segunda-feira, setembro 14, 2009

2.5. -Elvas Portuguesa: O 3ºEstado o caso dos Mesteirais

O 3º Estado englobava a maior parte sociedade medieval que na vila de Elvas, incluía entre eles os rendeiros, mesteirais e comerciantes, como os “grupos sociais” com maior condição de posse e de privilégios durante os séculos XIII e XV. Os rendeiros eram uma espécie de campesinato livre que exercia a sua actividade nas terras reguengas e de outros senhores do concelho (laicos ou eclesiásticos). Os foros e as rendas, estabeleciam o contrato entre o senhor e o rendeiro, quase sempre anual, no caso particular das rendas reais. Nos tempos medievais, a documentação regista o pagamento de um quinto do pão, vinho e outras novidades. A excepção era o azeite que pagava um quarto. O rol das propriedades da Coroa a quem os rendeiros pagavam taxa no termo de Elvas, eram não só as hortas, vinhas, ferragiais e olivais, mas outro tipo de propriedades como casas ou instalações domésticas como moinhos e lagares. De resto alguns direitos como a cobrança de portagem, foi exercida pontualmente por alguns rendeiros que pagavam foro pelo exercício de esse serviço de nomeação régia e exercido quase sempre pelos oficiais de portagem [ANTT - Chancelaria de D.Afonso V.]. Os mesteirais e os comerciantes, numa época que o fundamental era antes de tudo, sobreviver, o trabalho era um bem necessário. O seu papel na economia da vila raiana é indiscutível na medida em que estes dois grupos procuravam responder às necessidades vitais. E que no caso dos mesteirais, proprietários das oficinas-tendas que se erguiam nas freguesias de maior importância na economia local, a da Alcaçova e do Salvador. O grupo profissional dos mesteirais, foi sem dúvida o que mais se cresceu até aos inícios do séc. XVI, não faltavam os curtidores, peliceiros ou peliteiros, que trabalhavam as peles e asseguram o vestuário a uma população em nítida em expansão. (Armando Castro, Ob.cit. p.195). Os ferreiros que trabalhavam o ferro “maçudo” ou moído ou moludo em barra, os latoeiros que asseguravam entre outros artefactos, os objectos trabalhados em latão, cobre e o estanho. Os oleiros que desde a fundação da vila de Elvas estavam isentos do pagamento de portagem, relativamente à obtenção da matéria primas, mas não relativamente à louça vidrada ou de barro. A importância dos sapateiros era indiscutível na confecção da “calcadura” de pele e de couros e na carta foral, havia mesmo um capítulo especial relativamente ao desempenho desta função. Os marceneiros asseguravam a loiça de madeira, as arcas, tonéis e outro tipo de recipientes utilizados no quotidiano medieval. O mesteiral por via e regra, era vendedor do seu produto e esta comercialização ocorria no espaço “oficinal”. Por outro lado, não devemos de esquecer o papel do ferreiro, sapateiro e do peliteiro, fundamentais na equipagem de guerreira numa vila de fronteira, como a ferradura e as peças metálicas para cavalos e cavaleiros, a protecção dos pés da peonagem ou os arreios dos cavalos. Na “produção” da utilisagem agrícola, o ferreiro destacava-se dos demais pela importância económica da actividade agrícola que envolvia a maior parte da população. (Continua).