segunda-feira, dezembro 21, 2009

4.1-Elvas Portuguesa: Na época da formação do Estado Moderno e burocrático.





A época moderna constitui um dos períodos mais longos da História de Elvas, sem dúvida o mais importante e que merece alguma reflexão. A sua importância como realidade administrativa encontra-se na época da edificação do Estado Moderno em Portugal, a elevação da Vila de Elvas a Cidade não resultou da vontade da pequena aristocracia de Elvas ou dos seus mercadores, alguns de referência internacional na época, mas da própria Cúria Régia pelo menos desde o reinado de D. Afonso V. Na verdade a necessidade contínua da afirmação monárquica foi desenvolvida em activa coexistência entre os poderes central e local, numa perspectiva de criar uma estrutura administrativa capaz de estabelecer uma identidade nacional. Foi de resto com esta finalidade que o dito monarca determinou a compilação da legislação dos reinados anteriores como forma de salvaguardar a autonomia dos concelhos e das terras senhoriais, nascia as Ordenações Afonsinas, fonte primordial para a publicação impressa do “Regimento dos Oficiais das Cidades, Vilas e Lugares do Reino” , que em conjunto com as Ordenações Manuelinas (1512-1513), consagraria o modelo municipal por mais três séculos ou até meio século da época Contemporânea em Portugal. Como jovem cidade com pouco mais de dez anos, tornava-se uma das cidades mais importantes do reino com cerca de 7.000 habitantes numa época em que a nova cidade era um pólo de atracção de uma população em movimento, a entrada de Judeus em Portugal cerca de 30.000, continuava a se processar ao ritmo da violência da aquisição espanhola e centenas deles justificaram o aumento e a expansão da Judiaria Nova na transição para o séc. XVI. A presença de escravos negros por via do movimento de expansão e colonização portuguesa era registada nos livros de registos de compra e venda do comércio de escravos, de tal forma que o número de vizinhos factor determinante, mas não único, para a demarcação da posição em Cortes, colocava a cidade de Elvas em 1527 no primeiro banco das cortes assim constituído:1º Banco: Lisboa (13.010); Porto (3006); Évora (2813); Santarém (1988); Elvas (1916) e Coimbra (1329); 2º Banco: Tavira (1567); Braga (848); Viseu (459); Lamego (479); Guarda (379) e Silves (271). 3º Banco: Lagos (1310); Beja (1205); Guimarães (1405); Estremoz (969), Faro (873); Leiria (584). 4º Banco: Portalegre (1224); Setúbal (1220); Montemor-o-Novo (889); Covilhã (819); Tomar (737); Miranda do Corvo (287). (…) organizavam-se mais 15 bancos, sendo o último pertença da Vila de Ourique com (130). Nos finais do séc. XVI em 1599 a região do Alentejo estava estruturada em seis comarcas, Évora, Elvas, Portalegre, Beja, Estremoz e Montemor, esta última ganhava a sua autonomia relativamente a Évora onde se inseria administrativamente no período medieval. Com os 11.000 habitantes, a cidade de Évora era a mais populosa do Alentejo, seguido de Elvas que ultrapassava os 7.000 mais 2000 que Portalegre e Beja, cuja Nobreza era mais influente na Corte Régia pela sua linhagem, mas tal não impedia que a cidade raiana fosse para todos os efeitos a segunda cidade mais importante do Sul de Portugal. Nos finais do séc. XVII algumas herdades do termo de Elvas eram anexadas a um conjunto de territórios descontínuos desmembrados às de Estremoz, Portalegre, Évora entre os quais Arraiolos no desenho cartográfico da nova comarca de Vila Viçosa.