História local :- O fim da primeira década do século XX, abanava as estruturas do regime democrático, em Elvas a aristocracia de sangue praticamente tinham desaparecido, os Pessanhas e os Marqueses de Alegrete, eram as únicas famílias monárquicas com reconhecimento real, não podemos esquecer que os seus palecetes serviram de recepção e de homenagem nas duas últimas visitas reais a Elvas. Os republicanos cada vez mais acreditavam no fim do regime, isso mesmo diria o Dr. António José de Almeida, no Salão que se situava na Rua Nova da Vedoria, quando convidado por Júlio Alcântara de Botelho, entusiasta e responsável pela organização republicana em Elvas apesar de nobre de nascimento. Mas já um ano anos (1908), o Dr. Benardino Machado, tinha deixado essa mensagem, perante o entusiasmo de um jovem galante, Dr. João Camoesas que perante a presença das senhoras de Elvas, dava "Vivas às damas de Elvas" para de seguida dar "Vivas à República" facto que se regista pela primeira vez publicamente em Elvas, em consequência lia-se na folha periódica local: "Sente-se já; embora não se veja, qualquer coisa de novo, que no nosso mundo político vae em breve aparecer". O tempo da Monarquia esgotava-se na manhã de 5 de Outubro de 1910, mas só pela tarde, pelas 17h00 horas, a bandeira republicana era hasteada no quartel general. Nos Paços do Concelho, começava a festa popular, cabendo a Júlio Botelho de Alcântara o içar da bandeira republicana, seguindo-se o uso da palavra por José Barroso, José Lopes e pelo Dr. João Camoesas que aconselha perante a euforia da população "ordem e serenidade", a "revolução" descia à cidade, percorrendo as Ruas da Cadeia, Carreira, Oilvença, Alcamin, voltando à rua da Cadeia, não faltando a Banda dos Caçadores nº4 e o Dr. João Camoesas que se associando, ao entusiasmo popular, continuava a pedir ordem e sossego, saudando os revolucionários de Lisboa. A comissão republicana de Elvas seria constitída pelo Presidente:- Júlio Alcântara de Botelho, o vice-presidente Mathias Florêncio e os vereadores António Correia, José Cayolla, José Vicente Franco e Manuel Francisco Carvalho. No espaço rural, Vila Fernando seria a primeira a aderir à República em 12 de Outubro de 1910, serio o Padre Marques Serrão, mais tarde Presidente da Câmara e que faz história nas primeiras horas da República, dizendo ao povo que agora é soberano e não está sujeito à mais leve pressão política e o que os republicanos pretendem é apenas uma paz durador. Nos meses seguintes as adesões ao Partido Republicano, sucediam-se não faltando a adesão dos grupos profissionais mais esclarecidos como lavradores, comerciantes, militares, funcionários públicos, farmacêuticos e escrutários, onde não faltavam antigos monárquicos e liberais. Postado por Arlindo Sena