Os Hospitalários estavam sediadas no Crato e continuavam a percorrer a planície ....
A Casa de Bragança dinamizava a formação de senhorios e vilas no Alentejo Central
Os grandes senhorios finalmente estavam consolidados no distrito de Beja
No final da Idade Média, o
Alentejo tal como o Algarve mantinham-se como espaços periféricos e marginais
marcados por uma ampla dependência dos poderes públicos. A distância, as
ligações viárias e a insegurança, contribuíam para o isolamento da planície alentejana,
ao mesmo tempo que tais regiões não constituíam uma prioridade da governação e
pontualmente a sua voz era “ouvida” nas Cortes Régias. Nas regiões de
fronteira, as cidades de Évora e Beja e as vilas de Estremoz, Portalegre e
Elvas, mereciam alguma atenção, nomeadamente nos núcleos situados no norte
alentejano, uma vez que a sua função estratégica continuava a merecer
alguma atenção. Tal como, se observava em Castela, este “olhar para o espaço
fronteiriço” , justificava-se como forma de controlar e precaver qualquer
ameaça inimiga e a rede de castelos de
1º linha na fronteira dos distritos de Portalegre e de Beja, justificava só por
si a possibilidade da referida ameaça.
Na verdade, em diversos momentos e não apenas durante as chamadas guerras
fernandinas, o espaço da raia do Caia, foi em determinados momentos lugar de
estacionamento militar temporário, cenário de incursões inimigas e campo das
chamadas guerras de cerco e de assédio. De resto, foi em função destas
circunstâncias a partir do reinado de D. Afonso IV , assistiu-se a uma melhoria
dos recursos humanos e económicos, como meio de precaver o desenvolvimento das
populações fronteiriças e nesse âmbito, a vila de Elvas e as zonas periféricas,
Vila Viçosa e Estremoz ganharam alguma notoriedade junto à Coroa Portuguesa. Em
parte, já D. Afonso III, já tinha esta intenção de desenvolver o Alentejo
Oriental, concedendo foral a Portalegre, Arronches, Estremoz, Évora Monte e Vila
Viçosa . Mas o poder imposto do exterior, levanta-se, na vasta planície a Torre
do Castelo de Beja, evidencia o poder do Alcaide em todas as terras da
cercania, tal como a monumental Sé de Évora evidencia já o poder episcopal em
terras onde as fronteiras cristãs há muito estão consolidadas e trata-se agora
de conquistar a fé dos homens num espaço de conquista e de defesa da soberania
nacional. De facto, no Alto Alentejo, os centros urbanos conheceram maior
expansão e a onde a presença senhorial é mais evidente, a Casa de Bragança não
só ocupa o topo da hierarquia senhorial como contribuiu para o desenvolvimento
de concelhos como Arraiolos, Sousel, Borba, Portel e Monsaraz. Na verdade o
número de concelhos que se constituíram para leste da capital do Alentejo é
notável perante o “descampado” concelhio do sul alentejano, num espaço onde se
instalaram as principais sedes das ordens religiosas a de Avis e a dos
Hospitalários. Este último, com sede no Crato, acabará por se tornar a “arma de
socorro” dos alcaides de Beja e ao fim ao cabo, foram os Hospitalários que ao
longo de três séculos garantiram a soberania nacional, em terras a sul de Évora
e da linha de Guadiana em terras a sul de Mértola e com o reino dos Algarves já
no horizonte. A nível económico, nos fins da idade Média, a diversidade
económica, era naturalmente maior a norte do Mondego, mas nas terras do sul, o
centro e o norte do Alentejo, conhecia um franco desenvolvimento, as feiras, afirmaram-se
de um modo particular junto à raia e no princípio do séc. XIV, Arronches,
Elvas, Borba, Terena e Olivença, formavam por si um núcleo com algum dinamismo
económico, bem diferenciado das regiões centrais, que se limitavam as feiras de
Évora e Alvito e mais a sul, Moura, Beja e Ourique, evidenciavam ainda um
despovoamento notável do território. Aliás, só durante o séc. XV que se formam
os grandes senhorios de Beja, Serpa e Moura, nas mãos de D. Fernando, irmão do
rei D. Afonso V e em pleno desenvolvimento no último quartel da referida
centúria, quando o seu filho, D. Manuel, futuro rei de Portugal partilha a sua
ampla riqueza agrária com o seu filho D. Luís que e torna o grande senhor das
terras do sul ao mesmo tempo que a larga autonomia administrativa e
jurisdicional, contribui decisivamente para a individualidade do Baixo
Alentejo.