No período Filipino a cidade continua a crescer ao ritmo do aumento demográfico e novas ruas renovavam geografia urbana: a Rua dos Quartéis (1580), aberta para a recepção a entrada de Filipe II de Espanha e respectiva Corte; a de Álvaro Borracho (1582); do Castelo (1564); dos Chilões (1578); do Forno (1586) onde se situava os fornos da cozedura de pão; do Amado (1594); do Botafogo (1594); do Casqueiro (1597); a Rua da Judiaria Velha, foi renovada e desde inícios do séc.XVII , torna-se conhecida pela Rua de João Olivença, que advém do nome do Meste das Moças; a dos Gallegos (1596), que dará lugar mais tarde a das Alcoutinhas; de Afonso Gil (1605); de Braz Annes (1605), a Travessa de Bernardo Amaral (1607), situava-se junto ao antigo Arco do Relógio; dos Azevedos (1612 - em homenagem a uma família aristocrática da cidade, trata-se de reconstrução da antiga rua de Monteróio; de António Machado, conhecido fidalgo da cidade (1612); de Aires de Abreu (1613); Ana Fernandes (1626); de João da Ponte; do Chafariz Fora (162?); de Rua Manuel Gomes Estaço(1627) em homenagem ao padre da igreja paroquial da Sé; a de Rua Mendo Allonso Resende (1627) e a do Rolo (1628). Nesta perspectiva, a expansão construtiva do burgo elvense, levado a cabo pelo Império Espanhol, durante os primeiros vinte anos de domínio filipino, não ficou só marcado pelo aparecimento de novas ruas, como mandou ampliar outras e mudou o estrutura apertada da área medieval como vias de ligação como travessas e becos. E foi sem dúvida nenhuma a época da definição da estrutura da cidade elvense que acabaria por permanecer na sua essência sem grandes alterações até ao início da época moderna. Mas a obra colossal da cidade depois do impasse por falta de meios financeiros, continuava a ser uma prioridade, um novo tributo era colectado e dirigido aos tendeiros que faziam feira trienal na Rossio da cidade num espaço situado a sul do futuro aqueduto. Essa provisão estaria em vigor durante cerca de cinco anos, todavia e antes de nova paragem, a câmara procurou que todos os estratos sociais da cidade participassem com a sua contribuição na obra da Amoreira e nessa perspectiva, por carta municipal o Bispo D. António Mendes de Carvalho, o município pretendia saber qual a verba ou contribuição que o Bispado poderia disponibilizar. Contudo a mudança da conjuntura institucional e política, marcada com a perda de independência lançou o debate na cidade, o alcaide mor, António Melo considerava que a defesa da cidade era mais importante que a continuidade da obra e defendia o aproveitamento das suas estruturas para fortificar a cidade, mas o derrube de parte das estruturas do aqueduto era uma questão problemática, porém a população não aceitava esta solução de bom grado em função do esforço e do sacrifício financeiro de duas gerações que estavam comprometidas com a construção do maior aqueduto que então se construía na planície alentejana e no país . De resto, as motivações patrióticas de António de Melo não seriam acompanhadas pelo resto da população, considerando que a mesma iria aclamar pouco depois, Filipe II de Espanha que enviou D. Pedro Velasco, para negociar com os representantes do poder local a sua entrada da em Elvas, nesse encontro as autoridades municipais deram conhecimento da necessidade da continuidade da obra da coroa assumir o financiamento da obra. Ao mesmo tempo era decidido pelo poder local que os fundos do aqueduto para as obras de fortificação voltavam a ser dirigidos para a sua finalidade inicial. Mas na verdade a obra continuava parada e a correspondência entre o município e a coroa mantinha-se até que Filipe I de Portugal, nomeia por carta régia de 12 de Novembro de 1598, Manuel Sequeira Novais como superintendente do aqueduto e a base de sustentação económica para as novas obras, continua a ser o imposto real de água cujo valor tributário é agora dobrado relativamente o valor em vigor entre 1580-1598. Finalmente a fábrica do aqueduto (estaleiro das obras), recomeçava os seus trabalhos de continuidade da obra e até por volta de 1606, sendo essa primeira fase marcada pela recuperação dos troços do aqueduto que se encontravam danificados e nessas circunstâncias, a câmara de Elvas promulgava em postura um conjunto de penas a aplicar a quem destruísse voluntariamente ou não, os troços já edificados, essas penas incluíam o degredo para África e uma serie de penas pecuniárias. No início do primeiro quartel do séc. XVII o aqueduto atingia na sua parte mais alta cerca de 24m, uma conquista para os mestres pedreiros da época, alentejanos e extremenhos, já que desde a segunda metade do séc. XVI, a questão da elevação da obra era o principal desafio que o projecto enfrentava. Não é indiferente esta conquista à presença do terceiro mestre-de-obras na direcção do aqueduto, na pessoa de Pero Vaz Pereira, arquitecto da Casa de Bragança. Mas outros mestres de referência estiveram na cidade, numa época em que o objectivo era já fazer entrada da água na cidade e em direcção à fonte da Misericórdia pela sua posição adjacente ao hospital. O principal seria Luís Gabriel, mestre-de-obras da cidade de Lisboa, mas seria o arquitecto Diogo Marques o responsável por esse projecto, sendo o quarto arquitecto em funções desde o inicia da obra da Amoreira e o responsável pelas primeiras obras de reparação e manutenção do aqueduto, já centenário ou quase e nesse contexto a caída de arcadas era uma realidade e um desafia para os construtores. As polémicas sobre a gestão dos fundos de financiamento do aqueduto, das reparações e manutenção, marcam a vida quotidiana nos trabalhos do aqueduto, mas no dia 22 de Junho de 1622, há festa na cidade a água da Amoreira chega à Fonte da Misericórdia. Uma vez mais o arquitecto da Casa de Bragança, era consultado nas obras de apoio e anexas o Chafariz da Madalena (1622) concluído logo após a fonte da Misericórdia, outras obras da dinastia filipina foram as: Fonte da Cadeia (1625); Fonte de S. Lourenço (1626); Fonte de S. Vicente (1628); Fonte de S. Domingos (1629) e Fonte do Quartel (1630).Terminava assim um dos períodos áureos da planificação urbana da cidade que por força da União Ibérica, tornou-se uma cidade cosmopolita e mercantil e uma das poucas cidades portuguesas que beneficiou durante as primeiras quatro décadas (1580-1620), dos bons ventos que então sopravam de Espanha. Continua.