terça-feira, fevereiro 28, 2012

A Imperatriz Iasbel Eugénia (Sissi) e a sua presença em solo madeirense...

A imperatriz Sissi nos tempos das temporadas na Madeira

Quinta Vigia no tempo do Hotel Atlântico - um século antes era um lugar das vivências de Sissi


 Aposentos da Imperatriz da Áustria no seu Palácio (2009) 

A família Imperial no Passeio Público em 1922 

Segundo Silva Menezes, Isabel Amália Eugénia, vulgo Sisi passou duas temoradas na Ilha da Madeira, a primeira datada de 29 de Novembro de 1860 a 28 de Abril de 1861 e uma segunda entre 28 de Abril de 1861 e 23 de Dezembro de 1893. Era a segunda filha  dos oito filhos de Maximiliano José. Segundo a documentação conhecida, a jovem imperatriz, era abalada frequentemente por crises nervosas e permanentes jejuns, o seu estado saúde agravara-se de forma preocupante por volta de 1860, de tal maneira que o seu médico particular o Dr. Skoda decidiu que a jovem germânica devia procurar com urgência um clima mais ameno. A Madeira poderá ter sido uma primeira hipótese nos meios próximos de Sissi, mas foi sem dúvida a passagem do Arquiduque Max, pela Madeira num regresso do Brasil, que influenciou a decisão de Isabel, já que o clima ameno e beleza da paisagem terão sido a razão da escolha da ilha atlântica. E em princípios de Novembro, quando circulava nas cortes europeias, a eminência da morte da imperatriz, a mesma partiu em direcção ao Funchal num iate da rainha da Inglaterra, Vitória uma vez que a corte austríaca não tinha nenhuma embarcação que possibilitasse tal viagem. De realçar também o seu comportamento invulgar, na viagem em direcção ao arquipélago madeirense, segundo os diários de bordo uma parte considerável da tripulação teria enjoado e passado mal, o que não aconteceu com a imperatriz que face ao seu estado conservava-se indiferente aos fortes temporais do golfe da Biscaia. Uma vez no Funchal, Sissi vivia em perfeita solidão nos primeiros meses, à beira mar, numa vivenda alugada junto à Quinta Vigia, o seu contacto com exterior fazia-se por cartas, na qual descrevia a sua vida sossegada e calma, traduzida pela saudade face á grande distância e à longa separação, da sua família nomeadamente dos seus filhos, Gisela e Rodolfo. Na opinião da históriador Brgitte Harmann, a partida de Sissi para à Madeira, justifica-se na necessidade de se afastar do seu esposo, segundo a mesma, as melhoras na sua saúde foram evidentes nas duas vezes que a imperatriz passou por terras madeirenses, segundo outras fontes a doença de Sissi teria sido consequência de uma doença provavelmente venérea, com que o imperador a teria contagiado. Mas , o que se conhece da vida de Sissi na Madeira são os relatos do Conde Luís Rechberg, não é propriamente da sua doença, mas da sua vida deprimente, como se pode ler  “Muitas vezes fechava-se quase o dia inteiro no quarto, chorando, comendo pouco e excepção de um passeia de cerca de uma hora, vivia os dias sentada à janela” … Faziam parte do seu convívio, os póneis, papagaios e os cães, inclusivamente na sua primeira passagem pela ilha mandou vir da Inglaterra um grande e imponente cão que a acompanhava nas poucas saídas pela cidade. Na  Primavera de 1861, Sissi estava mais adaptada à sua vida na capital funchalense, tocava bandolim e vestia uma camisa de marujo, ao mesmo tempo recebia lições do elegante Conde Imre Hunyády, um húngaro que era obrigado a voltar à corte vienense quando corria a notícia da sua paixão pela imperatriz. A transformação psicológica da imperatriz parece ter sido evidente, os apaixonados sucediam-se em terras madeirenses, um almirante  de um navio russo ancorado na baía do Funchal num jantar seguido de um baile, na vivenda da Quinta Vigia, declarava que os seus oficiais estavam todos apaixonados pela sua beleza … algo que Sissi já estava habituada, na corte austríaca e que ela não exaltava pois era o tempo da princesa  parvinha e bonita … agora com cinco meses de estadia na ilha sentia-se mais à vontade nos pisos horríveis do solo madeirense que percorria durante várias horas, montada nos seus cavalos  o “Red Rose ou no Forester”, ao estribeiro-mor do Reino, diria que ele nem sequer aguentava duas semanas na ilha. Das últimas notícias da sua passagem da Madeira fica o relato de uma Páscoa fria no longínquo ano de 1861, que a imperatriz não aceitava pois tal clima lembrava-lhe a Austria , na Madeira faltava-lhe o calor habitual e  a falta de verdura que nesse ano se manifestou no solo madeirense.  Confessava também na sua correspondência que cada barco que passava lhe dava  vontade de partir …mas não para Viena, arrepiava-lhe a Corte e apenas pensava nos filhos, mas abandonar o Funchal seria noutra direcção,  Brasil ou África.  Entretanto o seu país, preparava-se para a guerra e sem notícia segura pretendia regressar à Pátria o que sucedeu algumas semanas após a fria e desoladora Páscoa de 1861. Cinco anos antes da sua morte volta à Pérola do Atlântico, já como ex-imperatriz não havendo registos desta presença, mas um episódio que fez notícias nos periódicos locais que Sisi teria iludido a segurança, tendo se deslocado à Confeitaria Felizberta, para comer bananas à mão …. E assim se regista na bibliografia romântica a sua passagem pelo Funchal onde pela primeira vez seria fotografada ….era o início da presença da Família dos Habsburgo na Madeira, onde faleceria o último imperador, Carlos da Áustria em Fevereiro de 1922 na freguesia do Monte onde está sepultado na Igreja Matriz do Monte....  Todavia, a vida madeirense era objecto de referência nas longas cartas, de outra personagem, o Conde Nobili que fazia parte do séquito de Sissi , destacando a beleza da Madeira, sem dúvida uma terra abençoada onde todas as plantas da Índia e da América do Sul rebentavam e davam flor em solo madeirense. Nos seus relatos, refere-se a boquetes e caneleiras com uma altura de 30 pés, com milhares de flores e botões em seu redor. A uma distância de 25 passos diante da casa achava-se a costa alta e rochosa, e entre todas as fendas das suas pedras vicejava um cato. Numa terra sem distracções, o Conde Nobili, descrevia as peles dos madeirenses com uma coloração próxima do couro;  o Funchal era descrito como uma cidade suja, característica, aliás do sul da Europa em meados de oitocentos e calcetada com pedrinhas pontiagudas, totalmente impróprias para as pessoas deambularem, as lojas eram pobres a convivência era inexistente.