sábado, janeiro 08, 2011

6.2.3. Elvas Portuguesa: - A conjuntura de Guerra na época da Restauração eixo Elvas-Badajoz

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O espaço regional por excelência das guerras da raia - Alentejo/Extremadura na Época da Restauração 

O cerco e a Batalha das Linhas de Elvas, durante algumas décadas tem sido reflectido e interpretado como um acontecimento político-militar de surpresa que ocorreu em redor da Praça Militar da cidade. Nada mais errado e sem discussão, quando se analisa toda a documentação seiscentista, mas sem qualquer análise, o facto de a batalha ter sido uma consequência do cerco que pressionou a população de Elvas desde o início do Outono 1658, nega por si só qualquer ofensiva inesperada. Todavia, a guerra na planície foi uma constante desde o Cerco de Évora em 1644, onde os efectivos militares nacionais rondaram, as 17.000 almas mais 5.000 dos efectivos que evoluíram no teatro de guerra das Linhas de Elvas. Mas esse cenário em torno do eixo Badajoz-Elvas e Olivença, inicia-se na defesa de Olivença sob comando de Francisco Mello no Verão de 1641, num ano em que as populações fronteiriças na linha e proximidades do Caia, sofrem os primeiros embates como espaço territorial do Estado Nacional a poucos meses restaurado. A chamada guerra guerreada sucedia-se em ambas direcções, tratava-se de destruir ou queimar os recursos das populações a meio caminho das grandes praças das duas regiões, Alentejo e Extremadura: Elvas e Badajoz. Nos primeiros dias de Agosto, os portugueses incendiaram a vila de Herrera e a resposta castelhana ocorreu com a destruição das aldeias de Pitaranha (entretanto desaparecida) e de Galegos. No final do Agosto, o Conde Monte Rey faz o primeiro cerco à cidade de Elvas sem consequências apesar de um combate junto da atalaia da Terrinha que determinou o recuo das forças castelhanas, todavia nestas campanhas, interessa referir que não se tratavam de exércitos formais ou convencionais, mas sobretudo de hostes milicianas e de cariz quase senhorial. Em 1642, no final do Inverno nas proximidades da Praça, assistia-se a uma tentativa de ocupação da colina de Santa Luzia, num momento em que o futuro Forte estava ainda em construção, sob comando de D. João Garay  sem consequências e com os efectivos em campanha a recuar para Badajoz, mas já pressionados pelas hostes militares sitiadas em Elvas que no mês de Maio, iniciam um saque  a terras da Extremadura.  Alconchel e Cheles são simplesmente queimadas enquanto que Figuera de Vargas foi totalmente saqueada. Em 1643, no fim do Verão, as ofensivas à Extremadura, passam para o Comando do Governador da Praça Militar de Badajoz, Joanne Vasconcellos, que arrasa por completo Telena e na tentativa de pôr cerco a Praça Militar de Badajoz é obrigado a bater em retirada após o combate  à entrada da ponte de Badajoz. Mas no início de Setembro de 1644, Joanne Mendes Vasconcellos, caminha em direcção a Badajoz com um numeroso exército fazendo o reconhecimento de Badajoz, sem a cercar e sem conflito directo, mas uma vez mais os portugueses saquearam algumas populações extremenhas, Alconchel, Figuera de Vargas, Assumar e Villanueva de Fresno. A resposta castelhana ocorre em plena Primavera, saqueando Santo Aleixo e São Vicente. A defesa de Ouguela e Campo Maior é uma prioridade nacional face às incursões do Marquez Terracusa. O ano seguinte é de paz relativa, o Conde Castelo Melhor marchou em direcção de Badajoz uma vez sem mais sem resultados práticos e os castelhanos saquearam os arredores de Elvas na chamada Campanha dos Olivais. Em meados do século as escaramuças sucedem-se com o saque a vila Boim em 1651 e a época dos combates de exércitos medianos ocorrem com mais frequência com a chegada de André Albuquerque  ao serviço da Praça Militar de Elvas, a cronologia refere  na Extremadura o de Alcornal (1652), Talavedra (1655), Lobón (1656), Badajoz (1657) assalto a Badajoz e tomada do Forte de São Cristovão (1658)  e no Alentejo, Alandroal (1652), Campo Maior (1656), reconhecimento de Campo Maior (1656). Ou seja, o Cerco e Batalha das Linhas de Elvas foi o coroar lógico de uma conj-untura de guerra regional onde a ocupação do território foi sem dúvida o objectivo dos vários tipos de guerra de saque, guerreada e de cerco. E que continuaria após a mais importante batalha que ocorreu em solo transfronteiriço na época Moderna.