História Local - 24 de Abril de 1939, a violência na cidade de Badajoz tinha cessado à pouco mais de vinte dias quando um grupo de autoridades locais, civis e militares visitaram a actual capital da Extremadura. Em Elvas, as forças militares estacionadas na cidade voltavam a capital, como também os vários jornalistas que de Elvas faziam as suas reportagens sobre os acontecimentos de Badajoz nomeadamente o Rádio Clube Português, a partir da informação que era recolhida na raia. De resto seria uma coluna automóvel organizada pelo Rádio Clube a primeira a entrar com fins humanitárias em Badajoz via Elvas em 1939 , " ... que na sua longa viagem de Lisboa - Badajoz, transportava donativos em géneros, agasalhos e mendicamentos. As camionetas alinhadas por distritos e levando à frente o de Lisboa, estendiam-se pela estrada fora numa fila interminável que atingia alguns quilómetros. Esperava-se anciosamente a entrada em Badajoz (...) Havia talvez uma hora que ali estavamos quando de Elvas nos chegou o barulho de potentes aviões. (...) Eram aviões portugueses das nossas forças aéreas que para nós se dirigiam". Mas dos dias da guerra registam-se momentos de contrariedade e de solidariedade, se a denuncia junto das autoridades espanholas e a entrega de prisioneiros, alguns dos quais foram eliminados na Praça de Touros da cidade, há momentos de solidariedade e de humanidade que não podemos deixar de referir. Como por exemplo.
- O papel dos lavradores com propriedades na raia, que protegeram alguns dos que fugiam do clima de terror.
- A acção humanitária dos contrabandistas que traziam a salvo algumas crianças a pedido dos seus familiares.
- A convivência de alguns funcionários públicos com alguns exilados, como os médicos locais que não denunciaram os tratamentos feitos no hospital de Elvas, a um coronel republicano e ao governador Civil de Badajoz na época, que tinham mandatos de captura.
- O papel anónimo dos elvense, foram muitos que ofereceram a sua solidariedade, como por exemplo, a Senhora Isabel (assim referida num documento oficial), que evitou que um cabeleiro extremenho encontrado na cidade e vivendo clandestinamente em sua casa, fosse detido e enviado para Badajoz em função dos pedidos que fez junto de algumas figuras influentes na vida política local.
"São sem dúvida registos que a HISTÓRIA das relações fronteirizas não pode ignorar num acontecimento em que Portugal declarou a sua neutralidade mas na prática, tomou partido das forças da falange na medida em que a existência de um regime republicano, democrático ou socialista em Espanha era uma ameaça ao estado autoritário e nacionalista que definia a base júridica do Estado Novo, cujo princípio anti-comunista saiu notavelmente reforçado após a Guerra Civil de Espanha".
Dos dias da guerra na documentação oficial, regista-se ainda os movimentos das forças militarizadas na Rua da Cadeia e as constantes subidas dos elvenses aos pontos mais altos para testemunharem os bombardementos sobre a cidade de Badajoz. Postado por Arlindo Sena