História Local - Na Rádio Elvas - A história da Maçonaria em Elvas é um fenónemo da História Contemporânea e está directamente relacionada com dois momentos particulares da história política portuguesa, a oposição ao regime liberal e ao ideário republicano respectivamente. No primeiro momento, podemos identificar três lojas macónicas : a Loja da Liberalidade (1818-1823); a Loja 21 de Julho ( existiu entre 1834 e 1841) e a Loja União Transtagna de Elvas, fundada em 1840 e desaparecida provavelmente no ano de 1869. A loja da Liberalidade foi sem dúvida a mais importante e terá sido extinta na sequência do movimento absolutista de Vila Francada. Defensora dos ideais revolucionários da Revolução Francesa, Liberdade , Igualdade e Fraternidade, foi sem margens dúvidas a loja elvense que em termos sociais e profissionais, se caracterizava pela distinção, considerando que estava representada por membros do alto clero como o bispo de Elvas, D. Frei Joaquim de Meneses e Ataíde ou o Cónego da Sé, Tio de Lúcio José Travassos Valdez, irmão Conde do Bonfim, José Lúcio Travasso Valdez, nascido em Elvas e que desempenhou uma serie de altos cargos ao serviço da Monarquia Constituicional. Este maçon da nobreza de sangue contava com outras figuras distintas nas reuniões clandestinas numa dependência da Praça Militar de Elvas, então sob comando do Visconde de Vila Nova de Gaia Thomas Wiliam Stubbs, que em seu redor juntava outras figuras de alta patente do exército português tais como Joaquim José Vidigal Salgado, Doutor em Medicina, Capitão-Mor Exército. Ou outros oficiais de referência como Frederico Chateaunef, José Lampreia de Sárria, Joaquim Paulo Arrobas ou Mateus Maria Padrão. A Loja de 21 de Julho que era uma das facções da Loja da Emigração Regeneradora e existiu com fins de natureza partidária e não com objectivos libertários como era natural neste tipo de organizações. A Loja da União Transtagana era uma representação da Loja de Fortaleza que reunia alguns militares da cidade, aceitava o rito escocês antigo, fundada em 24 de Junho de 1840 e existiu durante cerca de 20 anos. No século XX fruto dos ventos republicanos que o País atravessava era criado pelo Decreto nº147 de 22 de Junho de 1911 a Loja da Emancipação nº347 e em seu redor juntava como obreiros os antigos membros da Comissão Republicana de Elvas mas também uma série de figuras locais representativas de todos os partidos republicanos organizados na cidade como era o caso do Partido Republicano Português, Partido Evolucionista e a União Republicana. O seu líder era o aristocrata Júlio Alcântara Botelho e político republicano oriundo de uma família do Partido Regenerador na qual o seu avô o Visconde de Alcântara era de resto a principal figura do Distrito e amigo pessoal de esse grande estadista português Fontes de Pereira de Melo. Reconhecem-se nesta loja como obreiros cerca de 15 elvenses entre eles: o Brigadeiro Miguel Conceição Santos, o fotógrafo Manuel Caldeira Cayola, o empresário António José Torres de Carvalho, o Coronel António Pires Leitão, o Dr. João Camoesas ou o advogado Raul Carlos Silva Rebelo. Aliás considerando os dados biográficos das referidas personalidades verificamos que os mesmos no período entre 1910-1922, desempenharam uma série de cargos fundamentais na vida política e pública da cidade. Em consequência da implantação da República, destaca-se a curiosidade da constituição de uma loja em Barbacena em 1911, o Triãngulo nº165 que deverá ter tido uma influência decisiva no movimento grevista rural que ocorreu nos espaços rurais elvenses e que juntava como obreiros alguns trabalhadores rurais, era liderada pelo professor primário Eduardo Dias Ferreira. Com uma dimensão mais modesta e a última iniciativa para a implantação de uma loja maçónica destaca-se o Triângulo nº262 em 1923, cujo figuras de referência era Augusto Camoesas irmão de João Camoesas ou Tenente José Jácome de Santana Silva, identificam-se outros elvenses nesta loja que foi criada com o apoio da Grande Oriente Lusitano Unido. Postado por Arlindo Sena