terça-feira, março 31, 2009

Ruy de Andrade, O último Presidente da Câmara Monárquico

História Local /Época Contemporânea/Biografia : - Nascido em Génova no dia 1 de Junho de 1880, o Doutor Ruy de Andrade, foi de facto o último presidente da Câmara de Elvas antes do triunfo do regime republicano em 5 de Outubro de 1910. Destacou-se como académico, político e teórico nos estudos agronómicos cuja formação ao mais alto nível concretizou com a sua tese de doutoramento apresentada no âmbito das Ciências Agronómicas na Universidade de Paris e com o reconhecimento académico no âmbito dos seus trabalhos de investigação na mesma àrea recebeu o título de Doutor Honoria Causa pela Universidade de Madrid. [Alguns realizados em experiências pioneiras no processo de modernização da agricultura portuguesa na sua herdade de Fontalva (Barbacena)] Na vida política, destaca-se a sua participação na vida política local, regional e nacional. Assim a sua presidência pela Câmara de Elvas foi marcada pelos novos ventos que o país vivia, de facto a 9 de Janeiro de 1908 realiza-se o primeiro comício republicano em Elvas e Bernardino Machado, um dos vultos da História da I República em Portugal, afirmava que a república era a solução para Portugal e dois meses depois era comstituída a primeira Comissão Republicana Elvense que continuava a ser uma cidade agrícola e comercial e sem dúvida a mais dinâmica do Distrito de Portalegre. De realçar ainda que Ruy de Andrade mais conhecido pelo Conde de Barbacena, tal como os seus amigos Dr. João Pinto Bagulho e António Cidraes, liberais democráticos, que o desenvolvimento da instrução pública era fundamental para o progresso de Elvas. Todavia as dificuldades económicas atravessava uma vasta faixa da população rural em nítida expansão desde a última década de 1890 fruto da primeira campanha cerealífera promovida pela Monarquia Constitucional. Todavia durante os dois primeiros anos da experiência republicana, o Doutor Ruy de Andrade e o seu pai Alfredo de Andrade foram vítimas dos excessos revolucionários do novo regime, de facto a sua propriedade e os seus criados foram vítimas dos excessos gerados pelas greves rurais que ocorreram na primeira semana de Janeiro de 1911 em Santa Eulália e que levaram à ocupação de parte das suas terras e à queima de searas do referido Conde no Verão do mesmo ano. Esta adversidade entre o povo de Barbacena e o Conde só seria finalmente ultrapassada quase quatro anos depois durante a vigência de Pimenta de Castro. No plano regional, revelou-se quase sempre como próximo dos interesses governamentais, sendo deputado por Arronches durante a última fase da Monarquia quando aquela vila era identificada com os valores republicanos. Durante a fase inicial do Estado Novo foi uma personagem importante junto dos corredores governamentais no sentido de obtenção de melhorias locais para a cidade de Elvas e para a Vila de Campo Maior. No plano nacional de destacou-se no período político de 1921 e 1925, como dirigente da Causa Monárquica para tal reside algum tempo na capital, participando em actividades de conspiração contra a República e no Parlamento como deputado manteve a adversidade ao regime que acaba por aceitar após o triunfo da Ditadura Militar. Em Elvas, vive nas décadas de 40 e 50, período em que escreve e publica as suas obras de referência: "O Cavalo Andaluz (1937); "Garranos (1938)" , "Elementos para a História da Coudelaria de Alter, 1947-1959", entre outras pequenas publicações de matriz agrícola, disponíveis aos leitores interessados na Biblioteca Nacional de Lisboa. Faleceu em 20 de Dezembro de 1967, na capital este verdadeiro elvense de coração que apenas nasceu em Itália nos finais do século XIX. Postado por Arlindo Sena.