segunda-feira, maio 31, 2010

A universidad da Extremadura reforça o número de Cursos de Verão sobre Portugal


Uma vez mais, os Cursos da Universidad de Extremadura vão privilegiar Portugal na linha de Cursos de Verão de 2010. Nada menos de que três, destacando-se o curso “Documentación del Património Cultural Inmaterial en Extremadura y Portugal”. O curso que é dirigido pelo Profª. Doutora, Maria Isabel Martinez e reunirá um conjunto de especialistas na área da documentação histórica e patrimonial, assim como todos aqueles que têm como linha de investigação os temas de fronteira . Entre os vários especialistas, contam-se figuras como o Doutor, Chad Casty da Iowa Satate University e Westy Weaver da Satate University de Nova York.; “ O impacto social, e económico y cultural del Fútebol – La candidatura Ibérica”, dirigido pelo Prof.Doutor D.Miguel Cardenal Carro e “La cultura de España y Portugal en América en tiempo de Carlos V”, dirigido pelo Prof. Doutor Migual Angel Hernandez. Não deixa de ser importante esta aposta da Universidad da Extremadura numa época em que cada vez mais os projectos fronteiriços com reconhecimento e qualidade científica situa-se hoje todos a norte da Linha do Tejo.

quinta-feira, maio 27, 2010

5. Introdução - A política de obras públicas do Estado Moderno.

A cidade que cresceu e se desenvolveu durante a época Moderna ao contrário do que ocorreu na Europa da sua época, não se expande a partir de uma nova urbe. Ou seja, o espaço que acolhe os novos efectivos populacionais ainda se insere na cintura amuralhada medieval definida pelas 3ª e 4ª linhas de muralhas e tal situação não deve causar qualquer admiração na medida em que mais tarde o mesmo sucedeu com a muralha seiscentista que nos finais do séc. XIX, ainda integrava espaços vazios ou ocupados com hortas e pomares, ou seja ainda longe da sua capacidade efectiva. De resto a muralha da modernidade não se edificou por questões demográficas mas por razões belicistas determinadas pela tipologia que a artilharia determinava desde fins da Idade Média no Ocidente. Do ponto vista construtivo o ritmo das obras que marcam o devir das construções públicas na nova cidade, têm um cariz marcadamente urbano e civil. E algumas delas, são anteriores ao novo marco institucional e jurídico ou seja, ocorrem durante os últimos anos da vila raiana, o que não é nada de anormal bem pelo contrário, demonstra a estratégia da Coroa em criar um pólo de desenvolvimento económico nas proximidades de fronteira a exemplo do que ocorria em Espanha. Na verdade o monarca, D. Manuel, muito antes da promulgação do foral já teria recomendado à vereação do concelho de Elvas, para que fosse encontrado um terreno e que se fizesse o seu devido embelezamento, tratava-se de planificar a futura praça central. Entretanto, as primeiras obras do aqueduto das Amoreiras eram levantadas fora das muralhas nos últimos anos da notável época quatrocentista, numa período em que a população deslocava-se e crescia,  radicando-se nas urbes em expansão demográfica como era o caso da vila de Elvas. Se na verdade o crescimento da população em finais do séc. XV não justificava uma nova ordenação do espaço, o consumo e abastecimento de água parece ter sido uma prioridade da Coroa no âmbito de uma estratégia que era de elevar e promover a nova urbe no contexto regional, já que apenas a cidade Évora se mantinha como a única circunscrição urbana a Sul de Portugal. Mas não restam dúvidas também que o acto de edificar uma obra singular como um aqueduto, se inseria num plano de obras públicas que obedecia a uma requalificação e promoção da vila elvense. Senão vejamos, ao contrário do que afirma a história tradicional, o Poço árabe do Alcalá estava longe de estar esgotado, de resto a documentação nega essa realidade, já que o dito poço continua a ser utilizado ao longo dos séc. XVII e XVIII, e quando pela primeira vez correu água pelo aqueduto, o mesmo estava longe de por si só abastecer a cidade. Por outro lado, embora não haja uma referência exacta, ao mestre que projecta a linha construtiva do aqueduto, também não há dúvidas, considerando as fontes históricas que se trata de Francisco Arruda, já que o mestre que trabalha em Elvas nos primeiros anos do séc. XVI é o mestre das obras da baluarte do Restelo nada mais que a Torre de Belém e esse é Francisco Arruda. O que reforça a nossa tese que a elevação da cidade de Elvas é um projecto devidamente preparado e por isso mesmo são os mestres pedreiros de el-rei que se fixam na vila fronteira nas duas construções marco da época: o aqueduto das Amoreiras e a futura Catedral de Elvas, cuja estrutura construtiva inicial se insere na dinâmica construtiva do Gótico Final.

quinta-feira, maio 20, 2010

4.4.-Elvas Portuguesa: os estratos sociais marginais.

A existência de escravos libertos em meados do séc. XV nas regiões de fronteira era uma realidade devidamente comprovada pela documentação, mas à medida que avançamos para a modernidade o escravo de origem africana encontra-se perfeitamente registado, em documentos tão banais como os registos paroquiais. Mais de cinco centenas de escravos oriundos dos contactos com a Costa Ocidental Africana integravam a comunidade elvense e alguns deles não só adquiriram a sua liberdade como no séc. XVII  constituíram a chamada Irmandade dos Homens Pretos com o objecto da sua libertação. Mas considerando de novo os números com base nos livros paroquiais da Sé e do Salvador, ao longo do século XVI o número de escravos chega a um número excepcional de 3.700 efectivos e apenas duas centenas deles não terão atingido a categoria de homens livres. Alguns terão sido objecto de venda nos mercados de escravos da Extremadura Espanhola apesar de faltar provas documentais expressivas, ao contrário a concessão da sua liberdade é notícia mais frequentemente na análise de fontes, como é caso de Isabel Tinoca, solteira que concede ao seu escravo António, a sua liberdade, legando-lhe algum dinheiro e alguma roupa, o que não deixa de ser curioso numa época em que o escravo segundo as leis portuguesas estavam dependentes do seu senhor como de um bem móvel se tratasse (uma coisa), a designação de preto/a ou de homem baço/a acompanha, o nome e a profissão dos escravos liberos na comunidade local. Eram muitos os que estavam sob as ordens dos seus senhores, os fidalgos e a nobreza tradicional, eram sem dúvida os proprietários das centenas de escravos que asseguravam a maioria das tarefas domésticas, os velhos Pegados da época da reconquista, Afonso Eanes Nunes ou a família Gama, que há sua conta tinham quase três dezenas de escravos na sua casa aristocrática. Mas a questão da alforria dos escravos negros é uma questão que merece uma reflexão, qual o papel das Irmandades dos Homens Negros no libertação dos escravos? A resposta, estararia na sua capacidade de recolher doações em dinheiro ou bens com vista a essa intenção, todavia os seus estatutos estavam centrados na defesa dos escravos livres ou cativos e na organização e custo dos funerais dos irmãos mais pobres. O “chefe” da Irmandade era identificado pelo nome do “Rei Preto”, a sua sede estava situada na Igreja do Convento de S.Domingos e funcionou regularmente até ao séc. XVIII. Outro grupo social, os mouros que viviam na cidade de Elvas nos finais do séc .XVI, nada tinham a ver com aos da época da reconquista, uma parte dos mesmos encontraram nas terras da fronteira portuguesa um exílio forçado, para manterem as suas crenças religiosas face a perseguição e violência da inquisição espanhola. A sua presença em Elvas era tolerada e na antiga vila de Elvas em plena época medieval, havia mesmo um cemitério situado no adro da Igreja de S.Vicente , uma conquista dos procuradores de Elvas às Cortes de 1436 que pretendiam que as sepulturas das comunidades cristãos e mouras fossem devidamente separadas para evitar os desacatos que por vezes ocorriam junto do Convento de S. Domingos quando os cortejos fúnebres dos mouros se aproximavam dos aglomerados cristãos. Por outro lado, pelos registos de morada de alguns mouros de Elvas, a hipótese do desenvolvimento desta comunidade a partir das Portas de S. Vicente parece-nos bastante credível. Ao contrário da comunidade judaica que atingiu alguma notoriedade na transição para a época moderna ao ponto de terem reconhecimento nacional e regional, os mouros  estavam limitados à sua área comunitária e nem todos eram livres, como são exemplo os que prestavam serviço aos grandes da cidade era o caso, de João, baptizado em 1603 e que servia o Corregedor André Valente ou do escravo do senhor Bispo (?) que casou com a viúva da comunidade cristã, Maria Rodrigues. A comunidade cigana, essa era quase inexistente e os registos da sua existência, são relativos aos que eram baptizados e à sua participação nas festas da cidade em muitos especiais, havendo referencia às moças ciganas que dançaram na Praça, quando D.Maria filha de D. João III entrara na cidade quando se dirigia para Castela com o fim de casar com filho do Imperador Carlos V, o príncipe Filipe que em 1580 tornar-se-ia rei de Portugal.

domingo, maio 09, 2010

4.4 - Elvas Portuguesa: O terceiro-estado: - Os mercadores no topo da hierarquia das classes populares.


O terceiro estado constituiu na Época Moderna, a base social da estrutura da população elvense e que incluí todos os grupos sociais que não estão identificados com a Nobreza e Clero, numa palavra com a Aristocracia. Uma realidade comum de resto nas sociedades das europeias do Antigo Regime e que na cidade raiana era mais que evidente já que se tratava de um senhorio régio desde a sua fundação como povoação portuguesa. Uma parte considerável desta população elvense foi resultado directo das vagas migratórias geradas por várias motivações políticas mas sobretudo económicas no final da Idade Média.. Todavia há que distinguir nesses movimentos de população, alguns fidalgos, burgueses e mercadores, que circulando pelas áreas do império continuaram a ter como residência oficial a sua cidade natal e como tal não pertencem ao rol dos novos moradores. Era o caso dos Mesquitas Pimentel, que serviram as armas da Coroa no Norte de África, Pedro Mesquita Pimental fez parte da hoste de D. Sebastião e esteve preso nessa praça africana após a campanha de Alcácer Quibir, o mercador cristão – novo, António Fernandes, rico – burguês, registado no grande trato do comércio escravos na chamada rota triangular e que tornara o arquipélago de Cabo verde como sede para o seu tráfico negreiro, chegou inclusivamente a deter o monopólio desse comércio por alvará da Coroa . De resto desde meados do séc. XVI, a colónia elvense em Cabo Verde estava perfeitamente integrada na vida das elites locais, o elvense Fernando Mesquita exercia o cargo de governador do arquipélago e Simão Fernandes, padre elvense em  São Tiago,  era o “salvador” das almas cristãs. Aliás os interesses mercantis foram determinantes para a existência de um “punhado” de mercadores elvenses no comércio colonial, são várias dezenas com registo no negócio das explorações das estações mineiras de Angola, porém a documentação não é precisa entre aqueles que estão no trato do comércio e os que desenvolvem a sua actividade como trabalhadores braçais. Na Índia, a família de Manuel Gomes de Elvas, ainda antes de meados de Quinhentos já era reconhecida como um grupo de mercadores de longo trato a que estava associado um dos Pegado de Elvas, oriundo da fidalguia medieval desde os primeiros tempos da vila medieval. Convém relembrar que os Gomes de Elvas, durante o século XVII tinham já adquirido a sua titulação e durante a segunda metade do séc. XVII era já referidos pela documentação como a família Coronel. Em Elvas os tendeiros, eram os homens de negócio da cidade, a maior parte deles viviam do comércio local com base nos produtos locais de matriz agrícola, uma boa parte já tinham contactos de âmbito regional e um grupo mais restrito, estava envolvido com comércio local, como era o caso de Francisco Fernandes próspero comerciante local com uma mercearia, filho de uma castelhana e que na segunda metade do séc. XVI , 1559 é registado como mercador na Praça Comercial do Peru. De resto a presença mercantil de mercadores elvenses, nas praças mercantis do sul americanas é uma realidade que se estende e se regista nas colónias espanholas, o padre elvense Sebastião de Vaz que residia na cidade colombiana de Saragoça e que em pareceria com o local, Gracia Costa detinha a exploração de uma mina de ouro e prata, cuja mão-de-obra era assegurada por uma série de escravas negros. No âmbito do comércio transfronteiriço os mercadores da raia de Elvas e Campo Maior, desempenhavam um papel fundamental entre as principais praças do comércio ibérico, Lisboa e Madrid, como agentes comerciais, os Mesa e os Silveiras radicados em Elvas especializaram-se nas transacções de mercadorias agrícolas que eram colocados nos mercados da Extremadura mas especialmente no de Badajoz. Gaspar Rodrigues era então o mercador local com maior intervenção no comércio luso-espanhol. Cuja esposa Brites Álvares, herdeira da sua fortuna acabou por ampliá-la através da constituição de uma sociedade financeira familiar que ocorria aos principais mercados e feiras em território castelhano. Aliás esta prática era seguida por Diogo Álvares, cristão-novo que chegou a ser perseguido pela Inquisição e que negociava nos principais centros urbanos do reino vizinho, tal como Medina del Campo. Córdova, Ubeda, Málaga e Sevilha, produtos da Índia, nomeadamente roupa e especiarias como se lê na documentação, mas também a madeiras exóticas, como o pau do Brasil. Contudo, a família Penso que se radicara na cidade eram os especialista do grande comércio com o Brasil com residências em Lisboa e Badajoz. A importância do comércio local e a sua relação com o Império é indiscutível, especiarias e sedas da Índia, panos e metais preciosos, vendia-se com toda a normalidade nas tendas da cidade até meados do século XVIII. A venda de jóias, pratas, espadas e espingardas, denunciam a existência de uma clientela de burguesa e fidalga. O azeite e as cavalgaduras, contribuiu também para o enriquecimento de numerosos mercadores da Praça comercial elvense. A Rua das Portas de Évora e na continuidade da entrada principal para o centro do burgo elvense, a Rua da Feira eram as principais artérias da vida comercial e mesteiral da cidade, uma vez que a documentação refere a existência de várias tendas e oficinas em seu redor, numa época em que a cidade de Elvas era o principal praça comercial da raia nacional, posição que se manteve até a época liberal já na primeira centúria da época contemporânea. Por último, não podemos deixar de fazer referência aos elvenses, João Rodrigues Penha e a Frei Rui de Brito, cuja actividade bancária, trata-se de dois prestamistas que sob empréstimo de dinheiro a juros se impuseram na sociedade na modernidade como homens de fortuna. Em suma, se a fidalguia era escassa e dependente da coroa, a burguesia mercantil era um grupo em ascensão social pela capacidade de gerir os meios de transacção comercial que determinou a sua posição no topo do Terceiro Estado.

sábado, maio 08, 2010

A arqueologia em debate no Museu Romano de Mérida

O ciclo de Conferências “Ciudades romanas de Extremadura”, que se iniciou no passado mês de Abril (22) com a conferência “La ciudad romana de Capera (Cáparra) prossegue já na próxima semana com a 4º Conferência deste ciclo “Nertobriga Concordia ilulia: município romano da Bética (13 de Maio). Este acontecimento que tem sido marcado com a presença dos mais representativos arqueólogos e historiadores, que se dedicam a esta área de investigação ou que têm interesses de carácter transfronteiriço deverá ter o seu encerramento no próximo dia 27 de Maio, onde a temática estará centrada na famosa cidade de Émerita Augusta.

Descoberto um novo Van Gohg


Quase cem anos depois da sua morte em 1894, um coleccionador holandês, Dirk Hannema, que morreu recentemente, sem saber que possuía um raríssimo quadro de Van Gogh, O moinho “Le Blue-Fin”, pintado em Paris em 1886.  Os especialistas do Museu Van Gogh, depois da análise das linhas criadoras, nomeadamente da figuração, da temática e dos pigmentos da tinta, chegaram a conclusão que se trata de uma obra original e que será apresentada ao público pela primeira vez, no Museu de Fundatie, em Zwole.