A vila de Elvas situava-se no eixo da guerra guerreada ....
Badajoz entre a diplomacia e a guerra foi um palco de conflito na Idade Média
A raia do Alentejo na margem esquerda do Guadiana teatro da guerra medieval
(in João Gouveia Monteira;Os Castelos Portugueses, p.31)
A Nobreza senhorial da Extremadura desde sempre assegurou a soberania regional
No Norte Alentejana a cordialidade superou os conflitos nacionais e da região ...
Na época medieval, a linha de fronteira entre Portugal e Castela no Alentejo, ficou definida sem dificuldade de maior, até ao século XII, mas torna-se um espaço de confrontação, uma vez que a impossibilidade de entendimento, na fixação definitiva da linha de demarcação da raia é uma realidade que atravessa quase dois séculos. A presença muçulmana neste vasto território foi determinante para as aspirações do nosso primeiro monarca, D. Afonso Henriques ainda antes do fim da sua carreira de armas irrompeu várias vezes pela Extremadura Espanhola, chegando a ocupar as cercanias de Cáceres o lendário General Sem Pavor, não deixou de assediar as terras além Guadiana numa tentativa de incorporar as terras castelhanas, no novo reino que estava ainda em pleno alargamento das fronteiras. Ao mesmo tempo, assistia-se no centro e sul peninsular, o avanço sem precedentes das várias forças vários reinos cristãos em formação, tal como a Nobreza da região Entre Douro e Minho, a Leonesa e a Aragonesa, marchava com as suas milícias num processo político que em parte não era mais que uma expansão feudal que era necessário clarificar. Com esta finalidade a diplomacia expressa-se quando se firma o tratado de Badajoz em 1267, que não é mais do que a confirmação de um outro assinado em 1252-1253 e cujas fontes não mencionam em que circunstâncias. Na verdade e apesar, das várias iniciativas luso-castelhanas, a linha que consagrada a realidade peninsular luso-castelhana em terras do sul, foi sem dúvida o Tratado de Alcanices (1297). Os protagonistas foram os monarcas, D. Dinis de Portugal e D. Fernando IV de Castela. Por este acordo Castela cedia a Portugal algumas populações extremenhas como Campo Maior, Ouguela e especialmente Olivença. Se consolidava assim a fronteira mais antiga da Europa. Mas, apesar de tudo, a clarividência da realidade raiana de uma fronteira definida não se deslumbra antes de finais do século XIV, momento em que a conjuntura de guerra, castiga violentamente as populações localizadas na raia de ambos os lados. Nos finais do século e com o tratado de Alcoutim de 1371, sem interesse prático, evidenciava um verdadeiro esgotamento da conjuntura de guerras de assédios e as tréguas, novas negociações surgem em 1393 e 1402, os cenários seleccionados para os encontros diplomáticos ocorreram nas vilas de Olivença e Villanueva de Barcarrota. Mais a paz duradoura só é firmada no Tratado de Ayllón em 1411 e confirmada em 1431 quando se promulga as conclusões do Tratado de Almeirim. Mais uma vez mais, as relações cordiais entre os dois estados foram afectadas com a crise política de 1440-1443 mas sem os efeitos dos conflitos (guerras Fernandinas) que marcaram as terras do sul do Alentejo e da Extremadura. O Tratado de Elvas assinado em 1456 trouxe a acalmia as hostes da nobreza de armas de ambos os lados, mas a guerra civil castelhana que explodiu em 1475 abre as aspirações ao projecto Ibérico e D. Afonso V sonha ampliar o seu território, as forças portuguesas semeavam o pânico ao entrar em terras extremenhas, semeando o medo mas também a morte em ambos os lados da raia nacional uma realidade dominante na época medieval. Todavia, numa análise mais real e autêntica, com base nas fontes, com exclusão das guerras fernandinas, verdadeiros confrontos entre as hostes nacionais e senhoriais, de Portugal e Castela. A verdade é que a “guerra guerreada” foi a de facto, o modo de conflito dominante, tratava-se de obter grandes quantidades de gados ou fazer um determinado número de prisioneiros, em troca do respectivo resgate. Não podemos deixar de referir nesta categoria de eventos, os cercos às vilas de Coria (1386); Alcântara (1400) ou os assaltos aos castelos de Cortijo e Lobon (1382) ou ainda a ocupação de Badajoz em 1396. Aliás, esta actividade militar intensa quase sempre gizada a partir de Elvas acabou por provocar o empobrecimento e o desaparecimento temporal de uma parte da população de Badajoz, mas em ambos os lados viveram-se tempos de alerta e de tensão e de descuido da organização económica, por abandono dos campos. Todavia, na raia alentejana uma realidade foi indiferente há guerra, tal como o movimento de pessoas, gados e mercadorias, que passavam aparentemente de um estado para outro, os Melo e os Gama, de Olivença, apesar da sua origem nobre, eram os maiores contrabandistas de cavalos e armas, nomeadamente o pai de Rui de Melo que viria a ser alcaide mor do castelo de Elvas, mas a norte da raia alentejana, a boa vizinhança alimentava as relações entre Marvão e Valência de Alcântara e mais o sul o despovoamento contribuía para um clima bélico pontual, de tal forma que as guerras de fronteira na linha da raia alentejana era compreendida de forma diferenciada em função de uma população que compreendia os conflitos bélicos de forma diferença.