A Catedral de ÉVORA um espaço arquitectónico de transição.
A simplicidade do Portal da Igreja de S.Pedro em Elvas
Vista parcial do transepto da Igreja de São Domingos (Elvas)
A Igreja - Fortaleza de Terena
Na longa planície alentejana em plena da Idade Média
edifica-se as primeiras manifestações e influências artísticas oriundas da Ilha
de France e da região de Champagne, o sul de Portugal torna-se um feudo da
arquitectura gótica. Sem a majestade das grandes igrejas góticas de Chartres,
Reims ou Amiens, a igreja monacal domina a paisagem alentejana, são baixas e
atarracadas e os vitrais ainda não predominam nos seus alçados, evidenciando uma
técnica construtiva mediana num espaço em que o teatro de guerra marca os
tempos da vida quotidiana. Com um programa construtivo, modelar destacam-se as
três naves cortadas por um transepto saliente, amplo e iluminado, por largas
janelas maineladas, que se abrem nos dois topos. As cabeceiras de cinco capelas
abobadas que comunicam entre si por estreitas passagens têm um só andar e a
capela mor que centraliza os actos de fé nos templos góticos, são normalmente
caracterizadas pelos seus amplos vãos, de cinco panos iluminados por estreitas
frestas e cobertas por abóbadas de ogivas. Mas na arquitectura gótica, na
planície alentejana destacam-se a uma série de intervenções pelos mestres
pedreiros medievais que rompem com a vulgaridade construtiva. Na Catedral de Évora,
romântica-gótica, a solidez da sua fachada e a elegância dos seus volumes, é perfeita
e harmónica, apesar do acabamento das três torres serem de épocas diferente.
Exteriormente os volumes das torres harmonizam-se com as fachadas laterais, a
que se situa a Norte é amparada por contrafortes e iluminada por frestas, a
técnica de construção ainda não permitia a elevação das naves, de resto o
arcobotante à maneira gaulesa, só seria introduzido mais tarde na igreja e
mosteiro de santa vitória na Batalha. Em São Domingo de Elvas, destaca-se a capela-mor
contemporânea da catedral de Évora e com semelhanças na sua tipologia, mas tecnicamente
mais evoluída, não é por acaso que é considerada uma das obras-primas da arte
gótica em Portugal, tratando-se de uma capela ampla e elevada de magníficas
proporções em que os feixes dos arcos terminam à mesma altura. Notável a colocação
das ogivas que assentam em colunas de secção poligonal sem capitéis decorados,
as frestas rasgam-se desde os panos das abóbadas até perto do solo. Em São Francisco
de Estremoz a organização da cabeceira caracteriza-se pela sua originalidade do
número de capelas: três e pela suas naves esguias uma características das
igrejas mendicantes na região que se observa em São Domingos de Elvas e mais
tarde na igreja manuelina de Olivença. Mas a organização das naves aproximam as
duas igrejas mendicantes alentejanas, com cinco tramos nas naves e com uma
fachada de três corpos alteradas nos séculos XVI e XVII. Num região habituada
aos confrontos bélicos, destacavam as igrejas fortificadas como em Flor da Rosa
ou Terena, de uma só nave e com várias
torres, em Terena destacava-se a distribuição das massas, que dava ao templo um
carácter pesado e baixo. Na arquitectura
militar, os castelos de Serpa, Mourão, Elvas, Niza e Arronches, a planta era regular,
mas tinha maior complexidade no caso dos castelos do Distrito de Portalegre. As
muralhas eram mais espessas e elevadas, e as torres tinham também maior altura
e robustez. As torres de ângulo eram quadradas, e as muralhas eram protegidas
por uma ligeira camisa e reforçadas por cubelos. Na maior parte dos castelos do
sul de Portugal as diferenças situavam-se sobretudo nas proporções, na planta e
nas coberturas da torre de menagem uma vez que a distância entre as torres e a
posição da cintura muralhada eram praticamente iguais. Entre a fé e a
assistência social a Igreja medieval fomentava indirectamente a arte e a
cultura num tempo em que os ritmos diários eram marcados pelas torres sineiras
num tempo rígido pela Cristandade.