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A militarização da Praça de Elvas uma realidade secular entre as Guerras Peninsulares e a Guerra Colonial
O forte da Graça, reduto da resistência liberal e absulotista nas guerras liberais
Os militares ocuparam a hierarquia dos poderes na cidade de Elvas até ao início do Estado Novo.
A G.N.R. um futuro para os jovens com pouca escolarização
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O tempo da presença militar como força organizada e profissional de um estado nacional na cidade de Elvas é uma realidade recente, inicia-se com o estacionamento militar das forças nacionais durante a Guerra Peninsular, mas torna-se evidente com a consagração do estado liberal. De facto, após a Revolução Liberal de 1820, uma nova “classe de índole profissional” afirma-se na sociedade elvense, o tempo dos Generais e dos Brigadeiros, como autoridades locais torna-se evidente na relação com o poder central, o espaço urbano está confinado às exigências militares e até à ao Estado Novo a figura do governador da praça militar se projecta para além dos poderes civis. Do ponto vista, da presença militar ao contrário de algumas opiniões sem fundamento científico, os militares estacionados na cidade foram sempre leais às causas nacionais. Não é verdade que Elvas tenha sido um reduto miguelista e apenas a arma de infantaria nº3 estacionada no Forte a Graça se manifestou a favor da facção miguelista durante a Carta Constitucional de 1826/1827. Por outro lado, as forças miguelistas jamais ajudaram os miguelistas elvenses e o General Magnessi que comandava a Divisão miguelista do Alentejo, não tomou uma atitude solidária e nesse âmbito, os trinta e dois soldados do destacamento de Infantaria nº5, que aderiram à causa absolutista, apenas encontraram protecção para as suas vidas na Vila Nova de La Serena. Com a Regeneração, a vitalidade da Praça Militar de Elvas tornou-se evidente nomeadamente durante as Campanhas de África na década de 1880, quando viu reforçada a sua valência como espaço de estacionamento militar, função, essa reforçada durante a Guerra Civil de Espanha e mais tarde durante a Guerra Colonial. Do ponto vista estritamente profissional, o tempo dos generais durou de forma consolidada até 1876, numa época em que a carreira militar e a origem nobre ainda estava associada, como são exemplo o Visconde de Sá da Bandeira, o Conde de Lumiares, o Barão de Claros ou General Furtado de Mello, da melhor nobreza de Portugal. Durante a monarquia constitucional a maioria dos oficiais de carreira eram homens distintos oriundos da nobreza ou da burguesia, vivendo à margem da sociedade local, com alguma presença nos actos sociais nas casas nobres da cidade nomeadamente na casa palaciana da Condessa de Tarouca e outras da região. Nos finais do séc. XIX alguns oficiais de média, patente, já iniciam a sua participação nos espaços de lazer local nomeadamente no Clube Elvense e o número da oficialidade com origem em Elvas aumenta notavelmente na transição para o século XX, o “ser militar” torna-se uma opção profissional. O poder económico e a formação escolar distinguia os filhos dos grupos mais abastados, os filhos das famílias mais modestas durante a I República, aumentavam as fileiras do exército português, os que se distinguiam no estudo, chegaram às patentes superiores do exército, outros adquiriam a sua escolaridade no exército chegando à patente de sargentos e os menos aptos cumpriam o serviço militar e aspiravam integrar a nova força policial a GNR. Clandestinamente primeiro e efectivamente depois os militares na Praça Militar conspiraram contra a Monarquia Constitucional e contra a República como mais tarde teremos oportunidade de verificar.