domingo, maio 06, 2012

1.1. - O Alentejo ...uma ideia ...uma Terra...



Mértola sede administrativa da Lusitânia Romana ...


As Cartas régias  multiplicam-se nos Séc .XII e XIII com a ocupação e colonização do Alentejo.


A reconquista Cristã na Extremadura espanhola ... um modelo ... uma história paralela ....


Mértola entre a prosperidade islâmica ...e a fronteira de Portugal Medieval ao Sul da planície

           Antes do séc. XII e XIII o Alentejo como realidade administrativa não existe, mas é antes uma longa e vasta planície sob domínio islâmico, desde que o Wali ou governador árabe de Ifriqiyah e Magrib, Musa Ibn Nusayr no Verão de 710, enviou o seu oficial Tarif ibn Malik a fazer um primeiro reconhecimento do território antes do Governador de Tânger, avançar sobre a Península Ibérica para um domínio efectivo de território de mais de três séculos. O primeiro momento da ocupação árabe ocorreu com a conquista da cidade de Mérida – Emerita Augusta,  em 713 por Musa Bem Nusayr, que administrativamente tinha a jurisdição sobre os actuais  territórios da Extremadura, Alentejo e Algarve.  Nesse processo secular de ocupação, nos limites do centro e sul do território, afirmava-se a florescente província do Al Garb Andaluz cuja colonização foi feita por tribos Árabes e Berberes, que desde cedo se fixaram em terras do actual território português, como se identifica na toponímia dos actuais distritos de Portalegre, Évora e Beja, e em especial, nos concelhos de Avis, Castelo de Vide, Gavião, Portalegre, Ferreira do Alentejo, Mértola, Odemira ou Serpa. Em território da planície, a Baja islâmica (Beja) distinguia-se pela dignidade da sua cidade com cerca de 7000 pessoas no período de maior prosperidade. A cidades do Al Garb desenvolviam-se no cimo das colinas numa posição de domínio sobre a planície, não sendo a altura determinante para a sua implantação, ainda que a sua alcáçova e fortificação acastelada fosse uma preocupação dominante das suas edificações, por regra situadas no cruzamento das vias comunicações fundamental para a sua dinamização económica. Outras cidades (Kura) de tamanho mediano, se distinguiam-se na vasta planície do sul peninsular, casos de Alcácer do Sal  - Al Qasr Abi Danis ,  Elvas - Albas, Ilbas ou Yalbas, Évora - Yabura  ou Mértola - Martula, cuja fundação resultou de outras realidades fortificadas, como é o caso de Alcácer do Sal que evolui directamente de um oppidum fortificado. Todavia nem sempre essa foi a norma seguida, de facto no caso de Elvas a sua edificação foi planeada de raiz pouco depois de 884 por Iban Marwan, como réplica a Badajoz numa área de ocupação ou não existia capacidade de reter qualquer assédio de qualquer ofensiva inimiga. Nos núcleos urbanos mais importantes, distinguiam-se uma elite de proprietários e magistrados que controlavam o espaço e toda a vida económica, social e cultural, das cidades e da população nas alcarias. Mas a florescente província do Garb Andaluz seria fortemente abalada pela ofensiva dos cristãos que a partir de meados do séc. XII estavam em movimento para o sul do território, num vasto movimento que iria abalar o sul da Península ibérica nos séculos seguintes. A Reconquista cristã no Alentejo, inicia-se com a fixação da Linha do Tejo em 1147 pelo Senhor de Coimbra ( D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal) , como lhe chamam as fontes narrativas árabes. Na vizinha, Extremadura espanhola, tal processo decorre com a mesma  “chama” de ocupação e organização do espaço, após a conquista da Coria em 1142, um processo paralelo com o avanço das hostes nacionais e terminado em 1230 com a conquista de Badajoz. Em solo português o domínio cristã foi  marcado por avanços e recuos no território da actual província do Alentejo, uma vez que por estratégia militar, conquistar e ocupar era um problema que só o povoamento e a colonização do território iria facilitar e permitir.  De facto, o cronista da Coroa, António Brandão, refere apenas Palmela e Sesimbra, na zona costeira, e os castelos de Évora e Elvas, na vizinhança na Extremadura espanhola, continuavam em poder dos Serracenos. Aliás no início da década de 1160 já as hostes nacionais dominavam o principal centro urbano no Alentejo, com a conquista de Évora e o domínio da margem esquerda entre Moura e Alconchel estava assegurado desde 1165 . Mas as definição das linhas de fronteira no Alentejo, marcaram uma preocupação pendente dos reis nacionais, como veremos, antes da conquista do Algarve iniciada a partir de meados do séc. XIII. (continua).