segunda-feira, janeiro 16, 2012

11.2. As adversidades da economia entre guerras em Elvas (1926-1950)


Os cartazes do regime faziam o apelo á produção agrícola

A cortiça um factor de riqueza complementar das casas agrícolas 

 A Ceifa numa época em que a campanha do Trigo pretendia o Alentejo no celeiro de Portugal 

O gado uma especialidade da Herdade da Fontalva e do experimentalismo do Doutor Ruy de Andrade

Até meados do século, a vida na cidade de Elvas continuou marcada pela sua actividade principal a agricultura, ainda que fosse considerado o centro urbano comercial de maior importância no Distrito de Portalegre. Contudo, desde o lançamento da Campanha do Trigo que a agricultura se tornara no vector principal da economia local. A produção cerealífera ganhava cada vez mais espaço nas grandes propriedades que tinham crescido devido à aquisição, continuada de parcelas de terras, pelos muitos rendeiros que se tinham tornado, médios lavradores durante a transição para a I República e alguns deles grandes lavradores na fase de incentivo da política agrícola nacional do Estado Novo (1926 a 1937). Mas, na cidade e nos campos do município raiano, a conjuntura difícil marcada pela fome, pairava e se instalara em muitos lares das camadas sociais modestas, os proprietários rurais das casas agrícola, alguns deles distinguiam-se pelos actos de solidariedade: “Assim não negamos a ninguém a garantia do pão, do pão que é como a instrução, a primeira necessidade do homem…”. Viviam-se tempos de adversidade, não só nos ritmos de trabalho mas também na produção agrícola e nem o decreto nº17 252 que proclamava “ O trigo é a fronteira que melhor nos defende” favorecia o esforço da agricultura elvense, mas o tempo tornava mais penosa a vida dos que dela dependiam, as produções em queda, o desemprego em flecha, uma contradição que se justificava com a partida para o litoral dos primeiros migrantes sem o vigor do início da segunda metade da década e que pretendiam sobretudo uma vida mais fácil e menos penosa que nos campos frequentemente abalados pela violência da meteorologia, sobretudo pela chuva, mas a bonança por vezes significou os períodos de seca, como se pode comprovar num periódico local no fim do Inverno de 1931  : “Umas vezes porque chove e outras porque não chove as classes operárias continuam lutando contra a miséria, em vasta inactividade a que foram condenados. Os trabalhadores rurais tem agora esperanças de trabalho, dado os serviços de campo que começam a intensificar-se” . De resto, toda a década foi dramática, os pedidos de auxílio ao Estado sucediam-se, uma delegação de lavradores elvenses deslocaram-se no princípio de Julho de 1937 com esse objectivo ao Terreiro do Paço e entre o fim da Guerra Civil de Espanha e o desencadear da II Guerra Mundial a situação era preocupante e com reflexos em todos os sectores da sociedade local dependente da “vida fundiária”. O Governado Civil de Portalegre em 1940, devido à crise de desemprego que reinava nos campos e nas cidades do seu distrito dirigia-se ao Presidente do Conselho, afirmando que no campo as dificuldades eram maiores na cidade a diminuição do poder de compra, a falta de géneros alimentares e por consequência o desemprego. A  sopa dos pobres, instituída cerca de duas décadas pelo Major Doutor Sidónio Pais, voltava de novo à mesa das instituições oficiais e de solidariedade da cidade, era outra vez útil, lia-se no Correio Elvense : “A sopa dos pobres é pois uma benemérita instituição que todas as pessoas de sentimentos bem formadas devem olhar com afeição e carinho (…) um povo com fome tem de indubitavelmente se transformar numa legião de tuberculosos e essa legião se encarrega de contaminar como o bacilo que devora a sociedade que a alberga”… era um tempo em que os mais ricos tornaram-se menos ricos e os pobres e os mais pobres, num tempo em que as crises de subsistência face à conjuntura de guerra, que atravessava toda a Europa civilizada e industrial, longe iam os tempos do Capitalismo Industrial que parecia a ser solução das grandes nações ocidentais, que viviam os dias padecendo a ferro e fogo.