segunda-feira, abril 16, 2012

A planificação urbana oitocentista no Ocidente




    A cidade dos "grands travaux" um desafio do Barão Haussmann ou um corte com o passado ... 

As  largas avenidas  ...uma marca do planeamento da cidade oitocentista 


A estação do metropolitano de Paris um testemunho do progresso industrial


Os arranha céus irromperam no planeamento urbano norte-americano.  

A revolução industrial do séc. XIX, transformou radicalmente as cidades no Ocidente nas quais persistia uma organização estrutural desde os tempos medievais ou modernos. O êxodo rural acabou mesmo por fazer “explodir” a dimensão histórica das urbes e muitas delas romperam definitivamente com as suas muralhas outrora a sua “circular” de segurança. De facto, a cidade tornaram-se num palco de atracção o campo despovoou-se, as cidades cresceram e as estruturas medievais e barrocas cederam ao ritmo do expansão demográfica, em 1800 a Grã-Bretenha chegava ao número recorde de nove milhões de habitantes e cerca de 80% viviam em no espaço urbano. No mesmo período a Alemanha concentrava nas suas urbes cerca de 72% da população por todo o Ocidente a ritmos diferenciados e de acordo com o seu processo de industrialização. A pressão deste crescimento tornava inviáveis as velhas infra-estruturas e estas eram incompatíveis com a modernização e progresso das cidades. Os novos sistemas de transportes como o comboio eram implementados fora das cidades mas o fumo negro das fábricas comprimiam a oxigenação das cidades com as suas áreas residenciais. Apesar do urbanismo ser uma disciplina aparentemente jovem na prática desde a Antiguidade Clássica se planificava as urbes segundo aspectos estratégicos, climáticos e económicos e tal princípio com mais ou menos, correcções persistiram até à época barroca quando Freudenstad, 1599 propôs um modelo de arquitectura edificada, traduzindo assim, a imagem da sociedade dominante para uma nova forma urbana. Mas as primeiras tentativas, de um modelo da urbe contemporânea ocorreu com o “Commissioners Plan” apresentado para Nova Iorqe em 1811. Aumentou sei vezes a superfície dos entrepostos comerciais concentrados na extremidade sul da península, e impôs uma quadrícula sobre a totalidade de Manhattam.  De este para oeste corriam 155 ruas estreitas com cerca de 5 Km de comprimento e, de norte para sul, 12 ruas mais largas, as avenidas com cerca de 20 Km. Os quarteirões eram interrompidos por mancha verde o Central Park nascia o espaço público em 1853 como resultado deste modelo que projectou um território onde as forças de expansão podiam se desenvolver. Na Europa a primeira tentativa de valorização o espaço público, encontramos no modelo de planeamento urbano de Ildefonso Cerdá , que previa a criação de zonas ajardinadas juntos dos edifícios que se elevavam nos quarteirões que bordeavam as avenidas. Os primeiros prédios de arrendamento em altura surgiam pela primeira vez – triunfava o arranhacéu.  Entre 1853 e 1870, Georges Haussman, Presidente da Câmara de Paris, procurou implantar uma cidade aprazível, lançando as bases para uma cidade burguesa, demolindo as estruturas da velha cidade, as muralhas desapareciam em favor da liberdade de trânsito e da eliminação dos focos epidémicos gerados pelos bairros miseráveis. O projecto do Barão de Haussman  seria interrompido pela revolta da Comuna de Paris em 1870, mas o acto de demolir a cidade existente data da época do Império Napoleónico. Mas a contradição entre a cidade e o campo, seriam definitivamente eliminadas nas teses utópicas que marcaram o planeamento urbano no início do séc. XX. Da planificação oitocentista ficaram o rompimento das muralhas, o novo conceito de avenida, a adaptação a modernização e ao progresso com a criação de infra-estruturas com o abastecimento de água, a iluminação ou a rede de esgotos e as primeiras adaptações às redes de transporte dos novos meios que a revolução industrial propiciara. Os problemas sociais gerados pelas condições de vida e pela deficiente habitação operária, como o alcoolismo, criminalidade, epidemias, prostituição e mendicidade … ampliavam o debate para os urbanistas do século XX ….