
sexta-feira, outubro 30, 2009
IX-Terras da Raia de Portalegre:- Caracterização da Nobreza do Distrito

segunda-feira, outubro 26, 2009
Reflexões sobre o Nosso Tempo.

Vitorino Magalhães Godinho, figura ímpar da historiografia portuguesa e um dos primeiros responsáveis pelo fim do positivismo que marcou durante várias décadas a nossa história, Ministro da Educação em 1974, ex- director nacional da Biblioteca Nacional de Lisboa e com uma vasta bibliografia como académico, deixa-nos algumas reflexões que não devemos ignorar como historiadores e foram várias as gerações que tiveram na sua bibliografia um ponto de encontro, mas também todos nós cidadãos do mundo, enquanto leitores virtuais da blogosfera. E se hoje o Estado liberal é um desafio para os governantes e governados para o notável pensador “É verdade que o Estado tem perdido coerência, muito porque se tornaram indefinidas as suas funções. Não sabemos hoje quais são as funções do Estado, na medida em que ele foi efectivamente esvaziado daquelas funções que na primeira metade do séc. XIX tinha estabelecido. De facto , para que serve o Estado? Não sabemos muito bem a não ser, talvez, se supusermos que, na sua maioria, os políticos são ao fim e ao cabo, “caixeiros-viajantes” das grandes máfias internacionais, das grandes empresas, que vão inaugurar empresas fábricas, etc. Penso que não é, nem deve ser a função do Estado – a de reduzir a um mero papel secundário”. E nesta perspectiva o conceito de bem comum está hoje alienado …”A noção de bem comum, aliás, é uma das coisas que desapareceram por completo. Ora, esta situação levou a que se formassem organismos internacionais que têm, por um lado, poderes bastante excessivos (do género dos da Comissão Europeia, quando determina o número de centímetros do carapau!) e, por outro, intervenções na ordem jurídica ou outra perfeitamente descabidas . Então onde se encontra o Estado ….“O Estado abdicou de uma política macro e tem apenas intervenções pontuais. Repare que, com todo o apoio dos analistas, a que se somam as directivas que vêm dos directores dos grandes bancos o que hoje existe é um jogo com apenas duas ou três variáveis. O que é hoje o abre-te sésamo são as taxas de juro, de que o mundo vive suspenso. Os políticos não sabem mais que fazer senão baixar ou subir as taxas de juro”. Por último o Professor Doutor, Vitorino Magalhães Godinho, questiona o Estado Mínimo ….”Pretende-se que cada qual viva por si, sem ser subsidiado. Mas como, se não encontra trabalho? Nos Estados Unidos, actualmente, contam-se cerca de 40 milhões de pessoas que estão em pobreza absoluta, porque tiveram doenças e não havia seguro de saúde. Quando desaparece o subsídio, como é que se mantém o poder de compra, que é a pulsão essencial da economia? Repare-se que, se os instrumentos macroeconómicos são muito reduzidos, visto que o Estado alienou o seu património, os meios que poderiam servir para orientar a vida económica desapareceram…”
domingo, outubro 25, 2009
3.Elvas Portuguesa:- A política régia e a prioridade de fortificação. O Caso de Elvas.

terça-feira, outubro 20, 2009
VIII-Terras da Raia de Portalegre : "As classes populares. Síntese das considerações Gerais.

domingo, outubro 18, 2009
VII-Terras da Raia do Distrito de Portalegre:"Sociedade e realidades sociais"(2)

sexta-feira, outubro 16, 2009
Reflexões sobre o Nosso Tempo

Reflexões sobre o Terceiro milénio, é o tema de uma breve entrevista , de uma série que publicaremos sobre testemunho de historiadores de referência da historiografia do nosso tempo. Por hoje algumas ideias do melhor historiador português de História Medieval, Licenciado em Filosofia (1957) e Doutor com a tese “Le monachisme ibérique et Cluny. Les monastères du diocèse de Porto de l'an mille à 1200” (1963), Professor Doutor José Mattoso, Catedrático Jubilado, observa o terceiro milénio com preocupação. “Se continuarem a desenvolver-se certos fenómenos de globalização da economia, com a reconhecida incapacidade que o homem tem para se defender de alguns fenómenos, as consequências poderão ser dramáticas. Todas as mutações que conhecemos até aqui incidiam numa parte do planeta. Agora abrangem o conjunto da humanidade. A disparidade entre os países desenvolvidos e os sub-desenvolvidos é de tal modo grande, que isso dificilmente deixará de ter consequências funestas. Os mecanismos que levam a que exista cada vez maior concentração de poder nas mãos das grandes empresas e a necessidade de conceber estratégias para preservar esses poderes levam à exclusão de grandes massas de homens, não só no terceiro mundo, mas também nos próprios ditos civilizados”. Sobre a capacidade de controlar essa mudança? “A humanidade tem-se “safado” sempre (risos). Com custos óbvios, mas a verdade é que tem sobrevivido e ultrapassado as maiores dificuldades. Mas, de ponto de vista racional, dá ideia de que o egoísmo de cada pessoa: possuir mais. É difícil perceber qual será a solução para isso. A não ser que as consequências sejam de tal modo desastrosas, que haja uma catástrofe social tão grande, que os homens sejam obrigados a rever esses mecanismos”. E os exemplos seguem-se: “ Os elementos que poderão desencadear tal catástrofe vão mudando. Por exemplo, há 30 anos tinha-se muito medo da bomba atómica. Actualmente, esse medo é menor porque se tem conseguido que os homens tomem consciência da dimensão dos efeitos nefastos contidos no engenho. A verdade é que não têm faltado ocasiões para utilizar, e isso não sucedeu. O mal que causaria a bomba atómica é demasiado evidente … Já as consequências do actual sistema económico são mais subtis e pulverizadas. A face luminosa da humanidade mantém-se à custa de um lado escuro. Para mudar o rumo da economia seria preciso que as grandes potências se entendessem entre elas ou que os excluídos tivessem capacidade reivindicativa, suficiente para obrigar a alterar o estado das coisas, para impor a justiça social. E não se vê como…Por fim e como humanista admite que o é no sentido global, mas “Sou bastante pessimista em relação à humanidade. Não é por causa do pecado original, é porque na História não consegui ver outras coisas. A Idade Média não foi uma época de justiça social. Os homens resolviam razoavelmente os seus problemas do quotidiano, mas não havia formas de diminuir o sofrimento. Foi uma época de intenso sofrimento para a classe trabalhadora. Não foram as crenças e o grande peso da religião que minimizaram a injustiça social. Quando se procura caracterizar a sociedade em conjunto, os movimentos de altruísmo e o sentido colectivo são de tal forma excepcionais, que não pode considerar-se esses movimentos como aqueles que comandam a humanidade. Sou optimista na medida em que, apesar de tudo conduzir ao egoísmo, continuarão aparecer, nas circunstâncias mais inesperadas e irracionais, movimentos de altruísmo e de capacidade de luta.
terça-feira, outubro 13, 2009
VI -Terras da Raia do Distrito de Portalegre " A Sociedade e as realidades Sociais"(1).
Sectores | 1870 | 1890 | 1900 | 1911 | 1930 |
Primário | 77.3 | 76.8 | 80.0 | 78.0 | 77.0 |
Secundário | 18.8 | 19.2 | 15.5 | 15.0 | 14.0 |
Terciário | 3.9 | 4.0 | 4.5 | 7.0 | 9.0 |
Primário | Secundário | Tercário | |
Marvão | 77 | 14 | 9 |
Portalegre | 71 | 19 | 10 |
Elvas | 68 | 29 | 13 |
Arronches | 79 | 15 | 6 |
Campo Maior | 82 | 12 | 6.1 |
Média | 75 | 18 | 7 |
sábado, outubro 10, 2009
2.9 -Elvas Portuguesa: -Notas históricas sobre a Igreja Medieval
tã e a cada povoação conquistada e repovoada, correspondia novas almas, cuja aglomeração populacional no espaço, era fundamental para a constituição de novas paróquias ainda mesmo antes da integração definitiva das mesmas nas suas dioceses definitivas. Não é por acaso que a carta episcopal do Bispo da Guarda exortava na longínqua primavera de 1260, a comunidade cristã de Elvas a reconhecerem como seu Bispo, o mais alto dignitário da Sé de Évora. As causas, as dúvidas e as posições da vila de Elvas, relativas à sua integração na diocese de Évora não são conhecidas no actual momento de investigação histórica, mas dois anos depois o Bispo de Évora exercia a sua jurisdição administrativa em terras elvenses quando confirmava a doação da Igreja de Vila Boim a João Aboim, constituindo então a primeira paróquia fora do núcleo de povoamento primitivo uma vez que outra povoação nas mesmas circunstâncias a vila de Barbacena só atingiria tal dignidade uma década mais tarde. Em Elvas, as primeiras paróquias são anteriores a meados do séc. XIII como a de S. Pedro, fundada em 1227 como se comprova na leitura paleográfica do seu portal e por volta de 1267 as paróquias de Santa Maria e de e de Alcáçova, são já referenciadas com locais de culto e de serviço aos fiéis. No caso, da paróquia de Santa Maria da Alcáçova, as dúvidas são inexistentes considerando que o primeiro templo cristão, edificado sobre as ruínas da provável mesquita (?), está datado para os primeiros dias do ano de 1241. A paróquia do Salvador, mais tardia de meados ou inícios do séc. XIII, cuja igreja constituía um Priorado da Casa de Bragança e regista como seu documento mais antigo um foro datado de 12 de Janeiro de 1273. Da época posterior à reconquista da vila de Elvas outros templos integravam a jurisdição da ordenação paroquial, como as Igrejas de São da Corujeira que a tradição refere como o ponto onde se gerou a ofensiva para a reconquista de Elvas e profundamente alterada pelas obras setecentistas, após a perda da sua torre e parte da sua estrutura (alçados) por volta de 1840. A Igreja da Madalena que se perdeu para a eternidade, onde na época Moderna se edificou o Convento das Dominicanas e a Capela de Nossa Senhora dos Bem Casados, datada sem confirmação para a época de D. Afonso IV, não resistiria às prioridades urbanísticas do desenvolvimento imprimido em meados do século XX pelo município. Sendo uma das primeiras referências da devoção popular, cuja confraria foi reconhecida por bula papal de 1348, foi um exemplo típico da expansão nas paróquias primitivas que permitiam a edificação dos espaços religiosos ainda que dependente da sede da Igreja paroquial. Mas o período medieval em Portugal como um pouco por todo Ocidente foi marcado por uma nova vaga de espiritualidade que aproximou de forma particular as populações urbanas e rurais do ardor evangélico que os tempos medievais então determinaram na visão e concepção do homem medieval. Era o tempo das ordens mendicantes que traziam uma nova mensagem de contenção relativamente aos bens e prazeres materiais, em Elvas a Ordem de São Domingos enquadrava-se nesse âmbito e sedeada na paróquia do Salvador foi durante quase toda a medievalidade o maior complexo arquitectónico religioso. A sua aceitação junto da população, manifestava-se no âmbito do desprendimento das “coisas do mundo” numa época em que o espírito cristão era um sentimento permanente gerado no âmbito da “cruzada da reconquista.” A presença dos monges é documentada oficialmente por volta de 1267 quando por cata régia de 20 de Fevereiro lhes foi doada a Ermida de Nossa Senhora dos Mártires e permitida a sua licença para esmolarem em Badajoz numa fase em que o Igreja, Convento e Hospedaria estava em construção iniciada um ano antes com a doação do terreno para o mesmo fim. A realidade assistencial era outra função extensiva aos espaços religiosos considerados, como eram o caso das albergarias e/ou hospícios anexas os templos: dos Mártires, S .Pedro, Madalena, do Salvador ou do Convento de São Domingos, com dupla função de hospício e de albergaria, no acompanhamento e no apoio solidário, na doença e em especial nas épocas de surtos epidémicos ou na guarda e protecção dos viajantes que para a capital e da mesma, atravessavam as terras de fronteira. De um modo geral, na vila de Elvas o clero medieval centrava-se em duas categorias o paroquial ou regular seja predominava o baixo clero, o paroquial ligado ao direito do padroado e o obrigado a diversas contribuições ao bispado, entre elas o sinodático (Pago em sujeição ao seu bispo, e normalmente em cera); a visitação (Pago em géneros, quando o prelado fazia visita canónica) e a lutuosa (Pago por morte dos religiosos segundo os bens do defunto). O que contribuía para a pobreza do clero paroquial que não tendo bens de raiz, o tornava mais próximo, das formas de vida e preocupações materiais dos seus paroquianos. No clero regular, a situação de desafogo económico ou material, dependia da ordem e do mosteiro em que pertenciam, no caso elvense, a opção pela pobreza justifica toda e qualquer referência relativamente ao retiro espiritual dos frades dominicanos. Todavia nos primeiros tempos do “repovoamento e colonização” do espaço territorial da vila de Elvas, não podemos esquecer o papel da Ordem de Alcobaça que então possuía algumas herdades ou mais tarde na época dos trezentos a Ordem de Cristo que também possuía algum património enquanto instituição espiritual da Casa Senhorial do Infante. Mas, se é verdade que a Igreja Medieval em Elvas, rica no património construído e pobre nos protagonistas espirituais, também é certo que as paróquias locais foram enriquecendo com base nas suas receitas próprias, pregações, missas e ofertas, mas sobretudo através dos testamentos em especialmente a partir de fins do séc. XIV, quando a fidalguia local, doava frequentemente, terras (olivais) e casas de moradas que preenchiam o rol dos seus bens materiais , mas também algumas fortunas como as doações em metal precioso que podemos comprovar na doação de Lourenço Annes Mafalgo, (ANTT, Testamento, 20/1337) em que o mesmo lega à Igreja de Santa Maria dos Mártires, “o valor de 100 meravadis para a obra da igreja e 50 para os frades” ou ainda “ as trezentas drobas, três taças de prata e outros bens em material precioso” 