segunda-feira, agosto 25, 2008

20 anos o Chiado sobrevive



Notícias com História - Eram 4h30 minutos da madrugada quando o fogo irrompe sobre o Chiado na baixa pombalina cujo traçado e edificação se inseriu no plano da reconstrução da cidade de Lisboa após o terramoto de 1755 e que de certo modo marcou o desenvolvimento do urbanismo em Portugal, ainda que de forma incipiente. Esta segunda tragédia na Lisboa Contemporânea, marcada pelo fogo que percorreu na sua fúria cerca de 10 mil metros quadrados, provocando a destruição de cerca de 18 prédios situados no eixo da Rua do Carmo e a Rua Garret, entre os quais os Armazéns do Chiado um dos primeiros edifícios em Portugal com escadas rolantes, o Grandela onde se gerou o foco do incêndio e os espaços comerciais de elite com a Pastelaria Ferrari, a Casa Batalha ou a Valentin de Carvalho. Às 12 h 30 minutos após o esforço das várias corporações bombeiros lisboetas que reuniram cerca de 1.680 homens davam terminado o fim do inferno lisboeta que deixava apenas as suas altas e nobres fachadas, de pé e acizentadas pelo fumo e pelos corações da alma lisboeta. De facto a elite política, cultural e artística abandonava aquele espaço devidamente socializado e estratizado. Para os anónimos era o fim do comércio tradicional e dos seus dois mil empregos e o princípio da saída dos lisboetas para da Capital. Para os saudosistas foi também o desaparecimento da visualização das belas raparigas que subiam a Rua do Carmo que os GNR popularizaram através da música. Contudo o novo Chiado alguns meses depois sobre a prancha de desenho de um arquitecto de referência do Porto, hoje internacional, Siza Vieira a convite do Presidente da Câmara de Lisboa, Krus Abecassis, defenia a nova realidade arquitectónica que em termos sintéticos obedecia a planificação oposta entre o exterior e que seguia a tradição através da manutenção primtiva das fachadas e o interior sujeito ao gosto das marcas da era da globalização. Vinte anos depois o Chiado pombalino e de certo modo popular dá lugar uma realidade própria do cosmopolitismo internacional onde o luxo e a moda são e serão os elementos caracterizadores da nova era. Postado por Arlindo Sena.