O Monte Palace - o hotel das elites europeias
O Bello Monte outra das unidade hoteleira pioneira do Turismo Madeirense
O Comboio de partida do Pombal
A chegada ao Monte centro do Turismo Madeirense
As dificuldades de comunicação e
transportes era um problema que afectava os madeirenses desde o tempo dos
descobrimentos, em finais do século XIX o Diário de Notícias, noticiava assim
os obstáculos à circulação no interior da ilha “Quem julgar que haja exagero no
que dizemos monte-se num cavalo e vá percorrer a ilha e voltará horrorizado
pelo que respeita a vias de comunicação em muitos pontos se não na maior parte
das freguesias rurais”. As notícias do triunfo da linha férrea na Europa era já
conhecidas antes de meados do século XIX no arquipélago madeirense, mas seria o
capitão António Joaquim Marques natural de Lisboa, o pioneiro do desenvolvimento ferroviário na
Madeira, apresentando na Câmara Municipal em 17 de Fevereiro de 1887 um estudo da
autoria de Raul Mesnier Ponsard que deixava clara que a viabilidade do caminho
de ferro era uma realidade. As autoridades municipais acabaram por apresentar
alguns obstáculos ao projecto, do capitão António Marques, mas em 24 de Julho de
1890 o projecto era finalmente aprovado e concedido ao madeirense, capitão
Manuel Alexandre de Sousa, que se propunha a criar a Companhia dos Caminhos de
Ferro do Monte. O Monte era então a zona de turismo por excelência e a elite madeirense possuía as suas quintas na referida freguesia, zona privilegiada para as férias
dos madeirenses de posse até ao séc. XX e o comboio podia ser um instrumento ao serviço de uma indústria em desenvolvimento . A escritura da companhia definia as
suas características: Art.º1 - É criada uma sociedade anónima da
responsabilidade limitada que se domina Companhia dos Caminhos de Ferro do
Monte; Art.º 2 – A Companhia tem por fim construir e explorar o caminho-de-ferro
do Monte para o sítio do Monte, bem como um casino denominado as Laginas,
extremo da Linha. Artº 3 – A sede da Companhia é o Funchal; Art.º4 – A sua
duração será pelo tempo de noventa anos (…): Art.º 4 – O capital da Companhia
será de cento e doze contos e quinhentos mil réis dividida em doze mil e
quinhentas acções. Em Agosto de 1891 foram inaugurados os trabalhos do elevador
começando simultaneamente na Confeitaria e no Pombal. Entretanto a imprensa
local ia dando conta da chegada do material fixo e circulante para o elevador.
Em 12 de abril de 1893, as notícias davam conta “ que estava ontem à vista a
barca que se supõe ser a que veio de Antuérpia com parte do material fixo e circulante
para o caminho-de-ferro do Monte”. Entretanto as informações técnicas era
motivo de divulgação, dizendo-se que devido ao declive do traçado era escolhido
o sistema Riggenback, que consistia na presença de uma cremalheira colocada no
eixo da via e ao longo de todo o seu percurso e constituída por uma calha de
ferro, cujas lâminas verticais estão rebitadas os seus dentes ou degraus como
se uma escada se tratasse. Outros pormenores eram notícia, como o tipo de carro
(carruagem), como então lhe chamavam, que teria uma lotação para 60
passageiros. Finalmente a 16 de julho de 1893, era inaugurado o primeiro troço
entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia. A imprensa local noticiava assim o
acontecimento: “Antes das 10 horas da manhã já eram numerosos os grupos de
curiosos que estacionaram em toda a linha do percurso, onde, a pequenos
espaços, se erguiam mastros com bandeiras e em cima, na Levada de Santa Luzia,
onde também flutuavam bandeiras levemente agitadas por uma viração que mal
atenuava a intensidade do calor. Sob um sol faiscante a multidão dos curiosos
foi aguentando gradualmente, e muito antes de uma hora da tarde, a anunciada
inauguração, era difícil encontrar um lugar onde se pudesse estar à vontade. Na
Levada de Santa Luzia achava-se armado um coreto com toldo, onde tocou a banda
regional de Caçadores 12 depois da cerimónia religiosa. A estação do Pombal
apresentou-se, decorada com flores e verduras. O Exmº prelado diocesano, D. Manuel
Agostinho Barreto, de pluvial, de roquete, de estola e mitra e empunhando o
báculo, procedeu à cerimónia da bênção da locomotiva, onde se via hasteada a
bandeira portuguesa, rodeando sua s.ex. reverendíssima o Cabido da Sé com a
cruz alçada. Assistiram a este acto quase todos os cavaleiros convidados pela
direcção do Caminho-de-ferro. Concluída a bênção estrugiu nos ares uma
girândola de foguetes e fizeram-se ouvir os sons festivos da música. Em
seguida, o Exmo. Prelado, o Sr. Governador Civil; o Sr. Agostinho de Ornelas e
os srs. Conde Calçada; comendador Read Cabral, director da Alfândega do
Funchal, comendador Luís Ribeiro de Mendonça; secretário-geral interino, Major
Almeida Ferreira; capitão Camacho; engenheiro Roma Machado; dr. Joaquim Ricardo
trindade de Vasconcelos, vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal e
vereadores João Franco de Castro, Pedro Luís Rodrigues, Silvestre Quintino de
Freitas, cónego vigário do monte, Francisco Rodrigues de Almeida; Manuel Pires
Taborda; Dr. Frederico Martins ; os directores do Caminho-de-ferro do Monte e
outros cavaleiros, deram entrada no carro que se pôs imediatamente em marcha,
percorrendo em cinco minutos a distância que vai da estação do Pombal à Levada
de Santa Luzia entre duas alas compactas de espectadores. Ali foram os
viajantes convidados pela direcção a se apearem e seguindo para uma propriedade
pertencente ao Sr. Manuel Pires foi-lhes servido um delicado copo de água. A
banda dos caçadores 12 tocou várias peças escolhidas, terminando assim uma
festa comovente e abrilhantada por um tempo esplêndido que há-de lembrar sempre
na Madeira para a qual se abre uma página nova e auspiciosa da história”.