Umberto Boccini, Estados Espíritos
(Pintura a óleo, 70.5 cm x 96cm, in the Museun of Modern Art)
Gino Severini, Dançarina Azul
(Óleo sobre tela com coquins, 61x46 cm), colecção particular)
Gino Severini, Auto-Retrato
(Óleo sobre tela, 55 x45 cm, Colecção particular).
Giacomo Balla, Mercúrio passando pelo Sol por um telescópio.
(Têmpera em papel, montado em tela, 138 x99cm, Colecção Peggy Gugunheim, Nova Iorque).
A grande Guerra condicionou a exaltação da máquina como sujeito artístico.
.... O objectivo da
visualização de um movimento e do tempo, da dinâmica e da energia, foi assumida
por um grupo de artista italianos que se auto - intitularam futuristas, devido
à sua orientação prospectiva. A sua identidade chegava ao público, pelo
manifesto redirigido pelo poeta italiano, Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944)
no qual de forma provocadora, defendia: “Nós afirmamos que a grandeza do mundo
foi enriquecida graças a uma beleza nova : a beleza da velocidade. Um carro de
corridas, com o capot adornado com grandes tubos, cujo ruído se assemelha ao de
metralha é mais belo do que a Vitória de Samotrácia”. Na pintura, a exaltação
do dinamismo e da velocidade nos quais assenta o novo conceito de beleza gerou
obras nas quais se rejeitava o estatismo do passado a favor de uma arte capaz
de reproduzir visualmente a ideia do movimento. Para obter estes efeitos
dinâmicos, os artistas utilizavam uma luz radiante que se tornava protagonista
absoluta do quadro a recorriam também à técnica divisionista que foi
posteriormente substituída por escolhas linguísticas mais revolucionárias
próprias da experiência cubista. Entre as principais figuras do movimento
pictórico futurista destacamos, Filipe Marinetti, Umberto Boccino, Giacomo
Balla, Gino Severini ou Carlo Carrá. GIACOMO BALLA - Mercúrio a
passar á frente do Sol, foi inspirado por um espectáculo natural observado em
1914, como tributo à observação de uma elipse parcial. O quadro evidencia, o
interesse de Balla pelos fenómenos científicos, o que de resto era típico da
sua primeira fase futurista. Nesta obra, o dinamismo universal foi a
importância - chave para o Futurismo e é combinado com um simbolismo cósmico. O
Sol e Mercúrio, aparecem com sinais – discos e estrelas, juntos numa constelação
dinâmica de cor e forma. Balla condensou o espectáculo de um eclipse numa visão
cósmica da natureza. A sua geometria basilar encontra-se reflectida nas formas
do círculo, do arco, do vértice e da superfície plana. A essência vital da
natureza é assim evocada pelos campos de força produzidos por estes elementos
formais. UMBERTO BOCCIONI - em Maio de 1911, trabalhava na sua primeira série
de pinturas intituladas “Estado de Espírito”, três painéis evidenciam o
conceito de separação: “As despedidas”, “Os que Ficam” e os “ Que Partem”. As Despedidas – mostra um conjunto de linhas
circulares em tons de esmalte. Ondulações em cinzento-claro, castanho e preto
sugerem poderosas locomotivas e o vapor que estas libertem enquanto permanecem
na estação. Pares de figuras que se abraçam aparecem entre as nuvens de vapor. GINO
SEVERINI – Utilizou como sujeito da sua representação iconográfica, não a
máquina, a sua força, velocidade ou impacto, mas a figuração humana o seu
movimento, na Dançarina Azul , reduziu a paleta a azul e branco – acinzentada e
dotou o quadro de uma composição triangular que culmina na cabeça da dançarina
e que balança até a zona do vestido. Segundo, Wassily Kandisky na sua obra o
“Do espírito da Arte”, a forma triangular da dançaria não era mais que uma
representação esquemática da vida espiritual. Em Dançarina Azul, Gino Severini
pode bem ter querido aludir a um domínio espiritual, traduzindo movimentos de
dança num evento transcendental no qual todas as experiências sensoriais se
fundem. Este aspecto é sublinhado pela aplicação de cequins, que elevem a
impressão de desmaterialização e espiritualidade. O ímpeto do movimento de
vanguarda que se manifestou em todas as artes e não apenas na pintura
contemporânea … chegava ao fim em plena I Guerra Mundial, á medida que o
morticínio mecanizado tragava a Europa, tornava-se difícil sustentar o culto à
máquina. Nas décadas de 1920 e 1930, a segunda geração de futuristas tentou
estender a ideologia e a prática à instalação, à cenografia teatral, às artes
gráficas e à publicidade com algum sucesso … mas a vida curta da iconografia
futurista Tinha chegado ao fim …