Évora o principal centro cultural no Alentejo Medieval
A Igreja Fortaleza da Boa Nova (Terena) uma singularidade das terras de planície ....
A cabeceira da Igreja de São Domingos uma obra prima do gótico mendicante.
A Torre de Menagem do Castelo de Beja uma característica do castelo gótico.
A consolidação das fronteiras
nacionais e uma paz marcada pela fragilidade, marcou os primeiros séculos da
nacionalidade portuguesa no sul de Portugal, de tal forma que a cultura e a
arte com alguma notoriedade são referenciadas para finais da época de
trezentos. De facto, se algumas formas culturais incipientes marcavam a vida das
populações no inicio da nacionalidade segundo as fontes locais e considerando
que as informações não são consistentes e determinantes para podermos defender
uma cultura e uma arte específica nas terras de planície. Porém em finais do do
séc. XIV a cidade de Évora, um dos sete centros escolares do país e o único
situado a sul do Mondego, com base na existência da sua escola catedral cujo
bispado era também o principal financiador da Universidade nos começos do séc.
XV. Mas se ensino e a produção literária, marcaram a cultura eborense sabe-se
muito pouco do real papel na educação e na produção cultural, das ordens
religiosas conventuais como os Franciscanos e os dominicanos, que se radicaram
em centros populacionais como Portalegre, Estremoz, Elvas, Vila Viçosa ou Beja.
As fontes referem a eloquência dos seus membros com reconhecimento local no
âmbito cultural mas a sua actividade surge documentada com mais frequência na
vida económica e agrícola desses espaços de civilidade então em
desenvolvimento. Mas na arte a realidade é bem diferenciada e eleva-se a cada
passo nas longas planícies alentejanas, onde o Gótico irrompe na passagem do
sul e em nítido contraste com as construções da época românica a norte do
território português. De um modo geral as edificações religiosas seguem o
fenómeno que então predominava no Oeste de França mas com uma série de
características muito particulares, definidas por igrejas três naves cortadas
por transepto saliente, amplo e iluminado por largas janelas maineladas, que se
abrem nos dois topos. Com cabeceiras de cinco capelas abobadadas na qual se
distingue uma capela-mor, de cinco panos iluminados por esguias frestas, quase
sempre coberta de uma abóbada de ogivas ornada de uma cadeia longitudinal e as
outras capelas com abóbadas de berço ou quebrado. As fachadas simples e três
corpos, em que a principal rasgada por amplas rosáceas era amparada por
contrafortes esguios e em que os outros corpos ou são cegos ou iluminados por
pequenas frestas. Cujo exemplares, encontramos em São Francisco de Estremoz ou
São Domingos de Elvas com a sua capela mor, única e obra prima do gótico
mendicante nacional. A par destas arquitecturas voltadas para Deus outras
obedeciam às necessidades de defesa como eram os casos de Flor da Rosa ou Boa
Nova em Terena, Igrejas fortalezas, definidas por uma nave única, mas era o
carácter fortificado destes espaços onde a fachada (s) se definiam como um
autêntica torre onde não faltavam os balcões com ameias. O Castelo gótico
marcava a arquitectura civil de um modo particular na fronteira com a
Extremadura, as muralhas de alvenaria ou de pedra aparelhada, dominada por
largos merlões rectangulares e com a torre de menagem no meio de uma das
cortinas, junto ao baluarte que defendia a entrada. Nos castelos da raia, Serpa,
Mourão, Mértola, Elvas, Niza, Arronches e Monforte, a planta irregular, as
muralhas mais espessas e elevada e a robustez das suas torres, denunciam a sua
vocação para a defesa da soberania nacional nesta primeira fase de afirmação da
arquitectura portuguesa em terras do Alentejo.