sábado, janeiro 21, 2012

12. O Urbanismo - As obras públicas : - O tempo das construções fora do burgo histórico.


 Meados de século XX - O tempo rompia com o monopólio do burgo moderno e militarizado


O trânsito automóvel marcou a necessidade de uma nova ordenação na mobilidade da cidade 

O Bairro de Santa Luzia uma imitação dos bairros burgueses ocupado com a média, Classe Média e que se identificava com algumas famílias de elite local que abandonavam as casas senhorias do núcleo histórico.

Pousada de Santa Luzia - denunciava a vocação para o Turismo sendo a primeira pousada no continente português já que a primeira, fundada no séc. XIX (1840) situava-se nos Vinháticos (Rosário/Madeira). 


O urbanismo e a expansão da cidade tornava-se uma realidade evidente há medida que se aproximava de meados do século XX, pouco a pouco, rompia-se a cintura muralhada, eram as exigências de uma cidade fronteiriça que se abria ao trânsito automóvel. Numa época, em que o Jardim Municipal, a velha “alameda” aberta nos fins da Monarquia Constitucional, era o único espaço exterior à cidade, que há pouco tinha acabado com o toque militar que reunia toda a população ao final da tarde no baluarte setecentista. Os arautos da desgraça, viviam desencantados com o “derrube” da Porta de Évora que dava lugar ao viaduto, que iria mudar radicalmente o movimento na cidade que se abria ao trânsito automóvel ao mesmo tempo que se iniciava as primeiras obras de para a construção do futuro Bairro de Santa Luzia, que se inscrevia no contexto da afirmação de uma média classe média que na cidade constituía a elite local, que se distinguia pelo poder económico e pela formação académica. Mas havia quem fosse avesso a esse novo conceito urbano, que se expressava pela ampliação da cidade para fora do núcleo histórico, como se observa num estrato de um texto publicado em 1929, no periódico “O Leste” : …que vão assim apertar o único jardim que possuímos roubando-lhe beleza natural, impedindo com estas alterações em volta, que possamos jamais naquele lindo local, encher os pulmões de ar puro …”. Mais polémica era sem dúvida a solução encontrada para a circulação no interior da cidade, mas a Câmara não cedia e explicava em reunião de câmara que: “O projecto municipal consiste na abertura no lado sul do Largo da Fonte Pereira de Melo encostada ao Baluarte de São João de Deus. Os argumentos empregados pela comissão a favor da solução por ela preconizada são da maior economia da obra, melhoria da parte estética e maior respeito devido à fortificação, obra prima do maior respeito devido à fortificação, obra prima do maior respeito devido à fortificação do seu tempo”. É certo que a polémica continuou associada, ao valor do património local, poderemos mesmo afirmar sem receio que foi no final da década de 1920 que os Elvenses tomaram consciência cívica do seu património, face às alterações do espaço urbano, mas mesmo nos espaços que eram intocáveis, as opiniões mais ou menos científicas defendiam a necessidade das autoridades procurarem divulgar a cidade através da edição de roteiros históricos que deviam informar os viajantes. Mas sem dúvida que as duas preocupações latentes, no espírito dos mais críticos era a desvalorização do velho burgo - moderno e militar, como então se pretendia afirmar: “ ... mania de derrubar muralhas, total ou parcialmente conserva-se latente no espírito de muito gente, mas dado o facto dessa gente estar atacada da ânsia de construir, porque não procede desde já à construção de novos bairros ? Em lugar de falarem em projectos de renovação viária, deviam de tratar da extinção da chamada zona militar….” …Vivia-se os primeiros momentos de desvalorização de algumas construções anexas à praça, nomeadamente caminhos ou melhor trilhos militares que tinham chegado ao século XX e que se mantinham intactos e limitados por arame farpado todavia a estratégia de guerra tinha mudado desde a I Guerra Mundial com a guerra aérea .... limitando a importância dos campos entrincheirados, mas o espaço militar desde o início do séc. XIX até finais do século XX, afirmou-se sobretudo como espaço militar de estacionamento e mobilização de apoio  cenários de guerra a longa distância.