domingo, janeiro 08, 2012

12. Meados de século (1930-1950) - Entre o Progresso e os novos Desafios...

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A modernização e o progresso chegavam a uma sociedade ruralizada...


O comércio prosperava na continuidade das décadas finais do séc. XIX


O novo piso o mecadame, os novos caminhos e as novas estradas era uma dádiva do Estado Novo 

Os Buicks norte-americanos causavam espanto quando passavam por Elvas onde a motorização era precária


O projecto e construção do Viaduto foi uma das primeiras grandes decisões do Estado Novo
(foto de Pedro Franco, in Elvas em Fotos).


A vida económica nos anos trinta continuava a ser um desafio para a classe política local uma vez que capacidade decisão dependia do Poder Central e as poucas iniciativas de desenvolvimento do município era uma realidade de uma frágil iniciativa privada. Ainda que na transição para a década de 1930, surgia as primeiras obras públicas no âmbito do desenvolvimento dos transportes e do trânsito automóvel, na verdade a Lição de Salazar, que surgia anunciada nos cartazes do regime, defendia a quebra do isolamento das populações em nome do progresso, a estrada internacional para o Caia e a via ferroviária, Elvas – Vila Viçosa, mobilizava uma mão de obra disponível para tais empreendimentos, mas o número de operários eram recrutados numa área geográfica que ultrapassava os limites do município e  a que ocorriam, trabalhadores das mais variadas regiões do País. Mas, na cidade raiana, os automóveis eram um acontecimento e os automóveis do país vizinho eram motivo de comentário na imprensa periódica: “Um automóvel em Elvas digam o que disserem mas é  ainda uma coisa que nos obriga a parar e a voltar a cabeça (…) . Foi precisamente o que nós fizemos quando o Buick parou à frente do café (Alentejo)e do carro saíram então algumas espanholas, lindas como os camones e graciosas, como só elas sabem ser …” .  De resto, a circulação rodoviária entrava na ordem do dia, nas conversas amenas entre os lavradores e os políticos locais, o tema da necessidade de mais estradas agrícolas era motivo de reflexão, na década de 1930 a agricultura era a actividade principal, ocupando cerca de 68% da população. Todavia, era o núcleo populacional do distrito de Portalegre menos ruralizado, o comercio na tradição dos finais do séc. XIX ocupava cerca de 29%  dos seus efectivos populacionais e 13% era a percentagem do sector terciário, uma parte constituída por novos moradores da cidade  cerca de 4% de militares e funcionários públicos, era o tempo da chegada dos funcionários públicos de carreira, dos professores e dos policiais. Todavia, a cidade tornara-se mais movimentada e nos finais da década o Coronel Passos e Sousa e o Presidente da Câmara, Dr. Santana Marques, procuravam junto do Estado Novo uma solução rodoviária para a entrada de cidade, nascia o projecto do viaduto que romperia em definitivo alguns anos depois as Portas de Évora. Na vida comercial, até meados do século, assistia-se uma contínua modernização os velhos armazéns e as mercearias incontáveis, nas décadas de 1930 e 1940, davam lugar aos primeiros estabelecimentos comerciais, alguns merceeiros convertiam-se em logistas e com algum orgulho as notícias circulavam: “A nossa terra possue já um número bastante elevado  de estabelecimentos modernos, que bem pode dizer-se que são monumentos grandiosos, duma cidade progressiva e trabalhadora, parecendo crer num momento recuperar, tempo perdido de outrora”.  Ao mesmo tempo que sinais de progresso e modernização, era visíveis na estrutura urbana, os protestos voltavam quando por razões económicas e financeiras, o Estado Novo, extinguia alguns serviços que faziam parte da vida económica e social da cidade … “Acabaram com a estação telegráfica permanente, acabaram com a Escola Primária Superior , as estradas não são reparadas …. E não há protesto, um brando de indignação ! Como é boa e meiga esta gente de Elvas! ... Outra questão, tornava-se objecto de reflexão, a necessidade do ensino secundário, um privilégio e um investimento só acessível a meia dúzia de famílias locais que tinham meios económicos, para a continuação de estudos complementares no Liceu Nacional de Portalegre, o Dr. João Bagulho questionava na imprensa local a falta desse grau de ensino na cidade: “ Até parece mal não é verdade? Mas é que já há muitos anos vimos perguntando a razão porque Elvas não tem, pela sua categoria de cidade, os estabelecimentos de ensino secundário e técnico com que são dotadas outras terras de igual e até menos importância e mais escassa que a nossa.… (continua).