A cidade dos "grands travaux" um desafio do Barão Haussmann ou um corte com o passado ...
As largas avenidas ...uma marca do planeamento da cidade oitocentista
A estação do metropolitano de Paris um testemunho do progresso industrial
Os arranha céus irromperam no planeamento urbano norte-americano.
A revolução industrial do séc.
XIX, transformou radicalmente as cidades no Ocidente nas quais persistia uma
organização estrutural desde os tempos medievais ou modernos. O êxodo rural
acabou mesmo por fazer “explodir” a dimensão histórica das urbes e muitas delas
romperam definitivamente com as suas muralhas outrora a sua “circular” de
segurança. De facto, a cidade tornaram-se num palco de atracção o campo
despovoou-se, as cidades cresceram e as estruturas medievais e barrocas cederam
ao ritmo do expansão demográfica, em 1800 a Grã-Bretenha chegava ao número
recorde de nove milhões de habitantes e cerca de 80% viviam em no espaço
urbano. No mesmo período a Alemanha concentrava nas suas urbes cerca de 72% da
população por todo o Ocidente a ritmos diferenciados e de acordo com o seu
processo de industrialização. A pressão deste crescimento tornava inviáveis as
velhas infra-estruturas e estas eram incompatíveis com a modernização e
progresso das cidades. Os novos sistemas de transportes como o comboio eram
implementados fora das cidades mas o fumo negro das fábricas comprimiam a
oxigenação das cidades com as suas áreas residenciais. Apesar do urbanismo ser
uma disciplina aparentemente jovem na prática desde a Antiguidade Clássica se
planificava as urbes segundo aspectos estratégicos, climáticos e económicos e
tal princípio com mais ou menos, correcções persistiram até à época barroca
quando Freudenstad, 1599 propôs um modelo de arquitectura edificada, traduzindo
assim, a imagem da sociedade dominante para uma nova forma urbana. Mas as
primeiras tentativas, de um modelo da urbe contemporânea ocorreu com o “Commissioners
Plan” apresentado para Nova Iorqe em 1811. Aumentou sei vezes a superfície dos
entrepostos comerciais concentrados na extremidade sul da península, e impôs uma
quadrícula sobre a totalidade de Manhattam. De este para oeste corriam 155 ruas estreitas
com cerca de 5 Km de comprimento e, de norte para sul, 12 ruas mais largas, as
avenidas com cerca de 20 Km. Os quarteirões eram interrompidos por mancha verde
o Central Park nascia o espaço público em 1853 como resultado deste modelo que projectou
um território onde as forças de expansão podiam se desenvolver. Na Europa a
primeira tentativa de valorização o espaço público, encontramos no modelo de
planeamento urbano de Ildefonso Cerdá , que previa a criação de zonas
ajardinadas juntos dos edifícios que se elevavam nos quarteirões que bordeavam
as avenidas. Os primeiros prédios de arrendamento em altura surgiam pela
primeira vez – triunfava o arranhacéu. Entre 1853 e 1870, Georges Haussman,
Presidente da Câmara de Paris, procurou implantar uma cidade aprazível,
lançando as bases para uma cidade burguesa, demolindo as estruturas da velha
cidade, as muralhas desapareciam em favor da liberdade de trânsito e da
eliminação dos focos epidémicos gerados pelos bairros miseráveis. O projecto do
Barão de Haussman seria interrompido pela
revolta da Comuna de Paris em 1870, mas o acto de demolir a cidade existente
data da época do Império Napoleónico. Mas a contradição entre a cidade e o
campo, seriam definitivamente eliminadas nas teses utópicas que marcaram o
planeamento urbano no início do séc. XX. Da planificação oitocentista ficaram o
rompimento das muralhas, o novo conceito de avenida, a adaptação a modernização
e ao progresso com a criação de infra-estruturas com o abastecimento de água, a
iluminação ou a rede de esgotos e as primeiras adaptações às redes de
transporte dos novos meios que a revolução industrial propiciara. Os problemas
sociais gerados pelas condições de vida e pela deficiente habitação operária,
como o alcoolismo, criminalidade, epidemias, prostituição e mendicidade …
ampliavam o debate para os urbanistas do século XX ….