sábado, julho 21, 2012

A Beleza da Velocidade ... transformada em objecto artístico...




Umberto Boccini, Estados Espíritos
(Pintura a óleo, 70.5 cm x 96cm, in the Museun of Modern Art) 



Gino Severini, Dançarina Azul
(Óleo sobre tela com coquins, 61x46 cm), colecção  particular) 



Gino Severini, Auto-Retrato
(Óleo sobre tela, 55 x45 cm, Colecção particular). 



Giacomo Balla, Mercúrio passando pelo Sol por um telescópio.
(Têmpera em papel, montado em tela, 138 x99cm, Colecção Peggy Gugunheim, Nova Iorque).  




A grande Guerra condicionou a exaltação da máquina como sujeito artístico.


.... O objectivo da visualização de um movimento e do tempo, da dinâmica e da energia, foi assumida por um grupo de artista italianos que se auto - intitularam futuristas, devido à sua orientação prospectiva. A sua identidade chegava ao público, pelo manifesto redirigido pelo poeta italiano, Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) no qual de forma provocadora, defendia: “Nós afirmamos que a grandeza do mundo foi enriquecida graças a uma beleza nova : a beleza da velocidade. Um carro de corridas, com o capot adornado com grandes tubos, cujo ruído se assemelha ao de metralha é mais belo do que a Vitória de Samotrácia”. Na pintura, a exaltação do dinamismo e da velocidade nos quais assenta o novo conceito de beleza gerou obras nas quais se rejeitava o estatismo do passado a favor de uma arte capaz de reproduzir visualmente a ideia do movimento. Para obter estes efeitos dinâmicos, os artistas utilizavam uma luz radiante que se tornava protagonista absoluta do quadro a recorriam também à técnica divisionista que foi posteriormente substituída por escolhas linguísticas mais revolucionárias próprias da experiência cubista. Entre as principais figuras do movimento pictórico futurista destacamos, Filipe Marinetti, Umberto Boccino, Giacomo Balla, Gino Severini ou Carlo Carrá. GIACOMO BALLA - Mercúrio a passar á frente do Sol, foi inspirado por um espectáculo natural observado em 1914, como tributo à observação de uma elipse parcial. O quadro evidencia, o interesse de Balla pelos fenómenos científicos, o que de resto era típico da sua primeira fase futurista. Nesta obra, o dinamismo universal foi a importância - chave para o Futurismo e é combinado com um simbolismo cósmico. O Sol e Mercúrio, aparecem com sinais – discos e estrelas, juntos numa constelação dinâmica de cor e forma. Balla condensou o espectáculo de um eclipse numa visão cósmica da natureza. A sua geometria basilar encontra-se reflectida nas formas do círculo, do arco, do vértice e da superfície plana. A essência vital da natureza é assim evocada pelos campos de força produzidos por estes elementos formais. UMBERTO BOCCIONI - em Maio de 1911, trabalhava na sua primeira série de pinturas intituladas “Estado de Espírito”, três painéis evidenciam o conceito de separação: “As despedidas”, “Os que Ficam” e os “ Que Partem”.  As Despedidas – mostra um conjunto de linhas circulares em tons de esmalte. Ondulações em cinzento-claro, castanho e preto sugerem poderosas locomotivas e o vapor que estas libertem enquanto permanecem na estação. Pares de figuras que se abraçam aparecem entre as nuvens de vapor. GINO SEVERINI – Utilizou como sujeito da sua representação iconográfica, não a máquina, a sua força, velocidade ou impacto, mas a figuração humana o seu movimento, na Dançarina Azul , reduziu a paleta a azul e branco – acinzentada e dotou o quadro de uma composição triangular que culmina na cabeça da dançarina e que balança até a zona do vestido. Segundo, Wassily Kandisky na sua obra o “Do espírito da Arte”, a forma triangular da dançaria não era mais que uma representação esquemática da vida espiritual. Em Dançarina Azul, Gino Severini pode bem ter querido aludir a um domínio espiritual, traduzindo movimentos de dança num evento transcendental no qual todas as experiências sensoriais se fundem. Este aspecto é sublinhado pela aplicação de cequins, que elevem a impressão de desmaterialização e espiritualidade. O ímpeto do movimento de vanguarda que se manifestou em todas as artes e não apenas na pintura contemporânea … chegava ao fim em plena I Guerra Mundial, á medida que o morticínio mecanizado tragava a Europa, tornava-se difícil sustentar o culto à máquina. Nas décadas de 1920 e 1930, a segunda geração de futuristas tentou estender a ideologia e a prática à instalação, à cenografia teatral, às artes gráficas e à publicidade com algum sucesso … mas a vida curta da iconografia futurista Tinha chegado ao fim …