sexta-feira, dezembro 12, 2008

Organização e povoamento da vila de Elvas


História Local : - As primeiras medidas com vista à consolidação do território português na fronteira portuguesa, após o processo de reconquista cristã no distrito de Portalegre, têm como marco fundamental as cartas de povoamento, as primeiras referentes às vilas de Marvão em 1226 e de Elvas em 1229. Numa época em que a rede de castelos definida a partir de Niza, Marvão, Portalegre, Alegrete, Arronches, Ouguela e Campo Maior só se consolida a partir de meados do séc. XIV quando o domínio pelo território peninsular era então uma tarefa decisiva dos reis cristãos, uma vez eliminada definitivamente a ameaça do Islão no espaço ibérico. Na teoria, o registo histórico elvense que marca como elemento determinante na acção de povoar, foi sem dúvida a Carta Foral de 1229 que seguia o modelo hispâico de Ávila, que favorecia o domínio de uma oligarquia de cavaleiros vilões capaz de estruturar estas comunidades de direito público que regulava a vida comunitária em várias matérias como por exemplo: as liberdades e garantias das pessoas e bens dos povoadores; impostos e tributos; imunidades colectivas; serviço militar entre outras disposições. Por convenção a história tradicional identifica o povoamento da vila de Elvas com a acção da Ordem de São Domingos numa versão semelhante ao mosteiro carolíngio na Europa Ocidental como centro de exploração e ordenação da propriedade agrícola.Porém, em solo elvense como na maioria das vilas e cidades portuguesas esse processo resultou da vontade régia, até que em Portugal, o grande e único senhor era o rei, nestas circunstâncias o reinado de D. Afonso III foi sem dúvida decisivo para a formação de Elvas como realidade portuguesa. Se considerarmos as seguintes acções segundo os dados documentais da sua chancelaria: 1º As confirmações que marca o reconhecimento e o direito de ocupação da cavalaria vilã no termo de Elvas durante os primeiros dez anos do seu reinado das doações feitas pelos monarca D.Sancho II. Entre elas a confirmação da doação da herdade de Vila Boim a João da Boim, que marca a origem primitiva da actual freguesia do Concelho de Elvas. 2º As doações às instituições religiosas que não se limitam ao terreno onde se edificou o mosteiro de S.Domingos em 16 de Março de 1226; mas também a herdade da Mata da Alcaraviça aos monges de Alcobaça que se mantêm com algumas herdades até ao fim da Idade Média, ou ainda algumas propriedades concedidas em 1267 aos Templários, na pessoa do seu comendador Rodrigues Peres Cebola, numa época em que tal ordem militar e religiosa estava sedeada no Crato e exercia a sua função militar de prevenção entre Serpa e Moura. Estas doações aos monges de Alcobaça e aos Templários é de resto uma realidade nos territórios da raia portuguesa, quando a Reconquista Cristã atingia o seu termo e em que o povoamento iniciava o seu desenvolvimento com a colaboração das Ordens militares e dos monges de Alcobaça. 3º As primeiras concessões para a ocupação de tendeiros nas paróquias de Santa Maria dos Açouges e de Salvador onde se realizavam as principais actividades mercantis com base agrícola. Em síntese podemos afirmar sem grandes dúvidas que o monarca D. Afonso III foi sem dúvida uma das figuras do processo de povoamento e colonização da vila de Elvas, na qual se destacam outras figuras que a história local necessita de reconhecer no contexto da sua existência como circunscrição administratvia portuguesa tais como : Esteve Annes, D. João Aboim e Rodrigues Peres de Cebola. Postado por Arlindo Sena.