quinta-feira, dezembro 30, 2010

6.2.3. Elvas Portuguesa - Em vésperas das grandes ofensivas.A cadeia de comando


A nobreza de Portugal tomou o comando dos destinos da soberania portuguesa nas guerras da raia




Conde-duque de Olivares é um dos responsáveis pela perda da soberania Portuguesa na historiografia espanhola




Alegoria da Rebelião Portuguesa, página rosto da obra de António Sousa, 1645. 

Os comandos militares das forças que evoluíram nas planícies do Alentejo e da Extremadura, distinguia-se igualmente pela sua motivação intrínseca que a Guerra determinava, no caso português tratava-se de uma oportunidade única para a afirmação da Nobreza de Portugal, no plano do exercício de funções políticas e militares que a nova etapa política a Restauração lhes reservava. É certo que no plano da arte da Guerra a Nobreza portuguesa desconhecia as inovações técnicas e novos saberes militares testados nas guerras europeias, com algumas excepções. Aliás só assim se compreende que um século mais tarde o Conde de Lippe,  venha para Portugal para proceder à modernização do exército nacional, mas se tivermos como referência os postos de comando das forças nacionais na época da Restauração e durante o Cerco e Batalha das Linhas de Elvas, apenas temos um três figuras de referência nos acontecimentos que marcaram a guerra de fronteira. D. Joanne de Vasconcellos, um aristocrata que foi Governador da Praça Militar de Elvas e um dos teóricos da arte da guerra mais credenciados na época seiscentista, O Conde Vila Flor, D. Sancho Manuel, da nova nobreza em ascensão, já que o seu ramo nobiliárquico era identificado com uma nobreza funcionalista que tinha servido a Coroa nacional no Oriente nos séculos XVI e XVII. Porém era um militar com provas dadas no Império Espanhol onde serviu em vários cenários de guerra na Flandres e na península itálica, que desde o primeiro momento esteve com o movimento restaurador do 1º de Dezembro de 1640 e que em 1648 foi distinguido com a nomeação de Governador de Armas da Beira. E foi nessa qualidade de estratega militar na raia nacional que justifica a sua nomeação para Governador da Praça militar de Elvas em 1658 quando sobre a mesma se esperava a todo o momento o fim do cerco e o desencadear da guerra. A outra figura, que a cidade de Elvas acabou por transformar no seu herói no âmbito da Batalha das Linhas de Elvas, André de Albuquerque Ribafria que era para todos os efeitos, um profissional das armas com provas dadas nas expedições militares enviadas para o Brasil em 1638. Militar e operacional da primeira hora da nova etapa que o país atravessava tinha uma folha de serviços coroada de vários êxitos ao serviço da cavalaria e temporariamente substituiu Joanne de Vasconcellos no comando da Praça Militar de Elvas quando este cessou funções. A restante fidalguia a que se juntou algumas personagens com formação militar, tratava-se sobretudo de gente rica e cuja função militar era temporária e sem ambições políticas ou outras, já que se tratava de servir temporariamente a nação, sem que para tal contribuísse para a falta aos seus deveres familiares. No caso espanhol, a nobreza tinha as mesmas dificuldades que se verificava nos comandos nacionais, mas não por falta de nobres ou militares com experiência de guerra. A província da Extremadura não era uma motivação para essas personagens, habituadas ao comando de grandes exércitos bem armados e com o devido apoio logístico, que faltava nas hostes militares estacionadas a 17 Km de Portugal. Assim D. Luís Haro, que comanda o cerco e batalha das Linhas de Elvas, era um nobre de corte, um político que liderando as forças que irrompem sobre a planície do Caia em direcção aos arredores de Elvas, encontra no Duque San German o estratega necessário para o acontecimento bélico que se desencadeou em 14 de Janeiro de 1656. O Duque tratava-se de um aristocrata da nobreza napolitana, D.Francisco de Tuttavilla, um militar com currículo no exército do Império Espanhol e que tinha defendido com êxito o Cerco a Badajoz em 1658, chegando a ocupar Olivença e Mourão um antes. O Duque de Ossuna chega há Extremadura por nomeação régia para o Comando General da Extremadura.O Marquez de Torrescura outro aristocrata, que se destacou na defesa da Extremadura na década de 1640, que derrotou o cerco a Badajoz em 1644 dirigido por Matias Albuquerque. E infligiu novas derrotas ao exército luso nas campanhas de assédio a Talavera la Real, Puebla de Calzada e Montijo . No ano seguinte domina parte da guarnição estacionada em Olivença e em 1648, dirigiu-se a Elvas mas seria obrigado a retirar-se e numa nova tentativa de conquista da praça militar é derrotado com enormes perdas humanas e materiais no seu exército por André de Albuquerque em 1653. Em 1658 apesar de tudo as forças castelhanas contavam com um maior número de comandos militares com experiência operacional, caso de Méndez de Vasconcellos , D. Gaspar de La Cueva, o Marquez de Lanzarote ou o irlandês Waltaer Dogan, que com o seu contingente vem reforçar a defesa de Badajoz, sob ameaça das forças portuguesas após o sucesso das Linhas de Elvas. A logística militar baseava-se num guerra onde artilharia e o fogo era elementos determinantes para o desfecho das guerras de de cerco, de assédio e de espaço aberto, a espingarda de  cano curto, o mosquete e os canhões de sete e nove bocas foram utilizados pelos exércitos que evoluíram nas guerras de fronteira, nas hostes portuguesas a escassez e a permanência de meios militares de matriz medieval eram uma adversidade, no caso espanhol, o material bélico não era muito diferente, primeiro por que Portugal durante a União Ibérica acabou por ter acesso ao material bélico castelhano e segundo porque a Extremadura foi fortemente penalizada pela Guerra da Catalunha, para onde era enviada regularmente reforços nomeadamente da Praça de Armas de Badajoz, em material logístico e efectivos militares.