terça-feira, dezembro 08, 2009

Reflexões sobre o Nosso Tempo


O mundo em debate é sem dúvida a proposta que a Conferência Climática Internacional, a decorrer no preciso momento em Copenhaga até 18 de Dezembro, na qual os olhares dos homens de ciência se concentram perante a expectativa ou desapontamento em função dos caminhos que o nosso ecossistema possa trilhar, após as crescentes mudanças que nos últimos cem anos o nosso ecossistema sofreu em virtude das diferentes etapas da Revolução Industrial. As propostas e as cotas de poluentes serão a base das conclusões de Copenhaga. Mas o que está em causa são sem dúvida, as alterações climáticas numa marcha sem recuo, apesar de mesmo na área científica há quem defenda que as alterações climáticas são apenas um resultado da mutação das condições que a marcha do tempo tem determinado … e nesse sentido a história está cheia de registos que determinaram novas etapas na vida económica e social das comunidades ainda que tais alterações ocorreram sem a “mão humana”. Segundo, o Doutor Filipe Duarte Santos (Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa): “A médio e longo prazo o risco maior é a subida do nível médio do mar. Ao lançarmos para atmosfera gases com efeito de estufa, essencialmente dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, aumentamos o efeito de estufa e provocamos um aumento da temperatura média global. Para além disso, há uma maior frequência de fenómenos climáticos e meteorológicos extremos, ou seja, nos locais onde há seca, há tendência a ocorrer com grande intensidade em períodos curtos. Estas respostas são relativamente rápidas, mas no caso do oceano não. A subida da temperatura da atmosfera aumenta a temperatura da camada superficial do oceano e dá-se uma dilatação térmica do mesmo. Por outro lado, há fusão dos glaciares e essa água vai aumentar o volume, que resulta também de alguma fusão de gelos nas calotes polares. Há depois uma propagação do calor em profundidade, mas é muito lenta. O oceano leva muito tempo a reagir, de forma que mesmo controlando o aumento da temperatura, a subida do nível do mar continua”. De resto o debate em Copenhaga torno da defesa de uma poluição inferior aos 2.ºC justifica-se uma vez que “O que os modelos indicam são que os campos de gelo da Gronelândia, que estão acima do nível do mar irão fundir-se irreversivelmente. Para as zonas costeiras isso seria absolutamente dramático ….Por outro lado, acelera-se a fusão dos gelos nas grandes cordilheiras como os Andes, que têm uma importância enorme em relação aos regimes dos rios em muitos países como a Colômbia, Chile, Peru ou Bolívia. Corre-se o risco de uma escassez de água muito pronunciada”. Para o Doutor Viriato Soromenho - Marques ( Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa) o problema no futuro centra-se numa nova política que possa respeitar ou cooperar com o ambienteJulgo que existirão grandes mudanças a nível social. Depois da II Guerra Mundial tivemos uma política Keynesiana, baseada no crescimento. O anual aumento do PIB permite a redistribuição da riqueza, mantendo os ricos mais ricos e os pobres remediados. Mas isso foi feito à custa da pressão sobre os recursos naturais. Hoje, temos que inventar uma política social que seja capaz de cumprir a função básica do Keynesianismo – trocar a luta de classes pela coesão social num quadro de transição. Este só pode ser administrado, como Nicholas Stern e Al Gore acreditam, num caminho para um crescimento sustentável, com um mercado baseado em energias que não impliquem significativas ao ambiente. Mas isso só será possível se conseguirmos ter políticas sociais activas. Caso contrário corremos o risco de replicar à escala global a sociedade “condomínio fechado”.O exemplo de São Paulo é uma imagem, em pesadelo, do que poderá ser o mundo daqui a 15 anos, se não tivermos cuidado. Vivemos em crise e temos que sair dela, porque se não fizermos entramos no colapso” O que significa que: “ A população mundial baixaria drasticamente, teríamos uma mortandade sem paralelo. Um estudo divulgado na Dinamarca referiu que se não fizermos nada, chegamos ao final do século XXI com mil milhões de pessoas, ou seja, voltaríamos à população que tínhamos em 1930…” E Portugal onde se situa num mundo em transformação “ O desafio do nosso País é aproveitarmos a crise para redefinirmos o nosso lugar no mundo, na divisão internacional do trabalho. Portugal é um país muito rico em termos de energias renováveis. Temos muito sol, vento e marés, e por isso grandes potencialidades a este nível e em relação à eficiência energética. É uma prioridade, mas o desafio do clima é também o da sustentabilidade. Temos que repensar a nossa agricultura, e as nossas opções ao nível do mercado interno, em relação ao mercado interno, em relação a produtos alimentares. Não são precisas medidas proteccionistas. Os consumidores são cidadãos. E devem decidir comprar produtos que acreditem ter um valor qualitativo diferente – mesmo que custem algo mais. É preciso compreender que uma maior autonomia energética e alimentar faz parte da transição para uma economia menos carbónica. Este é um tempo de mudanças, não será uma transição fácil, mas o nosso estilo de vida vai ter que ser alterado. Os países que vão chegar à linha da frente são aqueles que assumirem essas mudanças e sacrifícios .Mas penso que isso tornará a nossa vida mais deliberada, intencional e reflectida”… A verdade é que já nada será igual, números actuais revelam que desde 1930 em Portugal o temperatura subiu 1.2 Cº , o desafio que hoje a Humanidade através dos seus representantes legítimos assume é poluir menos em relação à década de 1990, outras cimeiras deverão suceder para que os nossos filhos e os nossos netos possam garantir a sobrevivência do género humano...