Vila Viçosa distinguia-se como um espaço fortificado de apoio à defesa da raia.
Estremoz afirmava-se como núcleo populacional em plena Idade Média
Noudar uma população fortificada no contexto da defesa da raia no final do séc.XIII
Os tempos de paz manifestavam-se
no sul cristão e peninsular em terras do Alentejo e da Extremdura, depois da
reconquista do território preparava-se a organização do território, a
colonização era uma prioridade dos monarcas da Cristandade. No terreno, o
processo de organização económica ocorria com alguma normalidade eram raros os
casos de conflitos dos árabes e dos bérberes que há optando por se fixar na
península não o ofereciam resistência e a prioridade era então a transferência
de efectivos para os locais de povoamento. Com efeito, a partir de meados do
séc. XIII, os monarcas portugueses – D.Afonso III e D.Dinis, centram uma grande
parte da sua acção política, na concessão de terras e jurisdição, a todos
aqueles que tinham participado no esforço colectivo da reconquista e de um modo
particular às ordens religiosas tal como acontecia na vizinha Extremadura, a
concessão de cartas de foral confirmava a definição de um espaço territorial
bem definido, o Alto Alentejo. O traçado definido desde a conquista de Alcácer
do Sal (1217), confirmado com a afirmação do maior núcleo urbano populacional
em terras de planície onde se destacava o seu primeiro núcleo urbano,
devidamente protegido por uma série de castelos interiores de segunda linha que
tornavam-se verdadeiros “agueiros” em tempo de crise política-militar de apoio
aos castelos de primeira linha onde pontificavam os castelos da raia e principalmente o estratégico
castelo da Juromenha cuja importância perdeu-se nas primeiras centúrias da
Baixa Idade Média. Em terras mais a sul
a Ordem de Santiago pontificava e a sua actividade militar intensa
permitiria um domínio consistente do litoral, do interior centro e das terras
de “ barros”, Beja e Serpa e partilhando
a linha final da raia em partilha com os Hospitalários que se afirmavam ao
longo da linha do Guadiana ainda em terras do norte alentejano. A região do
Baixo Alentejo, definia-se com uma longa faixa de território com um enorme
vazio demográfico e cada vez mais isolada dos centros de decisão caso particular
do núcleo urbano de Beja, que perdia a sua posição estratégia nas rotas para outros
centros urbanos por excelência como Mérida, Toledo e Córdova, os novos tempos
era difíceis para as gentes do sul habituadas ao contacto com os progressos e a
inovações da tecnologia do Islão. Em comum estruturava-se na região Alentejo, a
auto-organização concelhia, com a respectiva autonomia institucional e judicial,
consagrada pelos forais e pela tradição, isso não foi obstáculo para que os
laços entre os concelhos e os reis fossem estabelecidos com a devida fidelidade
entre poderes. De facto, o reconhecimento das cartas forais que outorgavam as
liberdades por parte dos monarcas era um
elemento de coesão e cabia a cada conselho guardá-la como de um tesouro se
tratasse (Rui Ramos,pp.76) . Porém o poder central estava devidamente
representado pelo poder Central, o alcaide, era a autoridade máxima em termos
militares , velando pela defesa e segurança das populações e a sua nomeação obedecia
a critérios de confiança no seio da sua nobreza. Assim e nos primeiros momentos
da nacionalidade em terras da planície o poder monárquico e os poderes
concelhios seguiam um caminho comum assentes numa relação jurídica e de
confiança, onde a lealdade era uma exigência, num País recentemente formado
onde o Rei era o grande senhor do Estado. Se é certo que as cartas forais,
foram um diploma fundamental na organização territorial, a guerra estava
devidamente regulada nestes diplomas régios, a Sul do mondego e em terras do
Alentejo, a guerra era então reconhecida, quer pelos que nela intervinham quer pelos
que a dirigiam, como uma actividade lucrativa. Todos ganhavam com o saque e
despojos, cobrando a Coroa vários tributos militares, com destaque para o
quinto dos despojos. De resto, em tempo de paz no sul do território a
simbologia da guerra estava presente de forma simbólica na documentação régia,
o selo municipal com castelos com várias torres eram visíveis um pouco por todo
o país, se havia vilas como a de Viana do Castelo que utilizava a simbologia
dos senhores da guerra, já que as suas armas municipais representam os Riba de
Vizela nos casos dos centros urbanos principais do Alto Alentejo, nos tempos
medievais, não deixam dúvidas quando identificamos as representações equestres
dos selos de Évora e de Elvas. Mas nesta época de formação do quadro
institucional do estado português os forais, em terras do Alentejo seguem
várias fases de institucionalização das cartas forais, a 1ª fase - D.Afonso II – Avis (1218); 2ª fase – D. Sancho II - Elvas (1226); Alter do Chão e Crato (1232);
3ºfase (D.Afonso III – Avis (1254); Arronches (1255); Estremoz e Alcaçovas (1258); Portalegre (1259); Terena
(1262); Beringel e Portel (1262); Vila Viçosa (1270); Évora Monte e Monsaraz
(1286) e 4ºfase- Ourique (1290) (Alter do Chão(1293); Moura, Serpa e Noudar (1295, Borba (1302),
Lavre (1304) e Redondo (1318) . Ou seja, a organização do território do sul de
Portugal ocorre a ritmo considerável com a deslocação de população do norte para sul
dando origem a novas localidades um pouco por todo o Alentejo em menos de duas
décadas após a definição das fronteiras nacionais.