terça-feira, março 31, 2009

Ruy de Andrade, O último Presidente da Câmara Monárquico

História Local /Época Contemporânea/Biografia : - Nascido em Génova no dia 1 de Junho de 1880, o Doutor Ruy de Andrade, foi de facto o último presidente da Câmara de Elvas antes do triunfo do regime republicano em 5 de Outubro de 1910. Destacou-se como académico, político e teórico nos estudos agronómicos cuja formação ao mais alto nível concretizou com a sua tese de doutoramento apresentada no âmbito das Ciências Agronómicas na Universidade de Paris e com o reconhecimento académico no âmbito dos seus trabalhos de investigação na mesma àrea recebeu o título de Doutor Honoria Causa pela Universidade de Madrid. [Alguns realizados em experiências pioneiras no processo de modernização da agricultura portuguesa na sua herdade de Fontalva (Barbacena)] Na vida política, destaca-se a sua participação na vida política local, regional e nacional. Assim a sua presidência pela Câmara de Elvas foi marcada pelos novos ventos que o país vivia, de facto a 9 de Janeiro de 1908 realiza-se o primeiro comício republicano em Elvas e Bernardino Machado, um dos vultos da História da I República em Portugal, afirmava que a república era a solução para Portugal e dois meses depois era comstituída a primeira Comissão Republicana Elvense que continuava a ser uma cidade agrícola e comercial e sem dúvida a mais dinâmica do Distrito de Portalegre. De realçar ainda que Ruy de Andrade mais conhecido pelo Conde de Barbacena, tal como os seus amigos Dr. João Pinto Bagulho e António Cidraes, liberais democráticos, que o desenvolvimento da instrução pública era fundamental para o progresso de Elvas. Todavia as dificuldades económicas atravessava uma vasta faixa da população rural em nítida expansão desde a última década de 1890 fruto da primeira campanha cerealífera promovida pela Monarquia Constitucional. Todavia durante os dois primeiros anos da experiência republicana, o Doutor Ruy de Andrade e o seu pai Alfredo de Andrade foram vítimas dos excessos revolucionários do novo regime, de facto a sua propriedade e os seus criados foram vítimas dos excessos gerados pelas greves rurais que ocorreram na primeira semana de Janeiro de 1911 em Santa Eulália e que levaram à ocupação de parte das suas terras e à queima de searas do referido Conde no Verão do mesmo ano. Esta adversidade entre o povo de Barbacena e o Conde só seria finalmente ultrapassada quase quatro anos depois durante a vigência de Pimenta de Castro. No plano regional, revelou-se quase sempre como próximo dos interesses governamentais, sendo deputado por Arronches durante a última fase da Monarquia quando aquela vila era identificada com os valores republicanos. Durante a fase inicial do Estado Novo foi uma personagem importante junto dos corredores governamentais no sentido de obtenção de melhorias locais para a cidade de Elvas e para a Vila de Campo Maior. No plano nacional de destacou-se no período político de 1921 e 1925, como dirigente da Causa Monárquica para tal reside algum tempo na capital, participando em actividades de conspiração contra a República e no Parlamento como deputado manteve a adversidade ao regime que acaba por aceitar após o triunfo da Ditadura Militar. Em Elvas, vive nas décadas de 40 e 50, período em que escreve e publica as suas obras de referência: "O Cavalo Andaluz (1937); "Garranos (1938)" , "Elementos para a História da Coudelaria de Alter, 1947-1959", entre outras pequenas publicações de matriz agrícola, disponíveis aos leitores interessados na Biblioteca Nacional de Lisboa. Faleceu em 20 de Dezembro de 1967, na capital este verdadeiro elvense de coração que apenas nasceu em Itália nos finais do século XIX. Postado por Arlindo Sena.

sábado, março 28, 2009

Os bandos nobiliárquicos na raia do Elvas e Olivença.

Hisória Local/Época Medieval :- A fronteira como espaço de passagem ao longo da sua história coincidiu com a prática do contrabando, todavia quando se analisa os processos organizados pelos alcaides de sacas da cidade de Elvas e da vila de Olivença, um aspecto desde logo se identifica, a prática do contrabando, mas com a originalidade de a mesma estar sob a organização e acção de uma aristocracia residente e até funcionalista em função dos cargos que detinham ao seviço da coroa. É neste contexto que se destacam os chamados "bandos nobiliárquicos", que tem como centro de operações a Vila de Olivença e a sua associação para práticas marginais centradas no contrabando de gados, mercadorias e armas. O roubo de gado (especialmente de cavalos) é de resto uma prática muito comum da aristocracia oliventina, que em fins do séc. XV associava alguns nobres da vila de Elvas. Assim e na última década do séc. XIV podemos identificar três bandos nobiliárquicos os Gama, os Lobo e os de Manuel de Melo, que segundo a documentação da Chancelaria de D. João II, (nomeadamente o Livro 12 - ANTT), regista cerca de 61 casos de práticas de marginalidade e violência, registadas judicialmente, sendo 55% dos actos praticados pelos Gama, 28% pelos Lobos e 17% pelo bando Manuel de Melo. De realçar também que vários casos relatos referem o confronto entre os diversos bandos em operações de marginalidade que se executaram em paralelo. Entre os fiugras da nobreza raiana destacamos, no grupo dos Gama: Bento Fernandez, castelhano morador em Alconchel, Cristovão Faleiro, escudeiro, Fernão Vaz, criado de Vasco da Gama, João Gama, escudeiro, João Gonçalves, cavaleiro da casa "del rei" . Nos Lobo: João Lobo, escudeiro, Fernão Zorro, acusado de tentar assinar D. Manuel de Melo, Lopo Esteves, cavaleiro del rei e acusado por um judeu de nome Belhamy do roubo de uma arca, com objectos no valor de quatro mil reis, Lourenço Galego, da nobreza Oliventina, vassalo do rei, exiliou-se em Castela após ter sido acusado de ferir o elvense Fernão Gil do grupo dos Melo. Nos Melo: Afonso Lourenço, escudeiro; João Castanho, escudeiro, João Lopes, natural de Oilvença mas viveu em diversos momentos no termo de Elvas, pertenceu aos três bandos em três momentos diferentes e foi acusado pelo alcaide de sacas de Olivença, para além dos crimes de roubo de dormir frequentemente com mulheres castelhanas, Lopo da Gama, criado de Manuel de Melo, rompeu com o seu grupo familiar mas acabou por ser alvo da justiça régia acusado de tentar eliminar Manuel de Melo, Lopo Lobio, outro elemento de um bando rival que se distinguiu como "operacional" na passagem de gado para Catelo . João Roiz Cabicalvo, cavaleiro e operacional de Manuel Melo foi detido em Castela, acusado de passar a raia com cerca de duzentos e cinquente carneiros. Em 1490 era um dos homens de confiança de Manuel de Melo. De realçar ainda que o parentesco familiar foi a base determinante para os conflitos gerados entre os três bandos e quase sempre provocado por Manuel de Melo, que era o alcaide de OLivença e pai do alcaide de Elvas, Rui de Melo, que não aceitando o controlo do alcaide sacas de Olivença e Terena, Vasco dda Gama, acabou por entrar em "guerra aberta" com a família Gama, a partir das pressões da Coroa feitas por Álvares de Moura que era seu cunhado. Assim em fins do século XV, os Gamas conseguem o apoio dos Lobos nestas "batalhas" familiares em que a Lei não fazia sentido para os bandos nobiliárquicos que estavam simplesmente à margem da lei. Apesar da violência gerada em terras de fronteira, perturbando a paz e o sossego no eixo Olivença, Elvas e Badajoz, o perdão acabou por beneficiar os sessenta e um componentes dos vários bandos por um perdão efectuado por carta régia por D. Manuel I, de 25 de Julho de 1501, que de resto se testemunha na sua 26º Linha quando se lê em "português medieval" : "Nos el Rey e princepe fazemos saber quantos este noso aluara vivera que quando concertamos amizades dos cavaleiros, escudeiros, lhes perdoamos todas as suas culpas comtamto que nom fosem causas de mortes, com a qual condiçom os fazemos amigos e lhe demos certo tempo pera das ditas causas virem tirar seus perdões". Postado por Arlindo Sena

quarta-feira, março 25, 2009

Os administradores do Concelho de Elvas ou o símbolo do Centralismo

História Local : - O triunfo do Liberalismo em Portugal não impediu a construção de um estado forte tal como foi o "Estado Absoluto", todavia criou nas várias cidades e vilas de Portugal formas de poder que de forma simultânea servia ao mesmo tempo os interesses do governo central e os interesses locais. Essa forma de intervenção manifestava-se através de uma autoridade administrativa que não era mais que o Administrador do concelho, cujas funções na prática era exercidas paralelamente com a liderança da câmara, entre as mesmas podemos citar: "executar as deliberações da câmara municipal; realizar as operações de registo civil; exercer funções de polícia e de manutenção deordem pública; realizar a superintendencia das escolas e assegurar o regulamento dos mancebos para o exército". A primeira eleição para o administrador de Elvas ocorreu em 25 de Setembro de 1835, depois de um complexo sistema eleitoral que elegeu o primeiro administrador Manuel Rodrigues Silvano por um período de dois anos, numa época em que a cidade Portalegre por influência do Partido Regenerador e depois Progressista procurava se afirmar como o primeiro centro político do Distrito situação que se concretiza durante o período de governo de Fontes Pereira de Melo e que justifica a sucessão de administradores oriundos da aristocracia portalegrense a partir de meados do século XIX. Assim o regresso dos elvenses na qualidade de administradores do concelho ocorre já no século XX, quando o municipalismo proposto pelo Partido Republicano Português e depois Partido Democrático, favorece a eleição dos naturais de cada localidade entre os quais José Barroso Dias, homem ligado à banca, primeiro à Companhia de Crédito Predial Português e ao Banco Luso Espanho, por duas vezes nomeado para o cargo de administrador do concelho nos períodos de 1917-1919 e 1920-1922. No período republicano, desempenharam este cargo de natureza centralista e ao serviço do Poder Central durante a Primeira República uma autêntica dinastia de elvenses de referência o aristocrata Júlio Botelho de Alcântara (1911) , o advogado Raul Carlos da Silva Rebelo (1915-1917), o capitão José Jacome de Santana da Silva (1919) o capitão João Miguel Simões (1922), o único elvense natural de uma vila rural que ocupou um lugar de referência durante a Primeira República e o irmão do Dr. João Camoesas, Ministro da República, Augusto Camoesas o último administrador entre 1924-1926. Postado por Arlindo Sena.

sábado, março 21, 2009

O Comendador da Ordem de Avis, Miguel Santos

História Local - Biografia - Miguel Francisco da Conceição Santos, Nasceu na freguesia de Assunção, em 16 de Maio de 1884, numa família de poucos recursos, destacando-se como militar e político. Como militar o seu percurso foi de facto brilhante, começando como voluntário no Regimento de Caçadores nº4, em 30 de Julho de 1900, a partir de então obteve as seguintes patentes militares: Alferes (1907) ; Tenente (1911); Capitão (1916) ; Major (1928) ; Coronel (1940) e Brigadeiro (1943) . Com funções de comando foi destacado a 22 de Maio de 1915 para a 7ª Companhia de Circunscrição Sul, da Guarda Fiscal e nesse âmbito iniciou a chefia da secção de Elvas, uma semana antes tinha participado na revolta contra Pimenta de Castro. Esta passagem pela sua terra natal seria marcada pelo gosto pela actividade política, filiando-se no partido democrático elvense e iniciando a sua colaboração no semanário local a Fronteira. Quase um ano depois era uma das figuras de referência do Partido Republicano Democrático de Elvas, sendo orador principal na sessão de inauguração do retrato de Afonso Costa na sede local. Em 1919, estava de regresso a Lisboa e em Maio participa nas operações militares contra os resistentes monárquicos da "Monarquia da Norte". Com o regresso do País à normalidade foi nomeado Comissário Geral dos Abstecimentos (1919-1923) e uma vez mais não se esqueceu dos elvenses, não hesitando prestar ajuda ao seu amigo republicano Dr. Raul Rebelo e Provedor da Misericórdia de Elvas, com um vagão de açucar. Em 1926 desempenha o último cargo de nomeação política o de adjunto da Secretaria da Presidência da República, porém deixaria em definitivo os corredores da intriga política, voltando aos quartéis. Em 1933 como resultado dos serviços prestados à Pátria foi condecorado pelo Estado Novo com a comenda da Ordem Militar de Avis e em 1939 na patente de Coronel obteve o comando militar da Cidade de Beja. Aos 56 anos e ainda antes de atingir o topo da sua carreira militar como Brigadeiro, inicia uma nova etapa o de professor nos cursos de promoção a Major e Coronel. Fica aqui mais uma referência para os grandes de Elvas. Postado Arlindo Sena


Dia mundial da Poesia






- NOVO DIA:

continuação da memória esfacelada.

- NOVO DIA:

Em gritos, há o pó

de uma Cidade

- NOVO DIA:

Os dias sepultam-nos

sem rótulos no fundo

- NOVO DIA:

Ao menos morria-se

melhor, sabendo ...

João Travanca Rego (Poeta elvense - Séc.XX)/Publicação Póstuma

sexta-feira, março 13, 2009

Vida rural 1920 - Santa Eulália - Documento iconográfico


A Escultura do Renascimento

Miguel Ângelo, Pietá do Vaticano, 1498-1501,174 cm de altura.

Leitura Formativa - 10º Ano de escolaridade /História e Cultura das Artes - Os escultores do Renascimento Italiano manifestam nas suas criações artísticas uma notável influência das obras da Antiguidade Clássica ( Grécia e Roma). As suas obras, revelam a sua preocupação com a figura humana, principalmente masculina. O estudo da anatomia, do nú e das proporções são outros elementos que revelam preocupação dos escultores, no tratamento do equilíbrio, do movimento e do realismo. O retrato equestre é outra forma de representação recuperada da época greco-latina. Dos grandes escultores do renascimento italiano, destacam-se os mestres quinhentistas Lorenzo Ghiberti e Donatello, o primeiro realizou uma obra notável onde a mestria da arte do relevo atingiu a máxima expressão artística, nas portas do baptistério de Florença onde as cenas do Antigo e Novo Testamento que esculpiu e que expressam com exactidão a profundidade e os ambientes arquitectónicos e paisagísticos. As obras de Donatello demonstram o gosto e o interesse do escultor florentino pela anatomia e piscologias humanas. Porém para a maioria dos historiadores da arte, identificam Miguel Ângelo como provavelmente o artista mais completo do Renascimento em parceria com Leonardo da Vinci. Nas suas obras destaca-se a obsessão pela anatomia, o estudo da roupagem, do movimento da composição, à expressão das emoções e à perfeição das formas, as suas esculturas aproximam-se da excelência, sendo frequentemente inacabadas devido à impossibilidade de conseguir executar o que considerava ser a expressão da máxima arte. O expressionismo, o exagero da composição e a monumentalidade percorre os suas últimos criações já de matriz maneirista. Postado Arlindo Sena.

quinta-feira, março 12, 2009

O Surrealismo



Salvador Dali, Construção Mole com Feijões cozidos, Óleo sobre tela, 51 x78 cm (1935)


Síntese Formativa (12º Ano de escolaridade/História e Cultura das Artes ) - Os pintores surrealistas do ponto vista artístico, procuraram expressar nas suas obras, o mundo dos sonhos e do inconsciente, libertos do controlo da razão. O resultado prático, identifica-se com uma pintura onírica muito pessoal e afastada da realidade, em que os diversos objectos e elementos representados adquirem uma dimensão subjectiva e se identificam com um mundo irreal e imaginário. De resto, o grande objectivo dos surrealistas foi marcado pela vontade de ruptura com os parâmetros burgueses que se exprimia na produção de obras de arte com uma dimensão geralmente provocadora. Os principais surrealistas foram sem margens para dúvidas Marx Ernest, Joan Miró e Salvador Dali . Postado por Arlindo Sena

domingo, março 08, 2009

Cronologia da aquisição do direito de voto pelas mulheres




Dia - Internacional da MULHER - Em 1894, o Correio Elvense alguns meses após a aprovação do direito de voto das mulheres da Nova Zelândia, dava a seguinte notícia:


" As mulheres das colónias não desistam de trabalhar pela sua emancipação como é sabido por toda a gente. As da Nova Zelândia obtiveram o direito de voto e uma foi eleita "maire" da sua aldeia. Isto não lhes basta.Pretendem ocupar cadeiras no parlamento e chegar a funções reservadas até agora aos homens. Mas pensamos que as condições da sua existência devem ser modificadas num futuro mais ou menos próximo e por isso é racional modificar desde já a maneira de se vestir " (acrescentava o nosso antepassado cronista dos periódico elvenses).
O principal objectivo do movimento feminista sufragista, o direito de voto durou quase três décadas a ser aceite um pouco por todo o mundo e percorreu quase dois terços do século passdo para ser admitido nas nações mais avançadas em matéria de civilização e progresso , eis os marcos cronlógicos da conquista pelo direito do exercício de voto:


1893 - Nova Zelândia ; 1903 - Austália ; 1906 -Findelândia; 1913 -Noruega; 1915 -Dinamarca, 1917 -Holanda e Rússia, 1918 -Alemanha, Áustria e Inglaterra, 1919 - Suécia e Polónia ; 1920 - Estados Unidos; 1931 - Portugal e Epanha; 1934 - Brasil; 1940 - Turquia ; 1944 - França ;1945 - Japão ; 1949 -China e 1971 -Suiça. No caso português apenas tinham direito de voto a mulheres com cursos secundários e supeiores. Só em 1969 as mulheres puderam votar em pé de igualdae com os homens. Não esqucer também que este direito está longe de ser uma conquista para uma parte significativa da população feminina da nossa Aldeia Global. (Postado pr Arlindo Sena).












"Declaração dos Direitos da Mulher - Documento iconográfico

sábado, março 07, 2009

O papel da Mulher elvense na História Contemporânea.

História Local : A história de Elvas como a história de Portugal e do Ocidente é marcada pela ausência das mulheres como figuras condutoras da história, não tanto pela ausência mas pela negação do seu testemunho como protagonistas do tempo para além do seu papel na maternidade e na história da Igreja. Todavia a era das revoluções liberais que abalaram o mundo e deram uma nova periodização da memória, o período contemporâneo tornou possível distinguir o papel da mulher elvense e a sua participação no registo histórico. Desde finais do século XIX, que alguns nomes estão associados à presença da vida pública, na imprensa oitocentista, onde escrever numa folha periódica era sinal de cultura e distinção, nomes como Leonilde Rosado e Margarida Sequeira, marcam essa primeira etapa da mulher nos espaços de referência masculinos, numa época em que a noção de mulher era vista como alguém que estava na retaguarda do seio familiar, a expressão "Imperatriz da cozinha" ou "factor de atracção do homem para o seio familiar" encontramos em várias reflexões de alguns intelectuais do primeiro jornalismo em Elvas. As primeiras noções estéticas são motivo de reflexão nas folhas de Elvas





Em meados do século as noções de beleza eram variadas, em 1863 a mulher era assim apresentada:








Três coisas negras: Os olhos, os cabelos e as sobrancelas.




Três coisas rosadas: O beiço, as faces e as unhas.




Três coisas cumpridas: O talhe do corpo, o cabelo e as mãos.




Três coisas largas: O peito, a testa e o intervalo das sobrancelas.




Três coisas estreitas: A boca e a cintura




Três Coisas pequenas: A língua, o seio, a cabeça e o nariz








Na transição para o século vinte, os elvenses obervavam as mulheres e a sua beleza de acordo com a faixa etária:








1 a 10 anos é o beija flor.




10 a 15 anos é o rouxinol.




20 a 25 anos a rôla




30 a 40 anos é a gralha




40 a 50 anos é a coruja




60 anos em diante, nem é ave, nem mulher, nem coisa alguma.








Era também um tempo em que as primeiras mulheres surgiam envolvidas nas primeiras actividades de promoção da acção social e educação, embora identificadas pelo nome do respectivo marido, como era o caso das mulheres dos senhores Visconde de Alcântara, Dr. João Pinto Bagulho em Vila Boim ou Picão Fernandes em Santa Eulália, para citar como exemplo. No final do século com intervenção política e inseridas no movimento feminino e na defesa dos direitos das mulheres destacaram-se elvenses, como as médicas Adelaide Cabete e Maria Conceição Brazão. A República, abriu o espaço público que o Estado Novo, viria encerrar, o lar e a matriz educacional tornou-se o círculo fechado para as mulheres, destacando-se contudo pela sua humanidade, várias senhoras dos lavradores de Elvas com algumas acções de solidariedade com os pobres. A maternidade premiava algumas das classes populares, pelos seus numerosos filhos, com vários galardões pelo Estado Novo. No final dos anos 50, surgiam as primeiras licenciadas entre as quais Maria Céu Dentinho que em 1955 na dissertação da licenciatura em Ciências Históricas apresentava um trabalho sobre Elvas, que daria lugar a uma Monografia publicada em 1989, fora já do contexto da historiografia dos anos 60 e 70. Porém e apesar do seu cunho positivista e da estrutura pouco académica que o tempo penalizou, não pode deixar de ser observada como a obra mais importante publicada sobre Elvas por uma Elvense. No tempo de poucos, merece o devido reconhecimento público, a Srª Dona Maia Laura Santana Marques, que partilhou com o Prof. Doutor OLiveira Salazar, os segredos dos corredores do poder, oriunda de uma das famílias mais ricas e de projecção nacional os Mata Coronel. O chamado período "marcelista" favoreceu, a ascensão da mulher que timidamente chegou ao funcionalismo público, quando as filhas das classes médias procuravam a alternativa à telefonista que era o sonho de quem não estudava para além dos estudos comerciais, a professora primária era assim a alternativa ao Curso Superior que se torna um patamar atingível à maioria dos elvenses em finais daa década de 1980. Até ao fim do século algumas atingem o topo da vida académica, como por exemplo a Prof. Doutora Maria Lourdes Cidrais, que defende a sua tese de doutoramente em 1999 e é hoje uma das referências nacionais do estudo do imaginário cultural português. Das novas gerações destacam-se em Elvas e no País, várias mulheres que se afirmaram no âmbito da Saúde Pública, da Medicina, do Direito e na Educação. Postado Arlindo Sena




Por caminhos das Beiras



Visita de Estudo : - No âmbito da formação específica da Àrea das Artes um grupo de alunos da nossa Escola Secundária de Elvas, rumou a terras do município da de Idanha-a-Nova, centrando a sua actividade de aprender a Ver e a Interpretar nas povoações de Monsanto e de Idanha -a -Velha. Da montanha e do imaginário do castelo medieval passando pela matriz de uma das aldeias mais altas da região Centro, Monsanto seguimos em direcção a Idanha-a-Velha, uma das mais significativas Aldeias Históricas de Portugal. Esta aldeia datada do século I aC., possui no seu conjunto monumental vários espaços arquitectónicos de interesse histórico, como é o caso da Capela de S. Sebastião de planta rectangular, fachada centrada por porta com arco de volta inteira, provavelmente do séc. XVII. Todavia a nossa visita iniciou-se com a entrada pela Porta Norte, restaurada em 2002, levou-nos à rua da Palma na qual se destaca a imponente Casa Agrícola da família Marrocos, conhecida pela Casa Grande que sendo uma edificação de meados do séc. XX se encontra em estado de abandono e provavelmente de degradação e que nos levou na continuidade do nosso encontro com o passado, à Igreja de Santa Maria , antiga igreja matriz, construída em cantaria e alvaria e que denuncia várias intervenções relativas ao seu plano construtivo inicial. O espaço de culto desenvolve-se em forma de salão e dividido em três naves a central mais larga e elevada relativamente às colaterais. Os arcos em ferradura são outra originalidade deste templo reformado pelos Templários durante o século XIII. Seguindo em direcção ao portal Sul e após uma curta e rápida caminhada descobrimos a ponte romana que se encontrava no eixo viário entre Emérita Augusta (Mérida) e Bracara Augusta (Braga) , de volta ao percurso da forma ovalada da linha de muralha, chegamos ao ponto final da visita que terminou junto da Capela do Espírito Santo, que apresenta uma nave única e uma fachada de alvenaria de granito aparelhado, na qual se destaca uma porta encimada por baixos-relevos: uma vieira e uma pomba sobre taça. Foram sem dúvida os pontos essenciais dos 745 metros que limitam a antiga Egitânia. Postado por Arlindo Sena.

segunda-feira, março 02, 2009

Os moinhos na rota do Guadiana - Documento iconográfico


Portugal e o Futuro, 30 anos depois...

t História Portugal/ Leitura formativa - 12º ano de escolaridade - Há trinta e cinco anos chegava às livrarias nacionais o Portugal e o Futuro, editado nos últimas dias de Fevereiro do ano de 1974, quando a questão da guerra colonial era motivo de debate na elite política militar, onde se distinguiam os defensores da continuidade da guerra nos três teatros de guerra, Angola, Moçambique e Guiné. E a nova geração, de oficiais militares que consideravam que a questão da guerra devia passar por uma solução imediata. Foi neste contexto, que se editou e publicou , o "Portugal e o Futuro" do General António de Spínola que não era mais que um ensaio crítico sobre a Guerra Colonial e o Regime, da obra citamos a seguinte passagem de matriz federalista: "Contamo-nos entre o número daqueles que propugnam a essência do Ultramar como requisito da nossa sobrevivência como Nação livre e independente. Sem os territórios africanos, o País ficará reduzido a um canto sem expressão numa Europa que se agiganta, e sem trunfos potenciais para jogar em favor do seu valimento no concerto das Nações, acabando por ter uma existência meramente formal num quadro político em que a sua real independência ficará de todo comprometida. (...). Mas não é pela força, nem pela proclamação unilateral de uma verdade, que conseguiremos conversar portugueses os nossos territórios ultramarinos. Por essa via, apenas caminharemos para a desintegração de todo nacional pela amputação violenta e sucessiva das suas parcelas, sem que dessas ruínas algo resulte sobre que construir o futuro". (...) Haveremos de continuar em África. Sim! Mas não pela força das armas, nem pela sujeição dos africanos, nem pela sustenção de mitos contra os quais o mundo se encarniça. Haveremos de continuar em África. Sim! Mas pela clara visão dos problemas no quadro de uma solução portuguesa. (...) Temos plena consciência dos riscos que se correm na linha política preconizada, baseada na abertura, na liberalização, na segurança cívica, na africanização, na autonomia dos territórios ultramarinos e no respeito pelo direito dos povos a disporem de si mesmo, única via de solução para os problemas nacionais, mas temos igualmente plena consciência dos riscos bem mais graves que envolve a sua ignorância ou a sua negação. Seis meses depois com o movimento militar de 25 de Abril de 1974, a soluçâo seria descolonizar depressa e em força num dos processos mais dramáticos da história portuguesa dos grandes movimentos colectivos, hoje a nossa vocação centra-se na integração na Europa e na cooperação com os estados africanos antigos colónias portuguesas. Postado por Arlindo Sena.