Crónicas de Elvas- Fichas de História Local - nº37 - IV série - A história da cidade de Elvas desde a sua fundação até quase aos nossos dias ou pelo menos até ao último quartel do século XX foi essencialmente agrícola. Todavia a prática mercantil está registada no próprio foral manuelino concedido à cidade em 3 de Março de 1507. Mas tal como nessa data tão longíqua nos três séculos e meio seguintes, a prática mercantil era completar da actividade agrícola e eram os produtos agrícolas que dinamizavam essa prática pré-comercial. É certo que alguns mercadores locais como os Gomes, os Fernandes e os Melo, na época filipina atingiram uma dimensão internacional beneficiando do alargamento da sua àrea comercial por via ibérica, mas sem consequências na vida económica de Elvas, uma vez que por via do reconhecimento social destas famílias enrequecidas, primeiro por um comércio regional e depois pela sua participação em capitais ibéricos, acabaram por se fixar na capital do reino mais exactamente na Rua dos Mercadores onde tinham residência os maiores mercadores do reino. Mas o reconhecimento da cidade raiana como um espaço comercial, segundo a documentação escrita e documental, é já muito posterior à Revolução do Porto de 1820 e praticamente em plena Regeneração numa época em que a prosperidade marcava a vida quotidiana. Na verdade desde 1860 até 1930, o ritmo de crescimento demográfico do concelho de Elvas foi notável ainda que no início do século XX pela primeira vez na história concelhia a população rural ultrapassa os efectivos urbanos como consequência do avanço e expansão da exploração agrícola nas vilas e aldeias do município. Podemos então afirmar que a conjugação de factores determinaram as condições para a criação de um alargado número de consumidores que animaram um comércio em franco desenvolvimento a saber: a) O aumento demográfico por via de novos moradores, agricultores por via da "colonização agrícola". b) O desenvolvimento da função pública devido à crescente burocratização do regime republicano. c) O crescente processo de militarização sobretudo com a fixação e operacionalidade da Guarda Nacional Republicana e ainda a melhoria das condições higiénicas e saúde pública. Assim na transição para o século XX, Elvas sentinela da fronteira, era reconhecida como cidade comercial e agrícola, que podemos comprovar quandp se lê os títulos da imprensa periódica de finais da última centúria de oitocentos. Nas décadas de 1860 e 1870, as Ruas da Cadeia e Carreira, dominavam a vida comercial e as lojas e as mercearias sucediam-se na disposição das referidas vias. No período entre 1870-1890, a Rua da Alcamin surgia em franca expansão com lojas de moda e num misto entre a casa comercial e a mercearia. No fim do século era a vez da afirmação da Rua Pereira de Miranda, campeã das mercearias e na entrada no novo século timidamente surgiam novas artérias sem a dinâmica comercial das já referidas e o número de lojas e serviços registados atingiam a meia centena. O século XX seria marcado por vários momentos conjunturais, até meados do século pela relação entre a peseta e o escudo, após as crises económicas consequentes às duas guerras mundiais. A militarização, o movimento alfandegário e a clientela espanhola, alimentou a prosperidade comercial nas décadas de 60, 70,80 e 90. Mas a desactivação das estruturas militares e aduaneiras, acabou por fechar esse círculo de circulação monetária e provocar uma situação de estaganação que o tempo e a estratégia determinarão o caminho a seguir. Postado por Arlindo Sena.