Perspectiva do sistema abaluartado Lado Norte.
Baluarte de S.João e Hospital Militar (hoje uma unidade hoteleira)
Baluarte do Casarão
Baluarte de Olivença e obra anexa ( Cobra face).
A edificação da Praça Militar de Elvas, tornava-se assim uma prioridade nacional e a sua edificação nada tinha a ver com o progresso e afirmação de Elvas como núcleo populacional, como fora uma prioridade desde o período islâmico. É certo, que as fontes históricas, apontam sem reservas para a existência de vários edifícios fora do perímetro fortificado, como por exemplo, o complexo formado pela Igreja, Hospedaria e Convento de S. Domingos ou o monumental edifício, denominado o Casarão que acabaria por ser derrubado, dando nome a nova Baluarte. Esta edificação e outras anexas à cerca fernandina foram simplesmente arrasadas segundo ordens de Cosmander, numa época em que a população elvense ainda estava longe de ocupar todo o espaço limitado pela muralha fernandina. A nova fortaleza que então se edificava era mais compacta, rasa, sóbria e sobretudo fechada. Ou seja em nítida, oposição ao modelo da estrutura medieval, marcada pela verticalidade das suas doze torres e pelas onze portas. Definia-se em termos sumários, por um polígono irregular de doze lados, limitada por três portas estrategicamente abertas em espaços bem definidos por razões estratégicas e económicas. Do ponto de vista puramente estrutural, tratava-se de uma praça abaluartada que seguia os requisitos da tipologia de fortificação vigente no Ocidente, caracterizada por sete baluartes, quatro meias baluartes e um redente. Em 1644 ou seja em menos de quatro anos, Elvas passava a possuir a maior praça, entrincheirada e abaluartada, que tanta admiração causou aos engenheiros militares, estrategas de guerra, simples mercadores ou até missionários, que nos seus diários de viagem quando descrevem a cidade a sul, mais perto de Espanha não deixam de se referir as suas inexpugnáveis muralhas que baixas, grossas e rasas, se destacam entre os olivais que cercavam todo o conjunto fortificado. Na verdade, na implantação do “teor construtivo”, estava sempre presente o espírito defensivo, que se expressa de forma eloquente na composição bélica e avançada, das estruturas que se elevavam sobre o outeiro do baluarte do casarão, que se expressa de forma deitada sobre o cume de um outeiro, vigilante e em função do ângulo visual sobre Badajoz e toda a área onde era possível a movimentação das forças inimigas que de algum modo poderiam irromper do Caia. Mas se as baluartes, que percorrem toda linha amuralhada, são em cada esquina e cada recanto, um sinal da modernidade que a guerra então determinava, as obras anexas e exteriores, reforçavam todo o conteúdo construtivo, tais como os revelins, contrguardas, tenalhas, tenalhões, meias luas ou a linha de fossos que percorre certos sectores da muralha. Ou seja, a marca de Cosmander e da escola holandesa atinge nestas estruturas ou age, em que todas as distâncias e medidas estão relacionadas entre si, e em especial os seus ângulos, tal como determinava os tratados das escolas de fortificação holandesa. A capacidade de resistência à prova de cerco foi também uma prioridade e levado a cabo sobre o risco do engenheiro francês Nicolau Langres que foi o responsável pela edificação da cisterna, que seria uma reserva de abastecimento de água face a qualquer ofensiva e danificação do aqueduto. De facto, a existência de abastecimento de água potável, chegava à cidade desde 1622 e servia então os dois primeiros quarteirões que se edificavam junto ao Largo da Misericórdia. De resto a auto-suficiência, marcou todo o programa construtivo com construções de natureza funcionalista à função militarizada, tais como o Trem, a Casa da Barca, Paiol de Santa Bárbara, Conselho de Guerra e Hospital Militar .Do ponto vista, de expansão económica e social, a nova linha fortificada a quarta desde a fundação de Elvas foi desenhada com uma visão de futuro, permitindo o crescimento populacional da urbe até às primeiras décadas do séc. XX e se a muralha fernandina não tinha esgotado o seu espaço de expansão a seiscentista tinha um planto de longo alcance, de tal forma que durante o séc. XIX , a pequena propriedade agrícola, hortas e pomares, preenchiam os mais variados recantos da cidade e o seu desaparecimento foi sempre gradual e de acordo com a capacidade construtiva dos seus habitantes.