A cidade que cresceu e se desenvolveu durante a época Moderna ao contrário do que ocorreu na Europa da sua época, não se expande a partir de uma nova urbe. Ou seja, o espaço que acolhe os novos efectivos populacionais ainda se insere na cintura amuralhada medieval definida pelas 3ª e 4ª linhas de muralhas e tal situação não deve causar qualquer admiração na medida em que mais tarde o mesmo sucedeu com a muralha seiscentista que nos finais do séc. XIX, ainda integrava espaços vazios ou ocupados com hortas e pomares, ou seja ainda longe da sua capacidade efectiva. De resto a muralha da modernidade não se edificou por questões demográficas mas por razões belicistas determinadas pela tipologia que a artilharia determinava desde fins da Idade Média no Ocidente. Do ponto vista construtivo o ritmo das obras que marcam o devir das construções públicas na nova cidade, têm um cariz marcadamente urbano e civil. E algumas delas, são anteriores ao novo marco institucional e jurídico ou seja, ocorrem durante os últimos anos da vila raiana, o que não é nada de anormal bem pelo contrário, demonstra a estratégia da Coroa em criar um pólo de desenvolvimento económico nas proximidades de fronteira a exemplo do que ocorria em Espanha. Na verdade o monarca, D. Manuel, muito antes da promulgação do foral já teria recomendado à vereação do concelho de Elvas, para que fosse encontrado um terreno e que se fizesse o seu devido embelezamento, tratava-se de planificar a futura praça central. Entretanto, as primeiras obras do aqueduto das Amoreiras eram levantadas fora das muralhas nos últimos anos da notável época quatrocentista, numa período em que a população deslocava-se e crescia, radicando-se nas urbes em expansão demográfica como era o caso da vila de Elvas. Se na verdade o crescimento da população em finais do séc. XV não justificava uma nova ordenação do espaço, o consumo e abastecimento de água parece ter sido uma prioridade da Coroa no âmbito de uma estratégia que era de elevar e promover a nova urbe no contexto regional, já que apenas a cidade Évora se mantinha como a única circunscrição urbana a Sul de Portugal. Mas não restam dúvidas também que o acto de edificar uma obra singular como um aqueduto, se inseria num plano de obras públicas que obedecia a uma requalificação e promoção da vila elvense. Senão vejamos, ao contrário do que afirma a história tradicional, o Poço árabe do Alcalá estava longe de estar esgotado, de resto a documentação nega essa realidade, já que o dito poço continua a ser utilizado ao longo dos séc. XVII e XVIII, e quando pela primeira vez correu água pelo aqueduto, o mesmo estava longe de por si só abastecer a cidade. Por outro lado, embora não haja uma referência exacta, ao mestre que projecta a linha construtiva do aqueduto, também não há dúvidas, considerando as fontes históricas que se trata de Francisco Arruda, já que o mestre que trabalha em Elvas nos primeiros anos do séc. XVI é o mestre das obras da baluarte do Restelo nada mais que a Torre de Belém e esse é Francisco Arruda. O que reforça a nossa tese que a elevação da cidade de Elvas é um projecto devidamente preparado e por isso mesmo são os mestres pedreiros de el-rei que se fixam na vila fronteira nas duas construções marco da época: o aqueduto das Amoreiras e a futura Catedral de Elvas, cuja estrutura construtiva inicial se insere na dinâmica construtiva do Gótico Final.