segunda-feira, setembro 26, 2011

9.1.O princípio do fim da I República ... e a afirmação da ordem e da autoridade.

António Sardinha com os exilados monárquicos atentos às contradições republicanas
(foto de Ana Isabel Sardinha, arquivo FAS) 

D.Laura Santana Marques figura da facção católica liderada pelo seu esposo
(foto de Felícia Cabrita, arquivo de família)

Da casa do Governador conspirou-se contra a I República

As figuras do novo governo saído do 28 de Maio de 1926
(Portugal séc.XX -1920-1930, A Tropa,p.201)

As guerras regionais e locais, fora e dentro do Partido Democrático alimentavam as aspirações das figuras mais ambiciosas e as cisões atingiam o auge quando os adeptos do reforço dos poder executivo, ganhava peso em todo o distrito. O duelo entre republicanos, conservadores, integralistas e nacionalistas, era evidente no círculo nº33 (Elvas) e as eleições de 1921 eram as primeiras após a queda do sidonismo. As forças monárquicas desde 1919, tinham ganho alguma notoriedade no distrito e no concelho e pela primeira vez, a defesa dos valores tradicionais era representado por algumas personalidades locais, com algum prestígio nomeadamente o Doutor Ruy de Andrade e o Dr. Santana Marques. O primeiro, um aristocrata de sangue, doutorado pela Universidade de Pisa e um reputado especialista em questões de agronomia com obra publicado. Mais, modesto o licenciado Santana Marques, representava o movimento católico, mas a sua esposa era uma personagem, oriunda de aristocracia da Beira e curiosamente descendente da família Mata Coronel de Elvas, de origem judaica e com ligações próximas a futuras figuras de Estado, como era o caso do Doutor Oliveira Salazar. A recuperação eleitoral das forças monárquicas foi evidente,  no acto eleitoral, mas as denúncias de fraude pela opinião pública era evidentes e os republicanos, junto da imprensa local denunciavam: “Foram descarregados nos quatro cadernos eleitorais, dois para os vereadores e dois para procuradores à Junta Geral, os seguintes cidadãos: -José Joaquim Pinto Cordeiro em parte incerta; - António Joaquim da Silva Rente, estava no Monte da Marinela do Meio; António Rodrigues, estava nas proximidades; Francisco Sabino, cocheiro da Colónia de Vila Fernando, que estava em Estremoz e José Barriga Negra, antigo empregado da Colónia de Vila Fernando, donde saiu há um ano, e habitualmente reside em Borba”. Mas, a verdade era só uma, quer monárquicos, quer republicanos, todos conspiravam de igual forma na procura do voto popular e era de resto, uma situação vigente em todo o Distrito. Os republicanos tinham a vantagem de controlar as comissões municipais e os recenseamentos das freguesias e a fraude típica na região era a exclusão dos cidadãos legalmente inscritos, uma prática herdade da monarquia constitucional. Na vida partidária, o Partido Democrático - PRP, estava já em desagregação um pouco por todo o distrito ao contrário do que se observava a nível nacional e o médico monárquico, João Henriques Tierno da Silva, apresentava-se nas eleições ao Senado em 1926, há esquerda do P.R.P., impensável, quinze anos antes, mas era uma esquerda muito particular (?...) pois reunia em seu torno os grandes lavradores de Elvas que não tinha na sua origem recente, o trajecto da ascensão dos “rendeiros” , O Rebelde noticiava este apoios da seguinte forma: “O sr. Dr. João Henriques Tierno nas próximas eleições vai propor-se a senador pela esquerda democrática. Consta-nos que o acompanham na nova política os senhores Estevão Falé, M.Vasconcellos, José Joaquim Vasconcellos, Tello Rasquilha, Alfredo Carvalho e D.Gonçalves Telles da Silva”. Em Elvas a debandada do Partido Republicano era geral e algumas figuras que tinham militado nas lojas maçónicas também estavam em retirada, abraçando as causas do nacionalismo que sopravam gradualmente em todo o Ocidente. Júlio Alcântara Botelho, tornara-se sidonista e era o rosto do Partido Republicano Liberal, na companhia de José Augusto Cayola que também tinha pertencido à primeira comissão republicana da cidade. José Dias Barroso, era outro reforço nas hostes liberais mas antes já era o principal apoiante do Sidonismo. Entre os militares, o Coronel António Augusto Namorado Aguiar, era o rosto do descontentamento que levava os caminhos da República, mas só voltava a política activa já durante o Estado Novo onde chegaria a Ministro da Guerra (1930-1931). O tempo corria contra a I República, o candidato do Partido do Partido Democrático-P.R.P., por Elvas, era recrutado fora do círculo elvense, tratava-se do grande proprietário agrícola de Avis, António Pais da Silva Marques que conseguiria o pior resultado de sempre do P.R.P. na cidade raiana, a folha da oposição republicana elvense o Rebelde sobre os actos eleitorais de 1923 e 1925, fazia o seguinte juízo de valor: “As eleições essa comédia grotesca que o povo está junto já lá vai tempo e a nossa prometida ainda não chegou. Quando é que estes políticos nos deixam em paz”. Vivia-se numa época em que nos periódicos nacionais mas em especial nos do distrito se pedia, “autoridade e ordem”, quinze anos e quarenta e cinco governos, dera cabo da I República e o movimento militar de 28 de Maio de 1926, chefiado pelo Marechal da Costa era o golpe final na aventura republicana, no entanto como defende o Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, o 28 Maio na sua essência não era contra a República …”Torna-se errado defender que o 28 de Maio se fez contra a República, quando o espírito do movimento tomou como alvo principal a supremacia eleitoral democrática”, mas o insuspeito Doutor Agostinho da Silva o maior filósofo português do séc. XX diria pouco nas suas memórias (Dispersos): “A 1ª República, para mim, era uma coisa esquisita que não ia levar a sítio nenhum. Mais: estou convencido de uma coisa , segundo o qual, se não tivesse havido ditadura, provavelmente Portugal tinha acabado naquele momento, aí por 1925-1926. Era uma confusão, ninguém se entendia, não parecia existir uma saída de espécie alguma”. Chegava ao fim uma época da História da República, onde Elvas também desempenhou um papel activo, na conspiração militar de 28 de Maio de 1926, ….mais tarde o elvense, General Passos e Sousa daria o seguinte testemunho a um dos mais prestigiados historiadores de história contemporânea de Espanha, o Doutor Jesus Pabón, que recolheu o segundo testemunho: “En el fuerte da Graça y durante el tiempo en que fui governador, se lanzaram las bases de um movimiento militar de gran envergadura ( o 28 de Maio), en el cual tomariam parte todas las guarniciones del País, que en un momento dado, se sublevarían y marcharían com la mayor rapidez sobre Lisboa.       

sexta-feira, setembro 23, 2011

Termas de Caracala

domingo, setembro 18, 2011

9.1. António Sardinha e a "Causa Monárquica"

A morte de Sidónio Pais culminou com uma tentiva efémera de implantar a Monarquia.
(Folha volante entregue no funeral de Sidónio Pais)

Portal da Quinta do Bispo - local de encontro de algumas figuras integralistas
(foto de Raul Ladeira)


Correspondência de António Sardinha no período da Monarquia do Norte
(in arquivo FAS) 

António Sardinha, Alberto Monsaraz e Luís Almeida Braga três vultos do integralismo no exílio em Espanha ( in arquivo FAS)

A turbulência marcava a vida política portuguesa e o Dr. António Sardinha, tornava-se cada vez mais uma figura proeminente, na vida política nacional apoiante incondicional do Prof. Major Sidónio Pais, continuava longe do pensamento republicano que tinha marcado os seus primeiros passos na vida política. Todavia, era uma figura com uma visão realística do seu tempo e com uma capacidade de previsão política indiscutível face ao clima de conspiração que se vivia, então escrevia nos seus apontamentos: “ Não tenhamos ilusões, nem esquecimentos; a situação do Sr. Sidónio Pais não é eterna e, quando findar, ou regressa Afonso Costa ou termos a Monarquia”. A verdade é que a República Nova fundada pelo Major Doutor Sidónio Pais se assemelhava mais a uma monarquia do que uma república, que apenas existia em termos teóricos, tal era o protagonismo de Sidónio Pais. De resto, por todo o País, nas cidades e vilas, os apoios ao Chefe de Estado eram tão evidentes que dava a impressão de que não havia monárquicos e republicanos, católicos ou ateus, mas exclusivamente, defensores de uma realidade única. Em Elvas aclamação ao chamado “Presidente-Rei” foi notável, uma multidão ocupou em toda a sua extensão da Praça da República e perante os republicanos e monárquicos locais, acompanhado do Dr. António Sardinha diria “Não sirvo apenas para ser o guarda temporário do País, mas sê-lo-ei por tempo ilimitado, como presidente enquanto o Parlamento o marcar e como Português até à morte». A afirmação do Sidonismo, em terras do Alentejo tal como um pouco por todo o território nacional, tornou-se uma realidade inquestionável e mais evidente nas zonas mais empobrecidas, para tal contribui, a medida popular que foi sem dúvia a “sopa dos pobres” e os apoios incondicionais de certos sectores da Igreja, contribuiram para a  consolidação do seu carisma e do seu poder quase absoluto, interrompido brutalmente pelo atentado atribuído à Maçonaria na pessoa do algarvio José Júlio Costa na estação ferroviária do Rossio a 14 de Dezembro de 1918. Estava assim interrompida a primeira experiência de carácter nacionalista na Europa Ocidental, que tinha de certo modo favorecido de forma eficaz e apreciável, os interesses monárquicos que tinham ganho protagonismo sobretudo nas regiões do norte de Portugal. Sobre esta questão, escreveu Oliveira Marques “ Já antes da morte de Sidónio o controle da situação em diversas partes do País. Tinham-se criado Juntas Militares no Norte e sul, com o pretexto de defender Portugal da “subversão” e de apoiar o Presidente contra os seus inimigos mas, na realidade, com o propósito de proclamar a Monarquia, mais cedo e mais tarde”. As conversações entre os monárquicos para mudança de sistema política, ocorreram ao longo do ano de 1918, muitas das quais no norte de Portugal ou em Elvas na Quinta do Bispo, onde vivia o ideólogo do integralismo lusitano, de tal forma que no final do ano militares, monárquicos e conservadores esperavam o melhor momento para conspirarem.  E assim aconteceu quando o Coronel Paiva Couceiro, aceitando a tarefa de comando das hostes revoltosas, desfilou no Monte do Pardal (Porto) em 19 de Janeiro de 1919, fazendo hastear a bandeira azul e branca, seguindo-se uma proclamação pública em nome dos valores tradicionais face às ameaças que ponham em causa a integridade da Pátria. Pouco depois era constituída a Junta Provincial, proclamando-se a vigência dos símbolos próprias da monarquia tradicional e suspenso o corpus jurídico que estava em vigor após a implantação do regime republicano em 5 de Outubro de 1910.  Mas, a proclamação da restauração da monarquia, limitava-se às regiões Entre Douro e Minho, Trás-os-Montes e Beira Alta, nascia a Monarquia do Norte e o país, estava profundamente dividido entre norte e sul ou melhor entre monárquicos e republicanos. Na cidade de Elvas, nos últimos meses,  local de conspiração para alguns integralista, a sua população mantinha-se fiel à causa republicana, o Governador Militar da Praça de Elvas sem rodeios telegrafava ao Governador Civil de Portalegre: “Esta Praça é toda republicana com pequenas excepções e deste modo posso afirmar categoricamente a V.Exa. que tanto a guarnição militar como a população civil reprovam e condenam o infame movimento monárquico a norte”. Na mesma carta, o comando da guarnição de Elvas dava a conhecer que tinha quase 1.000 homens, disponíveis para defender a República e o Governador do Forte da Graça informava as autoridades republicanas que era : “…desesperada a ansiedade dos presos políticos do Forte da Graça para irem combater o traiçoeiro movimento monárquico”. No cerco no Monsanto, os monárquicos sem meios militares e económicos, rendiam-se  e a fronteira do Caia tornava-se um espaço de partido para o exílio dos monárquicos, um periódico de Elvas de 9 de Fevereiro de 1939 noticiava que: “Estão em Badajoz vários cabecilhas realistas, entre eles o germanófilo António Sardinha  ….. e acrescentava….conhecidos monárquicos desta cidade vão ali conferenciar com eles". As notícias corriam independentemente dos factos e geravam-se os boatos, um funcionário superior de alfândega de Elvas admitia que tinha falado com António Sardinha que lhe dissera que o plano dos monárquicos era fomentar distúrbios e desordens em todo o País, especialmente a sul, de modo a criar embaraços à República. Mas do norte de Espanha na mesma semana o poeta de Monforte dirigia-se à sua esposa do seguinte modo: “ Minha pobre e querida mulherzinha: Calculo o teu sofrimento! Calculo a tua agonia ….Encontro-me em  Vigo de passagem e, apesar de tudo o que terás visto nos jornais, a saúde não me falta, nem alegria. Os negócios não correm mal e espero-te ver-te bem depressa…”  . Entretanto o tempo era de consagração para os republicanos e em suas memórias no pós Monarquia do Norte, José Relvas registaria:”A República tem o caminho livre para recuperar muito do que tem perdido nos últimos anos. A Monarquia fez a sua decisiva experiência e estará a esta hora bem convencida da inutilidade da sua acção.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Notas sobre a Escultura Grega

A escultua grega vingou com a Polis (Acrópele)

 Permenor dos grupos escultóricos no frontão do Pártenon

Kouros:  mármore - 540 aC / 1.94m in Museu Nacional de Atenas 

Poseidon -Séc.V - bronze in Museu Nacional de Atenas

Afrodite: mármore  - 100 aC - 1. 32m - in Museu Nacional de Atenas

A maior parte da escultura grega perdeu-se através dos tempos e para sempre. Segundo, Andrew Stwart, “O triunfo do cristianismo, a queda de Roma em 410 d.C. e a iconoclastia bizantina eliminaram os elementos da arte mais ofensivos para muitos”. Todavia, algumas esculturas, verdadeiros tesouros em ouro, prata e marfim, foram simplesmente recicladas e transformadas em armas e outro tipo de instrumentos. Por outro lado, as de mármore foram objecto de utilização para pedras tumulares. Assim, o primeiro momento de preservação da estatuária grega ocorre durante o Renascimento quando as escavações feitas dentro e fora de Roma, que permitiram a criação das primeiras colecções de antiguidades. A escultura grega foi uma criação da polis (cidade de estado) e manteve-se para além do reinado de Alexandre Magno e ultrapassou mesmo os limites do território grego. O legado da escultura grega perde-se no tempo, na dimensão, no material e na temática. Mas se as estatuetas, utilizadas na prática de rituais nos séculos XII e XI aC., marcam o gosto pela estatuária, a escultura monumental teve início nos séculos VIII e VIII aC, quando a polis se consolidou definitivamente. Deste último período destaca-se essa obra ímpar o Pártenon. Dos seus frontões com cerca de 30 metros de largura, mostrando o nascimento de Atena e a sua instalação em Atenas, até à sua estátua de 12 metros esculpida por Fídias e colocada na sala principal de culto (um colosso de madeira coberto de ouro e marfim). As primeiras estátuas funerárias e votivas de mármore, as chamadas de Kouroi e kouros começaram a ser produzidas por volta de 625 aC., e os relevos votivos e as pedras tumulares em mármore duas gerações mais tarde. Os retratos em bronze foram outro tipo de escultura muito apreciada a partir do séc. IV aC., que prestavam homenagem a generais e políticos e que a breve trecho favoreceu o seu desenvolvimento através da sua encomenda pelas elites das polis gregas. Esta prática manteve-se no tempo de Alexandre Magno, quando os clientes eram os próprios reis, a classe governativa e as escolas filosóficas, aliás os reis helenísticos foram os grandes mecenas da estatuária que em vésperas da conquista romana, “povoavam” os palácios reais e as áreas envolventes. O fim do esplendor da estatuária grega, acabou com a chegada dos romanos por volta de 200 aC, quando se verificaram as primeiras pilhagens do legado grego que a breve trecho, seguiam para Roma à medida que os romanos mais abastados adquiriam as mesmas, para enfeitar as suas casas urbanas e as suas villas com os ornamentos helénicos.    

terça-feira, setembro 13, 2011

9.1.O sidonismo como alternativa à instabilidade republicana.

Sidónio Pais o Presidente-Rei (in Portugal século XX-1910-1920, p.189)

    António Sardinha, acreditava na República Nova como meio de transição para a Monarquia.
(in Arquivo FAS)

José Dias Barroso, um republicano radical que se converteu ao Sidonismo.  

O desapontamento da experiência republicana, crescia no pós - Guerra (1914-1918), em meados de 1917 e com sete anos de vigência da I República, o País tinha conhecido cerca de quinze governos, incluindo a curta de ditadura de Pimento de Castro. O descontentamento era geral, mas a chegada do Doutor Major Sidónio Pais ao poder após o golpe militar de 5 de Dezembro de 1917 era uma nova oportunidade nomeadamente para os sectores mais conservadores, mas também para um vasto sector das populações que apenas pretendiam ordem, estabilidade e segurança. Como era o caso particular, da opinião pública formalizada na imprensa periódica do Distrito de Portalegre e a única excepção era sem dúvida o “povo do concelho de Arronches” que continuava fiel aos princípios republicanos. Mas na cidade de Elvas crescia o número de seguidores da chamada “República Nova” que o Major Sidónio Pais pretendia empreender e na sua visita à cidade seria aclamado por uma multidão na Praça da República, a sua popularidade estava directamente relacionada com a criação da “sopa dos pobres”. Na Câmara Municipal, o Dr. António Sardinha fazia o discurso de boas vindas referindo que o seu pensamento político tem sido uma demonstração interessante no Integralismo Lusitano, que na prática para o poeta de Monforte era um primeiro passo para a restauração da monarquia. Na verdade, era cada vez mais os monárquicos, republicanos, católicos e adeus que acreditavam no projecto sidonista, essa tentação era visível em figuras locais de referência como, Júlio Alcântara Botelho, que foi simultaneamente o primeiro presidente da Comissão municipal republicana de 1911 e da Câmara de Elvas ou José Dias Barroso, republicano da primeira hora e que na visita a Elvas foi indigitado para receber o Major Sidónio Pais, que o nomeou Administrador do Concelho em 1920 ou ainda a maioria das figuras do Partido Progressista na época da Monarquia Constitucional, como era o caso do Dr. António Cidraes, motivo de crítica de um periódico local que caracterizava a sua vida política da seguinte forma: “ Foi franquista e a monarquia e o franquismo, desapareceram. O seu republicanismo de há um mês levou-o para o partido Sidonista. É caso para assustar os seus correligionários e os próprios republicanos, dado a superstições”. Apesar de tudo, a oposição republicana estava vigilante e João Camoesas que então vivia em Lisboa, mas mantendo-se como director do jornal a Fronteira, nos seus escritos na folha elvense, lembrava que Sidónio Pais era republicano mas o seu governo era de um tirano, lembrando que a presença dos portugueses na Flandres tinha a ver com as suas posições germanófilas. E na edição de 2 de Março de 1918 na “Fronteira” escrevia: “Que governo republicano é este que priva a liberdade a qualquer cidadão que não comunga as suas ideias e lhe restituí sempre que lhe diga o motivo do seu longo cativeiro”. Nas zonas urbanas, a oposição tornava-se cada vez mais latente, nos sectores esquerdistas da política e sindicalismo. Uma realidade que culminou com um atentado mortal contra a sua vida na Estação do Rossio em 14 de Dezembro de 1918, lançando a consternação no país e em terras portalegrenses, mas a breve trecho a conspiração monárquica renasce, destacando-se o Dr. António Sardinha que intensifica as suas viagens entre a Quinta do Bispo e a capital e a breve trecho com o Norte do País, quando a República seria questionada pelas armas.

quarta-feira, setembro 07, 2011

O Castelo Medieval - chave da Idade Média

Castelo Dunstanburg a torre britânica sucessora dos primeiros castelos de mota.

O Castelo ou torre de residência senhorial em Greenknowe 

O Castelo de Marvão sobre edificado sobre uma elevação montanhosa característica da Reconquista Cristã na Peninsula Ibérica.

A torre do Castelo Medieval de Frías (Burgos).

Castelo de fronteira de Castro Marim (Algarve) 

 Castelo de residência papal de Avinhão

 Fortaleza Medieval de Carcassone - Património da Unesco

Praça - Fortaleza de Elvas na transição para a modernidade.

A origem do Castelo remonta a épocas anteriores ao século IX , quando se definiu a denominada “mota”, elevação que servia para levar a cabo a última defesa e que estava ligada com um ou mais recintos, onde se identificava as habitações e os serviços de apoio. Na centúria seguinte, o conceito de “mota” é alterado, pela construção em pedra de uma torre principal fortificada e reforçada, continuando a sua função defensiva mas identificada também como uma habitação, em muitos casos tratava-se de residências senhoriais, normalmente de príncipes mas também como morada real nomeadamente nas ilhas britânicas. Nos séculos XI e XII, o castelo define-se a partir de uma planta geométrica flanqueada por torres. O Castelo torna-se um espaço fortificado, enriquecido por sólidas muralhas, que flanqueavam as zonas mais sensíveis da edificação nomeadamente a entrada principal. Nas regiões germânicas, na mesma época numa perspectiva defensiva, introduziu o fosso que fez escol em toda a Europa Ocidental. Na Península Ibérica, face há ameaça muçulmana em plena reconquista cristã, o castelo era edificada em zonas montanhosas quase inacessíveis como forma de impor a sua superioridade militar. Em muitos casos, como em Portugal tais construções foram levantadas sobre antigos castros ou velhas muralhas romanas, mas evidente no centro e no sul da Península. Nos finais do séc. XII e princípios do XIII, em Espanha, aparecem castelos regulares organizados em torno de pátios regulares e porticados, como Sádaba ou Villalba de los Alcores y poderosas fortalezas como Calatrava de la Nueva,Consuegra o Peñiscola,que recordam poderosamente as lendárias fortalezas de cavaleiros cruzados da terra Santa. Com a introdução do fogo, chegava ao fim a longo período do domínio do Castelo na actividade bélica medieval, quando os únicos recursos disponíveis ao sitiante eram os da antiguidade clássica: catapultas, aríetes, escadas e a mais eficaz de tosas as armas a fome quando se ponha cerco a uma população. A solução segundo Maquievel: “ é construir muralhas retorcidas e com vários abrigos e locais de defesa para que se o inimigo tentar aproximar-se, possa ser enfrentado e repelido tanto nos flancos como na frente”. A solução encontrada, passou pelas próprias muralhas mais grossas e rebaixadas para se constituírem no menor alvo possível ao fogo inimigo reforçadas com fortificações. Os fossos rodeavam as edificações militarizadas, protegidas por guaritas cujas taludes que se desenvolviam à sua frente tinham como objectivo expor os fogo os eventuais assaltantes eram um novo tempo na guerra medieval …. o tempo das fortalezas que iria vigorar no Ocidente a partir do séc. XVII.

segunda-feira, setembro 05, 2011

9.1 - O debate política numa época de causas....

1
A Plebe alimentou a causa da regionalização da elite política de Portalegre e Elvas 

 Pimenta de Castro reforçou o seu poder e dividiu os republicanos.


António Sardinha na sua casa na Quinta do Bispo em Elvas destacou-se como o ideólogo do Integralismo Lusitano.
(in Ana Isabel Sardinha Desvignes, António Sardinha um intelectual no século, p.XV.)

Coronel Miguel Santos, conspirou contra Pimenta de Castro no Golpe de 15 de Maio de 1915
(in António Ventura, A Maçonaria - distrito de Portalegre, p.118)  

O debate político durante a I República, ultrapassava a dimensão local fruto do protagonismo de algumas figuras locais, que se dividiam numa primeira fase em torno do regime e numa segunda fase, no sistema, ou seja em pouco tempo a questão deixou de ser monarquia ou república, mas entre liberdade e autoridade. Rapidamente, o Partido Democrático/PRP tornava-se na maior força política local e regional, em Elvas o número de “adesivos” que aderiam à república aumentava e a vida municipal corria com a normalidade que o Poder central determinava. Mas o carácter reivindicativo que a nova etapa política, alimentava favorecia a difusão de ideias do ideário regionalista, o Dr. José de Andrade Sequeira, Governador Civil sem reservas desafiava a elite regional para a importância da regionalização como se lê num dos seus escritos publicados na imprensa distrital: “O Partido Republicano Regional não deve ter, segundo julgamos e já dissemos, filiação em qualquer outro partido. Não reconhecerá a chefia de nenhum marechal republicano e não reconhecerá, também no distrito, supremacia de um general ou chefe (…)”. Em pouco tempo, a tese da regionalização tornou-se uma causa e animou a elite regional que conhecedora das realidades locais, no Distrito de Portalegre, o Dr. José da Andrade Sequeira, tornava-se o líder da ideia que tinha proclamado, com o apoio de figuras de referência do Distrito de Portalegre, como eram os casos do Dr.João Caroço, deputado independente do distrito,  Dr. Téofilo Júnior, professor licenciado em Filologia Germânica natural de Arronches e de Elvas, o Dr. João Henriques Tierno, notável médico e uma figura de referência do Partido Progressista durante a Monarquia Constitucional e o Dr. João Camoesas, um republicano da primeira hora, mas em comum um sentimento de que era necessário, uma nova força republicana regional, capaz de reivindicar e de  gerir melhor os recursos estatais, regionais e locais. Apesar de tudo, a questão da regionalização não era nova, o próprio Partido Democrático - PRP não só tinha defendido tal tese em 1911 como confirmava tal propósito em 1912. A verdade é que a conjuntura política não se revelava favorável aos regionalistas, a revitalização das forças monárquicas e a divisão entre os republicanos, era uma evidência um pouco por todo o distrito no Outono de 1911 e era o “pai” da ideia da regionalização que lembrava que aquele movimento político que surgiu pela sua iniciativa era “ inadaptável aos tempos que vão correndo”. A ideia da regionalização desaparecia de forma efémera tal como tinha surgido, os seus precursores, seguiam a sua vida política associados ao partido Democrático –PRP, o Dr. Téofilo Júnior, mantinha-se fiel às teses regionalistas mas com  o avanço do ideário nacionalista germinando tornava-se mais dócil nas suas críticas ao Poder Central enquanto que o Dr. António Sardinha, afastava-se definitivamente dos ideias republicanos e regionalistas e tornava-se em pouco tempo numa eminente figura nacional  das pretensões monárquicas e nacionalistas. O mundo preparava-se para a Grande Guerra e António Sardinha, com a colaboração de Alberto Monsaraz, Hipólito Raposo e Pequito Raposo, entre outros, editava uma revista com a finalidade de analisar questões de filosofia política, titulada “A Nação Portuguesa”, que funcionaria como um autêntico órgão de comunicação na difusão das teses correspondentes ao “Integralismo Lusitano” que desde o seu primeiro número defendia que a sua “(…)  actividade e propaganda em prol de uma Monarquia tradicional, servirá para reunir à volta de uma aspiração honesta e consciente à dedicação daqueles que, já decrescentes da mentira democrática – parlamentar(…)”.  A defesa da “tradição portuguesa” era uma das ideias recorrentes da doutrina do “Integralismo Lusitano”. Uma doutrina que não aceitava a ideologia republicana e resultava contrária ao liberalismo (económico e político), do mesmo modo que se oponha frontalmente a todo ideário da Revolução Francesa e outras derivadas daquela: “ (…) os integralistas erguiam-se com violência contra o individualismo e a soberania popular, com as suas expressões políticas práticas de monarquia constitucional ou da república”. Apesar de tudo o empenho do ideólogo de Monforte, as ideias integralistas não vingaram no Alto Alentejo, tendo em sete edições  da Fronteira, periódico republicano elvense, explicado o teor ideológico e alcance das teses do Integralismo Lusitano . Entretanto a Quinta do Bispo era visitada regularmente por algumas figuras que conspiravam contra a República, num período em que Pimenta de Castro não era apreciado nos meios políticos elvenses, o próprio António Sardinha afirmava que aquele oficial português era muito semelhante a um Rei Absoluto e nem sequer servia os próprios republicanos:”Dissolveu o parlamento, perseguiu os republicanos, escorraçou-os das corporações administrativas dos governos civis e da administração pública”. Os republicanos estavam divididos ou pelo menos incrédulos, o Coronel Miguel Santos, republicano, natural da freguesia de Assunção em Elvas, incorparava o movimento de 15 de Maio de 1915 contra a experiência totalitária que estava a ser imposta por Pimenta de Castro e o arrochense  Téofilo  Júnior apoiante desde a primeira hora da causda republicana  afirmava ” Num país destes a situação normal e a desordem organizada em governo é a anarquia espiritual a real triunfadora cavalgando pesadamente a Ordem como um grande e glorioso capitão no fim de uma vitória (…) O remédio nestas circunstâncias é exerce-se a ditadura para garantir à grande maioria do país ordenada e laboradora o exercício dos direitos que uma pequena maioria de agitadores, confundindo a licença com a liberdade”. Os republicanos elvenses do Partido Democrático- PRP, respondiam às ameaças ao sistema político apesar da desconfiança relativamente ao caminho que seguia o governo da República : “O País, com a opinião republicana, está vigilante no seu posto de honra, que será mesmo de combate se a isso forçarem os protectores do bandidismo monárquico”. Todavia a República continuava o seu caminho, vigorando de forma plena pois o regime republicano de Pimenta de Castro não deixou de ser republicano pelo menos na formalidade, apesar da sucessão de governos que marcaram um breve período entre 1519-1519, entre eles a coligação republicana da União Sagrada, que não evitava o surto das greves gerais, as consequência directas da guerra e o descontentamento de uma burguesia urbana e rural, que pedia sobretudo ordem e progresso económico.                           

sábado, setembro 03, 2011

Campo arqueológico de Segeda (Saragoça)



Projecto coordenado, pelo Prof. Doutor, Francisco Burillo, Facultad de ciencias sociales y humanas, Universidad de Saragoça.  

O renascimento em Itália: características gerais (síntese).

 Basília de S.Pedro coroada de elementos clássicos
 Interior da Basílica de S.Pedro com a sua abóbada em caixotões

S.Magiore II e a sua inseparável cúpula 

 A originalidade da Ponte Vechio
Campanário da muralha defensiva do palácio Vechio


A grandeza do Palácio di Priori


A villa Rotonda complemento do fausto urbano da burguesia itálica 

A arquitectura renascentista inspira-se inicialmente em modelos romanos, mas também gregos, helenísticos e bizantinos. Numa análise comparativa com a Antiguidade Clássica , observa-se que os arquitectos do renascimento, continuaram a utilizar determinadas estruturas arquitectónicas da época clássica como as ordens de coluna, as formas de frontão e de ornatos, numa composição arquitectónica pautada pela harmonia e por uma nova concepção de espaço. A forma ideal de construção sacra, segundo os grandes teóricos definia-se numa construção de planta centrada encimada por uma cúpula, se bem que a prática cultural surge a partir desses edifícios com construções axiais. A cúpula assenta geralmente sobre um tambor e é encimada por uma laterna. As paredes, que no gótico tinham sido em grande medida substituída por vitrais, passam novamente a ser fechadas. Os elementos divisórios e decorativos, que no Renascimento lombardo estavam ainda sobrecarregados de uma ornamentação exuberante, transformam-se no Alto Renascimento em formas tranquilas sem qualquer tendência de verticalismo. Predominam o rectângulo e o círculo. A nervura e o arco em ogiva são banidos. Os tectos de madeira, as abóbadas de berço e as cúpulas são divididas em caixotões. As janelas são rematadas por um arco de volta inteira no Renascimento primitivo, e no Alto Renascimento têm um remate direito (a partir de cerca de 1500), coroado por um frontão triangular ou aberto. Em vez de pilares do gótico tardio, sem base nem capitel, reaparecem as ordens de colunas clássicas: dórica, jónica, compósita, que “correspondem à medida do homem e representam a sua imagem , na euivalência base-pé, fuste- corpo e o capitel –cabeça”[H.Weigert]. A fachada torna-se também mais humana: apresenta em grau cada vez maior colunas e pilastras, silhares rústicos e pulidos, antecorpos, pórticos e ressaltos. A casa de Deus deixa de ter um carácter místico, espiritualizado e sagrado para se transformar numa realidade grandiosa. [Wilfried Koch, Renascimento e Maneirismo, p. 215 ]. As formas tardias do Renascimento italiano, posteriores a 1530, tornam-se mais pesadas; as pilastras são substituídas por meias-colunas ou colunas cilíndricas, as cornijas sobressaem muito as paredes. A decoração mais rica anuncia o Maneirismo que se aproxima. O principal arquitecto do Renascimento tardio foi Andrea Palladio, 1508-80. Este arquitecto nem sempre aplica as regras que ele próprio deduziu do estudo das construções antigas. Mas os seus esforços no sentido de uma aproximação cada vez maior das plantas das construções da Antiguidade, são visíveis na Villa Rotonda no seu sentido de simetria e das proporções harmoniosas, tornam-se um cânone clássico na época seguinte. Na arquitectura civil, todas as grandes famílias florentinas encomendaram palácios e villas com jardins no campo. Todos os palácios urbanos são autênticos bastiões, fortemente fechados no exterior, com pátios com colunas no exterior, construídos mediante arcadas e ordens clássicas, em geral mais habitáveis e flexíveis do que o que indicam os seus austeros tratamentos exteriores. A cantaria das paredes dá-lhes uma vibração especial, um carácter rugoso e áspero não isento de conotações defensivas de instabilidade. Mais tarde, cada arquitecto em cada palácio procurará a maneira de assinalar e diferenciar o carácter singular de cada novidade.