia autorização para a venda de panos, lãs e linhos, na sua feira semanal. Por outro lado, a mudança de uma feira, de anual para semanal só se verificava mediante a criação de uma nova ou seja não era uma prática comum a alteração ao modelo inicial. Em termos de características a Feira de Elvas seguia o modelo tipo da Feira da Covilhã e realizava-se durante quinze dias, garantia a segurança todos os que viessem comprar e vender, na ida e na volta e estabelecia o pagamento de portagem a todos os que viessem à feira vender as suas mercadorias[2]. Sobre a primeira feira medieval, pouco mais se encontra registado sobre a circulação de mercadorias e sobre o acontecimento propriamente dito, e isto porque as cartas régias que autorizam as feiras não especificam quais eram esses outros direitos e só se referem ao da portagem, é natural que fossem os mesmos que recaíam sobre todo o comércio. Sistematizando podemos dividir esses direitos em quatro grupos: 1- Os que incidiam sobre as transacções, como a dizima e a sisa. 2- Os que provinham do aluguer de lojas, da licença de venda ambulante. 3- Os que resultavam de penas pecuniárias pagas pela violência e desordem nos locais de feira e 4-Os que indiciam sobre a circulação de mercadorias, a peagem e a portagem. Durante os finais da Idade Média a Feira medieval floresceu, desenvolveu-se e projectou-se para o fora da primeira cerca de muralhas. Postado por Arlindo Sena.     


[1]  Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chanc. de D.Afonso III, Liv. I, fl. 68

[2]  Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chanc. de D.Afonso III. Liv. I, fl.45

segunda-feira, junho 01, 2009

O Asylo de Infância Desvalida de Elvas um exemplo da sociedade civil


História Local – No dia das comemorações do Dia Mundial da criança, será interessante recordar o pioneirismo de um “punhado de Elvenses e portugueses” , da cidade que criaram o chamado Asylo de Infância Desvalida quando a questão da sobrevivência e o direito a uma infância feliz não era sequer motivo de debate. De resto, o número de crianças abandonadas aumentava sempre que as crises agrícolas se faziam sentir no Alentejo e na Extremadura Espanhola, não era por caso que algumas crianças espanholas eram deixadas junto aos portais de algumas igrejas locais, nomeadamente da Igreja de São Domingos. A primeira referência histórica sobre a referida instituição inicia-se com chegada a Elvas no Verão de 1851, do Brigadeiro de Artilharia José Maria Baldi (natural de Lisboa) , que segundo a documentação encontrara em Elvas nas primeiras visitas à cidade “Muitas crianças com os pés nus, o corpo mal coberto e com caras cheias de fome” e segundo aquele oficial superior do exército português, justificava-se pelo trabalho no campo de muitas famílias que não tinham outra opção que não o abandono dos filhos à sua sorte pela cidade e por vezes por largas temporadas. O caminho para a fundação da primeira instituição de solidariedade alguma vez formada em Elvas, inicia-se com uma reunião no interior do quartel da praça, mais exactamente na secretaria onde estiveram presentes um grupo de elvenses que deveriam lançar de imediato a base do futuro “Asylo de Infância Desvalida”, a partir do estudo dos estatutos dos estabelecimentos semelhantes já existentes em Lisboa e Coimbra. Em menos de três meses, constituía-se a primeira direcção em 12 de Outubro de 1851, sendo eleito por aclamação o referido brigadeiro, que era acompanhado pelos elvenses, vice-presidente Cristovão de Vasconcelhos; secretários Joaquim António Lopes e Jerónimo José Alves Silva e pelo tesoureiro António Sousa Barradas. O funcionamento da instituição estava a cargo de várias senhoras que marcaram pela primeira vez a presença feminina em cargos de direcção entre elas: D. Maria do Carmo Valdez, D. Rosa Freire Leal, D. Adelaide de Assunção, e D. Ana Rita Gama Lobo (esposa do Marechal Gama Lobo) . O apoio da população foi indiscutível e da Coroa vieram os apoios da Imperatriz D. Amélia que doou cerca de 40.000 rs em 1854 e o própria rei D. Pedro no ano seguinte confirmava a verba. Da população elvense, os donativos foram constantes ao longo da sua existência em 1863 chega por carta registada ao então director do Asylo, o Tenente Coronel, Joaquim Travassos Valdez (natural de Elvas), a notável verba de 1 conto e 750.000 réis, resultado de uma circunscrição feita pela comunidade de emigrantes elvense no Rio de Janeiro e um dos médicos militares de referência da cidade, António Fausto Namorado, regista nos termos do seu testamento a verba de 250.000 réis para a referida instituição. Ao longo da sua existência o Asylo conheceu sucessivas reformas, iniciando-se no primeiro ano com cinquenta alunos que aprenderam as primeiras letras, a escrita e a contabilidade. O ensino religioso integrava o contexto educativo. Na primavera de 1890, o Asylo respirava a segurança e a tranquilidade financeira, o número de crianças salvas da miséria ultrapassava a meia centena, o século do progresso e dos direitos ainda estava a uma década da” luz solar”, mas os elvenses saudavam a obra de José Maria Baldi em acta do dia 2 do mês de Maio de 1890 : “Hoje a batalha estava ganha, e a ele parecia-lhe que o Asylo nunca se teria de arrepender do empreendimento em que se lançara, porque confiava muito na caridade, para acreditar que ele nunca deixaria de proteger e amparar” . Postado por Arlindo Sena