sábado, agosto 25, 2012

1.8. A Arte gótica na planície ....


Évora o principal centro cultural no Alentejo Medieval


A Igreja Fortaleza da Boa Nova (Terena) uma singularidade das terras de planície ....



A cabeceira da Igreja de São Domingos uma obra prima do gótico mendicante.


A Torre de Menagem do Castelo de Beja  uma característica do castelo gótico.

A consolidação das fronteiras nacionais e uma paz marcada pela fragilidade, marcou os primeiros séculos da nacionalidade portuguesa no sul de Portugal, de tal forma que a cultura e a arte com alguma notoriedade são referenciadas para finais da época de trezentos. De facto, se algumas formas culturais incipientes marcavam a vida das populações no inicio da nacionalidade segundo as fontes locais e considerando que as informações não são consistentes e determinantes para podermos defender uma cultura e uma arte específica nas terras de planície. Porém em finais do do séc. XIV a cidade de Évora, um dos sete centros escolares do país e o único situado a sul do Mondego, com base na existência da sua escola catedral cujo bispado era também o principal financiador da Universidade nos começos do séc. XV. Mas se ensino e a produção literária, marcaram a cultura eborense sabe-se muito pouco do real papel na educação e na produção cultural, das ordens religiosas conventuais como os Franciscanos e os dominicanos, que se radicaram em centros populacionais como Portalegre, Estremoz, Elvas, Vila Viçosa ou Beja. As fontes referem a eloquência dos seus membros com reconhecimento local no âmbito cultural mas a sua actividade surge documentada com mais frequência na vida económica e agrícola desses espaços de civilidade então em desenvolvimento. Mas na arte a realidade é bem diferenciada e eleva-se a cada passo nas longas planícies alentejanas, onde o Gótico irrompe na passagem do sul e em nítido contraste com as construções da época românica a norte do território português. De um modo geral as edificações religiosas seguem o fenómeno que então predominava no Oeste de França mas com uma série de características muito particulares, definidas por igrejas três naves cortadas por transepto saliente, amplo e iluminado por largas janelas maineladas, que se abrem nos dois topos. Com cabeceiras de cinco capelas abobadadas na qual se distingue uma capela-mor, de cinco panos iluminados por esguias frestas, quase sempre coberta de uma abóbada de ogivas ornada de uma cadeia longitudinal e as outras capelas com abóbadas de berço ou quebrado. As fachadas simples e três corpos, em que a principal rasgada por amplas rosáceas era amparada por contrafortes esguios e em que os outros corpos ou são cegos ou iluminados por pequenas frestas. Cujo exemplares, encontramos em São Francisco de Estremoz ou São Domingos de Elvas com a sua capela mor, única e obra prima do gótico mendicante nacional. A par destas arquitecturas voltadas para Deus outras obedeciam às necessidades de defesa como eram os casos de Flor da Rosa ou Boa Nova em Terena, Igrejas fortalezas, definidas por uma nave única, mas era o carácter fortificado destes espaços onde a fachada (s) se definiam como um autêntica torre onde não faltavam os balcões com ameias. O Castelo gótico marcava a arquitectura civil de um modo particular na fronteira com a Extremadura, as muralhas de alvenaria ou de pedra aparelhada, dominada por largos merlões rectangulares e com a torre de menagem no meio de uma das cortinas, junto ao baluarte que defendia a entrada. Nos castelos da raia, Serpa, Mourão, Mértola, Elvas, Niza, Arronches e Monforte, a planta irregular, as muralhas mais espessas e elevada e a robustez das suas torres, denunciam a sua vocação para a defesa da soberania nacional nesta primeira fase de afirmação da arquitectura portuguesa em terras do Alentejo.