domingo, setembro 06, 2009

2.3- Elvas Portuguesa o alargamento da aristocracia local.

Durante o séc. XIV, os Annes e os Pegado, surgem como doadores à maneira senhorial, os primeiros com ligação à Corte, beneficiam frequentemente a Igreja com doações de bens materiais, Esteve Annes foi um dos senhores locais que mais beneficiou a primitiva igreja de Elvas como fonte espiritual das primeiras comunidades locais. O rol de bens segundo a documentação se inscreve em terras de olival e de vinha, mas também em moradas de casas que em meados do séc. XIV beneficiava a Igreja do Salvador através do testamento passado por Lourenço Annes. (ANTT, Liv 1- AV,1353, p.76. ) .Os Barbudo, desenvolvem-se durante a época quatrocentista e parte da sua riqueza fundiária, localiza-se em Barbacena na qual a referida família cobrava de foro no valor de 120 rs. à comunidade local que explorava a Herdade da Colina, durante a regência do infante D. Pedro e por testamento (ob.cit. 77), tal património fundiário foi legado à Igreja de Alcaçova, numa época em que as doações entre aristocratas e clérigos era frequente. Em meados do séc. XV a fidalguia de Elvas cruzava-se com o funcionalismo, Affonso de Aboim era um dos procuradores às Cortes e foram várias as respostas dadas pela Chancelaria Real, na época de D. Pedro, a este aristocrata. Joanne Mendes de Vasconcellos outra figura da nobreza local em ascensão foi Corregedor da Comarca Entre-Tejo e Guadiana e substituto de Gil Fernandes quando este desempenhou o cargo de chanceler da correição (Corpus Codicum,Vol.1, p.147). Como escolar em leis as suas informações legislativas eram ouvidas na corte como podemos comprovar por várias carta régias dirigida a João Mendes entre elas a de 23 de Dezembro de 1435 “Os dinheiros que o marinho há d´aver E de que lugares E de que pessoas” (ANTT, Ordenações de D.Duarte, p.640). Doações da propriedade régia a João Mendes em Elvas encontramos um aforamento que “el rrey o mandou per Johane mmendez Corregedor de sua Corte”.(Canc. D.Duarte, Tomo 2, p. 425-426). A fidalguia de sangue em meados do séc. XIV, os ricos homens oriundos da Corte, recebiam no seu seio os novos membros nascidos em terras raianas e que livres por nascimento procuraram servir o monarca na guerra e nas funções da administração que o estado centralizado determinava. A nobreza mais humilde, os cavaleiros foram também objecto de benefício de doações régias e em especial na época de D. Afonso V como são os casos de Pedro Aires (1148), de Vasco da Gama ou de Manuel Pessanha ou Manuel Pessegano (1472) que recebe a Herdade do Cabedal por carta régia de 23 de Janeiro, cavaleiro da Casa do Infante D. Henrique acabaria por se distinguir como cartógrafo. Todavia a cavalaria era já uma força considerável no senhorio da coroa na vila de Elvas, como se admite por uma leitura atenta de um ofício da Chancelaria Régia, datado de 7 de Novembro de 1470 que pretende indagar o número de armas distribuídas aos vassalos do rei e entre eles os escudeiros da Ordem de Cristo que na sua maioria pertencia a Casa do Infante D.Henrique representada na vila de Elvas com bens imóveis documentados desde 1321 e confirmados em 1326.(Continua)