domingo, janeiro 31, 2010

O Pensamento do Dia...



Grande arte é saber corrigir a tempo, oportunamente, abrindo uma porta; sem esmagar a pessoa mas ajudando a superar o erro. Quem sabe fazer esta distinção não deve ter medo de ter opinião nem cai na ratoeira de se calar dizendo que é tolerante. A tolerância é com as pessoas, não com os actos. Vasco Pinto Magalhães, Padre Católico.

Os Dias da Nossa Civilização...


A ideia de liberdade não era palavra vã na cidade do Porto, onde a Revolução de 1820, tinha determinado o fim do Antigo Regime. Da cidade invicta, o protesto tornara-se constante há medida que se assistia à deterioração da vida pública e o primeiro deputado republicano eleito em Portugal, representava então a capital do Norte, tratava-se do Dr . José Joaquim Rodrigues de Feitas. A questão do Ultimato Britânico foi entendido pelas gentes do Norte como uma desgraça nacional e o desagrado foi evidente numa cidade onde a colónia britânica por via dos negócios do Vinho do Porto, era a mais representativa em Portugal. Nestas circunstâncias históricas e políticas, a Revolução de 31 de Janeiro de 1891, como primeira tentativa de derrube da monarquia portuguesa, deve ser observada no contexto das nobres tradições libertárias da cidade. O movimento quando saiu à rua é de natureza militar mas a base ideológica, estava subjacente num Directório Civil constituído pelo: advogado Augusto Mateus Alves da Veiga, pelos jornalistas José Pereira de Sampaio (Bruno), Santos Cardoso e João Chagas, pelo actor Miguel Verdial, pelo padre João Pais Pinto, pároco de São Nicolau .O comando operacional (militar) estava nas mãos do capitão António Amaral Leitão, do Regimento de Infantaria nº10 e no alferes Augusto Rodolfo da Costa Malheiro, de Caçadores nº9. O movimento portuense era acompanhada com expectativa pelos conspiradores e nomeadamente pelo Directório do Partido Republicano, uma vez que o triunfo a norte seria acompanhada pela marcha para sul para libertar a capital. Todavia, a Infantaria nº10 quando avança para a rua faz tardiamente com seis horas de atraso já a madrugada estava a findar e o êxito dos revoltosos também … . Uma hora depois às 07h00 da manhã, o Dr. Alves Veiga, proclamava a República e divulgando o nome dos conspiradores a uma multidão que tinha esperança nas palavras que então ouvia, de um futuro melhor. Todavia, as forças féis irrompiam pela Rua de Santo António até à Praça da Batalha, o fogo abria-se sobre a multidão, mortos e feridos caíam no solo, a população fugia… a revolução estava condenada ao insucesso, as centenas de mensagens telegráficas chegavam à Coroa e ao Ministério, entre elas a da Câmara Municipal do Porto, testemunha ocular da tragédia das gentes do Porto, mas seu o 31 de Janeiro

sexta-feira, janeiro 29, 2010

O pensamento do dia ...


Tirania e liberdade não se podem considerar isoladas, mesmo se, vistas temporalmente, se revezam uma à outra. Não há dúvidas de que se pode dizer que a tirania suprime e aniquila a liberdade - mas, por outro lado, uma tirania só pode ser possível, quando a liberdade se domestica e se volatiliza no seu conveito vazio. O ser humano tende a confiar no aparelho político ou ainda a submeter-se-lhe, quando devia haurir das suas próprias fontes. O que é uma falha em imaginação. Escritor e filósofo.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Publicações: Dentro de horas a apresentação da Elvas Caia....



Dentro de algumas horas, a Revista Elvas Caia, será apresentada ao público a edição nº7 referente ao ano de 2010, sendo uma vez mais uma iniciativa da Câmara Municipal de Elvas, no âmbito do Saber e da Cultura. A presente edição apresenta vinte artigos divididos em quatro secções: História, Memória e Património; Literatura e Linguística; Ciência e Tecnologia e Ciências de Educação. A maioria dos artigos são assinados por Doutores, três mestres, dois licenciados, três militares e um cidadão elvense que se dedica há investigação no âmbito da História Local. Os autores da presente edição, por grau académico e temática são os seguintes: Doutor Jorge Fonseca (Escravos e Libertos Séc. XVI); Oficiais do exército português: José Albino Galheta Ribeiro, João António Matos Barreto, Manuel João Rodrigues Martins (Périplo pelo desconhecido da muralha seiscentista de Elvas); Mestre/Doutoranda, Sofia Salema (Conservação dos rebocos exteriores da Igreja Nossa Senhora da Assunção); Licenciado/Mestrando, Nuno Grancho, (O convento da Nossa Senhora dos Remédios, da Ordem de S.Paulo em Elvas – diálogo fragmentadas); Doutor Pedro Avillez (Cronologia heróica do tenente –general Jorge Avillez (1785-1845): a carreira militar de um militar no Portugal no final do séc. XVIII, a ascensão da nobreza rural e o fim do Antigo Regime; Professora Doutora, Pilar Rodríguez Flores (Badajoz: Beneficiênia y sanidad (1874-1923); Professor Doutor, Arlindo Sena (Notas históricas: sobre a I República); José Manuel Martins (Listagem dos Brasões de Elvas). Licenciada/ Doutoranda, Patrícia Alexandra Cruz Lopes ( Sim Senhora Padra! Pela ordenação de mulheres). Licenciada /Doutoranda, Maria da Conceição Vaz Serra Cabrita ( Aliança Peninsular; Professora Doutora, Ana Belén García Benito (Locuções relativas à bebida: análise etnolinguística de uma identidade articular(espanhol/português): Professora Doutora, Silvia Amador Moreno, Actitudes Linguísticas en Elvas) ; Professora Doutora, Verónica Sánchez Ramos ( La presencia de frontera luso-española en Carolina Coronado y Enrique Díez –Canedo). Graça Pinheiro Ribeiro (Escola Superior Agrária de Elvas), A ameixa “Rainha Cláudia verde”: benefícios do seu consumo e estudo do efeito da utilização de películas na qualidade sensorial durante a conservação em frio): Professor Doutor Francisco Mondragão Rodrigues , Luís Menezes e Hugo Janeiro (Avaliação da adaptação de 9 variedades de oliveira conduzidas em sebe às condições edafoclimáticas de Elvas – Resultados preliminares) ; Orlanda Póvoa e Noémia Farinha (Escola Superior Agrária de Elvas) (Etnobotânica no Alentejo, estudo de caso: coentros e poejos). Professor Doutor, Juan de Dios Martinez Agudo, Juan Dios de Martínez Agudo /Professora Doutora, Maria Guadalupe Castillo Benitez-Cano, (La gramatico al servicio de la comunicación, um medio y no un fin en sí misma; Professor Doutor, José Gomez Gálan ( Exempleo de la imagem mediante médios audiovisuales en la enseñanza del tiempo histórico; possibilidades en el âmbito de educación infantil y primaria) e Licenciada, Elisabete Fiel (As bibliotecas Escolares na Escola de Hoje).

domingo, janeiro 24, 2010

4.2.- Elvas Portuguesa:- II. A Demografia na modernidade




Na continuidade da nossa reflexão sobre a demografia da modernidade, terminamos hoje, a análise sobre os dados relativos ao período da Monarquia absoluta, que apresenta as mesmas dificuldades para a época medieval, uma vez que a estatística enquanto instrumento do poder político é uma realidade do Estado Liberal. Assim o tratamento dos dados demográficos continua a ter uma forte componente local e determinada pelos registos paroquiais. Todavia a cidade de Elvas, a partir de meados do séc. XVII ganhava um nova dimensão do ponto de vista administrativo e político, estava muito longe da organização municipal que marcara a vida política e institucional nas últimas décadas do século XVI, tinha crescido em termos de efectivos relativamente à época de Quinhentos mas era agora uma cidade fortalecida pela sua dimensão militarizada e eclesiástica, de facto o tempo dos alcaides mores tinha acabado e a nova autoridade política e institucional era exercida por uma nova personagem o Governo da Praça, que traria ao longo da segunda metade do séc. XVIII, alguns filhos segundos da nobreza titulada de Portugal para direcção dos destinos de Elvas. No tempo em que muitos elvenses de todos os estados sociais circulavam pelas terras do império colonial português e depois Ibérico, na qual a diocese de Elvas se destacava das restantes nacionais, uma vez que era o único Bispado com jurisdição em terras coloniais. Não podemos ignorar que a constituição do Bispado de Elvas se justificou como forma de integrar a população de Ceuta espiritualmente, de resto, a única razão para a sua existência e posteriormente desaparecimento, pois tratava-se de uma circunscrição jurídica artificial. Todavia o crescimento populacional até meados do séc. XVII não acompanhou a realidade nacional, numa época em que as estimativas para a população portuguesa são variáveis segundo as propostas de vários historiadores que revelam valores que variam entre 1.3 e 2 milhões de habitantes, mas que demonstram uma expansão demográfica inquestionável. Em Elvas, ao longo do século XVII a população apresenta uma irregularidade permanente, assim se considerarmos, o cronista da época João Casão a população elvense no início da década de 1570 aproximava-se dos 3.500 vizinhos, em números efectivos, estaríamos a falar de população de cerca de 14.000 habitantes. Que nos permite outra conclusão interessante do ponto de vista histórico, a mudança do comportamento da população elvense, que se desloca do espaço rural para a nova cidade ao longo da sua metade do séc. XVII. De facto em 1573, segundo a contagem de fogos mandada fazer pelo monarca, D. João III, o número de vizinhos não ultrapassava os 1.916 vizinhos ou seja a população da cidade cresceu mais de 50% em meio século, uma realidade impossível de ter credibilidade considerando, as vagas epidémicas e os episódios de cercos e de guerra, que marcaram essa época, mesmo considerando que a cidade era a uma porta aberta para a Europa, mas isolada no contexto regional pelos caminhos e pelos incentivos económicos, um monopólio da “classe mercantil” em grande parte na posse dos cristãos novos de Elvas e Badajoz, os primeiros de resto já tinham casas de morada na Rua dos Mercadores na capital portuguesa e alguns deles estavam já envolvidos no tráfico internacional. O que se verifica na prática é que o número de vizinhos do concelho de Elvas em 1573 na sua totalidade situava-se em 2.354 vizinhos incluindo as zonas rurais o que significa que uma parte da população rural se fixou na cidade e se houve crescimento demográfico foi relativo e não expansivo que é uma realidade da demografia contemporânea. Todavia os números de Rui Casão são discutíveis considerando que o cronista elvense, Aires Varela que afirma que no início da Guerra da Restauração, a cintura da muralha de Elvas era capaz de proteger 3.000 vizinhos e esta afirmação é incontestável, uma vez que a descrição dos aglomerados populacionais do Bispado feita por António Novais refere 2.500 vizinhos. Numa análise documental com base nos registos de baptismos entre 1532 e 1660, nas freguesias mais representativas (Sé, S. Salvador, Alcáçova e São Pedro), verificamos que a partir de 1612 o seu número decresce em 50 % e é uma tendência que marcou o comportamento demográfico da população local desde meados do séc. XVI. O número de casamentos também apresenta o mesmo comportamento com taxas menos expressivas, mas com quedas médias de 8% a partir do início do séc. XVII. As taxas de mortalidade disparam na ordem dos 50% entre finais do século XVI e só na década de 1630 recuperam a normalidade. Ou seja, a caminho do século XVIII a cidade está em plena recuperação demográfica, a população civil chegava aos 10.000 habitantes, mas a cidade era também um espaço de aquartelamento temporário e permanente quando a conjuntura europeia ameaçava os interesses nacionais, em meados do século iniciava-se o processo de militarização da praça com a presença constante de efectivos militares a população chegava aos 17.000 efectivos e atinge o seu máximo temporariamente nas vésperas das Guerras Peninsulares, quando um contingente militar de 31.200 efectivos se concentrou na cidade de Elvas. Assim a época de Setecentos foi caracterizada pelo regresso de alguns funcionários régios, clérigos e outros que serviram o Império Espanhol, foi o tempo de sarar as feridas abertas pelas guerras da Restauração, as mortes geradas pelos surtos epidémicos e voltar em busca da prosperidade do solo elvense, ainda ao abandono, com áreas de mata e floresta, que se prolongará por mais de um século e meio, na cidade dos olivais que circunda o perímetro urbano e fortificado. Mas apesar de tudo a cidade de Elvas, recuperou parte da sua população e quando se chegava aos fins do séc. XVIII o seu número de fogos ultrapassa os 2.500 de vizinhos, um pouco mais do número de efectivos populacionais existentes em meados do séc. XVII sendo de longe a área com mais concentração de habitantes em todo o Alentejo, mais de 30 habitantes por Km2 segundo o Doutor António Hespanha. Em termos de prestígio institucional e político, a cidade de Elvas atingia o primeiro Banco das Cortes desde 1641, onde estavam sentados os procuradores de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Santarém, os efectivos populacionais continuavam a ser decisivos para a elaboração do plano das Cortes, mas a chegada da Nobreza funcionalista de algumas casas aristocráticas portuguesas a categoria de Governadores da Praça Militar de Elvas do Forte da Graça, na centúria seguinte e o currículo dos Bispos de Elvas, alguns com passagem no Tribunal da Inquisição e nas principais dioceses do Império Colonial tornavam a cidade um espaço de referencia do estado moderno, absoluto e burocrático.(CONTINUA).

O pensamento do Dia...


Não sei o que acontecerá quando formos todos funcionários aureolados pela organização de aparências que acentua a satisfação dos privilégios. A aparência vai tomando conta até da vida privada das pessoas. Não importa ter uma existência nula, desde que se tenha uma aparência de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados. Há de facto um novo proletariado preparado para passar por emancipação e conquistas do século. As bestas de carga carregam agora com a verdade corrente que é o humanismo em foco — a caricatura do humano e do seu significado. Augustina Bessa Luís, Escritora.

quarta-feira, janeiro 20, 2010



"A leitura é uma conversa com os homens mais ilustres dos séculos passados"


René Descartes, Filósofo.

IX-Terras da Raia de Portalegre - A ascensão dos proprietários da Vila de Campo Maior - 1850-1930



…Como era frequente nas terras de cereais que se estendiam na zona meridional do distrito, uma parte significativa dos maiores proprietários de Campo Maior, eram exteriores à sociedade local, uma vez que uma parte significativa dos mesmos eram oriundos de famílias nobres ou burguesas de outras regiões, que disputavam a posse das melhores herdades situadas no termo da vila. Um bom exemplo era sem dúvida a família Castelo Branco, que através do Doutor Carlos Vellez Caldeira e dos seus irmãos (João, Francisca e Angela Andrade), titulares na vila de Campo Maior de várias propriedades relevantes como a extensa e fértil herdade de “Nova Fria”, que foi alugada por Dona Adelaide Vellez Caldeira ao lavrador de Arronches, José António Bigares. E como sucedia em outras localidades, caso de Elvas, os ricos proprietários não residentes em Campo Maior costumavam arrendar a exploração das suas propriedades de uma forma indirecta, a alguns distintos proprietários com algum dinheiro como era o caso do médico campomaiorense Carlos Pinto Machado que nos começos do século XX era rendeiro do burguês António da Silva Neves Lança Alvim, residente em Vila Nova de Ourém, que arrendava ao referido médico as suas herdades de Balanco, Cortiço e Fialho. Na vila situada na linha da raia com a província espanhola de Badajoz, uma parte significativa era constituída por proprietários agrícolas de Elvas, que tinham algumas herdades nesta vila e também em Arronches. Mas, ao contrário dos nobres e capitalistas residentes em Lisboa, de condição burguesa, os lavradores de Elvas quando adquiriam as novas propriedades exerciam desde logo o controlo directo sobre a exploração e definiam o tipo de cultivo agrícola a que se iam dedicar. Este foi o caso, a título de exemplo de Amaro José Fernandes, um proprietário e lavrador residente numa das herdades mais fértis e rentáveis do município de Elvas, a Quinta das Longas, sobre quem pode ler-se na escritura de venda de uma das suas propriedades de Campo Maior : “… possui olival em Campo Maior e um terreno de mil e sessenta centiares de trigo…”. O outro grande proprietário de Elvas, José Gonçalves Barbas, que na vila de Campo Maior era dono de várias quintas rústicas, entre elas « dois olivais e 78 centiares de trigo”. Entre os grandes proprietários locais se destacava a família Cayola, que desde os inícios da Monarquia Constitucional até à I República se afirmou na vida política regional e local como uma das casas principais do norte alentejano. De facto, Lourenço Caldeira da Gama Lobo Cayola terminaria sendo uma das personagens mais importantes do distrito, sendo eleito como deputada da nação pela primeira vez em 1897, para mantendo-se no parlamento durante várias legislaturas. Durante a época de transição para o século XX esta família ampliou a sua influência política e social através de uma aliança matrimonial muito vantajosa com o grupo familiar dos Gama, conservando sempre o gosto pela actividade política e institucional. Assim, no decurso das primeiras décadas de Novecentos, Francisco Telo da Gama se tornou o membro mais destacado da família na vida local, na qualidade de Presidente da Câmara. Na mesma época cronológica, se assistiu a afirmação progressiva de um conjunto de famílias que transitaram de uma situação de médios proprietários para um estado de grandes possuidores graças à aquisição de algumas herdades. De realçar, que uma parte destes grandes proprietárias de Campo Maior eram também arrendatários e a partir dessa condição foram construindo a sua riqueza através de novas aquisições e vendas, como sucedeu com alguns membros das famílias, Minas, Corado e Rosado. Entre os grandes proprietários da vila de Campo Maior, destacava-se o comerciante - prestamista Manuel António Aço, cuja riqueza de foi construída através de empréstimos a várias personagens da sociedade local, incluindo alguns indivíduos titulares de património fundiário. Em Campo Maior, os médios proprietários foram desaparecendo e no inicio do século XX praticamente não existia, ao contrário dos pequenos que caracterizam a maioria dos proprietários da Vila. Tratavam-se de pequenos “lavradores”, “agricultores” ou “criadores de gado”, residentes nas várias localidades do município. Os pequenos proprietários tinham como propriedade tipo: “as hortas” e “pequenas áreas de olivais”, alguns deles eram oriundos das grandes famílias mas penalizados pelo sistema de heranças. Os comerciantes titulares de mercearias e os mercadores ambulantes integravam-se neste grupo social. Por último, na documentação histórica, identificava-se ainda determinado de bens que faziam parte da herança transmitida pelos pequenos proprietários como: a possessão de casas, acções, objectos de luxou ou ostentação e ainda algum dinheiro que por testamento era doado aos pobres ou às instituições religiosas. Em síntese podemos afirmar que a elite dos grandes proprietários estavam nas cidade de Portalegre e Elvas, mas a primeira distinguia-se pela sua aristocracia mais representativa e histórica. Nas vilas raianas, Campo Maior, foi aquela em que mais rapidamente os proprietários locais atingiram o topo da hierarquia social, em Arronches era aquela onde a equidade dos proprietários era mais evidente e em Marvão distinguia-se pela quantidade de proprietários cuja dimensão da riqueza era menor em termos de % quando comparada com as demais. (Continua)

domingo, janeiro 17, 2010

O Pensamento do Dia...


A esperança de felicidade concebida por cada povo e as crenças que constituem a sua fórmula representam sempre o factor da sua pujança. O seu ideal nasce, cresce e morre com ele, e, qualquer que seja, dota de grande força o povo que o aceita. Essa força é tal que o ideal actua, mesmo quando promete pouca coisa. Compreende-se o mártir, para quem a fogueira simbolizava a porta do céu; mas, que proveito podiam retirar das suas cavalgadas através do mundo um legionário romano e um soldado de Napoleão? A morte ou ferimentos. O seu ideal coletivo era, entretanto, bastante forte para velar todos os sofrimentos. Considerarem-se heróis dessas grandes epopéias era para eles um ideal de felicidade, um paraíso, presente divinamente encantador. Uma nação sem ideal desaparece rapidamente da história. Gustave Le Bon, psicólogo e filosófo

domingo, janeiro 10, 2010

O pensamento do Dia...



Na arte só uma coisa importa: aquilo que não se pode explicar….
George Braque (pintor)

4.2. Elvas Portuguesa: A demografia na Modernidade





A demografia constitui sem dúvida uma das ciências auxiliares fundamentais para a determinação da importância das vilas e cidades, nas épocas medieval e moderna, uma vez que os maiores centros populacionais foram quase sempre os que maior importância acabaram por ter no âmbito nacional e regional em função da sua função, politica, institucional e até religiosa, num época em que o Estado e a Igreja, foram os dois pilares do Estado moderno e burocrático. Neste sentido, a vila e depois cidade de Elvas, foi sem dúvida entre os centros populacionais de fronteira, que mais cresceu ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, numa época em que a o conceito de fronteira estava associada não só ao serviço militar mas a um espaço jurídico, de transacções comerciais e de cobrança de direitos alfandegários. Vivia-se numa época em que a fiscalização das fronteiras, praticamente não existia ou por outras palavras a sua operacionalidade era pouco eficaz, as fontes documentais referem durante quase três séculos a prática do contrabando como uma realidade intensa na raia de Portalegre e em especial nos termos da Vila de Marvão e da nova cidade de Elvas . Estas e outras razões só por si determinaram ao longo dos séculos da modernidade a afirmação da cidade de Elvas como um centro populacional em crescente expansão demográfica, mesmo quando o País, movimenta-se para as novas áreas de ocupação durante o movimento de expansão e colonização portuguesa. Todavia, a demografia na época moderna, apresenta tal como nos primeiros séculos da fundação portuguesa, um problema, a falta de recenseamentos das populações e as fontes que se podem utilizar são variadas, por vezes discutíveis e de fiabilidade pouco segura, por isso mesmo são os arrolamentos militares que permitem alguma segurança para a análise do comportamento populacional. Na verdade se a exactidão dos dados podem ser questionados, a caracterização da densidade populacional de uma determinada região não se questiona tal como os núcleos populacionais de referência demográfica nessas regiões. Assim e tendo como prova os arrolamentos militares de 1496, 1497, 1513 e 1537, regista-se que Évora continuava como o centro populacional mais representativo do Alentejo com uma população próxima das 10.000 almas, seguido de Elvas com mais de 5000 almas e com uma taxa média de ocupação de 15 habitantes por Km2. Os dados para meados do séc. XVI tornam-se mais raros, desconhece-se os índices de mortalidade e de natalidade para meados do século apesar das pestes que assolaram a região de 1557, 1569, 1570 e 1580 , todavia não é aceitável as posições de alguns historiadores que consideram que até à Restauração não há grandes alterações na composição demográfica da comarca do Alentejo. De facto, se consideramos o número de vizinhos na cidade de Elvas em 1532 com os valores de 1639, temos um crescimento de 25% ou seja, há um crescimento notável mas teórico, falta-nos dados sobre o movimento da população e do seu termo, a emigração para as áreas coloniais e a dinamização comercial do centro urbano na época em que Portugal se integrava no Império Comercial deverá ter contribuído para a fixação da população rural no núcleo urbano elvense. Por segurança e por prosperidade, mas os dados sobre o movimento populacional só encontramos na segunda metade do séc. XIX com a burocratização do estado, logo os registos paroquiais e nem todos chegaram até nós, limitam qualquer sentido a nossa reflexão. Mas a cidade de Elvas viveu na transição para o século XVII um clima de cosmopolitismo, pela saída e chegada de gentes que serviu no Império e que viviam na sede do concelho com a sua criadagem e alguns escravos ( Afonso Eanes Nunes, cavaleiro fidalgo, residente em Elvas, era proprietário de doze escravos) Contudo na documentação do Império Espanhol, a “Población General” , a cidade de Elvas regista 10.000 habitantes, mas perdeu o estatuto de segundo aglomerado do Alentejo, Portalegre e Beja chegavam às 12.000 almas. Outros dados documentais mostram que a cidade chega ao início do Séc, XVII em pleno crescimento e tal é visível pelo menos desde a segunda metade do séc. XVI , a Bula Papal que decretou a criação da Sé de Elvas refere que o burgo elvense estava em “visível aumento” e “ um aglomerado de 3.000 casas” , quase mais 27% que em 1532. Esta informação quando comparada com os registos das freguesias urbanas da cidade torna sustentável a nossa opinião que Elvas cresce entre 1532 e 1639, por exemplo na Freguesia da Sé entre 1532-1551, a média dos baptismos situa-se nos 454; de 1552-1571, sobe para 618; de 1572-1591 volta a crescer chegando aos 698 e entre 1592-1611, atinge o valor recorde de 1213. Este comportamento demográfico repete-se na Sé, Alcáçova, Salvador e na Sé. A título de curiosidade apenas a freguesia da Alcáçova atinge o seu ponto máximo na etapa de 1572-1591 e S. Pedro, passa de 148 baptismos em 1572 para 1151 em 1592. Não há dúvidas que a prosperidade foi evidente na maior cidade portuguesa da fronteira do Alentejo enquanto parte integrante do Império Espanhol. (Continua).






segunda-feira, janeiro 04, 2010

O pensamento do Dia ....




A necessidade de fé não foi absolutamente provocada pelas religiões; foi ela, ao contrário, que as suscitou. As divindades não fazem mais do que fornecer um objecto ao nosso desejo de crer. Desde que ele se desvia das divindades, o homem entrega-se a uma fé qualquer, quimeras políticas, sortilégios ou feitiços. (...) Uma das mais constantes características gerais das crenças é a sua intolerância. Ela é tanto mais intransigente quanto mais forte é a crença. Os homens dominados por uma certeza não podem tolerar aqueles que não a aceitam. Gustave Le Bon

IX - Terras da Raia:- A singularidade dos proprietários da vila de Arronches, 1850-1930



Os grandes proprietários da vila eram nas sua maioria, indivíduos ou famílias que não tinha a sua residência na vila de Arronches, caso da Condessa de Tauroca que era, simplesmente, um dos títulos correspondentes à família Menezes utilizado em Elvas pelos Marqueses de Penalva. É que esta família Meneses, instalada no seu palácio da cidade de Elvas, tinha a sua principal residência em Torres Vedras. Outros aristocratas eram identificados como grandes proprietários, na vila situada a meio caminho entre a Vila de Campo Maior e a cidade de Elvas, como eram os casos da Viscondessa de Balsemão, pertencente à fidalguia da capital, ou os Castelo Branco de Portalegre, “verdadeiros donos” de uma parte considerável do seu território, na verdade nada menos que três dos seus membros, tinham propriedades no seu termo, caso do Dr.José Barahona Castelo Branco ou das senhoras Eugénia Velez Castelo Branco e Maria Alegria Castelo Branco. Uma boa parte destas terras eram constituídas por plantações de olival e de sobreiro, constituindo uma fonte de rendimento assinalável, uma vez que a exploração de cortiça tinha alguma importância comercial, que de resto era uma justificação para a presença de algumas empresas com alguma experiência no ramo, como era o caso da firma da família Robinson, grande industrial de Portalegre e de outras estrangeiras como a BROS ou La CORK GROUVES, que se dedicavam à exportação do referido produto. Das terras vizinhas, distinguiam-se um outro grupo de proprietários, de Elvas e Campo Maior. Com é por exemplo, a família Rasquilha, que desde finais de Oitocentos até meados do século XX controlou várias herdades entre elas a oitava parte da herdade da Folhinha e da Contenda uma das principais da vila, adquiridas a Joaquim António Francisco, que era um proprietário arronchense bem sucedido e que tinha o direito de senhorio sobre a Santa Casa de Campo Maior a quem cobrava foros no valor de 10 000$85 reis em 1856. Na década de 1890, os novos e bem sucedidos lavradores de Elvas encontravam-se na lista dos grandes proprietários de Arronches, como era caso, dos Tenórios ( durante algum tempo os responsáveis pelas terras da Condessa de Tarouca), os Telos e os Barbas este mais próximos da fidalguia elvense e que exploravam a fértil herdade da Bastarda, que acabarão por arrendar ao negociante de cortiça algarvio, Manuel Neves em 1897, por um valor avantajado durante cinco anos. Os maiores proprietários locais, quando comparados com os que tinham residência no exterior do conselho, eram medianos, mas com uma riqueza diversificada, constituída por quintas, hortas e tapadas de pequena dimensão e casas de habitação, como podemos identificar a título de exemplo, no património de Francisco Velez. Todavia outros, associavam à sua pequena fortuna, moinhos e lagares e ainda outro tipo de receitas com as máquinas agrícolas, em percentagem Arronches é o núcleo fronteiriço, onde este tipo de receita é uma fonte de receita, aliás, extensiva aos pequenos proprietários. Mas estes, que constituíam um grupo numeroso, quando se analisa os Livros de Notas sobretudo, mas também alguns testamentos de Arronches, possuidores de pequenos parcelas de terras, que agricultavam ou arrendavam, sob a forma de glebas de terra. Em vésperas do século XX a realidade da Vila de Arronches era muito semelhante à do Marvão, mas com uma diferença, tratava-se de uma área maior e rentável aos grandes proprietários de Portalegre e de Elvas, numa época em que a capacidade económica dos mais afortunados proprietários de Arronches, não lhes permitia ainda constituir as suas casas agrícolas que eram referência em Elvas e em afirmação na Vila de Campo Maior.

Pensamento do dia....



O afecto é um fabricante de ilusões, e quem quer que deseje o real deverá ser uma pessoa desinteressada. A partir dos momentos que sabemos que uma coisa é real, já não conseguimos estar ligados a ela. O afecto não é mais do que a insuficiência do sentimento da realidade. Estamos envolvidos com a posse de uma coisa porque acreditamos que se deixarmos de a possuir, ela deixa de ser. Muitas são as pessoas que não sentem, com toda a sua alma, que existe uma diferença absoluta entre a destruição de uma cidade e o seu exílio irremediável longe desta mesma cidade. Simone Weil (Filósofa)

domingo, janeiro 03, 2010

O Pensamento do dia

Por vezes, o homem é mais sincero e rico na desordem dos sonhos que na consciência unitária do raciocinador acordado, mas nós vivemos enquanto negamos o sonho e o tornamos inútil. O génio é a extradição do sonho, porque enriquece a consciência com as reservas e as pessoas do inconsciente. Giovanni Papini (Poeta)

A Arte na Planície : A arquitectura religiosa Gótica.



Arte Medieval, no âmbito da arquitectura religiosa, caracteriza-se pela predominância do Romântico a Norte e do Gótico a Sul. Em terras da planície o primeiro espaço de referência da Arte Medieval, é sem dúvida a Sé de Évora fundada em 1186, edifício de transição entre o romântico e o gótico, na catedral alentejana, destaca-se a solidez das fachadas e o sistema de coberturas, que evidencia a influência das nossas igrejas românicas de grande dimensão e, ao mesmo tempo, uma das mais importantes manifestações da arquitectura gótica do Sul de Portugal. A planta de Santa Maria de Évora compõe-se de três naves precedidas de um pórtico apertado por duas pesadas torres, terminadas muito depôs do interior da igreja estar acabada e aberta ao culto e por um transepto saliente, de dois tramos em cada braço.As naves têm sete tramos que são rectangulares na nave central e quadrados nas colaterais. O transepto mantêm a disposição e as proporções da nave central, mas é iluminado intensamente. Devido à luz que entra pelas grandes rosáceas dos topos, é já a claridade gótica que inunda as paredes e os pilares e penetra na estreita galeria do trifório. Não menos interessante é a composição da fachada principal, com as suas torres, tão sólidas como as torres de menagem das fortalezas da época, são massas que se equilibram, mas cujas aberturas são diferentes, reforçando o carácter de transição dos dois estilos artísticos medievais que a incorpora. Mas é na arquitectura monacal, que o gótico a sul atingiu a sua plenitude, com as suas igrejas de Planta de cruz latina de três naves rematadas por um transepto saliente, amplo e iluminado por largos vãos mainelados, que se abrem nos dois topos, adquirem características especiais devido às proporções das naves e à disposição da cobertura. As cabeceiras são constituídas por cinco capelas abobadadas que comunicam entre si por estreitas passagens e têm um só andar; a capela mor, de cinco panos iluminados por esguias frestas, é coberta de uma abóbada de ogivas ornadas de uma cadeia longitudinal, e as outras capelas, que têm de inicio abóbadas de berço quebrado ou ogivas robustas, de perfil quadrangular e arestas chanfradas, mais baixas e profundas. Espaço interior: mais vertical do que aparenta exteriormente, amplo e pouco compartimentada. Coberura, abóbada só nas capelas de cabeceira: madeira nas naves e no transepto (salvo poucaas excepções).Alçado da nave principal, sempre de dois andares : o primeiro formado por arcadas de comunicação e o segundo, por janelas de iluminação. Sistema de iluminação: lateral (nas naves).Decoração: Vegetalistas, muito simples, de tendência naturalista.São três os principais espaços religiosos góticos na planície destacamos: Catedral de Évora, S.Francisco de Évora e S.Domingos de Elvas.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

O Pensamento do Dia....



"Que estranho bicho o homem. O que ele mais deseja no convívio inter-humano não é afinal a paz, a concórdia, o sossego colectivo. O que ele deseja realmente é a guerra, o risco ao menos disso, e no fundo o desastre, o infortúnio. Ele não foi feito para a conquista de seja o que for, mas só para o conquistar seja o que for. Poucos homens afirmaram que a guerra é um bem (Hegel, por exemplo), mas é isso que no fundo desejam. A guerra é o perigo, o desafio ao destino, a possibilidade de triunfo, mas sobretudo a inquietação em acção".

Vírgílio Ferreira, Escritor in Conta Corrente.

Elvas Portuguesa: 4.1 - Introdução à Época Moderna.


A Época Moderna, do ponto vista de periodização é marcada tradicionalmente com a conquista de Constantinopla pelos turcos, pondo fim ao Império Romano do Oriente (1453) e a eclosão do movimento revolucionário que mudou a estrutura da sociedade medieval que continuava a persistir, com o triunfo da burguesia e com o reconhecimento do “povo” como classe social (1789). 1453-1789, são na verdade dois limites que marcam o devir histórico na modernidade. No caso português, sem pôr em causa a periodização tradicional, os limites da modernidade são extensivos a 1820, quando a Revolução Liberal do Porto, lança as bases jurídicas do estado contemporâneo e da sociedade liberal. Mas, quando se analisa a História de Elvas só podemos de facto identificar os valores do liberalismo na sociedade local a partir de meados do séc. XIX, quando estão lançadas na prática as condições de afirmação e emergência de uma nova sociedade que encontra na sua origem os fundamentos teóricos do liberalismo e o esboço histórico da sociedade que evoluiu até aos nossos dias. Voltando ao ponto de partida “ Época Moderna” e a sua relação com a História de Elvas, destaca-se desde logo a sua longa estrutura política que marca este período de mais de três séculos e que constitui a “Época de Ouro” da cidade de Elvas, ainda que o séc. XVI seja a centúria da distinção. De facto, quando se inicia a modernidade a Vila de Elvas tem já todos os indicadores de uma população urbana, comprovada documentalmente desde meados do séc. XV e que de resto foram determinantes para uma estratégia régia de ascensão do aglomerado Elvense à condição de espaço urbano e defesa da soberania nacional, como prova documentação escrita e material na época das grandes construções militares, religiosas e civis. É certo que a sua operacionalidade defensiva já tinha sido testada na Crise Geral do Séc. XIV e nomeadamente no contexto das Guerras Fernandinas, mas a sua função de espaço de defesa avançada é uma realidade que se afirma em plena modernidade durante o séc. XVII, na verdade não é por acaso, que a designação de “Governador militar” de Elvas, se insere na hierarquia política - institucional da Cidade de Elvas, quando a partir de 1641, com a nomeação por carta régia do Capitão-mor, D. Álvaro de Ataíde. Ou seja ao fim de cento vinte e oito anos devida, a cidade laica, mas com vocação espiritual, deixa de estar sobre a “superintendência” de um alcaide-mor, mas de um nobre titulado com reconhecimento na carreira de armas. A sucessão de Condes e Viscondes da aristocracia do reino demonstram o valor e prestígio de servir na Praça Militar de Elvas, sobretudo em tempo de paz onde as famílias da nobreza de Portugal serviam os interesses do Estado Moderno e Absoluto numa cidade com uma nobreza local mais rica que a fidalguia medieval, mas mais modesta que a das outras cidades e vilas do reino, sem a sua notoriedade, devido ao carácter administrativo, funcionalista e espiritual da urbe elvense. Foram também três séculos que levaram a cidade e os homens de Elvas de todos os estados sociais a terras de além-mar. Ceuta, cidade fundamental nos primeiros momentos da afirmação das armas e da fé lusitana era dirigida espiritualmente a partir da Sé de Elvas, única sede espiritual com jurisdição no Império Colonial Português segundo as ordenações dos Bispos de Elvas, desde finais do século XVII. Por outras palavras mais objectivas, a criação do Bispado de Elvas, fora um processo de longo alcance e que aproximou as populações mais distantes dos bispados de Portalegre e Évora, agora integrada no Bispado de Elvas, acabou por ter um papel fundamental na cristianização dos territórios de matriz muçulmana. Espaços coloniais em que algumas figuras da raia, de Elvas e Olivença exerceram funções administrativas e militares, ao serviço da Coroa Portuguesa e no séc. XVII ao serviço do Império Espanhol. Império esse que serviu os interesses dos grandes mercadores de Elvas, como Luís Gomes da Mata Coronel que no inicio da centúria de seiscentos por “dádiva” da dinastia dos Filipes, detinha os Correios de Portugal. Todavia, a Guerra de Restauração, tinha como cenário as guerras no Alentejo, nas Linhas de Elvas evoluíram as grandes figuras da Nobreza de Armas de Portugal, destacadas para a defesa das novas edificações de matiz moderna, sob forma estrelada onde se aquartelavam a população local que com o heroísmo venceu a fome e a peste, mas sobretudo o cerco, para que a identidade Nacional fosse preservada o fundamento de Portugal como Estado – Nação, ainda que tal formulário seja uma designação do início da Época contemporânea. Foram estes os vectores, que balizaram a História de Elvas no Período Moderno, outros são mais específicos encontram-se no trajecto da história de esta nobre e valente cidade na modernidade e que serão objecto da nossa reflexão, neste ano de 2010. (Continua).