quinta-feira, dezembro 30, 2010

A poucas horas do novo Ano de 2011

 2011 está aí ….como foi  o ano de 1911 …. Em Janeiro, desaparece a última monarquia absoluta europeia quando o principiado do Mónaco aprova a sua primeira constituição liberal. Estreia em Berlim, as Ratas, um drama social do Nobel alemão Gerhart Hauptmann.   No norte da China um surto epidémico fez 60.000 vítimas. Em Fevereiro, estreia-se a ópera, Cavaleiro da Rosa, com música de Richard Strauss , da autoria de Hugo Von Hofmannsthal e  a húngara Lily Kronberger se proclama pela quarta vez consecutiva campeã do mundo de patinagem artística. Em Março, a Câmara Baixa dos Comuns suspende o direito de veto dos Lordes da Câmara Alta e em Kiel os alemães lançam o primeiro navio movido com turbinas. Em Abril, insurreição das tribos nortenhas contra o sultão de Marrocos Mulay Hafiz que acabou por determinar a intervenção das tropas francesas. A Lei de separação entre a Igreja e o Estado terminando com a situação de conflito entre o novo regime e o Vaticano. No primeiro de Maio, se disputam pela primeira vez as 500 Milhas de Indianápolis no estado norte-americano de Indiana. O Tribunal Federal Superior de Nova Iorque declara a extinção do consórcio petrolífero de Jonh D. Rockefeller na qualidade de trust. Chega a Espanha o ditador Porfírio Díaz fugido do México onde exerceu o poder de forma absoluta durante trinta anos. Em meados de Junho em Londres foi coroado como rei da Grã-Bretenha e da Irlanda, D.Jorge V e no final do mês o italiano Carlo Galetti vence o Giro de Itália. Em pleno Verão o arqueólogo Hiran Bringham descobre a cidade Inca de Machu Pichchu e no Museu do Louvre desaparece a obra de Leonardo da Viinci, a  “Giaconda” recuperada no final de Dezembro de 1912 na posse do pintor italiano Vicenzo Perugia. A Câmara Municipal de Elvas, promulga a criação do primeiro imposto automóvel estabelecido nesta cidade. Manuel Arriaga é eleito Presidente da República portuguesa. E em 23 de Agosto com a promulgação da Constituição de 1911, Portugal se converte na quarta república da Europa, tal como a França, Suiça e San Marino do ponto vista legislativo. A equipa do Cetic de Nova Iorque bate o recorde mundial de 4x100 em atletismo com o tempo de 3m e 18.2s. A 23 de Setembro, o pioneiro da aviação, o norte-americano Earl Ovington inicia a primeira viagem aérea do correio postal. Nas primeiras horas do dia 1 de Outubro atravessam a fronteira a caminho de Espanha cerca de quatro mi monárquicos que procuram exílio político após uma tentativa falhada contra a República, mas quatro dia depois Paiva Couceiro organiza a primeira incursão monárquica.   Umberto Boccioni apresenta o quadro futurista “O ruído da rua penetra em casa”. E a ilha de Creta foi anexada pela Grécia na segunda feira de 23 de Outubro.Em pleno Inverno, a investigadora francesa Madame Curie obteve o seu segundo Nobel, com os seus trabalhos sobre a radioactividade e a descoberta do rádio e do polónio. Vasily Kandisky e Franz Marc inauguraram em Munique a famosa exposição do Cavaleiro Azul. O ano e o mês termina com outras importantes descobertas, como a do físico alemão Carl Pulfrick que descobre a forma de ampliar as fotografias aéreas necessárias para os trabalhos topográficos e o britânico Charles Grover Barkla descobre a interacção entre os raios X e os átomos.  


6.2.3. Elvas Portuguesa - Em vésperas das grandes ofensivas.A cadeia de comando


A nobreza de Portugal tomou o comando dos destinos da soberania portuguesa nas guerras da raia




Conde-duque de Olivares é um dos responsáveis pela perda da soberania Portuguesa na historiografia espanhola




Alegoria da Rebelião Portuguesa, página rosto da obra de António Sousa, 1645. 

Os comandos militares das forças que evoluíram nas planícies do Alentejo e da Extremadura, distinguia-se igualmente pela sua motivação intrínseca que a Guerra determinava, no caso português tratava-se de uma oportunidade única para a afirmação da Nobreza de Portugal, no plano do exercício de funções políticas e militares que a nova etapa política a Restauração lhes reservava. É certo que no plano da arte da Guerra a Nobreza portuguesa desconhecia as inovações técnicas e novos saberes militares testados nas guerras europeias, com algumas excepções. Aliás só assim se compreende que um século mais tarde o Conde de Lippe,  venha para Portugal para proceder à modernização do exército nacional, mas se tivermos como referência os postos de comando das forças nacionais na época da Restauração e durante o Cerco e Batalha das Linhas de Elvas, apenas temos um três figuras de referência nos acontecimentos que marcaram a guerra de fronteira. D. Joanne de Vasconcellos, um aristocrata que foi Governador da Praça Militar de Elvas e um dos teóricos da arte da guerra mais credenciados na época seiscentista, O Conde Vila Flor, D. Sancho Manuel, da nova nobreza em ascensão, já que o seu ramo nobiliárquico era identificado com uma nobreza funcionalista que tinha servido a Coroa nacional no Oriente nos séculos XVI e XVII. Porém era um militar com provas dadas no Império Espanhol onde serviu em vários cenários de guerra na Flandres e na península itálica, que desde o primeiro momento esteve com o movimento restaurador do 1º de Dezembro de 1640 e que em 1648 foi distinguido com a nomeação de Governador de Armas da Beira. E foi nessa qualidade de estratega militar na raia nacional que justifica a sua nomeação para Governador da Praça militar de Elvas em 1658 quando sobre a mesma se esperava a todo o momento o fim do cerco e o desencadear da guerra. A outra figura, que a cidade de Elvas acabou por transformar no seu herói no âmbito da Batalha das Linhas de Elvas, André de Albuquerque Ribafria que era para todos os efeitos, um profissional das armas com provas dadas nas expedições militares enviadas para o Brasil em 1638. Militar e operacional da primeira hora da nova etapa que o país atravessava tinha uma folha de serviços coroada de vários êxitos ao serviço da cavalaria e temporariamente substituiu Joanne de Vasconcellos no comando da Praça Militar de Elvas quando este cessou funções. A restante fidalguia a que se juntou algumas personagens com formação militar, tratava-se sobretudo de gente rica e cuja função militar era temporária e sem ambições políticas ou outras, já que se tratava de servir temporariamente a nação, sem que para tal contribuísse para a falta aos seus deveres familiares. No caso espanhol, a nobreza tinha as mesmas dificuldades que se verificava nos comandos nacionais, mas não por falta de nobres ou militares com experiência de guerra. A província da Extremadura não era uma motivação para essas personagens, habituadas ao comando de grandes exércitos bem armados e com o devido apoio logístico, que faltava nas hostes militares estacionadas a 17 Km de Portugal. Assim D. Luís Haro, que comanda o cerco e batalha das Linhas de Elvas, era um nobre de corte, um político que liderando as forças que irrompem sobre a planície do Caia em direcção aos arredores de Elvas, encontra no Duque San German o estratega necessário para o acontecimento bélico que se desencadeou em 14 de Janeiro de 1656. O Duque tratava-se de um aristocrata da nobreza napolitana, D.Francisco de Tuttavilla, um militar com currículo no exército do Império Espanhol e que tinha defendido com êxito o Cerco a Badajoz em 1658, chegando a ocupar Olivença e Mourão um antes. O Duque de Ossuna chega há Extremadura por nomeação régia para o Comando General da Extremadura.O Marquez de Torrescura outro aristocrata, que se destacou na defesa da Extremadura na década de 1640, que derrotou o cerco a Badajoz em 1644 dirigido por Matias Albuquerque. E infligiu novas derrotas ao exército luso nas campanhas de assédio a Talavera la Real, Puebla de Calzada e Montijo . No ano seguinte domina parte da guarnição estacionada em Olivença e em 1648, dirigiu-se a Elvas mas seria obrigado a retirar-se e numa nova tentativa de conquista da praça militar é derrotado com enormes perdas humanas e materiais no seu exército por André de Albuquerque em 1653. Em 1658 apesar de tudo as forças castelhanas contavam com um maior número de comandos militares com experiência operacional, caso de Méndez de Vasconcellos , D. Gaspar de La Cueva, o Marquez de Lanzarote ou o irlandês Waltaer Dogan, que com o seu contingente vem reforçar a defesa de Badajoz, sob ameaça das forças portuguesas após o sucesso das Linhas de Elvas. A logística militar baseava-se num guerra onde artilharia e o fogo era elementos determinantes para o desfecho das guerras de de cerco, de assédio e de espaço aberto, a espingarda de  cano curto, o mosquete e os canhões de sete e nove bocas foram utilizados pelos exércitos que evoluíram nas guerras de fronteira, nas hostes portuguesas a escassez e a permanência de meios militares de matriz medieval eram uma adversidade, no caso espanhol, o material bélico não era muito diferente, primeiro por que Portugal durante a União Ibérica acabou por ter acesso ao material bélico castelhano e segundo porque a Extremadura foi fortemente penalizada pela Guerra da Catalunha, para onde era enviada regularmente reforços nomeadamente da Praça de Armas de Badajoz, em material logístico e efectivos militares.              

segunda-feira, dezembro 27, 2010

6.2.2.Elvas Portuguesa: Na modernidade - Nas vésperas das grandes ofensivas




                 A artiharia mudou o curso das guerras modernas no Ocidente na Modernidade


A Baluarte entreicheirada fundamental na edificação militar na época da Restauração.


A  disciplina uma problema inquestionável nos exércitos milicianos peninsulares.

A história tradicional invoca com frequência o êxito das forças portuguesas sob as forças espanholas em função do número de efectivos militares, da sua capacidade operacional, técnica e competência funcional, nada menos correcto quando se analisa e reflecte as fontes documentais quer portuguesas e espanholas. Ou de forma mais objectiva, os exércitos luso e castelhano que evoluíram na conjuntura de guerra da Restauração, não eram profissionais e a disciplina era um dos aspectos que mais condicionavam a evolução das forças no campo de batalha, mais evidente nas hostes espanholas do que nas portuguesas. Mas esta situação é uma realidade extensiva a toda a Europa sendo a única excepção os exércitos das Províncias Unidas, pela simples razão de que era um exército regular e pago. O problema dos exércitos peninsulares estava subjacente logo no recrutamento, de facto, no caso português, essa prática era feita segundo a Lei das Ordenanças de D. Sebastião de 1750 que estavam sob comando de um corregedor, todavia em face da guerra pela independência nacional essa autoridade devido às circunstâncias estava sob direcção operacional de um Comandante Militar de Província, situação documentada nos Cercos de Elvas e Badajoz (1657) ou nas batalhas do Ameixial (1663) e de Montes Claros (1665).  Vivia-se então num período de transição no processo de recrutamento em que persistia todavia o espírito de mobilização da nação em armas, apesar de em meados do século XVII o elemento demográfico passar a ser uma forte componente para a convocação dos efectivos que as forças militarizadas então determinavam. Mas esta realidade não fez parte da estrutura, senhorial, miliciana e concelhia, que evolui nos cenários de guerra nas planícies do Alentejo e da Extremadura, palcos por excelência das Guerras da Restauração. Todavia e relativamente a lei de 1570, há que fazer referência a introdução de um novo sistema de prestação militar dos concelhos, que obrigava uma contribuição em dinheiro, surgia o vulgar “soldado das pias”, normalmente veteranos pagos para o desempenho da função militar em caso de guerra o que determinava a exclusão dos jovens e dos inexperientes. Outros estratos sociais simplesmente estavam isentos do serviço militar nomeadamente os letrados, os funcionários públicos, os comerciantes, marinheiros e pescadores, no âmbito que as funções eram prioritárias no funcionamento da sociedade. Apesar das circunstâncias adversas de cinquenta anos de domínio castelhano, o exército ou a nação em armas mais correctamente, tinha uma motivação extra que era a defesa da soberania nacional recentemente conquistada. Era provavelmente esta a vontade psicológica de manter sua identidade que justificava o esforço de guerra de uma Nação que pretendia ter direito a um Estado formal e nessa perspectiva sem ter presente as noções de nacionalismo subjacentes ao Século XIX tal ideia persistia na Nobreza de Portugal que conduziria as milícias municipais aos grandes êxitos da Restauração. No caso espanhol, as fontes arquivo demonstram que as forças militarizadas estacionadas em Badajoz tinham como cujo objectivo reconquistar Portugal e sujeitar a sua nação à obediência castelhana, todavia a formação do exército da Extremadura foi dramática e marcada pela incompetência e indisciplina. As fontes históricas comprovam tal afirmação e um dos primeiros obstáculos situou-se no esforço financeiro necessário para as campanhas militares, do qual se exigia aos extremenhos cerca de dois terços do total do seu custe, que por sua vez estavam sujeitos a constantes acções de pilhagens, roubos e saques de bandos portugueses que actuavam na calada da noite em toda a raia da Extremadura. Por outro lado, a indisciplina minava as hostes milicianas devido a falta de uma cadeia de comando, uma vez que as altas patentes militares espanholas estavam mais motivadas para outros cenários de guerra na Europa e nas suas colónias que lhe traziam pompa e honra. Na verdade, a Extremadura não honrava a nobreza castelhana, com um exército mal apetrechado e sobretudo sem suporte financeiro, aliás esta foi a razão para que numa década passaram por Badajoz nada menos que nove Capitães Generais em missão de Comando Militar da Extremadura. A confrontação entre a população civil e militar era outra realidade visível na medida em que os vexames, saques e os furtos, da soldadesca era denunciados pelos extremenhos, denunciando que os mesmos eram realizados pelos naturais e não pelo invisível inimigo português. O estado de intolerância com os militares tornava-se popular através da poesia da época, em 1643 ouviam-se na Extremadura frases como:” si solo los castelhanos/ para robar tienen manos/ mas no para pelear” um funcionário do governamental na sua carta dirigia à Coroa em 1650, relatava as actividades militares e a sua relação com a população local utilizando o termo de “agresores insólitos”. Estas e outras, situações são hoje motivo de debate na historiografia da Extremadura, o historiador Fernando Cortés cuja vida académica foi dedicada às relações Portugal e Espanha, do ponto vista institucional é de opinião que estes aspectos foram pontuais, mas em perfeito desacordo com os meus colegas da Universidad da Extremadura, Filipe La Puente e Alfonso Grajera, cuja validade dos seus estudos no teatro de guerra na Extremadura é indisctível. O sistema de mobilização não era muito diferente do português e o “soldado das pias” que era financiado pelos municípios em Portugal era nitidamente influenciado pela legislação espanhola que de resto em parte estava em vigência nos códigos portugueses, formais e não formais, após cerca de cinquenta anos de domínio filipino. Mas, a realidade das milícias extremenhas era totalmente diferente da situação portuguesa, se é certo que marginais e indigentes faziam parte do exército nacional, a falta de comando no exército castelhano permitiu que os mesmos fossem protagonistas nas suas relações com a população civil, numa época em que na Extremadura o descontentamento face à Guerra da Catalunha era evidente na medida que prejudicava a defesa da Província, não só pelos tributos fiscais que eram canalizados para aquela região Espanhola mas pelos contingentes que se deslocavam para aquela região. Aliás a vila de Cáceres em 1642 lamentava a saída dos seus milicianos para a defesa da Catalunha, face a ameaça portuguesa que facilmente conquistaria aquela praça protegida por 125 Infantes.                        

domingo, dezembro 26, 2010

6.2.1.Elvas Portuguesa: Na modernidade - Nas vésperas das grandes ofensivas



As defesas da Extremadura não seguiram a disciplina construtiva da raia nacional na arte de fortificar que o desenvolvimento da artilharia determinava.

O centro de comando das operações militares só seria concluído em finais do séc. XVII
 (Praça Militar de Badajoz)
As baluartes da cidade de Elvas assumiam o papel da defesa nacional na rota para a Capital.
 Nicolau Langres evidenciou-se como arquitecto militar na arte de fortificar nos dos lados da raia ibérica.
A preparação para a guerra era uma realidade inevitável, o eixo de penetração a sul do território estava definido pela geografia do território e devidamente registado nas cartas militares das forças castelhanas, onde os pormenores e anotações indicava que a tomada da Praça militar de Elvas era fundamental para o avanço sobre a capital do reino. De facto, a geografia permitia o avanço fácil e relativamente rápido sobre a planície, de tal forma que o eixo de penetração estava bem definido nas hostes castelhanas, estendendo-se entre Elvas e Estremoz, passando por Vila Viçosa e pelas margens das vilas portuguesas situadas na margem do Guadiana. Na verdade, o esforço e a estratégia defensiva, se centrava no reforço das estruturas militarizadas e na presença quase permanente de hostes milicianas com duas funções, de defesa permanente e de mobilização de socorro rápido as populações cercadas pelos exércitos inimigos. Aliás esta lógica defensiva, acompanhou o plano defensivo dos dois estados peninsulares no âmbito da defesa da sua linha de fronteira terrestre. De facto, o esforço de adaptação das fortificações extremenhas foi uma prioridade urgente numa região onde faltava gente qualificada, segundo o Capitão General Dom Juan de Garay, considerando a análise da correspondência dos capitães generais com a Coroa espanhola, que apenas reconhecia em D.Rafael Médecis como único técnico especializado na arte de fortificar. Esta realidade seria entretanto ultrapassada com a nomeação do Capitão General,  Marquês de Terrescusa que convocava para os trabalhos da defesa da fortificação de Pamplona, o General de artilharia D.Dionísio de Guzmán, seguindo-se um longo processo construtivo que só terminou em 1692 com os trabalhos efectuados na Porta de Pilar. A verdade é que o processo de defesa de Badajoz e da Extremadura, não obedeceu à organização e disciplina, seguida pela Coroa Portuguesa. Em parte pela surpresa que foi o processo restaurador da nação portuguesa e pelos constantes assédios que se seguiram por iniciativa das milícias nacionais em terras da Extremadura e por outro, a Guerra da Catalunha que explicava o esforço de financeiro e de guerra da Coroa espanhola, na medida que tal região era mais importante para o estado espanhol. Na verdade a conquista militar do território português era algo que a breve ou a médio prazo poderia eventualmente suceder, assim acreditavam os militares de referência do exército espanhol que jamais comandaram qualquer campanha militar a Portugal até final do séc .XVII. Esta falta de disciplina na adaptação dos espaços militares extremenhos quando comparados com a realidade portuguesa é uma evidência indiscutível quando se considera a documentação coeva, assim os fortes de planta estrelada como o de São Cristovão, Pardaleras, Picurina, São Roque, Cabeça da Ponte e Porta de Palmas e os fortins menores e linha de fossos, foram simplesmente feitos à pressa e alguns entraram em função ainda não estavam totalmente fortificados. Outro agravante, no processo construtivo foi sem dúvida, a qualidade dos projectistas na arte fortificar por vezes substituídos pelo Capitão General de Badajoz na finalização dos projectos, como foram os casos dos Marqueses de Caracena, Montijo e São Vicente. Todavia, há que fazer referência a figuras de reputação internacional, como Charlos Tourlón, Enrique Ansençi, Francisco Domingo, Luís Benegas Osório, Ventura de Terragona e Nicolau Langres, que depois das encomendas realizadas em território português surge com funções de arquitecto e comando militar, nesta última destaca-se o assédio e conquista da Fortaleza de Juromenha durante as Guerras de Aclamação.

sábado, dezembro 11, 2010

6.2.Elvas Portuguesa: Na modernidade - Nas vésperas das grandes ofensivas

Mapa do Alentejo - Meados de seiscentos

A fortificação com cinturas muralhadas com baixas e grossas muralhas preparavam-se para a guerra de artilharia e defesa das populaçõs.

As fortificações integradas ou anexas na região do Alentejo  edificaram-se no plano da defesa nacional.

O Baluarte era norma na defesa da raia portuguesa e castelhana

A guerra guerreada permitiu às forças militarizadas e milicianas organizar as suas forças em campanha, porém o Alentejo durante a época da Restauração tornou-se um dos principais teatros de guerra, se não o principal quando se considera o esforço de guerra nacional quando se analisa a documentação de forma detalhada e fundamentada. Do ponto de vista, do deslocamento e da ocupação do espaço, a província do Alentejo como terra chã e aberta oferecia as condições necessárias para uma ofensiva castelhana com êxito em direcção à capital. Porém o esforço de guerra, aconselhava a nova dinastia de Bragança a defender a sua ampla raia seca, entre Montalvão e Mértola. Mas nessa vasta extensão a defesa do ponto vista material estava devidamente organizada tendo os pontos fortes na oposição ao invasor, Olivença, Elvas, Campo Maior, Estremoz ou Évora. Tratava-se de espaços fortificados de raiz ou devidamente remodelados para uma guerra onde a artilharia tinha necessariamente um desempenho fundamental. E esse esforço militar era evidente nos valores dispensados pela Coroa quando se consulta a documentação de facto a região do Alentejo apresenta um subsídio financeiro que se destaca das demais e só a Cavalaria como braço armado da nação em armas se aproxima da verba destinada aos 10.000 homens que serviam o exército português num valor de cerca de 240 contos (por equivalência à moeda da época), mais de 25% do orçamento geral para as despesas do exército que se situava numa verba de cerca de 800 contos. De realçar que os exércitos situados na raia nacional não ultrapassa os 36 contos de verba, que seria igual para as hostes nacionais em Trás-os -Montes, Beira e Algarve. E só a cavalaria recebia um orçamento significativo cerca de 160 contos o dobro da artilharia, destinada ao estacionamento das forças da cavalaria em toda a raia. Os valores com os gastos de manutenção de parte da força miliciana, voltavam a demonstrar que a defesa do País passava necessariamente pela Província do Alentejo, o assento da pólvora e do cobre, num conflito em que a guerra do fogo seria evidente, mostra que o Alentejo recebe certa 168 contos, cerca de três vezes mais que as hostes estacionadas em Trâs-os-Montes, ainda que a Beira fosse devidamente ajudada financeiramente considerando que a nobreza de Ribacoa e de Penamacor, receberam cerca de 26 contos cada uma o que significada que a defesa no Centro privilegiava essas duas populações que na totalidade representava cerca de 52 contos. Por outro lado, os gastos com o pão e com a cevada ou seja com a manutenção e abastecimento de homens e cavalos era um exclusivo da Província do Alentejo em cerca de 200 contos o que reforçava que a guerra em torno da Restauração ou das Guerras da Independência, termo pouco usual era uma realidade evidente. Na verdade, a ideia de uma grande ofensiva castelhana sobre a planície era uma realidade bem documentada, a entrada pelo Caia era uma realidade já delineada pelas cartas militares espanholas que consideravam que avançar para a capital, era uma realidade possível e operacional, uma vez conquistada ou rendida a guarnição das forças milicianas estacionadas na Praça Militar de Elvas, a espionagem davam pistas às forças portuguesas e castelhanas, o Conde Alegrete em carta dirigida à Coroa no final do Verão de 1644, utilizava uma mulher para obter informações na Estremadura sobre possíveis manobras e estacionamento militar em terras como Mérida, Lobon, Talaueruela e Badajoz.                    

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Os dia da História - 7 de Dezembro de 2010 - Nasce Lorenzo Bernini



Lorenzo Bernino, Praça de São Pedro

Lorenzo Bernini, Éxtase de Santa Teresa, Capela Corsaro.


Lorenzo Bernini, Fonte dos Rios.

Gian Lorenzo Berini nasceu em Nápoles; por volta de 1605 mudou-se com a família para Roma. No seu percurso ao longo da sua vida só abandonou a cidade itálica em 1665 quando é convidado por Luís XVI para o Palácio do Louvre que, de resto não foram realizados por serem considerados incompatíveis com o gosto classicista e as exigências de habitação francesas. A sua formação artística adquiriu na oficina do seu pai Pietro escultor tardo maneirista. A primeira fase da sua obra foi caracterizada por um conjunto de encomendas feitas pelo cardeal, Scipione Borghese entre 1619-1625  no qual se destaca os grupos escultórios em mármore Eneias e Anquiese, o Rapto de Propesina, David, Apolo e Daphne. A subida de Urbano VII ao trono pontifício foi determinante para a sua nomeação de arquitecto da Santa Sé em 1624 , mais é na década de trinta que inicia um período no qual executa um conjunto de obras de referência nomeadamente o baldaquino, no qual trabalha durante quase trinta anos, praticamente até ao fim da sua vida. Entre elas destaca-se: o Túmulo de Urbano VII (1637-1647); Estátua Equestre de Constantino (1654-1658); o São Longino  (1629-1639), a cenografia escadaria Régia (1663-1666) para além da espectacular cátedra (1656-1666) e da colunata que antecede (1656-1667). Ao nome de Bernini estão associadas também algumas fontes romanas célebres, desde a Fonte dos Rios (1648-1651) na Praça de Navona, à Fonte do Tritão na praça de Berbini (1640). Na sua obra destaca-se ainda um conjunto considerável de retratos escultóricos entre os quais: Scipione Borghese (1632), Costanza Buonarelli (1632), a Éxtase de Santa Teresa (1647-1652), Santa Maria da Vitória   e a beata Ludovica Albertoni (1671-1674).  

quarta-feira, dezembro 01, 2010

6.1. A Modernidade - A guerra guerreada antes das grandes ofensivas ...

O Castelo Medieval adaptado aos tempos da modernidade da artilharia

A complexidade construtiva e defensiva entre o reduto defensivo e as obras anexas, determinante na guerra guerreada e no levantamento da guerra de cerco.

A outra face da política institucional da cidade de Elvas, ocorre no âmbito da questão da defesa que marcou a vida em toda a raia portuguesa e espanhola, uma vez que os assédios foram uma constante junto das populações fronteiriças. É certo que no caso, da cidade de e Elvas, as estruturas militarizadas estavam já levantadas e normalizadas de acordo com novas exigências que a nova tipologia da guerra determinava – o fogo. Mas limitadas no campo operacional em meados de seiscentos, considerando a presença das hostes militares, reduzidas a uma presença formal de um pequeno número de milicianos. Era de resto uma realidade normal numa época em que a mobilização não era uma prática do Estado Português e de muitos estados ocidentais que recorriam com frequência a grupos de mercenários, que geralmente convocavam para guerra quando ameaçada a integridade do território nacional. Todavia antes das Guerras da Restauração, a acção bélica, limitava-se ao saque e à pilhagem os relatos documentais provam estas acções quase frequentes após a recuperação da soberania nacional, por vezes eram os portugueses a entrar em solo extremenho …“se nam furtam parecem se vam às pilhagens a Castella. Animase a cavlaria com algum proveito dos soldados e grande prejuízo do serviço da Vossa Magestade.  Outras vezes eram os castelhanos a entrar no território alentejano, não faltando medidas com a finalidade de impedir tais operações, como se comprova no testemunho de João Mendes de Vasconcellos, governador da praça militar de Elvas …“ e vendo eu a continuação com que os pilhantes entravão neste reino ordeney que todas as noytes sahissem duas paridas a ver topavão com eles” .Esta prática sem apoio institucional não impediu que outro governador militar da cidade de elvas, André de Albuquerque se envolvesse nestes assédios, na chamada guerra guerreada cujo objectivo era obtenção de recursos como se pode ler num dos seus relatórios … “Sendo mais metade delles (cavallos) castelhanos com que as nossas tropas  tem crescido não só no número, mas na qualidade pella diferença que fazem estes aos nossos”. De resto na mesma época, a administração central, tomava providências relativamente aos constantes assédios castelhanos, o monarca solicitava aos corregedores e magistrados de Évora, Portalegre, Crato, Avis e Ourique, que procurasse proteger os recursos nacionais …” que todo o pão que ouver nos lugares abertos, nas aldeãs e cazaes, se recolherão pella terra adentro o mais que fobr possível ”. O ataque às populações indefesas permitia a obtenção de recursos vitais do ponto vista económico e social de quem estava na ofensiva, justificando a preocupação e a condenação da administração central e dos governadores de ambas as partes da contenda, o General André de Albuquerque era uma excepção e o futuro herói do Cerco e Batalha das Linhas de Elvas, argumentava a importância dos assédios do ponto vista militar, quando as operações militares de grande envergadura já tinham iniciado com a batalha do Montijo em 1644, na sua opinião…” Quando das entradas senão outra utilidade que a de se exercitarem os soldados, fazendo-se práticos na guerra, era bastíssima para não se evitarem …. faltará aos soldados e muitos oficiais que então de novo na cavalaria, o exercício, e disciplina com que se ande fazer capazes para as ocasiões maiores ”. Contudo, estes bandos organizados não deixavam de usar a violência na sua passagem mesmo junto às populações nacionais, como podemos verificar na Carta dirigida pelo governador da praça de Elvas, Joanne Vasconcellos que em 1646, pede á Coroa que castigue …com todo o rigor os furtos e insultos que os soldados cometem nos lugares por onde passam….O certo é que a guerra de saque e pilhagem acabou por ser um meio de apropriação de gados fundamentais para as ofensivas de maior dimensão numa época em que a rivalidade e o apertado cerco das forças vizinhas não ofereciam uma prática de contrabando organizado como na época medieval em que o gado cavalar e as armas atravessavam a raia com normalidade possível para a época mesmo quando a contenda envolvia as duas nações ibéricas. [continua].