quarta-feira, outubro 24, 2012

O gótico na planície ....



A Catedral de ÉVORA um espaço arquitectónico de transição.

A simplicidade do Portal da Igreja de S.Pedro em Elvas

Vista parcial do transepto da Igreja de São Domingos (Elvas)

A Igreja - Fortaleza de Terena


O Castelo Gótico (Mértola) e a sua posição estratégica 

Na longa planície alentejana em plena da Idade Média edifica-se as primeiras manifestações e influências artísticas oriundas da Ilha de France e da região de Champagne, o sul de Portugal torna-se um feudo da arquitectura gótica. Sem a majestade das grandes igrejas góticas de Chartres, Reims ou Amiens, a igreja monacal domina a paisagem alentejana, são baixas e atarracadas e os vitrais ainda não predominam nos seus alçados, evidenciando uma técnica construtiva mediana num espaço em que o teatro de guerra marca os tempos da vida quotidiana. Com um programa construtivo, modelar destacam-se as três naves cortadas por um transepto saliente, amplo e iluminado, por largas janelas maineladas, que se abrem nos dois topos. As cabeceiras de cinco capelas abobadas que comunicam entre si por estreitas passagens têm um só andar e a capela mor que centraliza os actos de fé nos templos góticos, são normalmente caracterizadas pelos seus amplos vãos, de cinco panos iluminados por estreitas frestas e cobertas por abóbadas de ogivas. Mas na arquitectura gótica, na planície alentejana destacam-se a uma série de intervenções pelos mestres pedreiros medievais que rompem com a vulgaridade construtiva. Na Catedral de Évora, romântica-gótica, a solidez da sua fachada e a elegância dos seus volumes, é perfeita e harmónica, apesar do acabamento das três torres serem de épocas diferente. Exteriormente os volumes das torres harmonizam-se com as fachadas laterais, a que se situa a Norte é amparada por contrafortes e iluminada por frestas, a técnica de construção ainda não permitia a elevação das naves, de resto o arcobotante à maneira gaulesa, só seria introduzido mais tarde na igreja e mosteiro de santa vitória na Batalha. Em São Domingo de Elvas, destaca-se a capela-mor contemporânea da catedral de Évora e com semelhanças na sua tipologia, mas tecnicamente mais evoluída, não é por acaso que é considerada uma das obras-primas da arte gótica em Portugal, tratando-se de uma capela ampla e elevada de magníficas proporções em que os feixes dos arcos terminam à mesma altura. Notável a colocação das ogivas que assentam em colunas de secção poligonal sem capitéis decorados, as frestas rasgam-se desde os panos das abóbadas até perto do solo. Em São Francisco de Estremoz a organização da cabeceira caracteriza-se pela sua originalidade do número de capelas: três e pela suas naves esguias uma características das igrejas mendicantes na região que se observa em São Domingos de Elvas e mais tarde na igreja manuelina de Olivença. Mas a organização das naves aproximam as duas igrejas mendicantes alentejanas, com cinco tramos nas naves e com uma fachada de três corpos alteradas nos séculos XVI e XVII. Num região habituada aos confrontos bélicos, destacavam as igrejas fortificadas como em Flor da Rosa ou Terena, de uma só nave e com  várias torres, em Terena destacava-se a distribuição das massas, que dava ao templo um carácter pesado e baixo.  Na arquitectura militar, os castelos de Serpa, Mourão, Elvas, Niza e Arronches, a planta era regular, mas tinha maior complexidade no caso dos castelos do Distrito de Portalegre. As muralhas eram mais espessas e elevadas, e as torres tinham também maior altura e robustez. As torres de ângulo eram quadradas, e as muralhas eram protegidas por uma ligeira camisa e reforçadas por cubelos. Na maior parte dos castelos do sul de Portugal as diferenças situavam-se sobretudo nas proporções, na planta e nas coberturas da torre de menagem uma vez que a distância entre as torres e a posição da cintura muralhada eram praticamente iguais. Entre a fé e a assistência social a Igreja medieval fomentava indirectamente a arte e a cultura num tempo em que os ritmos diários eram marcados pelas torres sineiras num tempo rígido pela Cristandade.