História Local - No Alto Alentejo, pelo menos desde finais do séc. XIV, estavam em crescimento algunas comunidades de origem judaica, das quais as chamadas Ruas Novas contribuíam para um novo traçado, como são os casos das vilas medievais de Elvas ou das vilas próximas desta, como foram exemplo as de Estremoz e Vila Viçosa. Na centúria seguinte, Castelo Vide, Campo Maior, Sousel e Fronteira, tornavam-se outros núcleos de população judaica em função das constantes fugas das inúmeras famílias que face à violência da Inquisição Espanhol, mais cruel que a portuguesa, determinava a procura dos espaços da raia portuguesa como locais de refúgio por excelência. Nesse contexto, Campo Maior e Elvas tornaram-se importantes "centros de recepção" dessas populações em fuga; em Elvas o número de fugitivos aproximou-se dos 10.000, que apesar de tudo estava longe do número atingido em locais mais a Norte do País, como Miranda que atingiu o triplo do número de refugiados daquela vila raiana da região do Caia. Na comuna de Elvas, considerando o fundo da Chancelaria de D. Afonso V [Arquivo Nacional da Torre do Tombo], em tempo de exílio judaico, José Verdugo ficava isento de prestar serviços ao concelho e os cirugiões Rabi Sabi e Ordenha, tinha permissão para viver entre os cristãos, tal como Meir Cuélar; o mesmo sucedia com Abel Alfarim e com o mercador Samuel Monção, tal como a maioria dos médicos (cirurgiões ) de Elvas. Mas a integração e reptução da comunidade judaica junto à cristã, era significativa junto daqueles que tinham como ofício a prática de outra ciência, para além da médica, referimo-nos aos físicos entre eles: Moisés Vinho, natural de Badajoz mas que exerceu a sua actividade em Elvas até ao fim dos seus dias ou Mestre Álvaro, que tal como Vidal de origem elvense desenvolviam a sua actividade nas localidades mais próximas. Todavia seriam os mercadores de matriz judaica que atingiram maior prosperidade e relevo já na época Moderna. Caso das famílias Fernandes e Gomes, com prósperas casas comerciais na Rua dos Mercadores em Lisboa, de resto destes grupos familiares destacaram-se notáveis elvenses como António Fernandes, O surdo que foi simultâneamente mercador e banqueiro, que ligado ao tráfico negreiro entrou na Corte do monarca D.Manuel I com a função de tesoureiro da Coroa. Ou Manuel Gomes, fornecedor dos produtos coloniais aos Ruiz Del Campo, numa época em que o mercador elvense dominavva as rotas comerciais de Segóvia e Medina e pouco depois tornava-se uma referência no comércio internacional. A sua trajectória é seguida pelos seus filhos Luis Gomes que torna-se coronel da Nobreza e ostenta pouco depois o ofício de Correio Môr que compra por 70.000 cruzados ao monarca ibérico D. Filipe II e que se manteve até 1797 nesta família elvense então de pergaminhos da alta nobreza e distante da sua origem judaica, utilizando a designação de Mata Sousa Coutinho . Postado por Arlindo Sena