Mértola sede administrativa da Lusitânia Romana ...
As Cartas régias multiplicam-se nos Séc .XII e XIII com a ocupação e colonização do Alentejo.
A reconquista Cristã na Extremadura espanhola ... um modelo ... uma história paralela ....
Mértola entre a prosperidade islâmica ...e a fronteira de Portugal Medieval ao Sul da planície
Antes do séc. XII e XIII
o Alentejo como realidade administrativa não existe, mas é antes uma longa e
vasta planície sob domínio islâmico, desde que o Wali ou governador árabe de Ifriqiyah e
Magrib, Musa Ibn Nusayr no Verão de 710, enviou o seu oficial Tarif ibn Malik a
fazer um primeiro reconhecimento do território antes do Governador de Tânger,
avançar sobre a Península Ibérica para um domínio efectivo de território de
mais de três séculos. O primeiro momento da ocupação árabe ocorreu com a
conquista da cidade de Mérida – Emerita Augusta, em 713 por Musa Bem Nusayr, que
administrativamente tinha a jurisdição sobre os actuais territórios da Extremadura, Alentejo e
Algarve. Nesse processo secular de
ocupação, nos limites do centro e sul do território, afirmava-se a florescente
província do Al Garb Andaluz cuja colonização foi feita por tribos Árabes e
Berberes, que desde cedo se fixaram em terras do actual território português,
como se identifica na toponímia dos actuais distritos de Portalegre, Évora e
Beja, e em especial, nos concelhos de Avis, Castelo de Vide, Gavião,
Portalegre, Ferreira do Alentejo, Mértola, Odemira ou Serpa. Em território da
planície, a Baja islâmica (Beja) distinguia-se pela dignidade da sua cidade com
cerca de 7000 pessoas no período de maior prosperidade. A cidades do Al Garb
desenvolviam-se no cimo das colinas numa posição de domínio sobre a planície,
não sendo a altura determinante para a sua implantação, ainda que a sua
alcáçova e fortificação acastelada fosse uma preocupação dominante das suas
edificações, por regra situadas no cruzamento das vias comunicações fundamental
para a sua dinamização económica. Outras cidades (Kura) de tamanho mediano, se
distinguiam-se na vasta planície do sul peninsular, casos de Alcácer do
Sal - Al Qasr Abi Danis , Elvas - Albas, Ilbas ou Yalbas, Évora - Yabura ou Mértola - Martula, cuja fundação resultou
de outras realidades fortificadas, como é o caso de Alcácer do Sal que evolui
directamente de um oppidum fortificado. Todavia nem sempre essa foi a norma
seguida, de facto no caso de Elvas a sua edificação foi planeada de raiz pouco
depois de 884 por Iban Marwan, como réplica a Badajoz numa área de ocupação ou
não existia capacidade de reter qualquer assédio de qualquer ofensiva inimiga. Nos
núcleos urbanos mais importantes, distinguiam-se uma elite de proprietários e
magistrados que controlavam o espaço e toda a vida económica, social e
cultural, das cidades e da população nas alcarias. Mas a florescente província
do Garb Andaluz seria fortemente abalada pela ofensiva dos cristãos que a
partir de meados do séc. XII estavam em movimento para o sul do território, num
vasto movimento que iria abalar o sul da Península ibérica nos séculos
seguintes. A Reconquista cristã no Alentejo, inicia-se com a fixação da Linha
do Tejo em 1147 pelo Senhor de Coimbra ( D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal) , como lhe chamam as fontes narrativas
árabes. Na vizinha, Extremadura espanhola, tal processo decorre com a mesma “chama” de ocupação e organização do espaço,
após a conquista da Coria em 1142, um processo paralelo com o avanço das hostes
nacionais e terminado em 1230 com a conquista de Badajoz. Em solo português o
domínio cristã foi marcado por avanços e
recuos no território da actual província do Alentejo, uma vez que por
estratégia militar, conquistar e ocupar era um problema que só o povoamento e a
colonização do território iria facilitar e permitir. De facto, o cronista da Coroa, António
Brandão, refere apenas Palmela e Sesimbra, na zona costeira, e os castelos de
Évora e Elvas, na vizinhança na Extremadura espanhola, continuavam em poder dos
Serracenos. Aliás no início da década de 1160 já as hostes nacionais dominavam
o principal centro urbano no Alentejo, com a conquista de Évora e o domínio da
margem esquerda entre Moura e Alconchel estava assegurado desde 1165 . Mas as
definição das linhas de fronteira no Alentejo, marcaram uma preocupação
pendente dos reis nacionais, como veremos, antes da conquista do Algarve
iniciada a partir de meados do séc. XIII. (continua).