Quando se analisa a longa lista dos Governadores da Praça Militar de Elvas, destaca-se desde logo o tempo dos “Governadores Operacionais”, que compreendem um conjunto de personalidades que tiveram postos de comando, que ultrapassaram a mera actividade burocrática ou de chefia como foram uma grande parte da Nobreza de Portugal, que em determinados períodos da história militar em Elvas desempenharam a sua missão nesta praça fronteiriça. É certo que a conjuntura política e militar, determinou que os Governadores da Praça entre 1640 e 1668, fossem homens com currículo operacional e desde logo o primeiro governador, o capitão mor, D.Álvaro de Ataíde que após a passagem por Elvas actuou em vários cenários da chamada “Guerra da Aclamação”, foi sem dúvida o primeiro supervisor ao serviço da Coroa da edificação das muralhas que iriam definir a linha fortificada da praça abaluartada de Elvas, mas seria Matias de Albuquerque que terminaria o seu mandato, numa época em que a guerra de assédio, implicava por vezes a paragem temporárias nas obras em favor da defesa das populações. Por isso mesmo o Governador interino de Elvas, convocava a população para a defesa da cidade numa época em que a mesma estava protegida ainda por parte das velhas muralhas medievais e por uma parte da nova muralha que já apresentava traços da forma abaluartada mas longe ainda de possuir todas as baluartes, nesta época, apenas os presidiários não foram convocados para a milícia de Matias Albuquerque que chefiou a primeiro saque português na Extremadura no assédio a Alconchel (1641). A paz relativa e a ameaça constante continuava a justificar a presença de Governadores com experiência da prática bélica, D. Joane Mendes de Vascocelhos, chegava a Elvas em 1643, depois da sucessão de três governadores militares virados para a prevenção e não para a guerra, novamente as hostes nacionais respondiam aos assédios castelhanos. O novo comandante militar avança sobre de Badajoz, derrota a cavalaria das forças inimigas na atalaia de Úveda e envolve-se em guerra aberta na ponte velha de Badajoz, mas recuando para os arredores entre o dia 9 e 13 de Setembro, avança sobre Valverde que se rende porém a 29 de Setembro e com necessidade de abastecimento regressa a Elvas, após outros assédios e respectivas rendições ao longo de meados desse mês das localidades de Alconchel, Figueira de Vargas e Villa Nueva de Freso. O seu sucessor, D .Miguel de Azevedo, governador da Praça em 1644, resiste com dificuldade aos assédios espanhóis que entram de rompante por toda a raia Caia. Uma vez mais o tempo é de guerra e novo Governador, da nobreza de sangue, o Conde de Alegrete, Matias de Albuquerque acaba por estancar a ofensiva castelhana e da defesa passa ao ataque, contra os exércitos de Terracusa, a vitória em S.Vicente , localidade situada nas proximidades de Albuquerque, mostrando a eficácia do exército luso, perante um exército espanhol diminuído pelos recrutamentos para a Guerra da Catalunha. Mas, o Marquês de Terracusa, não desarma e no Inverno do mesmo ano, cerca Elvas com cerca de 12.000 homens ocupando toda a área do outeiro do Casarão dispondo de uma coluna de abastecimento e procurando ao mesmo tempo dominar a área circundante a partir da edificação de uma pequena fortificação. As várias investidas sob comando de Matias de Albuquerque, a norte da futura praça militar que já contava com oito baluartes determinou o levantamento do cerco a Elvas. O governador militar ainda antes da saída da cidade para o Cargo de Governador de Armas do Alentejo, propôs a Câmara e à Coroa o reforço da defesa da cidade com a proposta da edificação de três atalaias a dos Sapateiros (Vila Fernando); Vila Boim (na herdade da Atalaia que pertenceu à Casa de Bragança) e das Largateiras. Estas e as que se seguiram seriam destruídas pelo exército de D. João da Áustria em 1663 no cerco a Elvas. De resto o período que se segue de relativa paz e o governador Manuel Freire de Andrade entre 1646 e 1650, é sem dúvida o responsável pelo fim das obras militares em Elvas e projecta as três atalaias que foram edificadas no Caminho de Elvas e Estremoz, cujas propriedade e gado eram motivos de assalto sempre que a cidade era assediada. A década de cinquenta passa com normalidade e a sua praça abaluartada leva os seus governadores militares ao anonimato. Mas a ameaça persiste e o estacionamento de forças espanhóis na Praça Militar de Badajoz, eram notícias em Portugal. Novamente Joanne Mendes Vasconcellos volta ao comando da Praça e os campos agrícolas de Elvas, Vila Viçosa e Mourão foram arrasadas, a guerra eclode no Alentejo e Joanne Mendes Vasconcellos derrota o Conde San German em Mourão, mas os assédios e os conflitos bélicos não param. Em 1958, outro Governador da nobreza de armas, presta serviço em Elvas, trata-se do General André de Albuquerque, que morrerá em Elvas na batalha das Linhas de Elvas, antes porém cobrira-se de glória no combate de Assumar em Arronches e no cerco de Badajoz obrigado a retirar pelas hostes do Conde Ossuna toma o Forte de S.Miguel onde foi hasteada a bandeira nacional. Todavia seria, D. Sancho Manuel, o governador militar à data do Cerco e Batalha das Linhas de Elvas, no comando das hostes militarizadas da cidade com o apoio, solidariedade e sofrimento do Terceiro Estado elvense (burguesia + povo),. O ciclo das “Governadores Operacionais”, terminaria com a paz assinada com a Espanha em 1668, mas D.Jerónimo D´Autoguia nomeado em 1660, com a desconfiança natural de quem fazia a guerra continuava a centrar as suas preocupações na reparação e manutenção das fortificações e da sua capacidade de abastecimento e nesse contexto mandou regular uma nascente de água que devia abastecer o Forte de Santa Luzia, com o apoio intermédio de um novo sítio ou lugar, anexo à Praça nascia um reduzido aglomerado o Rossio da Fonte Nova. Era o fim de uma era de guerra permanente do qual o Cerco e Batalha das Linhas de Elvas foi o acontecimento central numa série de assédios que marcou os tempos da Restauração da soberania nacional.