segunda-feira, fevereiro 20, 2012

13. O Urbanismo - A configuração urbana no fim do século -1960-2000



Em meados do século XX - a cidade rompia definitivamente com a cintura muralhada.




Nas décadas de 1960 e 1970 o centro histórico continuava a ser o "coração" da cidade.




O Bairro da Boa Fé inspirava-se no projecto conservador dos Centenários



O Bairro Europa - símbolo do crescimento da classe média e dos bons ventos que sopravam da Europa 

A cidade abria-se ao exterior, os ventos de guerra ainda faziam parte da vida dos europeus, estávamos em meados do século e há pouco mais de uma década, Elvas rasgava definitivamente com os limites da muralha seiscentista, outrora a seu escudo defensivo e que cada vez mais apertava o seu progresso e desenvolvimento. Os novos bairros preenchiam os espaços então vazios, pela regulamentação militar de outras épocas da história, o Bairro de Santa Luzia, desenvolvia-se a sul da Porta de Olivença, que durante mais de dois séculos apenas tinha edificado o fortim de S. Pedro e algumas pequenas construções agrícolas, junto do Rossio do Meio, de apoio à prática agrícola sem expressão num espaço que na viragem do século ainda estava limitado por arame farpado e outras marcas militares. Na antiga estrada Elvas/Campo Maior, crescia o Bairro da Boa Fé, que inaugurava os bairros sociais que assentava no modelo nacionalista dos “Centenários”, incluindo na sua génese um conjunto de edifícios de apoio social, entre eles o seu parque escolar. De sublinhar, que a noção de “bairro social”, não estava devidamente consolidada, e então era então rotulado, pelo imaginário popular como o “bairro dos pobres” em oposição ao Bairro de Santa Luzia, onde residiam as famílias de posse do município. Já em meados da década de 1950, na mesma dimensão social, desenvolvia-se o Bairro das Caixas (1956) de linhas modernistas, evidenciando a visão inovadora do jovem e promissor arquitecto português, Teotónio Pereira, que no apoio à estrutura habitacional, incluía várias vias rodoviárias e pedonais, incluindo largos e pracetas arborizadas, em nítido contraste com as linhas autoritárias e austeras que marcavam as construções da época do Estado novo. Até final do século XX, novos bairros nas zonas periféricas da cidade, junto aos limites do forte de Santa Luzia, edificava-se o Bairro de S. Pedro, projecto modernista dos arquitectos, Jorge Alves, Carlos Alves e Clara Silva, que se destacava pela sua construção de raiz contemporânea, tratava-se de habitações com dois pisos, em banda e germinadas e que obedecia ao mesmo tempo a uma tentativa política de integração da etnia cigana, consumada no mandato do Dr. Aníbal Franco e uma preocupação já subjacente desde os tempos da vereação do Professor João Vale. A oeste, do Aqueduto das Amoreiras na década de 1980 desenvolvia-se o Bairro Europa, no contexto do crescimento de uma pequena e média classe média, beneficiada ao mesmo tempo pelo desenvolvimento do aparelho bancário que permitia a “democratização da propriedade” por empresto bancário. Neste período, em que o destino municipal estava sob desígnio do Dr. João Carpinteiro assiste-se à criação de uma série de equipamentos sociais que facilitavam as práticas desportivas e de lazer. A década de 1990 marcava uma explosão significativa do número de habitações por metro quadrado, a cidade voltava a crescer nos bairros já edificados, nos confins do Bairro de santa Luzia, do Bairro Europa e do Revoltilho, ao mesmo tempo que entre outras construções. A renovação das velhas estruturas sanitárias com quase meio século de existência e valorização de algumas zonas estratégicas do tecido urbano torna-se um marco das primeiras vereações de José Rondão de Almeida, a cidade volta a crescer numa política de expansão que iria marcar a primeira década do século XXI. Mas nos seus primeiros mandatos, o lazer e a prática desportiva, voltavam a ganhar outra dinâmica com edificações como a Piscina Municipal e o Complexo Municipal de Atletismo, numa cidade que a breve trecho estava capaz de receber eventos de envergadura. Chegados ao fim do século, a cidade estava em transformação, numa dualidade  urbana, o centro histórico e sede dos serviços, quase lembrando a tradição romano-gótica, enquanto que o exterior da Praça de Elvas se tornava num grande e complexo dormitório, atendendo há demografia e ao espaço urbano. Na viragem do século o centro histórico, base do quotidiano desde tempos imemoriais torna-se um espaço funcional onde o trabalho é praticamente o fundamento da sua existência.