sábado, maio 26, 2012

1.3 - A definição do território a sul do Tejo ...




Vila Viçosa distinguia-se como um espaço fortificado de apoio à defesa da raia. 


Estremoz afirmava-se como núcleo populacional  em plena Idade Média


Noudar uma população fortificada no contexto da defesa da raia no final do séc.XIII

Os tempos de paz manifestavam-se no sul cristão e peninsular em terras do Alentejo e da Extremdura, depois da reconquista do território preparava-se a organização do território, a colonização era uma prioridade dos monarcas da Cristandade. No terreno, o processo de organização económica ocorria com alguma normalidade eram raros os casos de conflitos dos árabes e dos  bérberes que há optando por se fixar na península não o ofereciam resistência e a prioridade era então a transferência de efectivos para os locais de povoamento. Com efeito, a partir de meados do séc. XIII, os monarcas portugueses – D.Afonso III e D.Dinis, centram uma grande parte da sua acção política, na concessão de terras e jurisdição, a todos aqueles que tinham participado no esforço colectivo da reconquista e de um modo particular às ordens religiosas tal como acontecia na vizinha Extremadura, a concessão de cartas de foral confirmava a definição de um espaço territorial bem definido, o Alto Alentejo. O traçado definido desde a conquista de Alcácer do Sal (1217), confirmado com a afirmação do maior núcleo urbano populacional em terras de planície onde se destacava o seu primeiro núcleo urbano, devidamente protegido por uma série de castelos interiores de segunda linha que tornavam-se verdadeiros “agueiros” em tempo de crise política-militar de apoio aos castelos de primeira linha onde pontificavam os castelos da raia e principalmente o estratégico castelo da Juromenha cuja importância perdeu-se nas primeiras centúrias da Baixa Idade Média. Em terras mais a sul  a Ordem de Santiago pontificava e a sua actividade militar intensa permitiria um domínio consistente do litoral, do interior centro e das terras de “ barros”, Beja e Serpa  e partilhando a linha final da raia em partilha com os Hospitalários que se afirmavam ao longo da linha do Guadiana ainda em terras do norte alentejano. A região do Baixo Alentejo, definia-se com uma longa faixa de território com um enorme vazio demográfico e cada vez mais isolada dos centros de decisão caso particular do núcleo urbano de Beja, que perdia a sua posição estratégia nas rotas para outros centros urbanos por excelência como Mérida, Toledo e Córdova, os novos tempos era difíceis para as gentes do sul habituadas ao contacto com os progressos e a inovações da tecnologia do Islão. Em comum estruturava-se na região Alentejo, a auto-organização concelhia, com a respectiva autonomia institucional e judicial, consagrada pelos forais e pela tradição, isso não foi obstáculo para que os laços entre os concelhos e os reis fossem estabelecidos com a devida fidelidade entre poderes. De facto, o reconhecimento das cartas forais que outorgavam as liberdades  por parte dos monarcas era um elemento de coesão e cabia a cada conselho guardá-la como de um tesouro se tratasse (Rui Ramos,pp.76) . Porém o poder central estava devidamente representado pelo poder Central, o alcaide, era a autoridade máxima em termos militares , velando pela defesa e segurança das populações e a sua nomeação obedecia a critérios de confiança no seio da sua nobreza. Assim e nos primeiros momentos da nacionalidade em terras da planície o poder monárquico e os poderes concelhios seguiam um caminho comum assentes numa relação jurídica e de confiança, onde a lealdade era uma exigência, num País recentemente formado onde o Rei era o grande senhor do Estado. Se é certo que as cartas forais, foram um diploma fundamental na organização territorial, a guerra estava devidamente regulada nestes diplomas régios, a Sul do mondego e em terras do Alentejo, a guerra era então reconhecida, quer pelos que nela intervinham quer pelos que a dirigiam, como uma actividade lucrativa. Todos ganhavam com o saque e despojos, cobrando a Coroa vários tributos militares, com destaque para o quinto dos despojos. De resto, em tempo de paz no sul do território a simbologia da guerra estava presente de forma simbólica na documentação régia, o selo municipal com castelos com várias torres eram visíveis um pouco por todo o país, se havia vilas como a de Viana do Castelo que utilizava a simbologia dos senhores da guerra, já que as suas armas municipais representam os Riba de Vizela nos casos dos centros urbanos principais do Alto Alentejo, nos tempos medievais, não deixam dúvidas quando identificamos as representações equestres dos selos de Évora e de Elvas. Mas nesta época de formação do quadro institucional do estado português os forais, em terras do Alentejo seguem várias fases de institucionalização das cartas forais,  a 1ª fase -  D.Afonso II – Avis (1218);  2ª fase – D. Sancho II -  Elvas (1226); Alter do Chão e Crato (1232); 3ºfase (D.Afonso III – Avis (1254);  Arronches (1255);  Estremoz e  Alcaçovas (1258); Portalegre (1259); Terena (1262); Beringel e Portel (1262); Vila Viçosa (1270); Évora Monte e Monsaraz (1286) e 4ºfase- Ourique (1290) (Alter do Chão(1293);  Moura, Serpa e Noudar (1295, Borba (1302), Lavre (1304) e Redondo (1318) . Ou seja, a organização do território do sul de Portugal  ocorre a  ritmo considerável com  a deslocação de população do norte para sul dando origem a novas localidades um pouco por todo o Alentejo em menos de duas décadas após a definição das fronteiras nacionais.